A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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domingo, julho 19, 2009

Euro - Moeda da Europa unificada começou a circular em 2002

União Europeia

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Adoção do euro criou um dos maiores espaços econômicos mundiais com uma única moeda: da noite para o dia, 320 milhões de pessoas passaram a ter o mesmo dinheiro na carteira. 25º e último episódio da série "Os Europeus".

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O ceticismo era grande. Na Alemanha, muitos temiam que o sólido marco alemão fosse substituído por uma moeda que trouxesse consigo altos índices de inflação. Outros estavam preocupados com a influência das economias de países onde se produzia menos do que na Alemanha. As taxas de inflação desses países teriam reflexos sobre a estabilidade da moeda comum?

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O euro chegou para valer em 12 países no Ano Novo de 2001 para 2002, mas os preparativos para a introdução da nova moeda haviam começado bem antes. Bancos e comércio vinham sendo abastecidos com o novo dinheiro desde setembro. Nas lojas e supermercados, os preços eram exibidos em euro e na moeda nacional, para que as pessoas pudessem desenvolver uma noção do valor do novo dinheiro. Na Alemanha valia a regra: dois marcos perfazem um euro.

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'Starter kit' do euro

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: 'Starter kit' do euro

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Campanhas publicitárias apresentaram a nova moeda e, a partir de 17 de dezembro de 2001 era possível comprar os chamados starter kits nos bancos. Por 20 marcos recebia-se pouco mais de 10 euros em moedas, mas ainda não era possível pagar com elas. Isso seria possível apenas a partir da 00h00 de 1º de janeiro de 2002.

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Dimensão histórica

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A adoção do euro causou longos debates entre políticos dos países europeus. Na condição de pró-europeu convicto, o então chanceler federal alemão, Helmut Kohl, concordou de bom grado com a adoção da nova moeda nas negociações para o Tratado de Maastricht, em fevereiro de 1992.

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A posição adotada por Kohl era de suma importância para alguns estados do leste alemão, que condicionavam seu consentimento com a unificação alemã à garantia de que estariam firmemente ancorados no conjunto de valores ocidentais. A moeda comum europeia parecia ser – aos olhos dos governantes envolvidos – o melhor meio para tornar essa decisão irreversível.

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Disputa para comprar os primeiros kits da moeda

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Disputa para comprar os primeiros kits da moeda

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Durante os debates no Parlamento alemão sobre a adoção do euro pela Alemanha, Kohl ressaltou a dimensão histórica da decisão: "A concretização da união econômica e monetária europeia é, nas suas consequências, a mais importante decisão desde a reunificação alemã. Ela é a mais profunda mudança no nosso continente europeu, desde o colapso do império comunista".

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Não é a primeira vez que há uma moeda comum no continente. Cerca de 1.150 anos antes, o rei franco Carlos Magno (747-814) também introduzira uma moeda comum em seu império: o denário de prata era utilizado por todos em todos os lugares. Com isso, era possível comparar preços, e uma pessoa podia descobrir que valor o serviço por ela oferecido tinha em outros lugares.

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Assim como hoje, os habitantes do continente tiravam proveito do fato de poderem fazer negócios em outras localidades utilizando sua própria moeda, sem a necessidade e as despesas de fazer câmbio. Uma vantagem que desapareceu com a divisão do Império Carolíngio, no final do século 9º.

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Moeda estável

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De volta ao século 21: o ceticismo inicial sumiu e, sete anos após sua adoção, o euro tornou-se uma das moedas mais estáveis do mundo. Muitos países acumulam reservas na moeda europeia, que também foi se valorizando cada vez mais perante o dólar.

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Escultura diante da sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Escultura diante da sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt

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Isso se deve principalmente à existência de um banco central único, uma posição que era defendida principalmente pela Alemanha. A política financeira comum é – também por motivos históricos – voltada para manter a inflação sob controle. Os devastadores tempos da inflação alta na Europa deixaram marcas profundas no inconsciente coletivo dos europeus e despertam temor e preocupação mesmo naqueles que não os conheceram.

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O euro passou nos primeiros testes e desempenha um papel respeitado no cenário monetário internacional. Além disso, o espaço monetário unificado – do qual fazem parte hoje mais quatro países – é uma garantia para a paz no continente. Declarar guerra à própria moeda é algo que faz tanto sentido para um país quanto destruir fábricas das quais os próprios empresários participam.

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No dia da adoção do euro, o então ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, resumiu a importância da data: "Este é um dia histórico porque hoje se torna palpável, para qualquer um, o que é a unificação europeia, e que este é o grande projeto de paz e bem-estar social do século 21 para nós, os europeus."

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Autor: Matthias von Hellfeld
Revisão: Augusto Valente

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quarta-feira, janeiro 31, 2007

As valiosas contas da África


O cauri e outras conchas coloridas circularam como moeda na África durante muitos séculos.


A. Félix Iroko

Valvas dorsais e ventrais de duas variedades de cauris. No alto, o Cypraea argus; abaixo, o Cyprae onyx.

Desde tempos remotos até a0 século XX, inúmeros objetos foram utilizados como moeda na África subsaariana: varetas ou pulseiras de metal, alguns tecidos, sal, pérolas, botões de camisa e conchas. Estas últimas, muito difundidas, foram os meios de troca que circularam em áreas de maior extensão.

Moluscos de origem marinha, as conchas de cauris, marginelas e olivas foram as que se destinaram com maior freqüência a esse uso. Os cauris (Cypraea annulus ou Cypraea moneta) são conchas brancas ou amarelo-claras, do tamanho de uma amêndoa. A valva dorsal é convexa, enquanto a ventral apresenta uma fenda. São encontradas apenas em mares quentes, principalmente no Pacífico Sul e no oceano Índico. A maioria dos cauris que circularam na África durante mais de mil anos procedia dos arquipélagos das Maldivas e das Laquedivas, no sudoeste da Índia, e das ilhas Zanzibar e Pemba, ao largo da costa oriental da África.

Despachados como mercadoria em seu local de pesca ou de coleta, os cauris freqüentemente serviam de lastro para os navios árabes, judeus ou europeus que os transportavam até os portos do continente africano, nos quais eram novamente vendidos como mercadorias.

As marginelas (Marginella ou Marginellidae) são moluscos marinhos de concha pequena e colorida, principalmente as procedentes das costas ocidentais da África. Também são encontradas nas regiões marinhas intertropicais da América, particularmente do Brasil.

Brilhantes como ágatas e mais compridas que os cauris, as olivas compreendem mais de 300 espécies. A mais utilizada como moeda na África subsaariana era a Olivancillaria nana. Recolhida nos arredores de Luanda, ela constituía a "reserva monetária" exclusiva dos reis do Congo até a chegada dos portugueses à região,no final do século XV.

A ÁREA DE CIRCULAÇÃO DAS MOEDAS-CONCHA


Até o século XVI, o nzimbu, nome congolês da Olivancillaria nana, circulava no reino do Congo, enquanto a marginela se limitava à bacia do Níger e o cauri difundia-se na região que constituiria posteriormente a África Ocidental e, em certa medida, na África Central.
Entre o século XVI e o final do século XIX, do Senegal a Uganda, do Sahel à Costa dos Escravos (Golfo da Guiné), o cauri foi mais difundido que qualquer outra moeda-concha. Mas foi pouquíssimo utilizado no Saara e jamais chegou a se implantar na África do Norte ou na África Austral.

Esse período marca também o apogeu da circulação das marginelas nas Áfricas Ocidental e Central, onde eram utilizadas pelas etnias da bacia do Congo em suas transações comerciais.

Já as olivas, sempre utilizadas exclusivamente pelos bantus, parecem jamais ter circulado fora das fronteiras congolesas. Para arruinar os reis do Congo, os portugueses trouxeram das costas brasileiras outras espécies de olivas, além de cauris do oceano Índico. Dessa forma, paulatinamente o nzimbu foi retirado da circulação monetária.

Os portugueses exportaram ainda olivas de Luanda e introduziram-nas como moeda fracionária, juntamente com os cauris, no tráfico de escravos negros do Brasil colonial.

As conchas não eram simples objetos de troca, pois possuíam todos os atributos das verdadeiras moedas. Como padrão e reserva de valor, constituíam à sua maneira instrumentos de câmbio e eram um símbolo de riqueza.

Argola de cobre para o tornozelo, utilizada como moeda no Congo.

MOEDAS VERDADEIRAS, MOEDAS FICTÍCIAS


Enquanto moeda verdadeira, as conchas permitiam adquirir inhame, facas, bois ou escravos e remuneravam qualquer tipo de serviço. Enquanto moeda fictícia, serviam igualmente como medida de valor para fixar o preço de algumas mercadorias, sem forçosamente intervir em seu pagamento. No século XIX, o explorador francês Luís Gustave Binger transcreveu a conclusão de um acordo entre dois comerciantes do norte de Gana: "A cabaça de sal vale 2.000 cauris; o cento de kolas, 1.000 cauris. Ofereço-te então 200 kolas por uma cabaça de sal."

Portanto, as conchas favoreciam as transações e constituíam excelentes indicadores da variação no tempo e no espaço do valor das mercadorias. Para maior comodidade, eram agrupadas para formar múltiplos: depois de perfuradas, eram atadas em conjuntos de 12, 20, 40 ou 100 unidades, segundo o sistema de numeração utilizado no espaço comercial em que circulavam.

Assim como os cauris, os musangas, discos de concha de caracol que circulavam em algumas regiões da África, eram atados através de um orifício central para formarem colares. Dez colares, medidos da extremidade do dedo maior do pé ao calcanhar, no início do século XX, valiam um doti ou 3,60m de tecido azul; dez colares medidos do dedo menor ao calcanhar valiam um doti de qualquer pano de outra cor.

Essas moedas-concha da África subsaariana deram origem, em algumas regiões, a verdadeiras políticas monetárias. As autoridades tradicionais ou políticas - onde existia um poder centralizado - asseguravam sua circulação e regulamentavam sua importação. Ao tomarem medidas para evitar a superabundância de conchas, geradora de inflação, ou sua escassez, que dificultaria as transações comerciais, os soberanos exerciam um verdadeiro poder econômico. De Abomé à Costa dos Escravos, assim como no Congo, eles praticavam uma política monetária rigorosa, de reconhecida eficiência.

Desde o início da era colonial as conchas começaram a perder paulatinamente seu valor monetário e deixaram de intermediar as transações comerciais. Atualmente, apenas os cauris continuam a circular, ainda que muito timidamente, entre os povos do sudoeste de Burkina Faso e do norte de Gana. É a única região do mundo onde conseguiram conservar em parte sua função de moeda. Só não se sabe até quando.

(Traduzido por Clóvis Alberto Mendes de Moraes)

FONTE:
http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_imagens/moeda/moeda_04.htm