A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

A GUERRA COLONIAL COMEÇOU HÁ CINQUENTA ANOS por Mário Tomé

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a Sábado, 5 de Fevereiro de 2011 às 23:28
A Guerra Colonial
Mário Tomé

A guerra colonial começou há cinquenta anos. Apesar de trabalhos de grande fôlego na ficção, da grande seriedade e rigor histórico e científico de obras históricas e de investigação dedicada, o que continua em vigor e a determinar a atitude da população é a mitologia patrioteira (cada vez mais equivalente a patriótica, mas vamos devagar).
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Ela é propagada pelas versões oficiais da burguesia e seus criados políticos a fim de manter uma atitude cidadã de baixo perfil que aceite a participação activa em novas aventuras coloniais sob as ordens dos EUA e do imperialismo em geral, que desculpabilize a sua responsabilidade nos crimes contra a humanidade que são cometidos pelas tropas coloniais nesta guerra infinita contra os povos.

Quando eclodiu a guerra colonial, as colónias ainda só existiam, enquanto tal, há 76 anos. O amor acrisolado e a patriótica vinculação àquelas terras tão «portuguesas como o Minho», tinha poucas raízes para além dos Lusíadas, da História Trágico Marítima, da Peregrinação, do Zé do Telhado ou do Amor de Perdição. No princípio do século XX viveriam em África 12 mil portugueses, e apenas ao longo da costa. A primeira República que entrou na carnificina da I Guerra Mundial para garantir a posse das colónias, lançou as bases de uma efectiva exploração colonial.
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Depois do golpe de 28 de maio de 1926, a exploração colonial permitiu a acumulação fácil e rápida do capital à burguesia industrial e financeira e capacitou-a para se interpenetrar com o capital imperialista, numa situação de progressiva e rápida dependência.
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A sociedade colonial assentava na exploração total e integral do negro, ultrapassando a própria situação de escravatura. Os colonos, do mais boçal ao mais esclarecido, tinham, na prática, poder de vida e de morte sobre ele. O indígena recebia o estritamente indispensável para pagar o «imposto de cabeça» devido pelo simples facto de se saber que ele existia e para pagar o que era obrigado a comprar na cantina da fazenda ou da roça. Era-lhes vedada qualquer actividade política e sindical, a língua ou dialecto não eram tidos em conta, foram expulsos das terras férteis e não usufruíam de direitos. Quando muito a protecção que o patrão lhes quisesse dar. Exceptuavam-se, usufruindo de alguns direitos, cerca de 2,5% de assimilados. Este o Portugal pluricontinental e multiracial.
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Não poderemos admirar-nos se as primeiras rebeliões, de camponeses e contratados, sob a direcção tribal da UPA, foram de uma violência inaudita. Se até o sofisticado racismo britânico não foi poupado no Quénia!...
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Como um dia disse Amílcar Cabral, «quando morrem inocentes ninguém é inocente»

A pátria que quase um milhão de soldados defendeu durante 13 anos era constituída pela família Mello, pela família Champallimaud, com associações de passagem ao conde de Caria e ao visconde de Botelho; a família Quina, a família Espírito Santo, as famílias Feteira-Bordalo, Vinhas, Albano Magalhães, Abecassis, Sousa Lara, pelo Grupo Fonsecas e Burnay e mais o Banco Nacional Ultramarino . Estão aí, todos, a mandar no país.
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Por eles, a mando deles, deram a vida mais de 8 mil portugueses, ficaram feridos 30 mil, estão gravemente feridos na mente mais de cem mil – com o passar dos anos e o envelhecimento este número vai aumentando até que a morte o faça diminuir e depois acabar – e uma infinidade ferida na alma.
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Por eles, a mando deles, as despesas do Estado ficaram hipotecadas em grande escala à guerra.2
Por eles, a mando deles, deram a vida cerca de 300 mil africanos a que se deverá acrescentar as vítimas, por eles a mando deles, dos massacres anteriores à guerra colonial: Batepá, em S Tomé em 1953, Pidjiguiti, Guiné Bissau em 1959, Mueda, Moçambique em 1960, Baixa do Cassange, Angola em 1961, seguido do massacre urbano como retaliação ao ataque à cadeia de Luanda pelo MPLA, em 4 de fevereiro de 1961 data oficial do início da luta armada contra o colonialismo.
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Estes massacres foram o sinal de que nada havia a esperar do poder colonial, de que era impossível contar com uma solução negociada mesmo tendo em conta o carácter serôdio, já fora da história, do ultra-colonialismo português.



Depois foram os treze anos de guerra. Uma guerra tecnicamente de baixa intensidade, mas, humanamente, de alta brutalidade. No seguimento, aliás, da colonização que foi tudo menos sofisticada, assentando num racismo rural que dava para fazer vida com as negras e delas ter filhos e para mandar enforcar o irmão delas se fosse demasiado recalcitrante, incómodo ou, apenas, pouco submisso.


Nas guerras de libertação, as populações são sempre confundidas, usemos o eufemismo oficioso, pelo colonialista ou pelo ocupante com o inimigo – veja-se as tropas da coligação no Iraque.
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A realidade é que não pode ser de outro modo. Salvo aquela parte que está disponível para colaborar, por razões diversas, a população é ou virá a ser um inimigo, com ou sem arma. A violência do exército colonial português não foi maior por se tratar de um exército dirigido por um regime ditatorial.
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Ninguém espere comportamento decente de quaisquer tropas de ocupação. Ele é impossível. Pelo carácter mesmo do conflito. Na guerra colonial, naturalmente, também.
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Claro que as ordens eram, em geral, em sentido aparentemente contrário: conquistar as almas, como diria o general Kaulza de Arriaga3, conquistar as mentes como diria o General Spínola, ganhar as consciências como diria o General Costa Gomes, amar as populações como a nós mesmo, terá dito centenas de vezes o General Silvino Silvério Marques. E assim por diante.
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Enterrem-nos, queimem-nos, apaguem os vestígios, diziam todos depois dos massacres.
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A tragédia é que, quem fazia esses massacres e cometia esses crimes, eram jovens arrancados à universidade, à escola técnica, ao amanho da terra, ao trabalho na fábrica. Raramente foram seres marginais recrutados para a guerra, como por vezes se quer fazer crer. E esse foi o outro lado da tragédia: porque uma boa parte dos afectados duramente pelo stress pós-traumático - algo que só muito recentemente as autoridades democráticas se dignaram reconhecer - devem-no aos próprios crimes e violências que terão cometido. Sinal de que a humanidade está viva.
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Os crimes na guerra colonial portuguesa – para além do crime primordial decorrente da própria ilegitimidade da guerra e da sua ilegalidade á face da ONU – foram muitos. Crimes de deportação, esboço de crimes de genocídio, de racismo, de escravatura, de assassinato individual ou em massa. Massacres portanto. À luz das leis e regulamentos em vigor podiam e deviam ter sido punidos e desencorajados. Mas não o foram porque isso não interessava, antes pelo contrário, aos altos comandos. Estes aceitavam aquela espécie de esquizofrenia beata e sinistra. Não queriam que qualquer moralidade incómoda contribuísse para uma tomada de consciência nem para diminuição da perfomance dos militares, ainda por cima quando o Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, tinha obra feita sobre a mais vasta questão envolvente: «os indígenas são súbditos portugueses mas sem fazerem parte da Nação»; «os cruzamentos ocasionais ou familiares são fonte de perturbações graves na vida social de europeus e indígenas”; «os pretos têm de ser dirigidos e enquadrados por europeus, e olhados como elemento produtivo enquadrado ou a enquadrar numa economia dirigida por brancos». Portanto de humano só tinham a forma. Nem os navegantes de quinhentos ousaram tanto.
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Nas guerras coloniais a estratégia militar conta, substancialmente, com a actuação das polícias treinadas na recolha de informações através dos denunciantes pagos ou voluntários, do terror, da tortura, do assassinato exemplar, do rapto, tudo aquilo que desde a CIA, à KGB, à Mossad, à Sûreté e DST, à PIDE executavam ou executam.
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O comando das operações conta, pois, com as mais criminosas e sinistras organizações e forças repressivas, sejam legais ou clandestinas. Assim os militares tentam mostrar-se nobremente com as mãos limpas e as almas lavadas insinuando que o trabalho sujo é feito pelos outros.
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A PIDE na sua bestialidade congénita era a base de todas as principais informações dos estados maiores militares, extorquidas por todos os meios conhecidos na metrópole e outros dado tratar-se de seres tão bem caracterizados pelo Professor Marcelo Caetano. E de outra maneira não podia ser. As FA’s não tinham serviço de informações adequado para aquele tipo de guerra.

.Mas, muitos comandos operacionais, não raras vezes optavam por serem eles a encarregar-se da eficaz e atempada recolha de informações. E de fazer justiça a tempo!
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Ou seja, «o pacífico e generoso» 25 de Abril só foi possível à custa de muitas mortes, muitos crimes contra os direitos humanos e dos povos.

A guerra colonial portuguesa inicia-se quando praticamente estavam concluídos os programas4 de libertação das colónias. Foi uma guerra de regime. O regime sabia que Amílcar Cabral tinha razão quando afirmou que o fim do colonialismo seria o fim do fascismo. Dependia da guerra para sobreviver mas seria a guerra a liquidá-lo. Foram precisos longos anos de sofrimento. Hoje defende-se serenamente que o regime aguentaria uma transição à espanhola. Dando de barato o papel que a revolução portuguesa teve na transição em Espanha, o regime de Franco não dependia das colónias e rapidamente abriu mão do Saara, de forma miserável, aliás.
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A ala liberal de Sá Carneiro por seu lado, esperava que se cumprisse a segunda asserção da frase de Amílcar: pode cair o fascismo e não terminar o colonialismo... Mitigado, claro, mais distante, ligado à Europa!
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A guerra colonial portuguesa diferiu fundamentalmente das outras, nomeadamente da francesa, porque estas foram «guerras coloniais democráticas». Sem ironia:
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- segundo os cânones que hoje começam de novo a vigorar, uma guerra de agressão é legítima e democrática se as sondagens ou as votações no país ou países agressores mostrarem apoio da opinião pública. Mas, segundo os mesmos cânones, o contrário não será tido em consideração. Portanto, a invasão do Iraque foi seriamente contestada mas apenas pelos milhões que não se regem pelos parâmetros dados como referência nos respectivos países. Também a Alemanha e a França aderiram, embora com atraso, ao cânone e deixaram de ligar às suas próprias opiniões públicas mas apenas às «interessadas», para darem o seu acordo ao crime a posteriori, possibilitando a cobertura da ONU. Sabemos porquê, o instinto colectivo de sobrevivência sobrepõe-se às contradições circunstanciais. Por isso o poema de Harold Pinter é, como diria António Machado, a palavra exacta no tempo - Democracy: There’s no escape / The big pricks are out / They’ll fuck everything in site / Watch your back. March 2003.5
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Assim, as guerras coloniais da Grã-Bretanha e da França terão sido democráticas. Tiveram apoio popular em democracias consolidadas. A brutalidade dos ingleses resolveu-se elegantemente no appartheid grande e nos appartheids pequenos. E a brutalidade dos franceses, conseguiu ser superior à dos portugueses que tinham como paradigma os Gamas, Castros e Albuquerques, capazes não só de matar a ingente turba mas também de mandar cortar os cascos aos cavalos.

As lutas de libertação nacional, as lutas contra o colonialismo, a liberdade das colónias, portanto, tão apoiadas a posteriori pelas democracias actuais, não são filhas da mãe dessas mesmas democracias. Isto é, não são filhas da grande Revolução Francesa.
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Só com a preparação e a realização da revolução de Outubro se estabelece a teoria que deu alimento à base material que incitava os povos colonizados à luta de libertação. Também na Índia, onde o movimento pacifista de Gandi surtiu efeito porque acompanhado por muitos levantamentos armados. Amilcar Cabral, Agostinho Neto, Mandela, Kaunda, Nyerere, N’Kruma, Machel, inspiraram-se nessa teoria, de uma forma ou de outra, mais próximo ou mais afastados - e Franz Fanon, o pai da revolução africana.
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Por isso, Amílcar Cabral pôde escrever, com razão: «o fim do fascismo pode não significar o fim do colonialismo; mas o fim do colonialismo significará forçosamente o fim do fascismo».
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Daí decorre também que toda a lenta subversão das FA’s ao longo de 13 anos de guerra, teve muita inspiração das teorias libertadoras e socialistas. Começara nas universidade, em luta contra a política fechada às artes e ciências, à liberdade de expressão e de pensamento, contra as condições de acesso e programas, a perseguição no interior da própria universidade; e continuara com a oposição à guerra colonial que se tornou depois do Maio de 68 no principal motivo de combate ao fascismo, tomando uma importância tal que envolveu as lutas operárias.
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Saltou para dentro das FA’s, tendo os profissionais começado a procurar saída para o buraco sem saída. Ou melhor: com uma única saída. Que a luta do povo português, sofrida mas corajosa - as deserções, as recusas a cumprir ordens avolumando-se, as condições de vida deteriorando-se, os filhos morrendo ou regressando sem braços, sem pernas, sem uns nem outros, a censura e as perseguições da PIDE aumentando na proporção da resistência – ajudou a encontrar. E que a luta dos povos coloniais, ao impor uma derrota militar no terreno ajudou a apressar.
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Por isso Spínola apenas teve, naturalmente, o apoio de todos os fascistas à sua resistência contra o programa de independência imediata das colónias, mesmo sendo ele o putativo - apenas isso – chefe da rebeldia. A chamada federação que ele preconizava era uma esperança para segurarem alguns anéis africanos que os outros nunca os perderam verdadeiramente.
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Daí quererem que fossem mais tropas para África para se fazer uma «descolonização decente» como diz o protofascista Paulo Portas, actual Ministro da Defesa do Governo de Durão Barroso.
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Uma descolonização com o que tal implicava de acordos, consensos, planos comuns para interesses convergentes, já só teria sido possível em 1961 quando um grupo de generais ameaçou debilmente Salazar, pressionados quer pelos apelos e exigências de Amílcar e outros líderes africanos para uma autodeterminação pacífica quer pela suspeita do desastre em preparação. Mas Salazar brincou com eles e daí a meses estava a mandar as tropas «para Angola e em força» cantando «Angola é nossa».

No 25 de Abril os capitães tinham as rédeas embora tenham feito concessões de que se viriam a arrepender: a Spínola, a Personalidades impantes que achavam dever sofrear a liberdade à solta na rua, porque para eles a liberdade deveria apenas servir à sua medida. Também, naturalmente, muitos capitães procuravam o seu caminho dentro da disputa livre, aberta, democrática. Só que a maioria não o fez às claras. Ora, em democracia, ou há claridade ou entra-se no reino da hipocrisia, da mentira, da corrupção.

O que decorria, obviamente, da revolta dos capitães, era o fim da guerra. E o fim da guerra significava a independência das colónias. E a independência das colónias exigia negociar com quem fazia a guerra (independentemente de proximidades ou distâncias ideológicas, como reconheceu na altura o próprio Mário Soares). Negociar naquelas circunstâncias significava acordar a transmissão de poderes entre dois aliados que tinham acabado de vencer o mesmo inimigo, mas em que um deles não estava em condições de exigir mais do que respeito e dignidade. E isso aconteceu. Não houve descolonização, nem boa nem má.
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De facto, por de cima de todas as reflexões e locubrações mais ou menos teóricas, não havia tropas disponíveis nem dispostas a continuar a matar e a morrer quando a liberdade do povo português e dos povos das colónias era a única palavra audível. Depois a palavra socialismo juntou-se-lhe – mobilizando o povo para as grandes conquistas democráticas.
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O móbil do movimento dos capitães, é preciso não esquecer, fora acabar com a guerra. Porque a guerra estava perdida, antes de todas as teorias e ideologias começarem a fazer, muito justamente, o seu caminho. Para acabar com a guerra só derrubando o regime e para derrubar o regime houve que desagregar as Forças Armadas que eram o seu sustentáculo e o seu instrumento numa guerra perdida desde o seu primeiro dia, no longínquo 4 de Fevereiro de 1961. E essas Forças Armadas tinham acabado de prestar, um mês antes, vassalagem ao ditador.
Por isso foi possível o PREC. A força da hierarquia e da repressão estava quebrada e os soldados respondiam aos apelos populares virando a cara aos generais que não tinham sido destituídos ou mesmo presos – por pouco tempo.
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Assim, hoje, para as Forças Armadas portuguesas o momento de maior glória não foi o 25 de Abril – que não sabem comemorar, porque realmente não o fizeram! - mas a guerra colonial. Mas dentro do seu próprio e vetusto cânone, sabem dar apoio ostensivo e já oficial às manifestações de nostálgicos dos privilégios da guerra e do fascismo. Que aproveitam a lassidão da democracia e a vetustez das caquéticas FA’s, para pressionarem no rumo do seu ministro da defesa. FA’s que fingem ignorar que, se não fosse o 25 de Abril, teriam sofrido a mais vergonhosa derrota da sua história.
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E foi o encontro dos povos mutuamente libertados, o encontro entre os falsos inimigos inventados pelo fascismo e pelo colonialismo, agora unidos pela liberdade, foi a aura resplandecente desse acto primordial de criação que envolveu também as FA’s, tornando-as parte da vitória – a única felizmente possível - que tanto fizeram para impedir.
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Paula Brito, Francisco Santos e 60 outras pessoas gostam disto.
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O Papa Sou Eu Texto fantástico. Meio historiador, meio histórico. É partilhar!
Já foi publicado nalgum lado? Ainda bem que partilhaste aqui!
Domingo às 2:41 · 2 pessoasA carregar...
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Paulete Matos Preciosa partilha!!
Domingo às 3:30 · 3 pessoasA carregar...
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Carlos Alberto Lemos Também "passei" por esta guerra, estive em zona operacional na Região de Tete. Uma Guerra injusta com imensas vítimas em ambas as partes.
Domingo às 10:06 · 3 pessoasFrancisco Santos e 2 outras pessoas gostam disto.
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Carlos Alberto Lemos Um bom Link para ler:
https://sites.google.com/site/apoiarstress/o-stress-de-guerra
Domingo às 10:07 · 1 pessoaA carregar...
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Joao Soares Texto muito bom, Mario Tomé. Vou partilhar!
Domingo às 11:35 · 1 pessoaFrancisco Santos gosta disto.
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Paulo Cardoso Obrigado Mário belo artigo! Tenho levado anos a defender esta tese sem ter conhecimentos tão profundos. Mas a evidência dos factos e a leitura do cenário político a nível nacional e internacional eram reveladores desta realidade que muitos deturparam. Vou partilhar e guardar, tenho muito gosto em adquirir se estiver publicado! e até dia 13/2...
Domingo às 12:39 · 3 pessoasA carregar...
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Marisa Matias Obrigada, Mário!
Domingo às 15:26 · 3 pessoasA carregar...
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Menthelivre Livre Pela sua importância, partilho-o, contracenando com certos saudosistas, que hipocritamente deturpam, e que esta geração pouco sabe," desconhecendo" que em quase todas as famílias existem sequelas por causa dessa guerra " contra os falsos inimigos" que muito bem referes.
Domingo às 15:38 · 4 pessoasA carregar...
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Francisco Santos Obrigado Mário,esta é a análise perfunda e correta do desencadear e respectivo desfecho da guerra colonial .....
Domingo às 16:54 · 5 pessoasA carregar...
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Manuel Baptista
Em relação ao colonialismo português, achas que era uma potência autónoma?
A minha ideia (corrige-me se estiver errado) é que Salazar e todo o regime (e a oligarquia que o sustentava) apenas eram vistos em Wasshington, Paris, Londres ou Bon...a, como meros «homens de palha» dos interessas do «ocidente». Nada seria possível para o fascismo luso sem o apoio dos tais «democráticos» países!
A ilusão de que o fascismo português é um «nacionalismo extremado» é muito perigosa; de facto, é uma das formas mais graves de submissão neo-colonial ao imperialismo, de que há memória. O Salazar era essencialmente um peão nas mãos dos seus donos, os poderes imperiais (birtânicos e depois EUA). Quanto aos oligarcas portugueses, por muito ricos que fossem, eram apenas uma expressão da burguesia «compradore», uma burguesia subordinada, sem poder para «dar cartas» no baralho da política e dos negócios internacionais. Eles apenas estavam autorizados a explorar umas «migalhas» desta terra e das colónia... Claro que essas «migalhas» correspondiam a fortunas colossais, as quais se reconstituíram facilmente após o 25 de Nov. de 75...
Porquê? porque os bancos (centros financeiros das grandes famílias) não foram verdadeiramente re-estruturados. As relações hierárquicas permaneceram intactas dentro deles. O mesmo é dizer que muitos, até mesmo funcionários com pouco poder, eram em secreto «amigos» dos ex-donos, que os tratavam com uma série de privilégios em relação aos restantes trabalhadores. Foi fácil reprivatizá-los. Os gestores dos bancos nacionalizados, sob pretexto de «competência» eram indivíduos que estiveram numa fase ou noutra da sua vida - largamente- dependentes dos magnates. Como se poderiam eles tornar em gestores impolutos, fiéis ao do novo regime???
Só a serôdia ingenuidade política dos «leninistas» da altura (que dominavam largamente as várias facções da extrema esquerda) foi capaz de acreditar que a nacionalização da banca e seguradoras era um passo decisivo para o tal «socialismo».
Na realidade, não se discute, não se analisa, não se faz uma auto-educação séria entre os que desejam uma revolução (e eles/as são sinceros em 99% por cento dos casos) dos DISPARATES que as correntes revolucionárias da época cometeram.
Vão os revolucionários portugueses continuar a cometer enormes erros, tanto a geração de 74-75 (que ainda guardam um ideal revolucionário no coração), como gerações posteriores e se filiam na mesma «tradição» política e ideológica??? Seria realmente preocupante e indisculpável!Ver mais
Domingo às 17:31 · 3 pessoasA carregar...
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José Carlos Rego Meira
A TODOS OS QUE, COMO EU, FIZERAM A GUERRA QUE NÂO QUERIAM.
Nos horizontes de fogo e de sangue
No cálido entardecer de cada dia
No teu amigo que caiu exangue
No salto de gazela fugidia
...Na lonjura poeirenta das picadas
Na água inquinada que bebeste
Nas noites de vigílias assustadas
Naquilo que tu foste e não quiseste
No rebentar das minas traiçoeiras
No trovão do morteiro aterrador
Nos suores, no cavar das trincheiras
Nas chagas que te abriram sem pudor
Na fome e na sede que não dizes
Na carta de amor que não chegou
No choro das crianças infelizes
Na dor de quem morreu, de quem matou
Nos tiros que às cegas disparaste
Nas emboscadas em que também caiste
Na mansidão dos rios, no contraste
No choro disfarçado, no que riste
Nos amores que compraste conspurcados
Nas bebedeiras do teu esquecimento
Nos dias, nas semanas recontadas
No medo, na coragem ou desalento

Em tudo isto, camarada, estavas lá
Escrevendo como eu, mas sem glória
Um último capítulo, coisa vã
De quinhentos anos de história !

Herois foram os mil navegadores
que criaram um império sem razão
Nós herdamos de tais conquistadores
O direito de ser carne para canhão



Rego MeiraVer mais
Domingo às 19:42 · 7 pessoasA carregar...
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Francisco Santos
José Meira, neste teu escrito dizes tudo o que está na alma de quase todos os que por lá passamos, por essa injusta guerra que fomos obrigados a participar,mais uma vez digo, foi lá que os mais atentos, ganharam a verdadeira consciência de ...que não passávamos de carne para canhão .
O amigo Manuel Baptista diz que os chamados revolucionários,cometeram erros,quem não os comete,eu tal como os 90 e tal por cento que participamos no PREC quando o fizemos foi porque acreditamos que era o caminho certo para uma sociedade mais justa , ainda hoje continuo a acreditar que essa era uma causa justa , mas os factos,demonstraram que fomos ingénuos,ao sublimarmos o poder das forças de direita e seus aliados, quer a nível nacional como internacional , mas se tivesse que repetir ,faria o mesmo,mas de maneira diferente !!!!Ver mais
Domingo às 20:38 · 3 pessoasA carregar...
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Adelino Domingues A Cavalaria tinha valores!!! É bom recordar a história e as suas incidências; pois só assim se pode entender ou não as contigências do presente e a partir daqui ...pensar que quer se queira ou não, o amanhã faz parte da vida!
Domingo às 21:25 · 1 pessoaA carregar...
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Mário Tomé
Manuel Baptista: numa nota do texto está a ligação de dependência da burguesia fascista com as multinacionais. Tens toda a razão. Os ml tiveram uma visão ortodoxa e ideologicamente marcada, logo pouco capaz de dar a resposta que se «esperar...ia» - eu! - mas em questões fundamentais não tiveram ilusões e bateram-se pela nacionalização dos capitais estrangeiros o que a burguesia «democrática» não estava em condições de aceitar sem confronto com o imperialismo, também político, de que dependiamos (e dependemos ainda mais). Qualquer alteração - e nessaaltura já assim era - séria será feita sem a burguesia e contra ela, seja ela saudosa ou «democrática» à brava. Os ml na altura já assim pensavam.(mas isso agora não interessa apenas refiro por exactidão histórica e porque falaste neles). Daí ser ridícula a consigna «uma política patriótica e de esquerda». Hoje a política parfa ser de esquerda não pode ser patriótica: os interesses do povo português só se defendem numa base de luta internacionalista. Assim nos obriga o imperialismo, a globalização e a burguesia a que já não se pode chamar de cócoras porque ela está bem de pé aliada e de mãos dadas com as oligarquias mundiais explorando e brutalizando todos os povos do mundo até à guerra infinita.Ver mais
Domingo às 21:38 · 1 pessoaA carregar...
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Mário Tomé Belo poema que toca o cerne da guerra colonial e a profunda humanidade dos que a sofreram. Francamente acho que é de uma singeleza arrasadora. Talvez o mais poeticamente «exacto» que li até hoje.Um abraço
Domingo às 21:54 · 2 pessoasA carregar...
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Mário Tomé Claro que no post anterior me refiro ao poema do José Meira.
Domingo às 21:57 · 3 pessoasA carregar...
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Paula Brito Os meus mais sinceros parabéns....e obrigado !!!
Vou partilhar, claro !!!
Domingo às 22:21 · 1 pessoaA carregar...
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Fernando Rocha GUERRA COLONIAL, onde eu estive, em Angola de 1970 a 72, por 26 penosos meses; primeiro na região do Toto/Vale do Loge e, posteriormente na Fazenda Tentativa. Meti-me aqui há tempos a escrever memórias da "minha guerra" e hoje mesmo escrevi o texto XVIII, que pode ser lido em www.misturagrossa.net .
Domingo às 23:00 · 1 pessoaA carregar...
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Paula Brito ‎@ Fernando Rocha, li e gostei do seu 'diário'...porque não fala dos documentos que, pelos vistos, lhe passavam pelas mãos ? seria interessante ! Tenho a certeza que ainda se recorda.
Obrigada pela partilha .
Domingo às 23:07
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Fernando Rocha ´Paula: Não tenho assim uma memória de muitos documentos, mas tenho um texto onde refiro um comandante guerrilheiro muito famoso, o chamado Pedro Afamado.
Domingo às 23:23 · 1 pessoaA carregar...
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Paula Brito Vou procurar. Obrigada !
Uma boa semana !
Domingo às 23:26
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Joana Manuel admirável texto. obrigada.
Ontem às 1:30
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Manuel Duran Clemente Grande texto camarada...vou partilhar.Nada de meias tintas, estamos fartos de branqueamentos, em nome dos "brandos costumes" e da confusão que se perpetua, entre a raíz do português simples e a do português sôfrego e ganancioso!!!
Ontem às 2:11 · 2 pessoasA carregar...
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Samuel Marques Querido Camarada:
Como sempre, sem meias tintas e sempre na mosca.
Obrigado, vou guardar e partilhar.
Ontem às 9:32
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Maria Monteiro
Obrigada por sintetizar uma realidade que é muito cómodo ignorar. Foi muito dura a guerra e há estudos a fazer. Por exemplo, as sequelas deixadas nos filhos dos militares empurrados para a guerra. Sei do que falo. Durante 32 anos trabalhei ...nos SSFA. Que sofrimento os pais partirem e miudos serem responsabilizados com "o homemda casa".
Que dôr as mães/pais!
Tendo contextualizado a guerra e de acordo o Manuel Baptista ainda com outros diversos contornos, é necessário fazer-se a história das sequelas. Divórcios, alcoolismo, vício do jogo, violência doméstica, esquizofrenias nos filhos.
Foi uma guerra que ainda hoje se reflecte no quotidiano.
Vou partilhar com os amigos dos meus filhos.
OBRIGADAVer mais
Ontem às 11:32 · 1 pessoaA carregar...
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Zé Braga Obrigada!
há 21 horas
o
Baltasar Duarte Camarada este teu texto é mais um dos muitos que escreveste,e que eu me avituei a ler e a ouvir-te,longo de 32anos,mas sem duvidas este é um grande texo.Obrigada
há 16 horas · 1 pessoaA carregar...
o
Leonor Lisboa mário tomé e duran clemente, obrigada para sempre. 25 de abril sempre.
há 14 horas
o
António Veloso Muito bom o teu artigo. Um grande abraço. Veloso
há 5 horas

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