A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quinta-feira, setembro 23, 2010

Ciganos, os bodes expiatórios da crise na Europa

Editorial.

18 de Setembro de 2010 - 8h21



O racismo e a xenofobia manifestados pelo presidente Nicolas Sarkozy, cujo governo já expulsou 8.313 ciganos romenos e búlgaros desde o início do ano, provocou uma grande oposição.

O presidente francês foi alvo de críticas na ONU e até no Departamento de Estado dos EUA. Houve pronunciamentos contrários também de ONGs, do Parlamento Europeu, do Vaticano, de grupos de defesa dos direitos humanos. Uma grande controvérsia teve lugar no interior da própria Comissão Europeia. O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, também pronunciou-se a respeito, condenando a posição xenófoba da França.

A discriminação dos ciganos por Sarkozy expõe a hipocrisia da União Europeia e de suas políticas, revelando os limites das normas que falam de estabelecimento de cidadania europeia para os cidadãos de todos os estados-membros e incluem, entre outros direitos formais, a liberdade de movimento e residência em qualquer país que faça parte da União Européia.

A crise europeia se agrava; a resistência dos trabalhadores contra o corte de direitos sociais e o arrocho salarial desdobra-se em greves e manifestações em vários países. Na França, por exemplo, Sarkozy enfrenta a oposição dos trabalhadores contra a ampliação da idade mínima para a aposentadoria, de 60 para 62 anos, que foi aprovada pelos deputados mas depende ainda da concordância do Senado.

A expulsão de ciganos pelo governo de Sarkozy faz parte desse processo de endurecimento do ataque contra direitos sociais. E expõe a tentativa de explorar o sentimento contra os imigrantes de uma parcela significativa, e conservadora, da população e, assim, ganhar sua simpatia num momento em que a aprovação popular do governo freqüenta abismos não imaginados poucos meses atrás.

As contradições no seio da Europa em torno da política discriminatória de Sarkozy, com vários episódios rumorosos ao longo da semana, expõe os problemas políticos no seio da União Europeia, que tendem a agravar-se.

A União Europeia, que se consolidou na década de 1990 com as imposições neoliberais do tratado de Maastricht, enfrenta uma grave crise social e econômica, que ameaça os trabalhadores, o emprego, a renda e o progresso social.

A xenofobia anti-cigana de Sarkozy expõe a profunda ambiguidade dos dirigentes europeus, cujas políticas essenciais são anti-populares, monopolistas e imperiais. Os governos nela engajados favorecem os banqueiros e atentam contra os direitos sociais.

Se Sarkozy busca bodes expiatórios, os dirigentes da União Europeia manifestam diversionismo semelhante, ao defender uma legalidade europeia cuja fragilidade ficou exposta nestes acontecimentos. Diversionismo que escamoteia a verdadeira fonte dos males: a política neoliberal que aqueles dirigentes teimam em manter. É ela que precisa ser expulsa, e não os ciganos ou qualquer outro grupo étnico.

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