A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quarta-feira, dezembro 16, 2009

Ucrânia - Duas décadas após a desintegração da URSS




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Ucrânia
Duas décadas após a desintegração da URSS

No momento da criminosa desintegração da URSS, consumada em 1991, a Ucrânia estava entre os dez países mais desenvolvidos do mundo. Isto, aliás, é reconhecido até pelos próprios nacionalistas burgueses.

As prestações sociais eram extraordinárias, mas por vezes as pessoas não as valorizavam. A Educação era gratuita e havia um sistema de saúde pública de qualidade e, sobretudo, integralmente gratuito. Segundo os objectivos traçados pelo Partido, no ano 2000 todos deveriam receber gratuitamente uma habitação independente.
Os preços dos principais produtos alimentares, as rendas de casa, os transportes, entre outros, não sofriam alteração há mais de 50 anos. Os serviços comunais, as tarifas do gás e da electricidade custavam kopeques [cêntimos de rublo]. As pessoas consumiam produtos naturais. Só quem vivia fora da URSS sabia o que era o desemprego, a inflação, os sem-abrigo, os despedimentos compulsivos, as falências de bancos e a perda das poupanças, os créditos a juros de 30 por cento, etc..
Para a geração actual isto é pura ficção científica. Em 2009 não conseguem sequer imaginar que tal possa ser possível.

Retrocesso inaudito

Éramos 52 milhões de habitantes. Tínhamos não só armamento nuclear (o terceiro maior arsenal do mundo depois da Rússia e dos EUA), mas também um exército com um milhão de efectivos, capaz de defender a população e destruir qualquer inimigo. O país desenvolvia-se. Nós orgulhávamo-nos do nosso Estado. Mas, de modo inconcebível, em apenas 20 anos, o equivalente a quatro planos quinquenais soviéticos, transformaram-nos num dos países mais atrasados não só da Europa como do mundo. Um dos mais atrasados e desamparados segundo todos os indicadores. Parece irreal, mas a traição e o capitalismo fizeram a sua obra.
Tudo começou com a realização das reformas de mercado e a substituição do regime socialista pelo capitalismo. Este processo foi iniciado por Gorbatchov. Depois da dissolução da URSS, o capitalismo selvagem começou a ser implantado em cada país que a integrava pelos antigos ideólogos do comunismo, que, entretanto, trocaram a foice e o martelo pelo dólar. No nosso país isto foi feito por Kravtchuk, na Rússia foi Iéltsine, na Geórgia, Chevardnádze, etc..

Confiança defraudada

A verdade é que na altura, em inícios dos anos 90, as pessoas ainda confiavam nos governantes. Cada cidadão sabia que os dirigentes do país, os deputados, o Partido, os funcionários deviam por definição trabalhar e trabalhavam em prol do bem-estar do povo e do Estado. Todavia, infelizmente, não tiveram em conta um pormenor importante: no poder tinham-se instalado os chamados democratas-patriotas da fornada europeísta, cujo único objectivo era o lucro e a obtenção de dinheiro à custa dos simples mortais.
Todas as reformas de mercado confluíram para o mesmo fim: a privatização da propriedade social, a destruição das explorações colectivas e a implantação sucessiva de um regime liberal ao serviço dos grandes proprietários. Infelizmente tudo foi feito para proporcionar a prosperidade de uma minoria e a pauperização da maioria.
Todas as desgraças do nosso país são obra de Kravtchuk, de Kutchma, Iuchenko e de todos aqueles que estiveram no poder nos últimos 20 anos. É preciso compreender que ninguém perguntou ao povo se queria ou não mudar para a via capitalista. Tudo foi feito às escondidas, sob a capa de um pretenso amor pela Ucrânia e pela nação, sob o pretexto da democracia e do humanismo europeu.

Os ricos, mais ricos…

Em resultado da contra-revolução capitalista, o povo ucraniano perdeu o poder e o controlo sobre tudo o que se passa no país. Hoje, a minoria governa a maioria. Cinquenta pessoas detêm um terço do Produto Interno Bruto. Os ricos tornam-se mais ricos, os pobres mais pobres.
Pela frente temos a crise económica-financeira. Os capitalistas tentam sair dela à custa da gente simples. O governo de Timochenko endividou todo o povo. O poder «laranja» continua a dedicar-se unicamente à venda de empresas e à contracção de novos créditos. Ainda por cima faz de tal política um mérito seu.
O actual presidente sublinha constantemente que se dirige a uma única nacionalidade da Ucrânia. Poderia parecer que isto é reflexo do grande amor de Iuchenko pelos ucranianos. Com ele faz coro no mesmo sentido outra «obreira» que se muniu da ideologia pró-fascista para atrair o eleitorado.
Mas a verdade é que, em cada dia que passa, com esta equipa de «pseudo-patriotas» no poder, os dirigidos estão a tornar-se cada vez menos. Isto aplica-se também às pessoas que pertencem às chamadas «nacionalidades estrangeiras»… Em geral, todos estão a morrer e a sofrer na Ucrânia.

Números da vergonha

Por mais triste que seja temos de constatar que a composição da «nação» de que eles falam é a seguinte. Restam ao todo na Ucrânia cerca de 46 milhões de pessoas, dos quais:
- cerca de dez milhões de ucranianos vivem abaixo do limiar da pobreza;
- mais de três milhões estão desempregados;
- cerca de 1,5 milhões passam fome;
- cerca de dez milhões de reformados recebem a pensão mínima;
- cerca de 190 mil ucranianos adoecem anualmente de cancro, morrendo 900 em cada 1500 pacientes;
- cerca de 700 mil pessoas sofrem de tuberculose, segundo dados estatísticos do Ministério da Saúde da Ucrânia;
- 440 mil pessoas estão infectadas com o vírus da SIDA;
- cerca de 150 mil pessoas estão na prisão;
- cerca de 900 mil pessoas sofrem de alcoolismo crónico;
- cerca de 500 mil toxicodependentes estão registados oficialmente, segundo dados do Ministério do Interior;
- quase 200 mil crianças vivem na rua;
- cerca de um milhão de pessoas não têm abrigo;
- 19 milhões são fumadores, 66 por cento dos homens e 20 por cento mulheres.
Se a isto acrescentarmos ainda o ressurgimento do analfabetismo e a degradação moral da juventude, o quadro torna-se muito triste.
É preciso sublinhar que aqueles que conduziram e continuam a conduzir as reformas de mercado capitalistas devem ser responsabilizados por todas estas desgraças. São os partidos de direita, são os políticos liberais. Eles estão hoje no poder. Não existem diferenças entre eles. Os capitalistas são os mesmos independentemente da máscara.
Tendo em conta tudo o que atrás foi dito, cada cidadão deve colocar a si próprio as correspondentes perguntas e, sobretudo, esforçar-se por encontrar as respostas lógicas, designadamente à seguinte questão: por que é que em dada altura votou a favor dos milionários e continuará a fazê-lo no futuro?
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Publicado no jornal Komunist (06.11), órgão do Partido Comunista da Ucrânia
Disponível em russo em:
http://www.komunist.com.ua/article/27/10381.htm
Tradução, título e subtítulos da responsabilidade da Redacção do Avante!
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Nº 1880
10.Dezembro.2009
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terça-feira, abril 15, 2008

Contra o militarismo e a NATO

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Conferência em Kiev



Organizada pelo Partido Comunista da Ucrânia (PCU), realizou-se no passado dia 3, em Kiev, capital da Ucrânia, uma conferência internacional sobre o tema «A expansão forçada da NATO para Leste: problemas da segurança europeia».
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A iniciativa que coincidiu com o início da Cimeira da NATO em Bucareste, na Roménia, reuniu partidos comunistas e de esquerda, organizações sociais provenientes de 15 países da Europa, e contou com a participação dos embaixadores de Cuba e da Moldova em Kiev, isto para além de especialistas de vários centros analíticos e de investigação social ucranianos. Participaram também diversos partidos políticos ucranianos que se opõem à entrada do país na NATO.
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O Partido das Regiões, do ex-primeiro-ministro Viktor Ianukovitch, acabou por declinar o convite para estar presente, optando pela realização de um concerto anti-NATO na capital ucraniana.
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Na véspera, e em paralelo com a visita de Bush a Kiev, uma acção de protesto organizada pelo PCU e outras forças de esquerda do país juntou no centro da cidade milhares de manifestantes.

Maioria desfavorável à adesão

Embora, os últimos estudos de opinião divulgados revelem que mais de 65% dos ucranianos são contrários à entrada do país na NATO, a coligação “laranja” do presidente Viktor Iúchenko e da primeira-ministra Yulia Timochenko, apoiados pela maioria dos meios de comunicação social, continuam a pugnar pela rápida adesão à organização transatlântica.
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Os partidos presentes na conferência internacional foram unânimes na condenação do processo de alargamento da Aliança Atlântica e na consideração da sua essência agressiva e militarista, enfatizando em particular os perigos decorrentes da transformação da NATO em força de intervenção à escala global, e a tendência de subversão do direito internacional.
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A intervenção do PCP, representado por Luís Carapinha, da Secção Internacional, salienta que a «cavalgada para Leste da NATO a que se assiste desde as derrotas do campo socialista e a desintegração da URSS, inserindo-se organicamente na estratégia ofensiva e expansionista do imperialismo na actual correlação de forças mundial, representa certamente um factor de desestabilização e enfraquecimento da segurança europeia e uma séria ameaça à paz, na Europa e no mundo».
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Referindo o carácter da NATO «como instrumento da estratégia imperialista debaixo do domínio dos EUA», o PCP lembrou os exemplos da «pseudo-independência» do Kosovo, os planos de instalação do escudo antimíssil dos EUA na Europa, e a criação de bases militares norte-americanas e da NATO junto às fronteiras russas.
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No texto, os comunistas vincam o «eminente carácter de classe dos actuais processos de militarização e da escalada bélica das relações internacionais», e a inexistência de «uma saída puramente “geopolítica” capaz de servir os interesses dos povos e do progresso social», sublinhando, também, o papel dos trabalhadores e dos povos como «a força necessária para travar o passo à exploração e opressão capitalistas e obrigar o imperialismo a recuar na sua perigosa fuga para diante».
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Em Kiev, o Partido lembrou ainda que ao contrário do estipulado na Constituição da República, o nosso país «tem vindo a multiplicar a participação de tropas portuguesas em acções de carácter intervencionista e cariz neocolonial, desde o Chade ao Kosovo e Afeganistão».
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O 1º secretário do Comité Central do PCU e outros representantes ucranianos sublinharam durante a conferência que uma eventual adesão à NATO viola a Declaração de Soberania e a Constituição nacional, as quais preconizam um estatuto de neutralidade e não alinhamento da Ucrânia.
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Os participantes frisaram a necessidade de uma maior coordenação e convergência dos partidos comunistas e de esquerda na luta contra a NATO e a ofensiva imperialista em curso.
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in Avante 2008.04.10
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