A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quinta-feira, março 11, 2010

Costa Martins - 25 DE ABRIL SEMPRE!


25 DE ABRIL SEMPRE!

O Cravo de Abril presta homenagem ao coronel Costa Martins, falecido na sequência da queda da avioneta em que se deslocava com um amigo, próximo de Montemor-o-Novo.
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Aqui homenageamos
o Capitão de Abril que, no dia 25 de Abril de 1974, tomou o aeroporto de Lisboa, num acto bem elucidativo da sua coragem e da sua determinação: a coluna militar que deveria juntar-se-lhe não apareceu e ele, sozinho, dirigiu-se ao oficial de serviço e disse-lhe: «Está tudo cercado por forças militares, é inútil resistir» - e o oficial rendeu-se.
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Aqui homenageamos o cidadão que foi ministro do Trabalho dos governos provisórios presididos pelo Companheiro Vasco - um ministro do Trabalho profundamente identificado com os interesses e os direitos dos trabalhadores e que, nessa qualidade, deixou o seu nome ligado às mais relevantes e positivas medidas de carácter social alguma vez tomadas no nosso País, designadamente o salário mínimo nacional e o 13º mês.
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Aqui homenageamos o homem vertical e digno ao qual as forças da contra-revolução - identificadas como tal, ou disfarçadas de democráticas - nunca perdoaram a sua entrega aos ideais de Abril e sobre ele lançaram as mais baixas provocações, falsidades e calúnias (como a acusação miserável que lhe fez António Arnaut, e que depois correu de boca da reacção em boca da reacção, de ter desviado 80 mil contos da campanha «um dia de trabalho» - acusações cuja falsidade ele demonstrou inequivocamente e das quais os tribunais inequivocamente o ilibaram.
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Aqui deixamos o nosso imenso adeus a Costa Martins, Homem de Abril e ministro do Trabalho ao serviço dos trabalhadores.
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(diz o Correio da Manhã que «Vasco Lourenço não vai ao funeral» e que «a Associação 25 de Abril não participará oficialmente no funeral do coronel Costa Martins»
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Que Vasco Lourenço não vá ao funeral é coisa que não me espanta - pessoalmente acho, até, que ele não faz lá falta nenhuma.
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Quanto à não participação da Associação 25 de Abril (a confirmar-se a notícia do Correio da Manhã), é coisa que me espanta - e que considero ser uma decisão lamentável e lastimável, que envergonha quem a tomou, pelo absurdo que é a Associação 25 de Abril não participar oficialmente no funeral de um dos mais valorosos e dignos capitães de Abril)
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21 comentários:

Maria disse...
Só soube da notícia hoje de tarde e fiquei em choque. E desfiei a memória pelo tempo em que o Capitão de Abril Costa Martins foi Ministro do Trabalho. E pelo tempo do "Domingo diferente". E por aí adiante. . O cravo vermelho que me deram no dia 6 vai direitinho para ele. . Já agora gostava de saber como foi tomada a decisão da A25A não participar no funeral. Democraticamente pelo punho do VL, com certeza. . Um beijo grande.
Anónimo disse...
Também fiquei muito triste com a morte trágica dum homem tão corajoso e íntegro. Recordações de acontecimentos exaltantes em que este HOMEM foi protagonista, por essa razão estranho e lamento a atitude da Associação 25 de Abril. . Tempos difíceis estes. . Campaniça
poesianopopular disse...
Se tomarmos em atenção,o estado lastimável a que chegou o nosso pais, fácilmente chegamos á conclusão de quais os homens de ABRIL que devem ser respeitados como tal. . O Senhor coronel COSTA MARTINS agora falecido, merece o respeito e a admiração de muitos trabalhadores portugueses que ainda hoje auferem de regalias sociais instituídas a quando do seu mandato como MINISTRO DO TRABALHO. . Esta é a grande verdade que muitos como eu,jamais esquecerão. . Abraço
smvasconcelos disse...
Incompreensível, no mínimo, uma posição destas por uma associação que devia saber honrar e reconhecer os homens de Abril. . Beijo,
Anónimo disse...
O Vasco Lourenço já mete nojo! MG
Graciete Rietsch disse...
Também eu me associo ao desgosto pela morte do valoroso Capitão de Abril e do seu companeiro. Acho inqualificáveis o comportamento de Vasco Lourenço e a sua influência na atitude da Associação 25 de ABRIL. . COSTA MARTINS foi vítima de um acontecimento trágico mas miserável é a indiferença dos homens que com ele fizeram o glorioso 25 de ABRIL. . Até sempre Companheiro Costa Martins. Um beijo, CRAVO de ABRIL.
maria povo disse...
Estas cenas lastimáveis, pela parte da Associação (até lhe fica mal o 25 de Abril...), já não espanta!!! . não fosse o 25 de Abril do POVO, e só dava vontade de não desfilar juntamente com esta "gentinha"! e fazer do 1º MAIO, realmente, o grande momento de luta e defesa do 25 de Abril!!! . p.s. quando há dois anos desfilei na av. liberdade e vi um cordão de segurança na cabeça da manif, pensei isto não é a minha gente!!! cordão de segurança, para quê??? . hasta siempre!!!
Antuã disse...
Aquilo é a Associação 25 de Abril ou a Associação 25 de Novembro?!... Quanto ao Costa Martins fica aquilo que ele fez em favor dos trabalhadores.
pintassilgo disse...
o Vasco Lourenço sempre foi um homem de ódios até na morte.
Antonio Lains Galamba disse...
morrem os grandes homens, ficam as grandes causas. . abraço
Anónimo disse...
Curvo-me perante a memória do Coronel José Inácio da Costa Martins. Homem integro e corajoso, que defendeu até ao fim da sua vida os Ideais de Abril, a que se propôs, quando em 25 de Abril de 1974 colaborou no derrube do Fascismo. . O seu desempenho corajoso, reconhecido pelos outros Capitães de Abril, foi determinante para o sucesso da Revolução. . Como filha do povo, que sou, não posso deixar de apoiar a homenagem aqui prestada. . Através de um familiar meu, residente em Lisboa, envio o meu cravo de Abril para aquele Amigo do Povo que agora parte, e que nos deixa saudades. . Para quem não sabe, ou para quem tem a memória curta, eu lembro que foi graças àquele Homem, que foi Ministro do Trabalho de Vasco Gonçalves, que foram implementadas as primeiras regalias sociais, como o Ordenado Mínimo Nacional e o 13º. Mês, e que a vida do Povo melhorou grandemente, e as desigualdades sociais foram reduzidas. Muitas das quais já não temos, porque os inimigos do Povo as têm retirado. . Se a Associação 25 de Abril não estiver representada no funeral deste camarada, que sempre defendeu os valores de Abril, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, então deverá proceder à alteração da designação para "Associação 25 de Novembro". . A memória do Coronel Costa Martins viverá para sempre no coração do Povo, e na História de Portugal. Maria Franco - Alentejo/Algarve
samuel disse...
Triste, este fim de vida de um homem bom, aqui mesmo ao pé da porta... Triste, a ser verdade, a "posição" da Associação 25A. . Duas tristezas... mas tão diferentes! . Abraço.
Hilário disse...
Mais um homem de Abril que nunca iremos esquercer. . Espero que não se confirmo a noticia do CM sobre a decisão da Associação 25A, poque se assim for, é lamentável. . A luta continua! . Um Abraço
GR disse...
Fez-se silêncio sentido quando ouvimos a triste notícia. . A tristeza não tem palavras. . Lembro-me de termos feito um dia de Trabalho, num domingo cheio de sol e alegria. . Ninguém esquece o seu grande desempenho enquanto Ministro do Trabalho. . A posição da Associação 25 é vergonhosa e antidemocrática. . Curvo-me perante a memória do Capitão de Abril! . Bjs, . GR
Anónimo disse...
Associo-me a todos que prestam homenagem ao maior e melhor Ministro do Trabalho, que Portugal já teve. Muita tristeza pela atitude, a ser verdade da A. 25 de Abril. à Familia e aos Amigos um abraço na Certeza de que este homem será um dia reconhecido. Maria do Monte
o Pedro que procura Inês disse...
Como se cantava naquela música... "Cravo vermelho ao peito A todos fica bem. Sobretudo faz jeito A certos filhos da mãe"
duarte disse...
mes respects. et vive la revolution. maintenant il va nous faloir un 26 , pour tout remettre en place. hasta siempre.
Sopro leve disse...
Coronel Costa Martins, um homem a recordar por boas razões... no meio de tantos que recordamos por pessimas razões.
do zambujal disse...
Estamos todos. . Todos aqueles para quem o 25 foi o que É! Como o Costa Martins esteve e fica na nossa memória (e uma palavra para o Sousa Monteiro, bom amigo e companheiro, sempre lutador a procurar acertar o passo com as causas justa e com quem por elas luta). . Grande abraço
pedras contra canhões disse...
dos que eles não querem lembrar... lembraremos nós. . abraço
José Massarelos disse...
Quero aqui deixar a minha homenagem a Costa Martins, o meu enorme respeito pelo Homem que se bateu por causas. . Foi corajoso, determinado, foi um dos que defenderam Abril para além das suas forças pessoais. A generosidade, própria daqueles que nada querem para si, levou-o a defender o Povo para além daquilo que lhe seria exigível enquanto ministro do trabalho. . A acusação de um tal Arnault, mui ilustre advogado de Coimbra, então presidente da federação do PS, de que havia desviado dinheiros do "dia de salário" para proveito próprio, ficou comprovadamente demonstrada como falsa. A primeira coisa que Costa Martins fez, quando soube da calúnia levantada, foi autorizar a CGTP ( na data, Intersindical Nacional ) a consultar as suas contas bancárias. O tal Arnault tinha afirmado que na CGD haviam sido depositados não sei quantos milhares de contos ... . Quem não deve não teme e presta contas a quem deve prestar. Costa Martins fez muito bem, prestou contas aos representantes dos trabalhadores, em primeiro lugar, requerendo de imediato um inquérito do ministério público. Arnault, que continua a pavonear-se por Coimbra como ilustre advogado, deverá, se algo lhe restar na consciência, sentir uma enorme vergonha por este episódio politico que protagonizou. Meus Amigos, . Vocês já viram como seria fácil esclarecer, clarificar, acabar com as suspeições, colocar um ponto final nas chamadas "campanhas negras", se os políticos que hoje estão no poder, ou vivem à sombra dele, tivessem uma atitude idêntica à do Capitão de Abri Costa Martins? . Quanto à atitude de Vasco Lourenço, . não me levem a mal mas não me apetece perder tempo com quem, em Agosto de 1975, afirmou que já bastava de revolução. Foi coerente, acarinhou a contra-revolução e foi um dos obreiros do 25 de Novembro. . Que continue a passear a sua barriguinha pelos corredores do "glamur" lisboeta, são os meus votos. . Que a Associação 25A tenha maior respeito por todos aqueles que lhe permitiram a própria existência é o minimo que se lhe pode pedir. . . Nota: Estou convicto que o primeiro salário mínimo (3.300$00) foi decretado no I Governo Provisório do qual fazia parte, como ministro do trabalho, Avelino Gonçalves. . Defendendo a verdade histórica e porque Avelino Gonçalves também merece a gratidão dos trabalhadores, deixo esta nota. . José Massarelos

Costa Martins: 25 de Novembro e outras mentiras



Quinta-feira, Março 11, 2010


Costa Martins: 25 de Novembro e outras mentiras


“Não sou democrata de 26 de Abril, fui sempre democrata, no antigamente sofri as consequências e curiosamente vim a sofrer consequências ainda mais dolorosas depois do 25 de Abril, mais particularmente a partir do 25 de Novembro.
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Até ao 25 de Novembro não tive razões de queixa, viveram-se momentos importantes de liberdade, houve vários excessos com alguns símbolos negativos com os quais eu não estava de acordo, e parece-me que foram alguns desses excessos que ajudaram a desembocar no 25 de Novembro, onde, estou convencido, que a esmagadora maioria dos próprios intervenientes de Novembro e ganhadores a seguir, entraram nele sem terem consciência daquilo em que estavam a participar. Foram enganados, muitos deles têm lamentado junto de mim, e infelizmente o país foi conduzido à situação em que nos encontramos."
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"Estamos numa situação muito difícil, complicada e de difícil saída… não acredito nessas recuperações maravilhosas da economia do país, anunciadas por alguns… nós cá estaremos para ver”.
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- O que deu origem ao 25 de Novembro de 75 e o que se passou com o anunciado desaparecimento da verba do dia de trabalho oferecido pelos trabalhadores ao país, já que nessa altura o senhor era ministro do Trabalho?
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Costa Martins – A primeira questão é a mais complexa pela sua dimensão; o que teria originado o 25 de Novembro, e o que foi o 25 de Novembro. O 25 de Novembro acabou por ser um golpe de Estado, mas não foi feito não por aqueles que têm sido acusados de o terem praticado.
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Conheço bem as causas do 25 de Novembro porque tive a oportunidades de as viver por dentro. A essência das causas do 25 de Novembro esteve no 25 de Abril, como passo a explicar: No dia 25 de Abril eu tinha tomado a responsabilidade da neutralização da Força Aérea (FA), porque o grupo que dizia representar a FA votou contra o golpe de Estado do 25 de Abril, numa reunião que tivemos em Cascais, em Março desse ano. Ali fiquei isolado e assumi responsabilidade da neutralização da FA. Poderia assumir essa missão a partir do Estado-maior da FA, onde trabalhava, ou a partir do Aeroporto que era melhor devido aos .«sistemas de controlo e radar, até porque nesse dia estava no aeroporto, por volta da hora de almoço.
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Do Regimento de Paraquedistas, que nunca se tinha definido bem durante a preparação do 25 de Abril, com certos problemas com o Kaúlza de Arriaga, vieram três tenentes-coronéis meus amigos, pois eram os indivíduos que tinham a força operacional dos paraquedistas na mão. Vieram ao aeroporto colocar-se à minha disposição – assumindo eu o comando do Regimento de Paraquedistas, através deles. A segurança do Aeroporto seria reforçada pelos operacionais paraquedistas, sete companhias bem armadas, reforçando a segurança que na altura estava entregue à Escola Prática de Infantaria.
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Quando os “páras” se preparavam e armavam para sair de Tancos com destino a Lisboa, recebi uma comunicação do major Vítor Alves, emanada do general Spínola (presidente da Junta de Salvação Nacional, na altura), onde se manifestava muito preocupado pelo facto dos paraquedistas virem para o aeroporto, já que poderiam alinhar com o Kaúlza depois de estarem em Lisboa. Não concordei mas para não arranjar ali algum problema, lá mandei um recado aos “páras” para não saírem de Tancos, embora já viessem a caminho. Entretanto Spínola manda nova mensagem, dizendo que era preferível para o reforço do aeroporto os Comandos, e lá foi o Jaime Neves com os comandos para o aeroporto.
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Mais tarde os paraquedistas tiveram conhecimento da recusa do presidente Spínola por falta de confiança politica e militar nos “páras” - esta foi uma das causas remotas do 25 de Novembro.
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Passados uns tempo, isto já na altura do VI Governo Provisório, com o almirante Pinheiro de Azevedo em primeiro-ministro, tinha havido a ocupação da Rádio Renascença, esse processo passou-me pelas mãos, porque o Patriarcado entendia que se tratava de um problema laboral, eu entendi que não, que eram dois indivíduos que se tinham apoderado indevidamente da RR e iam devolvê-la ao Patriarcado. Portanto se a PSP não tinha força, o COPCON através do Otelo deveria mandar prender os indivíduos e devolver a estação à Igreja, foi essa a minha posição.
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O que se passou na RR foi uma autêntica fraude histórica, como também foi uma fraude histórica o que se passou no jornal A República, que por acaso também me passou pelas mãos, porque entenderam que era um processo laboral e eu como ministro do Trabalho, lá me foi parar o processo às mãos. Eu tenho a fotocópia do cheque de apoio à Comissão dos Trabalhadores, um cheque de mil contos na altura.
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Mas estou a derivar um bocadinho, e não queria perder o fio à miada, como se costuma dizer, falando das causas do 25 de Novembro. Se bem se lembram, na altura, em vez de terem desalojado os indivíduos de lá pela força se fosse necessário – foi essa a minha posição - resolveram mandar dinamitar os emissores da RR na Buraca. Os chefes militares da altura, nem sequer tiveram a dignidade de tirar de lá os indivíduos, ou se queriam isolar os emissores mandavam para lá uma força militar ocupar aquilo.
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O primeiro-ministro era almirante, no activo, tinha um regimento de tropas especiais, os Fuzileiros, pois foi convencer o Chefe do Estado-maior da FA para mandar uma força de “páras” dinamitar os emissores da RR.
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Ora vejamos, os paraquedistas ficaram nos “cornos do touro”, agora pela segunda vez! Quando chega Novembro, a determinada altura, eles foram usados, o Chefe do Estado-maior da FA, Morais da Silva, começou a fazer uma série de provocações entre os paraquedistas, utilizando a alimentação e o salário, entre outras. Enfim, uma série de medidas tendentes de levar até à extinção do Regimento, como viria a suceder a seguir. Os paraquedistas ai reagiram e a população daquela zona de Tancos começou a levar alimentos e apoio aos “páras”.
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A certa altura o Morais da Silva mandou, ou pelos menos deu a cobertura, que 150 oficiais dos paraquedistas fossem para a Base da Nato da Cortegaça, em Ovar. O Regimento de Paraquedistas quis demonstrar, contrariamente ao que diziam, que era uma tropa disciplinada, operacional, combativa, capaz de operar onde fosse necessário, então resolveram no dia 24 à noite, preparar uma demonstração de operacionalidade, foram uns para o Monsanto, outros ocupar o Estado-maior da FA e outros foram ocupar as várias bases operacionais. Porque em principio eles estavam para vir para Lisboa – o Regimento completo!. Eu por acaso assisti a isso e opus-me a que o RP viesse para Lisboa, porquê? Porque provavelmente teríamos guerra civil!
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Isto foi aproveitado a seguir para uma contra reacção que estava toda preparada noutro sitio… e mais, houve provocadores nos “páras” muito bem pagos para fomentar todo aquele estado de agitação. O 25 de Novembro foi isto! Não foi monolítico, não foi uniforme porque houve várias forças e organizações a querem aproveitar-se, cada uma da sua maneira do 25 de Novembro.
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Alguns indivíduos que participaram no 25 de Novembro, ou ainda alguns do Grupo dos Nove, fizeram-no enganados, porque posteriormente vieram reconhecer que estavam contra ao que se estava a passar, não queriam aquilo mas também de maneira nenhuma queriam aquilo que veio depois do 25 de Novembro!
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Foram atropelos tremendos aos mais elementares princípios de justiça – eu estou à vontade de falar porque fui o indivíduo mais perseguido no 25 de Novembro, e como nunca me dobrei acabei por ganhar essas guerras judiciais e não só, durante 16 anos. Durante o 25 de Novembro tive de passar à clandestinidade, porque tinha vivido tudo por dentro no concreto, não foram essas balelas que esses indivíduos apregoam ai no país todos os dias, não me deixam ir à televisão, se escrever algo sobre o 25 de Novembro nos jornais nacionais é complicado.
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- Está a afirmar que a censura regressou aos órgãos de Comunicação Social?
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- Convidaram-me para uma entrevista na TV, para o aniversário dos 25 anos do 25 de Novembro, eu recusei, insistiram 2 ou 3 vezes, mais tarde disseram-me que seria um programa especial de carácter histórico depois de terem ouvido outras figuras tais como: Mário Soares, Ramalho Eanes, Otelo, Melo Antunes, e queriam ouvir-me a mim acerca do 25 de Novembro.
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Decidi aceitar e dei uma entrevista em diferido, com a jornalista Márcia Rodrigues, mas como o tema da entrevista era muito longo decidiu-se fazê-la em duas partes (uma no mesmo dia e a outra no dia seguinte). Fiquei nesse dia à espera que me telefonassem – nada, ninguém me telefonou, como tinha de me deslocar ao Algarve, liguei novamente para a TV mas não consegui falar com ninguém do assunto em causa. No dia seguinte lá consegui falar com alguém que me disse que depois me contactariam. Passados vários dias telefona-me a senhora que me tinha contactado e fazia parte do grupo de trabalho que me convidou para a entrevista e começou por me pedir desculpa, porque também (ela) tinha sido enganada e que não só me iriam acabar a entrevista como haveriam ordens superiores para cancelar todo o programa! Todos sabem que todos os anos há debates sobre o 25 de Abril, já me viram lá!!??
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Fui o principal perseguido do 25 de Novembro, todos os anos existem debates sobre isso, era lógico que lá estivesse, não me deixam lá ir!! Quando quiserem eu vou sozinho – levo a minha pasta… podem pôr do outro lado o número de entrevistadores que quiserem…
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- Sentiram que o Povo estava ao lado do 25 de Novembro?
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- A esmagadora maioria da população não estava de acordo, a realidade tem de ser dita, o 25 de Novembro, que é vendido e apresentado, é uma fraude histórica, muito grave. E com base nesta fraude histórica é que foram destruídos os valores essenciais da sociedade em que se chegou ao ponto de que se chegou, e toda a gente clama que não há justiça, mas se não há valores morais como pode haver justiça? Se não há a possibilidade de conhecer a verdade como se pode fazer a justiça? A verdade é a base essencial para a feitura da justiça, aliás as nossas leis até prevêem que no foro criminal, o arguido pode mentir à vontade.
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Histórias do 25 de Novembro não lhe faltam, mas como começou a questão das verbas que alegadamente terão desaparecido respeitantes ao dia do trabalhador? - No dia 25 de Novembro fui chamado a Belém, pelo PR Costa Gomes - que é o individuo a quem este país muito deve nas últimas décadas - conhecia-o muito bem, grande amigo pessoal, e chamou-me porque alguém lhe terá dito que eu era que estaria à frente do 25 de Novembro. Quando cheguei a Belém, naquela sala grande de reunião do Conselho de Estado, estava o Vasco Lourenço que tinha sido graduado em general – um dos que estiveram na montagem da cabala do dia do salário - pode escrever à vontade, publicar na integra – ele foi um dos principais responsáveis do dia do salário… o Sr. Vasco Lourenço tinha sido graduado – como herói do não sei quantos… Eu tinha lido “A República”, dois dias antes do 25 de Novembro, onde tinha sido publicada uma entrevista dele sobre o Ministério do Trabalho, sobre o ex-ministro do Trabalho, que era eu, dizendo que era preciso saber-se do que foi feito dos 300 mil contos da conta dos trabalhadores, para além de outras insinuações.… deixe-lhe um safanão e ele ficou no sofá, fui falar com o PR com a porta entreaberta, que me perguntou se eu estava à frente do 25 de Novembro, deu-me um abraço e disse - ainda bem que é você que está à frente disto. Vamos lá resolver isto. Estava eu com o comandante Pinheiro de Azevedo,. Eu respondi ao PR Costa Gomes - não estou metido nem tenho nada a ver com isto - e ele ficou altamente preocupado, perguntando-me quem é que realmente estava metido na situação pedindo: - então ajude-me com a sua influência na Força Aérea (FA) e com os paraquedistas, ajude-me a resolver esta situação para evitarmos a guerra civil. Então o general Costa Gomes pediu-me para ir a Monsanto falar com os Paraquedistas, e lá levei o recado e a forma de se resolver aquilo.
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- Como foi?
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- Em Monsanto estavam oficiais da FA presos pelo paraquedistas, lá providenciei para que eles fossem soltos – ao contrário do relatório/processo de 25 de Novembro, onde sou acusado de prender os oficiais de Monsanto… fui eu que os mandei soltar, não há nenhum desses tipo que diga à minha frente o contrário.
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Mais tarde fui falar com o general Costa Gomes contando-lhe o que se tinha passado em Monsanto, onde fui informado que quem “mandava” era a Comissão de Luta. Da segunda reunião que tive com o general, já ao fim-da-tarde em Belém, o general Costa Gomes chamou a ele o comando de todas as tropas do país, assim quem comandou militar e politicamente o 25 de Novembro – foi o general Costa Gomes! Eu assisti, foi na minha presença. Há relativamente pouco tempo o antigo comandante da Região Militar do Norte, Pires Veloso, veio dizer precisamente isso. A Região Militar do Sul colocou-se sob o comando dele, a Armada foi colocada sob o comando dele directamente - foi o almirante Rosa Coutinho que lhe entregou o comando da Armada- Nas unidades de Lisboa, o general chamou a ele unidade por unidade, e foi passando o comando por delegação para o Vasco Lourenço que tinha sido nomeado Governador Militar de Lisboa, na véspera. Mas as unidades de Lisboa, algumas das mais fortes nunca aceitaram o comando de Vasco Lourenço, mesmo delegado do PR, assisti a isso, o sr. Vasco Lourenço na minha frente não desmente!

Novamente o general Costa Gomes pediu-me para ir a Monsanto tentar convencer os Paraquedistas – e que se despachassem …rápidos -, quando não mandava avançar os Comandos para Monsanto. Quando avancei para Monsanto passei primeiro pela COPCON, que era onde estava a bagunçada maior. Quando de lá sai, sozinho e já de noite, embora fosse bem armado, fui perseguido por dois carros de indivíduos trajando civilmente e armados até aos dentes, consegui fugir-lhes, já não cheguei a Monsanto. Passei à clandestinidade, naquela altura em que os despistei e fui para Benfica, para casa de uns amigos meus. Em casa desses amigos vejo na TV um comunicado do Chefe do Estado-maior da Força Aérea, Morais da Silva, que andou fugido durante o dia todo, e só apareceu à noite quando as coisas já estavam a virar, depois de ter abandonado completamente a FA. Nesse comunicado aparecia a minha fotografia acompanhada de uns termos que já não me recordo… mas algum assim - onde o virem agarrem-no vivo ou morto, porque este é que é o responsável.
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Eu não me contive, peguei no telefone e liguei para o gen. Costa Gomes, para lhe dizer que não tinha conseguido chegar a Monsanto perseguido por aqueles gandulos, e insurgi-me contra aquele famigerado comunicado. O Costa Gomes perguntou-me onde estava, eu disse-lhe que estava em casa - não sendo a verdade, estava em casa de amigos e o meu telefone estaria com certeza sob escuta - disse-me ainda que estava prestes a começar uma reunião de emergência do Conselho da Revolução, devido a uma informação de que EU estaria na Lisnave a fazer o levantamento dos trabalhadores da Cintura Industrial de Lisboa, para marchar sobre Lisboa. O homem acreditou em mim que não estava na Lisnave.
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- Então quem elaborou o comunicado?
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Mais tarde vim a saber que esse comunicado/informação foi transmitido para a Presidência da República pelo Conselho da Revolução, a partir do posto do comando que estava na Amadora.
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Em paralelo começo a ser informado que estavam a ser afixados cartazes e distribuídos panfletos, a dizer que eu tinha fugido com 13.000 contos roubados das contas dos trabalhadores! Ali, comecei a montar o puzzle, que não era muito difícil chegar a esta conclusão – os tipos puseram aqueles fulanos a perseguir-me quando ia para Monsanto, não seria para me matar mas sim para me agarrar.

Por tudo isto eu deduzi e até hoje não me desmentiram que me queriam levar para Monsanto, punham lá uma mala com notas e chamavam os trabalhadores para verem o “ladrão” fugir com um monte de dinheiro e eram os trabalhadores que me lixavam e eles ficavam como Pôncio Pilatos.

Passei à clandestinidade e sai do país em Janeiro do ano seguinte, tendo assistido a essas porca vergonhas todas com vontade de pegar numa pistola-metralhadora e ir onde estavam a afixar os cartazes…
Está aqui a história do dia do salário, que em Janeiro o jornal “O DIA” publica, mas que já não eram 13 mil mas tinha era posto 80 mil contos das contas dos trabalhadores numa conta pessoal minha.

- Foi complicado provar a sua inocência...?

- A história da cabala do dia do salário, ao fim e ao cabo, para mim acaba por ser um louvor autêntico, porque os tipos chafurdaram na minha vida toda, particular, familiar, profissional e politica de governação. Se tiveram que recorrer a uma coisa de uma baixeza tão porca como isso, é porque não encontraram a menor coisa em que me pudessem agarrar, senão tinham-me esfolado! Ah! demitiram-me por duas vezes da FA sem qualquer reintegração pelo meio, depois só faziam asneiras a meu respeito, tal era o nervosismo, quando viam qualquer documento meu só faziam asneira nos despachos. Lembro-me de um documento para o Lemos Ferreira, na altura Chefe do Estado-maior, em que solicitava a reposição da verdade e na minha situação normal – foi indeferido por falta de cabimento ao solicitado no documento…
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Ao fim dos 16 anos da guerra sempre a nível do Supremo Tribunal Administrativo, em que alguns dos mais altos responsáveis político-militares do país não se coibiram de mentir ao tribunal, oficialmente, em ofícios de alguns generais e de elevados postos da vida militar politica do país, foi-me feita justiça.
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Nunca desapareceu um tostão, aliás eu fiz questão, devido a não haver inquérito nem averiguações, não havia nada porque eles sabiam que nunca tinha havido falta de qualquer verba, obriguei-os a fazerem um inquérito depois de muitos requerimentos e de muitas insistências ao longo de muito tempo, foram obrigados a fazerem-no, porque eu requeri certidão do inquérito tenho uma certidão passada pelo Ministério do Trabalho, sempre ao nível do gabinete do ministro, cujo título é este - certidão provisória - não sei se alguém tem memória de uma certidão provisória. Depois da minha insistência, passam-me nova certidão, definitiva, com conclusões provisórias… dá vontade de rir, não dá?
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Voltando ao inquérito, quando ficou concluído – ninguém tinha roubado nada, não tinha desaparecido nada, e é um autêntico louvor para mim e para os serviços desenvolvidos, mas não publicaram nada disto no Diário da República. Seguidamente faço um requerimento para pedir as conclusões públicas do inquérito, vem a resposta do chefe do gabinete com umas aldrabices, porquanto não podiam certificar porque o inquérito não estava ainda concluído por falta de homologação do ministro, e andámos nisto três anos, entretanto a minha paciência ia-se esgotando… entrei em contacto com o coronel Costa Brás - que era a maior autoridade contra a corrupção- estávamos em Janeiro de 1984) – ameacei ir ao gabinete do ministro puxa-lo pelos colarinhos e dar-lhe um par de murros. Ele disse-me que não era um questão de ministro e passados quinze dias estava dado o despacho depois de anos à espera.
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- O que pensa hoje da nossa Democracia?
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- Aquilo que eu penso é que se se um cidadão burlar outro arrisca-se a ir para a prisão, se burlar 10 milhões arrisca-se a ir para o poder e agir impunemente!

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- E das manifestações militares?
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- Sou contra esse género de actuação, acho que é um bocado desprestigiante para os militares, o militar deve ter uma postura diferente da postura de um simples passeio, terá de ter ou tomar uma posição frontal
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Portanto se uma manifestação de militares não é feita em termos de postura militar, não pode ter nada de concreto nem de substrato.
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- Hoje é possível a realização de outro golpe de Estado como em 25 de Abril de 74?
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- Seria absolutamente impossível perante o contexto internacional existente.
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- Que futuro para as Forças Armadas?
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-No 25 de Abril havia um grupo que infelizmente não era muito grande, cujo elemento principal era o general Costa Gomes, e que entendíamos que Portugal não precisa de Forças Armadas. Portugal precisava de uma Guarda Republicana capaz, eficiente, com gente preparada e bem paga, também com uma Polícia bem preparada e com um bom nível de instrução para saber lidar directamente com os problemas e com a população. Precisávamos de umas lanchas rápidas para patrulhamento da zona económica exclusiva, de uns aviões bem equipados para patrulhar essa zona económica exclusiva, mais aviões de combate a incêndios e evacuação de feridos e doentes, e não precisávamos de mais nada!
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Temos cento e tal oficiais generais e se calhar… não temos cento e tal soldados bem preparados… Por mexer com muitos interesses na altura não conseguimos porque há três vectores importantes da vida económica e financeira do Mundo, que são o petróleo, a droga os armamentos, e há quem não queira abdicar. Portugal comprou aviões F-16, Portugal não precisa de aviões de caça para nada! Eu sou piloto, piloto de caça, é das coisas que mais gozo me dá é o bom avião de caça, mas isso custo os olhos da cara ao país. Se a Espanha quisesse invadir Portugal, a FAP nem que tivesse os aviões mais ultra-modernos do mundo e os pilotos mais bem preparados, não havia qualquer possibilidade de reacção a um ataque espanhol. Os aviões de caça portugueses não servem para nada, servem sim para uns indivíduos comprarem os aviões, comprarem sobressalentes… etc., etc..
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- Chegou a temer pela sua vida?

- Não tenho a menor dúvida que se pudessem ter-me eliminado fisicamente, sem rastos para poderem ser responsabilizados a seguir, e se não tivesse passado à clandestinidade não estaria aqui hoje a falar.

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- Como se define enquanto ministro do Trabalho?
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- Sempre pautei, na vida militar e civil, a minha postura por regras de boa conduta e amor à minha Pátria, no País ou no estrangeiro. Quando falei com outros governos, mesmo os considerdos mais importantes, sempre falei como representante do meu País em pé de igualdade.
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O dia do salário foi um marco importantíssimo que eles espoliaram, em termos de diversão dos valores morais da sociedade, caluniando na forma peculiar, onde o Estado português é altamente responsável durante vários anos, constituindo-se num dos marcos que serviu de base à inversão dos valores pela dimensão e projecção que lhe deram, no enquadramento ao mais alto nível político-militar do país.
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- Que pensa da Associação 25 de Abril?
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- O Vasco Lourenço, presidente da Associação, sabe bem que conspirámos juntos, eu arrisquei a minha liberdade para o acompanhar e depois o reconhecimento foi a participação directa na preparação da cabala no dia do salário contra mim.
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Aliás, o Vasco Lourenço não participou no 25 de Abril, na feitura do 25 de Abril, conspirou connosco foi mandado para os Açores antes desse dia, e o 25 de Abril foi tropeçar com ele nos Açores.
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Em Fevereiro de 74 eu fui o primeiro oficial (do três ramos das forças armadas) a ser alvo/objecto de uma medida repressiva do anterior regime por causa do Movimento dos Capitães.
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Em Março seguiram-se medidas repressivas em relação ao Vasco Lourenço, ao Melo Antunes e outro oficial que foram colocados nos Açores. Entretanto o Vasco Lourenço pediu-nos para simular o rapto dele, e tivemos o Vasco Lourenço connosco durante três dias, ao fim desse tempo, depois dessa exploração politica decidimos que ele se fosse apresentar no Governo Militar de Lisboa, acabando depois por ir para os Açores.
Estive exilado em Angola três anos e meio a seguir ao 25 de Novembro, quando regressei a Portugal estava a ser constituída a Associação 25 de Abril, com uma comissão instaladora liderada por Vasco Lourenço. Eu fui convidado, assinei uma ficha condicional porque me pediram muito para assinar, mas não coloco lá os pés enquanto Vasco lourenço estiver à frente da Associação.
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- O PCP teve alguma intervenção no 25 de Novembro?
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- Sobre a intervenção do PCP, vou narrar o que se passou comigo, no dia 24 já ao fim da tarde, eu tinha sido colocado no COPCON por malandrice, pelo Morais da Silva, e encontrei o Jaime Serra, dirigente do PCP, que me cumprimentou e disse “epá é a segunda vez que venho aqui dizer ao Otelo para não mandar assim tropas para a rua, para não se meter em aventuras”. – Isto é um facto histórico, passou-se comigo! Sei também, por informação, que o dia 25 de Novembro foi desencadeado pela saída dos paraquedistas – não que os “páras” tenham saído para algum golpe de Estado, isso é uma pulhice! -, eles sim vieram fazer uma manifestação de operacionalidade, o PCP mobilizou-se para o que desse e viesse – segundo me constou porque não vi nem participei. E depois desmobilizou quando o Costa Gomes chamou Álvaro Cunhal, para se desmobilizar e não haver uma guerra civil, que esteve por um fio.
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- Qual a participação do General Ramalho Eanes?
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-Todos os movimentos de tropas foram feitos com autorização e cobertura institucional do Costa Gomes. Há mensagens escritas do posto de Comando da Amadora, sempre com autorização de Costa Gomes.
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Para terminar e sobre essa grande manifestação do tempo do Pinheiro de Azevedo (o almirante sem medo), quando começou a ser convocada a manifestação para a Praça de Londres, o Tomás Rosa em vez de se manter no gabinete do Trabalho, como lhe competia, foi ter com Pinheiro de Azevedo, que estava em S. Bento. A manifestação teve conhecimento e foi atrás dele, foi assim que a manifestação foi parara a S. Bento. Já naquela multidão à volta da Assembleia da República, começou a exploração politica, deixavam sair uns, não deixavam sair outros… e aquilo começou a complicar-se um bocado.
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Eu estava em casa e telefonaram-me do Conselho da Revolução pedindo-me se eu não me importava de ir resolver a situação, ao que respondi: “eu já não estou no Governo já não estou no poder”, mas sendo um problema Nacional nunca fugia a situações difíceis, portanto se quiserem eu vou lá tentar resolver. O Conselho da Revolução faz um comunicado ao país dizendo que me pediu para ir resolver a situação, passada meia hora telefonam-me outra vez, agora os sindicatos, era a Intersindical dizendo que estavam numa situação complicada, perigosa, então pediram-me se eu não me importava em ir ajudar a situação. Eu fui. Cheguei ao Palácio de S. Bento e encontrei o primeiro-ministro com a barba por fazer na parte habitacional do mesmo, que tinha dormido na noite anterior na casota da PIDE que estava no Jardim do Palácio, e logo que me viu deu-me um grande abraço e disse-me: “epá tire-me daqui. Trouxe a tropa?” Não, respondi-lhe, entrei pela porta principal, ninguém me fez mal.
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Mais tarde houve desmobilização geral e o Pinheiro de Azevedo foi à varanda de S. Bento prometer coisas que depois não cumpriu
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A revolução é hoje!