A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, abril 14, 2008

Estado do Sítio - Ética republicana

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* António Ribeiro Ferreira, Jornalista
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A política é uma autêntica varinha mágica. Transforma pedras em ouro, água em petróleo e pobres em riquérrimos.
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Anda tudo muito agitado com a ida de Jorge Coelho para uma grande empresa de construção civil. Os debates sucedem-se, alguns Torquemadas caseiros atiram pedras, ameaçam com os fogos dos Infernos e excomunhões várias, afinam as vozinhas para assustar os cidadãos e as criancinhas que não querem comer a sopa. São o que são, isto é, uns verdadeiros hipócritas moralistas, com tiques autoritários fascistas e estalinistas, seja na versão do camarada José ou do seu companheiro de armas Leon.


Parece que a história de Jorge Coelho é a única que abala os alicerces éticos deste sítio salazarento, pobre, deprimido, fingido e cada vez mais mal frequentado. As almas penadas que andam por aí aos gritos de indignação contra o socialista Jorge Coelho deveriam saber que a saída da política para os negócios é algo que faz parte do ADNda democracia e do Bloco Central de interesses que domina este sítio há dezenas de anos. As almas hipócritas que estão no sistema e fazem de bobos de uma imensa corte política são os mesmos que apostam tudo por tudo no Estado. São os mesmos para quem a palavra público provoca orgasmos múltiplos. São os mesmos para quem um Estado grande, monstruoso, despesista, dominador, pai e mãe dos indígenas que tiveram o azar de nascer por aqui e o duplo azar de não terem saído para outras paragens, é o paraíso na Terra. São os mesmos que adoram o investimento público, as grandes obras do Estado, central e local. São os mesmos que berram raios e coriscos quando se fala em privatizações de empresas públicas, que andaram na rua a protestar contra a OPA lançada pela Sonae de Belmiro de Azevedo sobre a querida PT do Estado.


Pois é. Agora indignam-se por Jorge Coelho ir para uma grande construtora. Mas já podiam ter-se indignado há muito tempo com os inúmeros políticos que saltaram para os negócios e são hoje prósperos empresários e senhores respeitáveis neste sociedade salazarenta. Lembrem-se de Ângelo Correia, Dias Loureiro, Duarte Lima, Fernando Nogueira, Pina Moura, Murteira Nabo, Fernando Gomes, Carlos Monjardino, António Vitorino, Ferreira do Amaral, Luís Parreirão, Armando Vara e Marques Mendes, entre muitos outros. E lembrem-se ainda de outros cidadãos que andaram pela política e estão hoje bem sentados no mundo dos negócios. Jorge Coelho é apenas um punhado de areia deitada sobre os olhos dos indígenas. A verdade é que a política é uma autêntica varinha mágica capaz de todos os milagres. Transforma pedras em ouro, água em petróleo, betão em dinheiro e pobres em riquérrimos. É a ética. Republicana, claro.

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COMENTÁRIOS no CM on line.

14 Abril 2008 - 21h22 | Martins
Até que o homem às vezes tem razão, se bem que o Coelho escusava desta figura triste, embora bem paga (penso eu..)
14 Abril 2008 - 15h58 | Rogerczar
Pois, por causa de tanta ética republicana tornei-me monárquico...
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in Correio da Manhã -
14 Abril 2008 - 09h00
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