A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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domingo, março 21, 2010

Breno Altman: Cuba, Israel e a dupla moral da mídia

Mídia

Vermelho - 20 de Março de 2010 - 12h53

 Tem sido educativo acompanhar, nos últimos dias, a cobertura internacional dos meios de comunicação, além da atitude de determinadas lideranças e intelectuais. Quem quiser conhecer o caráter e os interesses a que servem alguns atores da vida política e cultural, vale a pena prestar atenção ao noticiário recente sobre Cuba e Israel.

Por Breno Altman, em Opera Mundi

Na semana passada, em função de declarações do presidente Lula defendendo a autodeterminação da Justiça cubana, orquestrou-se vasta campanha de denúncias contra suposto desrespeito aos direitos humanos na ilha caribenha. Mas não há uma só matéria ou discurso relevante, nos veículos mais destacados, sobre como Israel, novo destino do presidente brasileiro, trata seus presos, suas minorias nacionais e seus vizinhos.
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Vamos aos fatos. No caso cubano, Orlando Zapata, um pretenso “dissidente” em greve de fome por melhores condições carcerárias, preso e condenado por delitos comuns, foi atendido em um hospital público por ordem do governo, mas não resistiu e veio a falecer. Não há acusação de tortura ou execução extralegal. No máximo, insinuações oposicionistas de que o atendimento teria sido tardio – ainda que se possa imaginar o escândalo que seria fabricado caso o prisioneiro tivesse sido alimentado à força.
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Mesmo não havendo qualquer evidência de que a morte do dissidente, lamentada pelo próprio presidente Raúl Castro, tenha sido provocada por ação do Estado, os principais meios e agências noticiosas lançaram-se contra Cuba com a faca na boca. Logo a seguir o Parlamento Europeu e o governo norte-americano ameaçaram o país com novas sanções econômicas.
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Indústria do martírio
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Outro oposicionista, Guilherme Fariñas, com biografia na qual se combinam muitos atos criminosos e alguma militância anticomunista, aproveitou o momento de comoção para também declarar-se em jejum. Apareceu esquálido em fotos que rodaram o mundo, protestando contra a situação nos presídios cubanos e reivindicando a libertação de eventuais presos políticos. Rapidamente se transformou em figura de proa da indústria do martírio mobilizada pelos inimigos da revolução cubana a cada tanto.
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O governo ofereceu-lhe licença para emigrar a Espanha e lá se recuperar, mas Fariñas, que não está preso e faz sua greve de fome em casa, recusou a oferta. Seus apoiadores, cientes de que a constituição cubana determina plena liberdade individual para se fazer ou não determinado tratamento médico, o incentivam para avançar em sacrifício, pois não será atendido pela força até que seu colapso torne imperativa a internação hospitalar. Aliás, para os propósitos oposicionistas, de que grande coisa lhes valeria Fariñas vivo?
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O presidente Lula tornou público, a seu modo, desacordo com a chantagem movida contra o governo cubano. Talvez fosse outra sua atitude, mesmo que discreta, se houvesse evidência de que a situação de Zapata ou Fariñas tivesse sido provocada por ato desumano ou arbitrário de autoridades governamentais. Para ir ao mérito do problema, comparou a atitude dos dissidentes com rebelião hipotética de bandidos comuns brasileiros. Afinal, ninguém pode ser considerado inocente ou injustiçado porque assim se declara ou resolva se afirmar vítima através de gestos dramáticos.
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O silêncio da mídia
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Sem provas bastante concretas que um governo constitucional feriu leis internacionais, é razoável que o presidente de outro país oriente seus movimentos pela autodeterminação das nações na gestão de seus assuntos internos. O presidente brasileiro agiu com essa mesma cautela em relação a Israel, país ao qual chegou no último dia 14, apesar da abundância de provas que comprometem os sionistas com violação de direitos humanos.
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Mas as palavras de Lula em relação a Cuba e seu silêncio sobre o governo israelense foram tratados de forma bastante diversa. No primeiro caso, os apóstolos da democracia ocidental não perdoaram recusa do mandatário brasileiro em se juntar à ofensiva contra Havana e em legitimar o uso dos direitos humanos como arma contra um país soberano. No segundo, aceitaram obsequiosamente o silêncio presidencial.
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A bem da verdade, não foram apenas articulistas e políticos de direita que tiveram esse comportamento dúplice. Do mesmo modo agiram alguns parlamentares e blogueiros tidos como progressistas, porém temerosos de enfrentar o poderoso monopólio da mídia e ávidos por pagar o pedágio da demagogia no caminho para o sucesso, ainda que ao custo de abandonar qualquer pensamento crítico sobre os fatos em questão.
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Um observador isento facilmente se daria conta de que, ao contrário dos eventos em Cuba, nos quais o desfecho fatal foi produto de decisões individuais das próprias vítimas, os pertinentes a Israel correspondem a uma política deliberada por suas instituições dirigentes.
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Sionismo e direitos humanos
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A nação sionista é um dos países com maior número de presos políticos no mundo, cerca de 11 mil detentos, incluindo crianças, a maioria sem julgamento. Mais de 800 mil palestinos foram aprisionados desde 1948. Aproximadamente 25% dos palestinos que permaneceram em territórios ocupados pelo exército israelense foram aprisionados em algum momento. As detenções atingiram também autoridades palestinas: 39 deputados e 9 ministros foram sequestrados desde junho de 2006.
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Naquele país a tortura foi legitimada por uma decisão da Corte Suprema, que autorizou a utilização de “táticas dolorosas para interrogatório de presos sob custódia do governo”. Nada parecido é sequer insinuado contra Cuba, mesmo por organizações que não guardam a mínima simpatia por seu regime político.
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Mas o desrespeito aos direitos humanos não se limita ao tema carcerário, que é apenas parte da política de agressão contra o povo palestino. A resolução 181 das Nações Unidas, que criou o Estado de Israel em 1947, previa que a nova nação deteria 56% dos territórios da colonização inglesa na margem ocidental do rio Jordão, enquanto os demais 44% ficariam para a construção de um Estado do povo palestino, que antes da decisão ocupava 98% da área partilhada. O regime sionista, violador contumaz das leis e acordos internacionais, hoje controla mais de 78% do antigo mandato britânico, excluída a porção ocupada pela Jordânia.
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Mais de 750 mil palestinos foram expulsos de seu país desde então. Israel demoliu número superior a 20 mil casas de cidadãos não judeus apenas entre 1967 e 2009. Construiu, a partir de 2004, um muro com 700 quilômetros de extensão, que isolou 160 mil famílias palestinas, colocando as mãos em 85% dos recursos hídricos das áreas que compõem a atual Autoridade Palestina.
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Pelo menos seiscentos postos de verificação foram impostos pelo exército israelense dentro das cidades palestinas. Leis aprovadas pelo parlamento sionista impedem a reunificação de famílias que habitem diferentes municípios, além de estimular a criação de colônias judaicas além das fronteiras internacionalmente reconhecidas.
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Dupla moral
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São, essas, algumas das características que conformam o sistema sionista de apartheid, no qual os direitos de soberania do povo palestino estão circunscritos a verdadeiros bantustões, como na velha e racista África do Sul. O corolário desse cenário é uma escalada repressiva cada vez mais brutal, patrocinada como política de Estado.
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Mas os principais meios de comunicação, sobre esses fatos, se calam. Também mudos ficam os líderes políticos conservadores. Nada se ouve tampouco de alguns personagens presumidamente progressistas, sempre tão céleres quando se trata de apontar o dedo acusador contra a revolução cubana.
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Talvez porque direitos humanos, a essa gente de dupla moral, só provoquem indignação quando seu suposto desrespeito se volta contra vozes da civilização judaico-cristã, da democracia liberal, do livre mercado, do anticomunismo. Não foi sem razão que o presidente Lula reagiu vigorosamente contra o cinismo dos ataques ao governo de Havana.

Fonte: Opera Mundi
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  • A terra é uma bola

    21/03/2010 10h42 Funciona assim: se o lula apoiar a política israelense, a midia se encarrega de endeusar a política palestina e, caso contrário, a midia se encarrega de endeusar a política israelense. O resto fica por conta dos eternos "especialistas" de plantão, escolhidos a dedo, claro. Para a mídia, quem é Lula para tentar dialogar com o mundo? Gostaria muito de ver o nosso presidente pisar os solos de Pyongyang, não em apoio àquele sistema de governo, mas para mostrar ao mundo que, virar as costas para o diálogo, por si só, já é uma declaração de guerra. Os EUA parece aquele menino rico dono da bola, onde, se não entrar no jogo, leva a bola embora. As sanções americanas têm o tamanho de uma bola, quando não se tem competência para o diálogo, ou o diálogo de maneira alguma é interessante para o dono da bola.

    Renan
    Sorocaba - SP

  • E por que será que eles não falam certas verdades...

    21/03/2010 1h46 Como explicar que depois de mais de 60 anos após a criação do Estado, Israel ainda não tem fronteiras estabelecidas, não tem Constituição e não se submete ao Tratado de Não-proliferação nuclear?

    Ieda Raro
    Rio de Janeiro - RJ

  • A dupla moral da mídia

    20/03/2010 14h25 Este artigo está muito bem escrito. Realmente há uma dupla moral da mídia hegemônica e de muitos políticos. Os crimes praticados pelo sionismo não são poucos e são gritantes, por assim dizer. O crime de tortura institucionalizada, por exemplo, é o máximo de violação dos direito humanos. Usurpar território dos palestinos, ignorar as resoluções de ONU são outras tantas violações dos direitos humanos. Nada disso comove a mídia hegemônica e os lacaios do imperialismo. Uma meia dúzia de presos comuns em Cuba e, por vezes a prisão de algum cotra-revolucionário provoca a maior histeria dos arautos da "democracia" e dos "direitos humanos". E o cúmulo de tudo isso é que esta corja de lacaios do imperialismo ainda quer fazer o presdente Lula a se imiscuir nos assuntos interno de Cuba e fazer coro à gritaria da mídia. Ainda bem que le não caiu nesta fria!

    José Lourenço Cindra
    Guaratinguetá - SE

  • Deus é só para os judeus ?

    20/03/2010 14h16 As vezes eu penso que deliberadamente o povo judeu criou uma religião e um Deus só para si. Que fanatismo é esse que faz com que os sionistas se julguem superiores aos demais seres humanos deste planeta ? Será que o famigerado holocausto não serviu para ensinar que não é segregando, prendendo, torturando, matando que vão conseguir uma paz duradoura ? Que o Deus de todos nós ponha um pouco de razão na cabeça desse povo .....

    Antonio de Freitas
    Camaçari - BA

  • DESMASCARANDO A MÍDIA

    20/03/2010 13h36
    Eles (mídia) vão sempre se calar diante desses fatos. Parabéns pelo artigo. Na verdade uma lição de sabedoria.
    José Ricardo do Nascimento
    Rio de Janeiro - RJ
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domingo, janeiro 17, 2010

Breno Altman: O mito da queda do muro



 

Mundo

Vermelho - 23 de Novembro de 2009 - 19h52

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A propaganda moderna é um moedor de cérebros. Especialmente quando se trata do estabelecimento de valores, idéias e informações a serviço dos detentores do poder político, econômico e midiático. A queda do Muro de Berlim talvez seja o caso mais proeminente desse arrastão mental. Forjou-se, sobre esse tema, um senso comum de amplo espectro.

À derrubada do muro famoso passaram a estar associadas imagens de liberdade, irmandade, felicidade, prosperidade. Tudo o que antes existia, na banda oriental, virou símbolo cinzento de autoritarismo, atraso, desespero, violência. Há poucos registros, como a queda do muro, de um evento que tenha sido celebrado por forças políticas e culturais tão diversas.
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A euforia da direita era natural: o episódio marcava, afinal, o desfecho vitorioso de um longo processo de antagonismo, iniciado a partir da revolução russa. Para importantes setores de esquerda, por outro lado, soava a hora de se afastar definitivamente de qualquer vínculo com a primeira experiência socialista e buscar espaço no admirável mundo novo que se anunciava. Muitas vezes às custas de renegar sua própria história.
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Mas, depois de vinte anos, há uma pergunta simples parada no ar: o mundo está melhor ou pior que em 1989? Qualquer resposta respeitável sobre o tema está obrigada, no mínimo, a substituir o discurso da esperança e a denúncia do sistema derrotado pela análise dos fatos concretos que sucederam e consolidaram essa formidável virada no cenário internacional.
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A primeira faceta a analisar é a economia, terreno no qual o capitalismo restaurado mais prometia. A revista Forbes ganhou um punhado de novos ricos para sua lista tradicional, que tomaram de assalto antigas companhias e ativos estatais, mas o cenário geral é aterrador.
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Depressão pós-socialista
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Utilizemos, como referência, a Comunidade dos Estados Independentes (formada pelos antigos países que compunham a União Soviética, menos Lituânia, Estônia e Letônia), principal núcleo do sistema socialista. De 1989 a 2008, segundo dados do Fundo Monetário Internacional, sua participação na economia mundial decaiu de 7,7% para 4,6%. Na primeira década pós-muro seu PIB decaiu 39,50%, com sete anos seguidos de recessão. Apenas em 2007 sua economia atingiu o mesmo patamar de 1989.
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Enquanto o planeta, em média, cresceu 89,9% desde o ano zero do colapso soviético, a CEI engordou sua produção em tristes 9,60% no mesmo período. Sua indústria e agricultura foram arruinadas, com perdas mais significativas que durante a 2ª. Guerra Mundial. Recuperou-se nos últimos dez anos graças à exportação de petróleo, cujos preços se multiplicaram por dez entre 1999 e 2007. Mas a depressão pós-socialista esfacelou com a cadeia produtiva.
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Esse é o cenário da imensa maioria das nações que compartilhavam, com a URSS, do projeto interrompido em 1989. Mesmo os países que se recuperaram melhor da transição capitalista (como República Checa, Eslovênia, Polônia e Hungria) tiveram taxas de crescimento abaixo da média mundial nesses vinte anos.
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As conseqüências sociais desse terremoto foram retumbantes. O ciclo depressivo combinou-se com uma formidável concentração da renda. Adotemos como critério o índice Gini, mundialmente aceito para avaliar disparidades nos ingressos dos cidadãos: os indicadores oscilam entre 0 e 1, da equidade absoluta à desigualdade total. A Federação Russa, em 1991, apresentava um índice de 0,271. Dezessete anos depois, em 2008, a concentração de renda bateu em 0,415.
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Na antiga União Soviética, tomando por base o ano de 1989, os 10% mais ricos ganhavam três vezes mais que os 10% mais pobres. Menos de vinte anos se passaram e essa distância mais que decuplicou. Nos países que compõem a CEI, os 10% mais ricos ganhavam quarenta vezes mais que os 10% mais pobres em 2007. Atualmente mais de metade da população ganha 65% ou menos da média do salário nacional, enquanto 13% dos trabalhadores vivem com salários inferiores a cem euros, para uma cesta básica avaliada em €170. São todos dados oficiais do Banco Central russo.
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Liberdades civis
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O descalabro econômico e a ruptura do equilíbrio social provocaram regressão em múltiplas frentes. O efeito mais impressionante talvez seja na expectativa de vida, que caiu sete anos entre 1990 e 1994. O declínio das antigas repúblicas soviéticas provocou uma súbita elevação da violência urbana e das doenças cardiovasculares logo nos primeiros cinco anos da restauração capitalista, em um contexto de deterioração da rede sanitária.
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Possivelmente o único terreno no qual se possa identificar algum avanço é o das liberdades civis, antes fortemente restringidas pelo tipo de governo adotado em resposta ao cerco político, econômico e militar ao qual foi submetido o campo socialista desde 1917. As pessoas têm, em tese, direitos mais amplos de expressão, reunião e movimento. Mas o monopólio da riqueza, na maior parte dos casos, faz desses direitos uma mera formalidade legal.
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No período histórico anterior, apenas o partido comunista e a rede de organizações que dirigia tinham, por exemplo, permissão para criar jornais e outros veículos de imprensa.
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Agora essa possibilidade, constitucionalmente franqueada a qualquer cidadão, só pode ser exercida por quem reúne poder econômico. Isso para não falarmos do papel das máfias e do autoritarismo oligárquico pós-socialista.
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Os fundos públicos outrora destinados para a produção cultural, muito criticados no ocidente por seu dirigismo estatal, foram praticamente destruídos e trocados por uma liberdade individual quase ilimitada, o que seria motivo de felicidade. Mas uma multidão de artistas, escritores e produtores, vaga pelas ruas sem acesso a recursos para desenvolver seu trabalho.
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Podem fazer o que quiserem, mas muito pouco do querem pode ser feito. O fato é que a ditadura do mercado fez desses países uma sombra do que já representaram e restringiu, por regras econômicas, o acesso popular aos bens e serviços culturais.
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O efeito principal da queda do muro, porém, talvez se situe além-fronteiras, como previu o historiador inglês Eric Hobsbawn ainda quando caia o pano sobre o socialismo soviético. A quebra da bipolaridade foi sucedida pela hegemonia implacável de uma só potência, os Estados Unidos.
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As instituições que serviam como espaços reais de negociação entre os dois sistemas perderam importância e foram socavadas pelos interesses de Washington. A geopolítica da paz armada, derrotada, deu lugar à geopolítica da guerra de conveniência. A Casa Branca ficou com as mãos livres para defender seus propósitos – como o fez na Iugoslávia, no Iraque e no Afeganistão – e atropelar a ordem mundial.
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Onda de racismo e exclusão

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Os trabalhadores ocidentais, que durante quatro décadas puderam obter importantes conquistas associando seu poder sindical e político à pressão externa exercida pelo socialismo, se viram enfraquecidos de uma hora para outra. Muitos de seus direitos acabaram decepados na esteira da reorganização capitalista, quando o risco de perder o comando sobre estados e sociedades deixou de tirar o sono das elites mundiais.
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O movimento de descolonização, impulsionado pelo escudo oferecido pela União Soviética, bateu contra a parede. Bloqueou-se a possibilidade de vias independentes de desenvolvimento, apartadas da lógica ditada pelas grandes potências. As nações mais pobres, especialmente as da África e América Latina, enfraquecidas com o modelo de privatização e internacionalização de suas economias, incrementaram a exportação de pessoas em uma escala inédita – devidamente respondida pelos países ricos com uma nova onda de racismo e exclusão.
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No momento em que esse mundo unipolar pós-Berlim entra em crise e as forças progressistas parecem retomar sua capacidade ofensiva em algumas partes do planeta, não é o caso de tomar os dados e fatos aqui narrados como discurso de ressurreição. A experiência soviética fracassou, e ponto.
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Não foi capaz, por seus erros e dificuldades, de se apresentar como uma alternativa suficientemente poderosa e eficaz para substituir o capitalismo.
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Outros caminhos deverão ser desbravados. Processos distintos serão vividos. A questão é que, até para buscar novas saídas, faz-se necessário acertar contas com os vitoriosos de 1989 e desnudar seus feitos reais, tão reveladores da natureza de um sistema anunciado como o fim da história.
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Breno Altman é jornalista e diretor de redação do Opera Mundi (www.operamundi.com.br)

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