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quinta-feira, setembro 23, 2010

Capitalismo infestou países balcânicos com corrupção

Mundo

Vermelho - 21 de Setembro de 2010 - 14h11
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Nos Balcãs de hoje, a corrupção é parte do cotidiano das pessoas, permeando todas as classes e camadas sociais. Com a privatização das antigas empresas estatais, juízes, advogados e banqueiros passaram a desenvolver uma prática ecônomica escandalosa e criminosa.


Por Thomas Brey, no General Anzeiger

Todo mundo nos Balcãs conhece a piada: um estudante de história paga ao seu professor 200 euros (cerca de R$ 400) e, na prova, é indagado: "Onde caiu a primeira bomba atômica?" Ele responde: "Em Hiroshima", é aprovado e pode ir para casa. O segundo estudante não paga a propina, mas pode responder corretamente todas as seguintes perguntas: "Onde foi lançada a primeira bomba atômica, quando, quantas pessoas morreram?" Porém, fracassa na última: "E qual eram os nomes das mais de 200 mil vítimas?".

A corrupção floresce em todos os países dos Balcãs. Na Sérvia, em 2009, um quinto da população admitiu ter recorrido à propina para obter algum benefício. Na Bulgária, o índice chega a um quarto da população.

Desde o nascimento do filho, quando os pais são levados a pagar um dinheiro extra para tentar obter um tratamento melhor nos hospitais, até a morte, quando se trata de obter espaço no cemitério, o dinheiro corre solto.

Nas escolas e nas universidades sem uma "recompensa" para os professores é difícil se obter algo. Há quatro anos, em Kragujevac, na Sérvia, exatamente na Faculdade de Direito, dez professores foram presos sob a acusação de venda de diplomas, entre eles o seu diretor, membro do Tribunal Constitucional e especialista em crime organizado. Até agora, nenhum dos acusados foi julgado.

Na Croácia, no final de 2008, surgiu o "caso do livro de estudos" que revelou a "lista de preços" nas Universidades: uma prova simples "custa" cerca de R$ 140. Já um exame bem difícil pode chegar a cerca de R$ 2.400.

Caso o estudante, queira "comprar" dois exames difíceis pode conseguir um desconto: o pacote sairia por algo em torno de R$ 4.200. Há anos circulam rumores e indicações de que médicos gregos, alguns com posição de destaque em seu país, tenham conseguido a sua aprovação da Universidade sérvia de Nis recorrendo a tais expedientes.

Na Bósnia, segundo a imprensa local, o cidadão paga uma propina média de cerca de 350, reais para garantir uma boa consulta médica. E com R$ 450 pode-se conseguir uma boa ação de um professor universitário – valor que representa mais da metade do salário médio no país.

Na Romênia, na cidade de Cluj, um diretor de escola teria conseguido a cifra de mais de 28 mil reais, comercializando trabalhos de final de curso. Como lá, os professores são mal pagos pelo Estado, é comum eles complementerem o seu salário dando aulas particulares caras. Quem não faz uso do serviço particular, deve contar com más notas na escola independentemente de sua real capacidade.

Mas esses são casos de "peixes pequenos", em comparação com os grandes que envolvem somas muitos maiores. Há dois anos, a União Européia interrompeu a remessa de dinheiro para a construção de estradas na Bulgária porque milhões haviam desaparecido de maneira criminosa.

Na Croácia, um ex-Ministro da Defesa enfrenta processo judicial: na compra de caminhões, ele teria apropriado-se irregularmente de mais de R$ 2 milhões. O ex-chefe de governo Ivo Sanader é acusado pela imprensa de estar envolvido no escândalo do Banco Hypo-Alpe-Adria, que envolve banqueiros até Viena.

Adrian Nastase, que esteve a frente do governo da Romênia de 2000 a 2004, tem que explicar à justiça de onde vieram US$ 400 mil que apareceram na conta de sua mulher. A resposta de que teria sido herança da uma tia dela não convenceu: essa vive na miséria nos arredores de Bucareste.

Segundo as autoridades do país, na Sérvia "lava-se" anualmente até 1,7 bilhão de euros. Cerca de 400 milhões de euros passam irregularmente para as contas privadas através de contratos estatais.

Um antigo funcionário do serviço secreto, Borislav Galic, é o responsável pelas compras do Estado. Anualmente ele administra um volume de 4 bilhões de euros sem nenhum controle ou transparência.

Enquanto isso, muitos trabalhadores sérvios que são obrigados a buscar alguma ocupação fora do país, queixando-se dos diferentes "inspetores" e autoridades fiscais que procuram, já nas cidades, apropriarem-se do fruto de seu trabalho. Para evitar isso, uma boa parte deles prefere permanecer fora do país para evitar problemas com os seus ganhos.

O sistema judiciário na região funciona com muita dificuldade. Na Romênia, assim como em outros países, os grandes casos descobertos de corrupção terminam sem a punição dos responsáveis.

Os processos são sempre prorrogados e adiados com a anuência de juízes e os truques de advogados a serviço dos acusados.

Quando o processo está próximo da proclamação da sentença, ou o juiz pede férias, ou é afastado de modo a provocar todo o seu reinício. E algumas ações de efeito midiático encobrem apenas a disputa pelo controle de posições entre as cliques envolvidas, e algumas iniciativas voltam-se para satisfazer a cobrança da União Européia por um combate mais vigoroso à corrupção, não tendo um efeito mais duradouro.

A origem desse espantoso crescimento da corrupção remonta ao período da privatização das antigas empresas estatais durante a década de 1990 do século passado. Na época, muitos dirigentes do Estado e dos partidos que se encontravam no poder usaram de sua influência para apropriarem-se irregularmente da riqueza nacional, em muitos casos em associação direta com o capital estrangeiro.

Quanto maior fosse a promessa de lucros, maior era a disputa entre os diferentes grupos por sua posse. E o que não interessava, ficava para os menos poderosos ou em completo abandono. Isso acabou provocando, entre outras coisas, uma enorme desindustrialização da região, desequilíbrios ecônomicos acentuados e desigualdades regionais ainda maiores.

Além de estimular o desemprego em larga escala, gerando um verdadeiro exôdo de trabalhadores, que serviam e servem de mão-de-obra barata nos demais países capitalistas do continente europeu.

Os sociólogos dos países nos Balcãs já produziram uma extensa literatura analisando o fenômeno da corrupção. Apesar de várias diferenças e divergências entre as suas análises, existe um consenso: enquanto não houver uma grande mudança na política, não poderá haver melhora significativa.

Desse modo, além de sofrerem com as consequências da atual crise econômica, os cidadãos desses países continuarão a ser vitimas da corrupção que enriquece alguns poucos.

Fonte: General Anzeiger. Tradução de Luciano C. Martorano.
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