A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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sexta-feira, janeiro 21, 2011

O Cronista Indelicado - Menos um voto para Aníbal Cavaco Silva - João Miguel Tavares


Há uma semana escrevi nesta página que se nenhuma tragédia acontecesse até ao próximo domingo eu iria votar em Cavaco Silva para Presidente da República. Não pela performance do professor em Belém, que esteve longe de entusiasmar, mas por ele ser o único político profissional no meio de quatro amadores e um trovador.
  • 0h30 Correio da Manhã 2011.01.21
Por:João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)


Só que a tragédia aconteceu: uma investigação da revista ‘Visão’ veio levantar dúvidas legítimas sobre a aquisição por parte de Cavaco de uma casa de férias em Albufeira em 1999, vizinha de outras pertencentes a Oliveira e Costa e a velhos amigos seus e da SLN.
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A Urbanização da Coelha começou por envolver empresas offshore, há espantosas discrepâncias na avaliação patrimonial dos lotes, fonte oficial de Belém começou por dizer que Cavaco não se recordava nem da data nem do local onde foi feita a escritura pública e os valores envolvidos na permuta com a sua casa de Montechoro estão longe de ser esclarecedores. Já em campanha, Cavaco disse mais. Disse que esta notícia mostrava apenas que "o desespero é muito grande". E acrescentou: "Façam as investigações que quiserem, que depois do dia 23 talvez eu possa ler." Este "depois do dia 23 talvez possa ler" custou-lhe o meu voto.
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Já levo alguns anos a empilhar colunas de jornais onde defendo o óbvio: os políticos que nos representam têm o dever ético de dar explicações sobre a lisura da sua conduta. Isto faz parte das regras básicas da democracia. Mas em Portugal, não nos bastava ter o primeiro-ministro com a maior cara-de-pau do hemisfério norte – agora temos um Presidente da República que, quando confrontado com perguntas incómodas, em vez de dar justificações claras prefere falar em campanhas e em "vil baixeza". Ora, eu já vi este filme, e não gosto nada do final. Não será o meu voto a contribuir para uma sequela.
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sábado, julho 31, 2010

O Cronista Indelicado - Sua Santidade Sócrates ascende aos altares



Quando SSS (Sua Santidade Sócrates) apareceu terça-feira na sua residência oficial a congratular-se com o fim da investigação ao caso Freeport, afirmou – e cito – que assim se demonstrava não haver "razão para acusar quem quer que fosse de financiamento ilegal a partidos, corrupção ou tráfico de influência".
  • 0h30 - 2010 07 30 Correio da Manhã
Por:João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)
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Depois virou as costas e foi-se embora, porque não há nada como uma boa proclamação de inocência sem direito a perguntas – actividade que o primeiro-ministro muito aprecia, seja em declarações à imprensa, seja em entrevistas à RTP.
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Infelizmente, SSS mais uma vez confunde – outra das suas actividades favoritas – o não haver "razão para" com o não haver "provas de". Isto já para não falar da diferença entre responsabilidade política e responsabilidade criminal, uma subtileza demasiado subtil para a sua cabecinha. O caso Freeport fede, fedeu e continuará a feder por todos os lados, e lá por a polícia e o Ministério Público não terem sido capazes de descobrir os responsáveis pelo mau cheiro, não significa que ele não exista. Aparentemente há provas de que Manuel Pedro e Charles Smith pediram muito dinheiro ao Freeport e que o Freeport lhes entregou esse dinheiro – e o elo quebra-se aí. Mas tenho cá para mim que os dois senhores não hão-de ter agarrado nas notas para fazer barquinhos e lançar ao Tejo. Desconfio de que as entregaram a alguém – até porque o Freeport acabou miraculosamente aprovado nas vésperas de o PS sair do governo.
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Ora, a esta pergunta José Sócrates nunca respondeu: porque é que o empreendimento foi aprovado nas vésperas de o PS sair do governo? O nosso SSS fez declarações, deu um par de entrevistas, mas esta singelíssima questão continua envolta no mais profundo mistério. E – aposto – assim continuará, até porque a linha que separa a verdade da mentira há muito se eclipsou da sua confusa memória.
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  • Comentário feito por:joão américo oliveira ramos
  • 18h00
Se a Polícia investigou e o Ministério Público não encontrou provas para indiciar os acusados, não há como continuar a novela. É necessário que se respeite os poderes constituídos.
  • Comentário feito por:Pedro Rosinha
  • 17h01
Deve ser a mamã e a tia que aplaudem " bem escrito João" " Nota 20 João"..
  • Comentário feito por:helena r.
  • 12h56
Mais uma vez, João Miguel Tavares apresentou uma excelente crónica. sobre o nosso Querido Líder e mais uma vez, assertivo e de fino humor. Parabéns! Gostei!
  • Comentário feito por:Eunice
  • 12h10
O JOGO DE PALAVRAS E DE INTERESSES,SÃO BEM INTERESSANTES...SE A JUSTIÇA RESOLVE A SEU CONTENTO,TUDO BEM...SENÃO...NÃO PRESTA. RIDÍCULA ESTA GENTE Q QUER SABER MAIS Q OS JUÍZES, MAS VINDO DESTE CRONISTA,NADA ME SURPREENDE
  • Comentário feito por:Francisco Luiz
  • 11h50
Nota 20 para este Texto e mais 20 pela originalidade. Se alguém for acusado, seja do que for, não basta que o próprio e os amigos da justiça dizerem que é inocente. Sem retórica.
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segunda-feira, abril 02, 2007


(Ainda) O Maior Português de Todos os Tempos (8)

Salazar e Lúcia reunidos na RTP


João Miguel Tavares
E de repente, parecia que estávamos numa versão a cores do Estado Novo: Salazar transformado no mais popular dos portugueses e a irmã Lúcia elevada à santidade nos altares da televisão pública. Alguém que me belisque, porque só pode ter sido um sonho mau. Foi tão descabida esta semana da RTP que ela deveria corar de vergonha e devolver o cheque a quem a sustenta. E não me venham dizer que a vitória esmagadora do homenzinho de Santa Comba numa votação telefónica não pode ser assacada à estação do Estado - eu digo que pode. Pode, porque a simples existência de mais de 60 mil pessoas que acreditam que Salazar foi o melhor que tivemos em 870 anos de História só é justificável por sermos uma pátria sem heróis nem referências, e por já ninguém se lembrar do que foi a ditadura, o lápis azul, Caxias e o Tarrafal, e sobretudo o país miserável, analfabeto e subdesenvolvido que nos foi deixado por quatro décadas de clausura geográfica e mental. Ou seja, mesmo que a RTP não tenha pecado por acção, ela certamente pecou por omissão: na altura em que a estação comemora 50 anos de vida, e que tanto se orgulha de ter contribuído para a construção de uma memória colectiva, eis o seu brilhante legado: Salazar e a irmã Lúcia.
Sim, a irmã Lúcia. Porque, na mesma semana em que embaraçadamente elegeu Salazar, a RTP mudou-se de armas e bagagens para o santuário de Fátima, para cobrir o centenário da vidente. E fê-lo com a mesma atitude com que há 50 anos cobria os actos do presidente do conselho: com muita devoção e nenhum sentido crítico. Desde logo, pareciam ser mais os técnicos da RTP do que os peregrinos, mas sobretudo nada desculpa o tom sabujo e diabético com que a emissão foi conduzida logo pela manhã. Ainda espreitei pelo canto do televisor, a ver se o cardeal Cerejeira não estava a passar lá ao fundo. Muito há a contar sobre Fátima. Tudo está ainda por dizer sobre Lúcia. Mas a esse trabalho a RTP não se deu. Preferiu colocar o terço na mão e cantar hossanas à indigência intelectual do país. A imagem é hoje a cores, mas a cabeça, essa, continua a preto e branco.

João Miguel Tavares. Diário de Noticias
Reproduzido do PortugalClub

Gravura retirada do Blog Versos de Combate