A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quinta-feira, junho 03, 2010

Cozido à Portuguesa - Domingos Amaral e a Alta Finaça

Cozido à portuguesa

A alta finança

Não é preciso ser comunista, ou órfão de Lenine, para perceber que algo vai profundamente mal no mundo da alta finança, e que muitas coisas terão de mudar para que "os mercados" deixem de ser um casino especulativo, sempre à beira de uma derrocada colossal.
  • 02 Junho 2010 - Correio da Manhã
Por:Domingos Amaral, Director da 'GQ'
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Desde há vários anos que os sinais de caos são bem visíveis. Primeiro, foi a alta absurda, e injustificada, do preço do petróleo, entre 2007 e 2008. Depois, a subida do preço dos alimentos, dramática para muitas populações. Seguiu-se a megacrise da Banca, que começou na América, com a queda do Lehman Brothers, provocando um dominó que ceifou muitas outras sociedades financeiras. De um dia para o outro, o dinheiro secou, e mesmo a América, a Inglaterra ou a Alemanha sentiram-se em grave risco. 
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De seguida, deu-se a propagação. Tsunami atrás de tsunami varreram o planeta, massas colossais de fundos voaram, de um lado para o outro, bastando para isso um click num computador de alguém, e no final deixaram a sensação de que a alta finança se transformara numa banheira a quem alguém tinha retirado o ralo, e a água (o dinheiro) desaparecia, pois já nem os bancos conseguiam, entre si, crédito. 
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As garantias dos Estados travaram o pânico, mas cedo se percebeu que, dentro dos armários, havia demasiados cadáveres escondidos. Se até a Bolsa de Nova Iorque não tinha a mínima ideia de quantos "hedge funds" lá actuavam, imagina-se noutras paragens. Por isso, quando julgávamos a tormenta atravessada, surge o ataque ao euro, ou a crise da "dívida soberana", como alguém pomposo a definiu. 
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Sócrates afirmou que o Mundo mudou em três semanas, mas não tem razão. Foram 25 anos de efeitos combinados de desregulamentação dos mercados; políticas do dinheiro fácil, com taxas muito baixas; multiplicação dos intervenientes, com milhares de "hedge" e outros "funds"; fraquíssima supervisão; bolhas e falsos crashes; e liberdade total de movimentos de capitais entre países. Nasceu uma hidra, com muito mais de sete cabeças. A alta finança é o verdadeiro monstro do século XXI: caótico, anónimo, subversivo, libertino, indomável e letal. Varre tudo à frente: petróleo, arroz, bancos, países, euro. Se políticos e cidadãos não o domesticarem, dará cabo de ambos. Este capitalismo, nesta modalidade desbragada, selvagem e planetária, pode vir a ser tão sinistro como o comunismo foi. 
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