"e como que a experiência é a madre das cousas, por ela soubemos radicalmente a verdade" (Duarte Pacheco Pereira)
A Internacional
__ dementesim
.
.
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.
.
_____
.
Quem luta pelo comunismo
Deve saber lutar e não lutar,
Dizer a verdade e não dizer a verdade,
Prestar serviços e recusar serviços,
Ter fé e não ter fé,
Expor-se ao perigo e evitá-lo,
Ser reconhecido e não ser reconhecido.
Quem luta pelo comunismo
.
.
Só tem uma verdade:
A de lutar pelo comunismo.
.
.
Bertold Brecht
Mostrar mensagens com a etiqueta Energia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Energia. Mostrar todas as mensagens
terça-feira, fevereiro 21, 2012
PCP - Liberalização dos preços da energia eléctrica: um roubo ao povo, um golpe na economia nacional
1 - A política energética em Portugal está hoje completamente subordinada aos interesses dos grupos monopolistas. Desde a propriedade das principais empresas, passando pela política tarifária, à posse das infra-estruturas, os interesses nacionais estão a ser rapidamente substituídos e submetidos aos interesses do grande capital.
Não foi por acaso que o pacto de agressão assumido pelo PS, PSD e CDS com a União Europeia, foi tão detalhado no conjunto de medidas a concretizar no sector energético e, em particular, na energia eléctrica. Na verdade, trata-se de um sector básico e estratégico para qualquer país. A sua posse, exploração, regulação e controlo, determinam não só a possibilidade de lucros descomunais, mas também relações de dominação sobre a actividade económica e a própria soberania do país.
Privatizar, liberalizar, encarecer, explorar – eis a receita que, mês após mês, tem vindo a ser concretizada por este governo.
2 - Em poucos meses o governo eliminou as Golden Shares detidas pelo Estado na GALP, EDP e REN transferindo de forma gratuita esse valor para os accionistas privados; impôs o aumento da taxa de IVA sobre a electricidade para consumo doméstico de 6% para 23%; privatizou 20% da EDP e 40% da REN fazendo perder o controlo público que ainda detinha de cada uma destas empresas; em Janeiro voltou a aumentar o preço da electricidade para consumo doméstico em mais 4%, agravando no espaço de dois meses (se tivermos em conta que antes tinha sido aumentado o IVA) o custo da electricidade em mais 20%; anunciou que os mais de 150 milhões de euros de dividendos da EDP e da REN a que o Estado tinha direito, correspondentes ao ano de 2011, seriam entregues como bónus aos novos accionistas destas empresas.
Simultaneamente, assistiu sem qualquer tipo de intervenção ao agravamento vertiginoso dos preços da gasolina e do gasóleo que em Fevereiro deste ano atingiram em Portugal o seu máximo histórico, agravando o custo do conjunto dos factores de produção, as condições de vida da população, a capacidade de sobrevivência de milhares de empresas. E prepara-se ainda para, num momento em que estão a ser exigidos dramáticos sacrifícios à população, permitir que as principais empresas do sector energético sedeadas em Portugal, utilizem todas as ardilosas possibilidades fiscais para não pagarem centenas de milhões de euros de impostos sobre as centenas de milhões de lucros alcançados no ano que passou.
3 - Entretanto o governo anunciou, há dias, o calendário para a chamada liberalização dos preços da energia eléctrica e do gás natural e o fim dos preços regulados. A partir do dia 1 do próximo mês de Julho acabam as tarifas reguladas para as pequenas empresas (entenda-se aqui a classificação sob o ponto de vista do escalão de consumo de energia) e os grandes agregados familiares, ou seja, para os consumidores de electricidade de potência contratada igual ou superior a 10,35 KVA e os consumidores de gás natural com consumo anual até 500 m3. A partir de 1 de Janeiro de 2013, cessam as tarifas reguladas para todos os consumidores de electricidade e gás natural, incluindo a generalidade dos pequenos consumidores.
Só no caso da energia eléctrica serão atingidos por esta medida mais de 5 milhões de contratos. Cerca de um milhão no final do primeiro-semestre e os restantes 4,5 milhões no início do próximo ano, medida esta que se associará ao fim das chamadas tarifas bi e tri-horárias que desaparecerão a 31 de Dezembro deste ano.
Entretanto, o processo de alteração dos contratos – com tarifa regulada – assumidos pelos consumidores com a EDP já se iniciou. O negócio que a EDP fez com o grupo SONAE e as lojas Continente que obrigam cada um dos aderentes a saírem das tarifas reguladas, baixando temporariamente o preço de energia eléctrica, é disso um exemplo.
Mas tal como se verificou no caso dos combustíveis líquidos, o fim dos preços regulados e a liberalização dos preços em 2003, não trouxeram a prometida livre concorrência, mas a mais pura e dura cartelização dos preços – sucessivamente denunciada pelo PCP – onde a GALP, BP, REPSOL e outras, funcionam como um verdadeiro oligopólio.
Um processo onde a atitude conivente da Entidade Reguladora do Sector Energético - ERSE confirmou que a sua criação apenas se destinou a dar cobertura a uma política completamente submetida aos interesses dos grupos económicos do sector.
O fim das tarifas reguladas e a liberalização dos preços significam energia mais cara para o povo português e lucros ainda maiores para os accionistas de cada uma dessas empresas.
4 - Existe ainda um motivo adicional de preocupação com a liberalização do mercado de electricidade. Trata-se de fazer reflectir em sucessivos aumentos, durante os próximos anos, o chamado défice tarifário criado no âmbito do processo de privatização do sector.
Um défice que foi artificialmente construído por via do financiamento directo às diferentes formas de produção – renováveis e fósseis – que ao mesmo tempo que assegura os lucros fabulosos para as empresas que operam no sector, acumula um valor em dívida que atingirá já os 5 mil milhões de euros.
As notícias vindas a público nos últimos dias que apontam para uma proposta do governo que venha a impor subidas sucessivas até ao ano 2030 – fazendo reflectir o dito défice tarifário sobre os consumidores em vez de ser absorvido pelos grupos económicos - mantendo o nível de lucros dos grupos económicos, constitui uma nova ameaça que deve ser firmemente rejeitada. Tal hipótese, a concretizar-se, constituiria uma escalada de aumentos sem precedentes em linha directa com o empobrecimento do povo português e o definhamento da economia nacional.
5 - O PCP, apela à luta dos trabalhadores e das populações contra a política de desastre nacional e o pacto de agressão que está em curso – de que a greve geral convocada pela CGTP-IN para o próximo dia 22 de Março é um exemplo da maior importância - tomará todas as medidas que estiverem ao seu alcance para impedir a concretização da liberalização das tarifas de electricidade.
Para o PCP o combate ao défice energético e à dependência do país, o apoio ao aparelho produtivo nacional e às PME´s, o acesso a energia eléctrica a preços acessíveis e em condições de segurança por parte da população, a defesa das preocupações ambientais, o investimento e a modernização das infra-estruturas, os direitos dos trabalhadores, os interesses e a soberania nacionais, só poderão ser alcançados pelo controlo público deste sector. Um objectivo que, mais cedo do que tarde, a luta dos trabalhadores e do povo português concretizará.
Etiquetas:
Comissão Política do CC do PCP,
Economia,
Energia,
PCP,
Privatizações,
União Europeia,
Vasco Cardoso
sábado, novembro 20, 2010
África – a nova aventura do imperialismo
- Luís Amaro
Há muitas razões para manifestar pela Paz e contra a NATO, esta é
África – a nova aventura do imperialismo
.
Os Estados Unidos da América são os mais vorazes consumidores de petróleo do mundo, consumindo 21,7% de todo o petróleo extraído, muito embora só tenham 5% da população mundial, importando 57 % do que consomem, não parando de se retrair a produção1 própria.
(…) Não esqueças, não tomes como uma fatalidade o que ainda não aconteceu, nem como impossível de concretizar aquilo que mais desejas.Epicuro, Carta a Meneceu
«Mesmo aumentando a eficiência energética os Estados Unidos necessitam de mais fornecedores externos, prevendo-se que em 2020 a procura seja de 127 quadriliões de barris enquanto a produção interna atingirá só 86 quadriliões»1 diz o relatório apresentado por Dick Cheney ao presidente Bush, recomendando «a diversificação e aumento do fornecimento externo»2 alertando que «uma significativa interrupção do fornecimento externo lesará a nossa economia e a capacidade de promover os nossos objectivos económicos e políticos».
.
Por outras palavras, as grandes multinacionais do petróleo – aqui representadas por Dick Cheney – acham mais vantajoso a rapina do petróleo e a Casa Branca secunda essa prática. De facto, baseando-se no relatório, a administração Bush corta as verbas referentes ao aumento da produção nacional e de procura de soluções alternativas nacionais, querendo portanto dizer com isso que o fornecimento externo do petróleo continuaria, aumentaria e diversificar-se-ia.
.
Era este o objectivo das grandes multinacionais da indústria, e era esta a proposta do Council on Foreign Relations ao afirmar que «se deve encorajar o fornecimento de petróleo para além do Golfo Pérsico»3.
.
Outros dos aspectos ligados à procura de novas fontes do petróleo são de carácter técnico, melhor dizendo das reservas existentes particularmente na península arábica; os grandes campos de petróleo na Arábia Saudita estão em declínio como o de Ghawar que em lugar de extrair 22 milhões de barris por dia, como estava previsto, se ficará pelos 12,54, sendo este um sobejo motivo para se aumentar a procura noutros locais, sendo de todos o mais apetecível a África Ocidental.
.
De facto os países da África Ocidental fornecem actualmente 18% do petróleo que os EUA importam e este valor chegará aos 25% em 2015; esta região, que possui reservas de 40 biliões de barris, é de importância estratégica fundamental para os Estados Unidos e razão para que os seis países que fazem parte da ECOWAS5 fossem cortejados pela administração Bush que, subitamente, se enamorou do continente africano.
.
Há, portanto, razões para este súbito interesse.
.
Primeiro, porque as previsões das quantidades de petróleo existentes são as maiores que se conhecem até hoje, «esperando-se que a África Ocidental venha a ser o maior fornecedor do mercado americano»6; segundo, porque a concorrência é fraca, visto a China focalizar os seus interesses nos países da África Oriental; terceiro, porque a qualidade do crude é de «alta qualidade e baixo em enxofre, sendo ideal para ser refinado na costa Este»7 dos Estados Unidos; quarto, porque as perspectivas são colossais no que se refere à Nigéria, a Angola, ao Gabão e ao Congo-Brazzaville e os investimentos já realizados, no valor de 3,5 biliões de dólares, na construção de um oleoduto que liga o Chade aos Camarões na costa Ocidental de África, não são negligenciáveis.
.
Quinto e último: a docilidade dos governos em relação às multinacionais e ao imperialismo, e a corrupção fomentada pelas grandes companhias, tornam esta região do mundo o terreno ideal para a sua transformação num novo quintal americano.
.
Existem também razões de carácter geopolítico que estão na base desta mudança radical da política dos EUA em relação à África que passou de um laissez faire a um engajamento rápido e de grandes dimensões políticas, diplomáticas e militares e de interferência na vida de estados soberanos.
.
A crescente presença da China, do Brasil e da Índia em África – que não se pode comparar, nem na forma nem nos objectivos, com os objectivos do imperialismo americano – é razão acrescida para esta mudança de estratégia da política externa estadunidense em relação ao continente, quer o residente da Casa Branca seja republicano ou democrata.
Fala docemente mas tem à mão uma moca…
Este provérbio, de origem africana, sintetizava a política externa do presidente Theodore Roosevelt, que o usava frequentemente querendo dizer: ou os países obedecem ao dictat dos interesses americanos, ou falará a força, quer dizer, a agressão militar.
.
Mais de cem anos passados este continua a ser o cuore da política estrangeira dos Estados Unidos, como muito bem expressou recentemente o arqui-reacionário jornalista Thomas Friedman8 ao afirmar: «a mão oculta do mercado nunca funcionará sem o punho oculto».
.
Para defender os interesses das multinacionais do petróleo em África é mesmo necessário um punho, e um punho forte.
.
«Em 2008 a Chevron teve um lucro de 23 biliões de dólares sendo metade dele proveniente de África; a ExxonMobil teve 45,2 biliões de dólares tendo 43% dele a mesma proveniência, bem como um terço das importações da BP»9, para não citar outras. Com estes colossais lucros não é de admirar que os grandes monopólios estejam interessados em manter o status quo e para isso é necessário que alguém os defenda.
O punho de que o reaccionário Friedman fala tem um nome – Africom.
.
O governólio10 de George Bush, dando prossecução prática às recomendações do CSIC11 que dizia: «dados os crescentes interesses energéticos na região, recomenda-se que os Estados Unidos devem fazer da segurança e do governo no Golfo da Guiné uma absoluta prioridade da política externa dos Estados Unidos em relação à África, promulgando uma política robusta para a região», por outras palavras - militarizar as relações dos EUA com África. Assim, George, o incansável servidor dos interesses das multinacionais do petróleo, viaja para uma tournée africana em Fevereiro de 2008.
.
Palavras não foram ditas já George, o diligente, tinha criado uma estrutura de comando independente para a África – a Africom, o punho – deixando a continuação desta política ao carismático e cândido Obama que, sem pestanejar, levará à prática a agressão, desta vez à escala de um continente, confirmando que quanto mais as coisas mudam, mais ficam na mesma na política externa do imperialismo.
Os maus da fita e os outros
Já em 2005, como preparatório do que se seguiu, o Pentágono tinha lançado a Iniciativa Contra-terrorista Trans-sahariana (TSCTI) e, antes disso, quer os Estados Unidos quer a França, particularmente esta última, tinham uma presença militar em África.
.
Em abono da verdade, diga-se, os americanos não são os únicos maus da fita.
.
A França, como ex-potência colonial, continuou, até recentemente, a assumir-se como o braço armado do neocolonialismo. Na Costa do Marfim estão estacionados 3000 soldados franceses e no vizinho Togo estão mais homens e equipamento aerotransportado.
.
A França, por limitações orçamentais, viu-se obrigada a começar a pôr um termo à aventura neocolonial, reduzindo o número de efectivos e encerrando bases entre 1997 e 2002. Sarkozy foi o coveiro - muito a contragosto, diga-se – da Françafrique, como era designada a política francesa para a África, pretendendo-se agora a europeização da intervenção militar, segundo o general Dominique Trinquand.
.
Esta pretendida europeização deixa-nos a nós, portugueses, apreensivos no mínimo, dado a subserviência faces aos interesses imperialistas manifestada inúmeras vezes pelos «nossos» governos.
.
De qualquer forma o pequeno complexado que mora no Eliseu não levará avante a ideia; o império manda e ele não terá outra saída senão baixar a crista.
.
De facto, antes de o imperialismo americano se lançar na militarização de África, os mandantes da política externa do Tio Sam já tinham avaliado as implicações/colisões possíveis da presença francesa em África, e foram claros: «enquanto os franceses reduzirem as suas forças em África os Estados Unidos aumentarão as suas…» e «… num sentido lato podemos dizer que uma força dos Estados Unidos em África será um sinal de que a exclusividade da influência militar francesa acabou, efectivamente»12 .
.
Sarkozi, compreendeu. Adeus, França imperial!
Preâmbulos de uma ocupação
Foram feitas várias tentativas no sentido de localizar em África o quartel-general do Africom, que se revelaram frustradas pela oposição de vários países face ao repúdio popular que tais bases poderiam suscitar, o que não coibiu as relações públicas da Africom de mentir ao afirmar que «vários países africanos já se oferecem para receber o quartel-general»13, lembrando ao mesmo tempo que «qualquer que seja a localização do futuro quartel-general será necessário ter bases no Golfo da Guiné…». Pudera! É lá que está a galinha dos ovos de ouro.
Esta ausência de um quartel-general não impede que militares americanos e mercenários por ele pagos lancem operações clandestinas a partir de bases de satélites estratégicos localizadas no Kénia e em Djibuti.
.
Entretanto, o orçamento da Africom passou de 60 milhões para 310 milhões, excluindo custos operacionais; foi nomeado, como comandante, um dos únicos cinco afro-americanos que chegaram à patente de general de quatro estrelas; lança-se manobras navais de grande envergadura no Golfo da Guiné; desenvolve-se intensas campanhas de persuasão, nomeadamente com fornecimento de equipamento militar, cursos e viagens de estudo, junto de altas patentes africanas designadas oficialmente como friendly african militaires14 de modo a conseguir que fechem os olhos para o que se vai seguir; no plano diplomático também é intenso o movimento, não só entre as capitais africanas mas também europeias, e Lisboa em particular.
.
Dinheiro não falta. Só neste ano vai gastar-se, num só programa de 431 actividades e envolvendo 40 países, 6,3 biliões de dólares.
.
O Pentágono designa o Africom como um comando de combate unificado, que combinará funções militares e civis, esta pela necessidade de promover a imagem de «bons rapazes» – goodfellas.
.
Toda a agressão imperialista sempre se apresentou, publicamente, da forma mais altruísta possível; em África ela é apresentada como uma acção humanitária para combater a doença e o analfabetismo, para a construção de habitações, atribuição de bolsas de estudo e por aí fora… só nobres objectivos.
.
O outro argumento é o do combate contra o terrorismo que tem as costas largas e serve mesmo para encobrir as acções terroristas do imperialismo estado-unidense.
.
Os verdadeiros objectivos desta nova agressão, que ainda vai nos seus primórdios – e que, por isso, é urgente denunciar e já – foram enunciadas nas linhas anteriores com clareza, espero eu.
A força ocupante e a NATO
A NATO há muito que deixou de ser uma organização «defensiva» do Atlântico Norte, assumindo-se como um bloco militarista global, e portanto também em África na qual, de resto, tem desenvolvido intensa actividade nomeadamente no Corno de África e, particularmente, no Sudão; se nesta parte de África os interesses não são exclusivos pode-se imaginar o que está planeado para a África Ocidental onde se encontra o petróleo vital para a América.
.
Nos vários países grandes produtores de petróleo nesta região a Nigéria e Angola são os de maior potencial; mas há também S. Tomé e Príncipe, cujo valor perspectivado das reservas de petróleo é mantido no segredo dos deuses, não obstante as maiores companhias americanas estarem a adjudicar blocos e a perfurar freneticamente, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, ter visitado o arquipélago – percebendo-se assim que este pequeno país está na agenda de prioridades americanas – e «oferecido» a construção de um porto, o que o primeiro-ministro são-tomense agradeceu e disse, à comunicação social, ser um porto de grandes dimensões, logo rectificado pelos americanos no que diz respeito às dimensões… – era mais pequeno, disseram… Percebe-se.
.
Segundo um comandante americano na Europa, «este pequeno porto» como diz Hillary Clinton, será uma base militar e naval da dimensão da Diego Garcia no Oceano Indico.15
E nós, onde ficamos no retrato?
Em reuniões no Pentágono16 várias altas patentes americanas referiram-se à acção do Africom como sendo de vital importância para os Estados Unidos, o que já sabíamos, mas que só poderá ser realizada com êxito em colaboração com as ex-potências coloniais, o que não sabíamos mas suspeitávamos; mas disseram mais, referiram-se expressamente a Portugal e à Grã-Bretanha.
.
Assim se compreende a intensa actividade diplomática da Africom em Portugal; a embaixadora Mary Carlin Yates, vice-comandante da Africom para as questões civis-militares17, esteve em Portugal para reuniões com responsáveis militares (?) e disse ser «muito importante que ouçamos e aprendamos com os nossos parceiros europeus, especialmente uma nação como Portugal com uma história naquele continente que penso terá muitas lições a ensinar-nos» – e continuou referindo-se ao general Ward, comandante do Africom – «O general que esteve cá em Junho regressou muito entusiasmado com o diálogo que teve com os responsáveis militares e civis e pediu-me para vir e aprofundar o diálogo»18.
.
De facto o general Ward, que já tinha cá estado em 2008, voltou em 23 de Junho passado, para um Seminário de Dirigentes Seniores da Africom, realizado no nosso país por insistência das autoridades portuguesas19 – esta «insistência» diz bem do tipo de gente que está no Palácio das Necessidades – ministro, assessores, Governo, todos eles são a pandilha anti-patriótica e de traição nacional.
.
O general, que se fez acompanhar por William Bellamy, director dos Estudos Estratégicos Africanos dos Estados Unidos, e por Johnnie Carson, sub-secretário de Estado americano para os assuntos africanos, enfatizou «a parceria e comuns objectivos que temos com Portugal e os outros países lusófonos»20.
.
Mais claros não podiam ser e os perigos são evidentes: os americanos, com o total apoio do Governo português, vão arrastar o país para a nova aventura africana do imperialismo ianque, a qual já começou mas ninguém sabe como vai acabar; quantas vidas se vão perder, quantos cortes se tem que fazer no orçamento da saúde e da educação para pagar esta aventura?
.
A recente compra dos famigerados submarinos é o primeiro capítulo; se alguns dos nossos leitores ainda não sabem para o que servem, ou estão inclinados a aceitar os argumentos estafados do governo21 de «necessidades da defesa nacional», deixo-vos com esta notícia transmitida pela BBC em 22 de Junho passado e confirmada junto de fontes oficiais holandesas: «No mês passado a Holanda concordou com o pedido da NATO para enviar um submarino para as costas da Somália».
.
Agora já sabemos para que servem os submarinos. Esta não é a única razão, mas é uma das razões, pela qual desfilaremos em Lisboa no próximo dia 20, sob o lema Paz Sim – NATO Não.
__________________
1 Relatório do National Energy Policy Development Group (págs. 25 e 71) – 16 de Maio de 2001.
O grupo de trabalho que redigiu o relatório, feito em secretismo, era dirigido pelo vice-presidente Dick Cheney e dele faziam parte os presidentes das maiores multinacionais no domínio energético.
2 Idem (pág. 127).
3 in CFR – National Security Consequences of U.S. Oil Dependency – (pág. 31) – Outubro de 2006.
Quem, de facto, dirige a política externa dos Estados Unidos é, desde 1921, o Council on Foreign Relations dele fazendo parte as personagens mais agressivas do imperialismo. O jovem senador Barak Obama era um dos seus membros.
4 Kjell Aleklett – Association for Study of Peak Oil and Gas.
5 ECOWAS – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Angola, Chade, Guiné Equatorial, Gabão e Nigéria).
6 Idem 2 – (pág. 133).
7Idem.
8 in A Manifesto for the Fast World – New York Times Magazine, Março, 1989.
9 Center for American Progress – Rebecca Lefton e Daniel J. Weiss – Janeiro de 2010
10 Governólio – Governo do Petróleo
11 CSIC – Center for Strategic and International Studies
12 Andrew Hansen – Council on Foreign Relations, 8 de Fevereiro de 2008.
13 Stephanie Hanson – U.S. Africa Command, 3 de Maio de 2007.
14 Militares africanos amigos
15 in John Bellamy Foster – Main basse sur l’Afrique: la stategie de l’empire pour contrôler le continent.
16 Designação que se dá ao edifício do Ministério da Defesa, em Washington.
17 Nenhum Comando dos Estados Unidos (são seis) tem um civil como segundo comandante. A indigitação de um diplomata para este posto é indicadora da importância que os EUA dão à Africom, e a necessidade que têm de obrigar a compromissos políticos e militares com outros países.
18 Lusa
19 Afirmação de William Bellamy na conferência de imprensa realizada em Lisboa em 23 de Junho de 2010.
20 General William Ward em 1 de Julho de 2010, dirigindo-se ao pessoal da Africom.
21 O PS, o PSD e o CDS estiveram comprometidos na aquisição dos submarinos. Para mais sobre o assunto ver Avante! de 21 de Janeiro de 2010.
.Avante 2010 11 18
.
.
terça-feira, novembro 17, 2009
Agência Financeira - Notícias 2009.11.17
|
Mercados |
Economia |
Empresas |
- |
Etiquetas:
Agência Financeira,
Banca,
Consumo,
Corrupção,
Criminalidade,
Energia,
Indústria Automóvel,
Poltica Social
sexta-feira, setembro 04, 2009
PETRÓLEO DE ANGOLA PARA OS GRANDES FALCÕES
Segunda-feira, Março 2
PETRÓLEO DE ANGOLA PARA OS GRANDES FALCÕES

É evidente que a estratégia norte americana para o Golfo da Guiné não se pode limitar à ênfase que o nóvel AFRICOM, o Comando África do Pentágono que continua com sua chefia instalada na Alemanha, (apesar dos esforços de toda a ordem visando a sua instalação em África), passou a ter, com a deslocação do USS Fort McHenry (LSD 43) e do navio experimental HSV-2 SWIFT para a região, a fim de serem utilizados, o primeiro, durante seis meses, como “África Partnership Station”, e o segundo como “atracção tecnológica”, visitando um a um todos os países com litoral oceânico.
.
.
.
.
Muito antes da criação pela administração republicana de George W. Bush, do AFRICOM, já os Estados Unidos, interligando a diplomacia com os interesses económicos das grandes corporações norte americanas presentes em África, privilegiavam os nexos com aqueles que operavam em vários sectores da indústria mineira, na indústria de prospecção e exploração de petróleo e com os operadores prestadores de serviços, influentes até na super estrutura do poder em Washington, (seja com o concurso dos republicanos, seja com o concurso dos democratas), a fim de garantir relacionamentos bilaterais e multilaterais com os países africanos, de norte a sul.
.
.
.
.
A Halliburton e a sua subsidiária até 2007, Kellog Brown & Root, multinacionais que têm como referência a figura de Dick Chenney, vice-presidente dos Estados Unidos, fazem parte do conglomerado de corporações norte americanas já com historial em África, seja quando estão no poder republicanos, seja quando estão os democratas.
.
.
.
.
Elas têm distribuído a sua actividade a nível global, não só em suporte das multinacionais do petróleo, mas também em função de outros desempenhos civis e militares, no âmbito dos interesses interligados que suportam os relacionamentos de Washington, não só por via pacífica, mas também nos seus esforços de guerra, por todo o planeta.
.
.
.
.
A 5 de Março do ano corrente, um analista do Global Research no Canadá, Andrew G. Marshall, publicou uma investigação-síntese, sob o título “Martial Law, Inc”, em que realçava as actividades da Kellog Brown & Root desde a década de 40 do século passado e particularmente desde a guerra do Vietname.
.
..
No que diz respeito a África o investigador do Global Research do Canadá fornece a síntese da presença do KBR nos acontecimentos do Ruanda e da República Democrática do Congo.
.
..
No que diz respeito ao Ruanda, o investigador, que se apoiou nas revelações de Wayne Madsen sobre o derrube do avião que transportava os presidentes do Ruanda e do Burundi, conforme as investigações também levadas a cabo pelos Franceses em 2004, indicou que houve um estreito relacionamento nesse acto, com os operadores ruandeses (tutsis) enquadrados no Rwandan Patriotic Front de Paul Kagame, da International Strategic and Tactical Organization, que representava “poderosos interesses políticos e corporativos” incluindo os da Armitage and Associates LC, uma firma fundada pelo antigo Adjunto da Defesa de George W. Bush, Richard Armitage e a Kellog Brown & Root.
.
..
Em 1994, na sequência da instalação do governo do Rwandan Patriotic Front no Ruanda, o KBR beneficiaria dum contrato sob a denominação de “Operation Support Hope”, no valor de 6,3 milhões de dólares.
.
..
Desse enredo, segundo o mesmo analista, houve três beneficiários em 1994 e um beneficiário em 1995:Paul Kagame, que se viria a tornar Presidente do Ruanda, Kofi Annan que se tornaria Secretário Geral da ONU e Madeleine Albright, que seria Secretário de Estado durante a governação democrata de Bill Clinton. O próprio Dick Chenney tornar-se-ia CEO da Halliburton de 1995 a 2000.
.
.
.
.
Em relação à República Democrática do Congo, sob os auspícios ainda da International Strategic and Tactical Organization e explorando o êxito da operação do Ruanda, a KBR construiu uma base militar junto à fronteira Congolesa-Ruandesa, onde foram treinados os efectivos ruandeses que deram apoio ao líder rebelde Laurent Kabila, no derrube do regime de Mobutu.
.
..
O KBR, conjuntamente com a Bechtel Corporation, providenciou mapas elaborados a partir de fotografias obtidas por satélites de reconhecimento, relativos aos movimentos de tropas de Mobutu (a Bechtel Corporation integra interesses ligados ao antigo Secretário de Estado George Schultz e a Caspar Weinberger, quando do lado da KBR estava já no activo, à frente da Halliburton , Dick Chenney).
.
.
.
A actuação desse cadinho de corporações na fase do derrube de Mobutu, permitiu a abertura que Laurent Kabila teve de fazer a outros conglomerados como o American Mineral Fields e a Barrick Gold Corporation.
.
.
.
.
.
.
A AMF englobava interesses de Mike McMurrough, uma personagem próxima de Bill Clinton, enquanto a Barrick Gold Corporation, englobava interesses do então Primeiro Ministro do Canadá, Brian Mulroney e do assessor de Bill Clinton, Vernon Jordan, que nessa companhia tinha como assessor precisamente George W. Bush.
.
.
.
A evolução da situação na RDC, incluindo a morte de Laurent Kabila, tem muito a ver com o desenvolvimento desses enredos, que passaram também com armas e bagagens para Angola: rica em minerais, a RDC possui pouco petróleo, mas Angola é suficientemente rica para, com minerais e com petróleo, fazer com que os “lobbies” de suporte aos democratas (enraizados nas indústrias mineiras das corporações norte americanas e canadianas, assim como no cartel dos diamantes) e aos republicanos (fundamentalmente pela via das corporações do petróleo e associados), encontrem todas as razões para consenso político-operativo, económico, financeiro e se necessário militar, nesta escandalosa (sob o ponto de vista geológico) mistura de Texas e de minas de Salomão.
.
.
.
.
O Correio Digital de 24 de Março de 2008, dava a conhecer que “a empresa do Vice Presidente dos Estados Unidos fica com a refinaria do Lobito”, “depois dum longo período de negociações”.
.
.
.
.
Também para que isso acontecesse o poderoso “lobby” norte-americano teve de vencer concorrentes, entre eles os que, envolvendo interesses do Japão e da República Popular da China, apostavam muito e a prazos dilatados na refinaria do Lobito.
.
..
Para além das negociações visíveis, o “lobby” ousou mesmo “jogar tudo por tudo” e, segundo se faz constar em determinados círculos das novas elites angolanas, até bolsas de estudo têm sido pagas pela Halliburton em benefício duma conhecida entidade que tem trajectória sénior na área dos petróleos angolanos e é indicada por alguns, actualmente, como assessora da Presidência da República (às tantas e no mínimo, servindo de “discreta ponte” entre a Presidência Angolana e a Norte Americana).
.
..
Tudo seria razoável, não fosse o papel da Halliburton, da Kellog Brown & Root, de Dick Chenney e associados, não só em África (e na estratégia de relacionamentos dos Estados Unidos em África), mas sobretudo nas regiões onde se registaram sempre grandes convulsões e grandes lucros para os senhores da guerra global contra um tão oportuno quanto artificial “terrorismo”, nomeadamente no Afeganistão, no Iraque e nos Balcãs.
.
.
.
.
A enorme base de Camp Bondsteel, a maior base militar recentemente erigida pelos Estados Unidos na Europa, sobre a qual repousa a iniciativa da “independência vigiada” de Kosovo, foi construída pela Kellog Brown & Root, segundo Michel Chossudovski, analista sénior do Global Research do Canadá, a fim de garantir cobertura ao oleaduto AMBO (Albânia-Macedónia-Bulgária), o “pipeline” que leva o petróleo do mar Cáspio, passando pelo porto de Burgas (porto búlgaro do Mar Negro), até ao Adrático, atravessando os Balcãs.
..
A KBR aparece assim associada à estratégia de domínio, que se manifesta pela destruição de interesses que se manifestem contrários aos interesses dominantes, a fim de instalar os seus próprios interesses, seguindo quase sempre uma via armamentista e de guerra.
..
A acreditar na notícia publicada pelo Correio Digital, a interpretação de alguns analistas conduz à conclusão de que Angola cedeu: ao invés de continuar a dar oportunidade aos relacionamentos bilaterais com a RPC e coligados também no sector do petróleo, foi obrigada a abrir as portas aos interesses norte americanos em relação à refinação de petróleo no Lobito, coligados ou não aos sul coreanos, tendo como “aríete” o empenhamento de consórcios como a Halliburton e a Kellog Brown & Root, tão identificadas com os grandes falcões norte americanos..
..
Àcerca disso, é evidente que há “parceiros” ao mais alto nível por dentro do MPLA e do estado angolano que “alinharam”, mas o mutismo completo da oposição e de alguns que se dizem pacifistas (inclusivé com alguma expressão neste mesmo blog), perante a “prova de força” dos grandes falcões em Angola, é um evidente indicativo de quanto esses sectores são no mínimo ineptos perante os factos políticos de ordem estratégica que vão ocorrendo, sem melhores alternativas para os relacionamentos bilaterais, ou multilaterais...
.
..
Provavelmente estão ainda distraídos com a “novidade” que constituiu a visita ao porto do Lobito do HSV-2 SWIFT, nos dias 21, 22 e 23 de Fevereiro de 2008..
.
..
Por MARTINHO JÚNIOR
.
.
Etiquetas:
Angola,
Energia,
Estados Unidos da América,
Martinho Júnior,
Militarismo,
Neocolonialismo
quinta-feira, agosto 13, 2009
Portugal e não só - Notícias da Agência Financeira
|
Mercados |
|
.
Empresas |
.
Finanças |
- Itaú lucra 933 milhões de euros . .
|
Subscrever:
Mensagens (Atom)