A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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sexta-feira, dezembro 07, 2012

‘À moda stalinista’, um artigo de Roberto Pompeu de Toledo


veja

01/11/2011
 às 13:01 \ Feira Livre

‘À moda stalinista’, um artigo de Roberto Pompeu de Toledo

PUBLICADO NA VEJA DESTA SEMANA
A imagem do poeta Carlos Drummond de Andrade foi utilizada no programa de propaganda obrigatória do PCdoB
Roberto Pompeu de Toledo
Pouco antes de jogar a toalha, na semana passada, e entregar a cabeça do ministro do Esporte, Orlando Silva, o PCdoB tentou reinventar seu passado. No programa de propaganda obrigatória que foi ao ar no dia 20, apresentou como emblemas do partido Luís Carlos Prestes, Olga Benario, Jorge Amado, Portinari, Patrícia Galvão (a Pagu), Oscar Niemeyer e Carlos Drummond de Andrade. Era uma fraude similar às operações do programa Segundo Tempo. Dos sete, os seis primeiros pertenceram ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o arquirrival do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). O sétimo, o poeta Carlos Drummond de Andrade, não foi nem de um nem de outro. O partido tentava, num programa de TV em que jogava as últimas fichas para safar-se do escândalo no Ministério do Esporte, pegar carona num casal de ícones da história brasileira (Prestes e Olga) e em algumas das mais queridas figuras da cultura do país.
O caso menos grave é o de Oscar Niemeyer, o único vivo do grupo. Apesar de ter sido militante do PCB, já apareceu em programas anteriores do PCdoB, do qual aceita as homenagens. O mais grave é o de Prestes. O PCdoB surge, em 1962, do grupo que, no interior do PCB, discordou da denúncia do stalinismo promovida na União Soviética após a morte do ditador. O PCdoB, com um curioso “do” no meio da sigla, será daí em diante o guardião da pureza stalinista. Os outros são a “camarilha de renegados”. E o renegado-mor, claro, é Prestes, o líder do PCB. No verbete “PCdoB” da Wikipédia, escrito num tão característico comunistês que não deixa dúvida quanto à sua procedência oficial, Prestes é tratado de “revisionista” (insulto grave, em comunistês) e acusado de ter “usurpado a direção partidária”. Também se diz ali que “abandonado à própria sorte, em idade avançada”, Prestes “dependerá de amigos como Oscar Niemeyer para sobreviver”. Eis colocadas na mesma cloaca da história (o comunistês é contagiante) duas figuras que agora o PCdoB alça ao altar de seus santos.
Entre os outros casos de usurpação biográfica, a alemã Olga, primeira mulher de Prestes, foi fiel soldado das ordens de Moscou. Morreu muito antes de surgir o desafio do PCdoB, mas é de apostar que essa não seria a sua opção. Portinari e Pagu morreram, no mesmo 1962 do cisma comunista, ele fiel à linha de Moscou, ela convertida ao trotskismo, portanto inimiga do stalinismo. Jorge Amado na década de 60 já tinha o entusiasmo mais despertado pelo cheiro de cravo e pela cor de canela do que pela causa do proletariado. Em todo caso, sua turma era a de Prestes, o “Cavaleiro da Esperança” que cantara num livro com esse título.
O caso mais estapafúrdio é o de Drummond. Nos anos 1930/1940 ele praticou uma poesia de cunho social e filocomunista. Chegou a colaborar com o jornal Tribuna Popular, do PCB. Mas nunca se filiou ao partido. Cultivou a virtude de nunca ser firme ideologicamente. O namoro com o comunismo, dividia-o com a fidelidade ao Estado Novo, ao qual serviu no Ministério da Educação. No pós-guerra, mitigava o comunismo com a sedução pela UDN do amigo e mentor Milton Campos. Em 1945 votou para senador em Luís Carlos Prestes, do PCB, e para presidente em Eduardo Gomes, da UDN. E, em 1964, apoiou o golpe militar. “A minha primeira impressão foi de alívio, de desafogo, porque reinava realmente, no Rio, um ambiente de desordem, de bagunça, greves gerais, insultos escritos nas paredes contra tudo. Havia uma indisciplina que afetava a segurança, a vida das pessoas”, explicou numa entrevista, transcrita em livro recente (Carlos Drummond de Andrade Coleção Encontros). Agora vem o PCdoB dizer que Drummond foi um dos seus!?
Desconcertante história, a desse partido. A defesa do stalinismo levou-o a festejar o grande timoneiro Mao Tsé-tung e, quando o timão do chinês emperrou, buscar inspiração na Albânia do “Supremo Camarada” Enver Hoxha. Arriscou uma aventura guerrilheira nos barrancos do Araguaia. E, em anos recentes, encantou-se pela UNE e pelo monopólio da carteirinha de estudante, declarou ao esporte um amor insuspeitado em quem associava o partido à figura franzina do patrono João Amazonas (1912-2002) e recrutou, para reforço de suas chapas, jogadores de futebol (Ademir da Guia, Muller) e cantores (Netinho de Paula, Martinho da Vila) em quem nunca se suporia inclinação pela causa da foice e do martelo. Se há uma coisa em que manteve a coerência, é no vezo stalinista. Stalin mandava cortar das fotos dirigentes do partido caídos em desgraça. O PCdoB inclui em suas fileiras gente que lhe foi alheia. Pelo avesso, chega ao mesmo fim de falsificar a história.


 .http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/a-moda-stalinista-um-artigo-de-roberto-pompeu-de-toledo/

quinta-feira, dezembro 06, 2012

Oscar Niemeyer

Foto



  • ‎"Os mesmos jornais e televisões que atacam os comunistas sem piedade rendem homenagem a Oscar Niemeyer. Porque era um génio, porque era um sonhador, porque era um humanista. Mas nunca por ter sido comunista. Essa é a parte que escondem para que não se saiba que é a rebeldia que estimula a arte e a cultura. Niemeyer era comunista como Pablo Picasso, Bertolt Brecht, Pablo Neruda, Carlos Paredes, Lopes Graça, Maiakovsky, Lorca e Tina Modotti." (pelo Bruno Carvalho)
    Gosto ·  ·  ·  · Promover

sábado, janeiro 16, 2010

Fim do socialismo causou a morte de um milhão de pessoas


 

Mundo

Vermelho - 21 de Novembro de 2009 - 1h33

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"O adeus ao comunismo? Provocou um milhão de mortos". O título não é de uma publicação comunista. É de um jornal do grande capital italiano, o Corriere della Sera, de 9 de novembro deste ano, que noticia um estudo de professores de Oxford e Cambridge, publicado na conceituada revista médica britânica The Lancet.

Por Jorge Cadima, no Informação Alternativa

"Baseados nos dados da Unicef, de 1989 a 2002" os autores afirmam que "as políticas de privatização em massa nos países da União Soviética e na Europa de Leste aumentaram a mortalidade em 12,8% […] ou seja, causaram a morte prematura a um milhão de pessoas".
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"Morreu-se mais lá onde se adotaram as “terapias de choque”: na Rússia, entre 1991 e 1994, a esperança de vida diminuiu em 5 anos". Conclusões de estudos anteriores foram ainda mais graves.
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Como escreve o Corriere della Sera, "A agência da ONU para o desenvolvimento, a UNDP, em 1999 contabilizou 10 milhões de pessoas desaparecidas na telúrica mudança de regime, e a própria UNICEF falou em mais de 3 milhões de vítimas".
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Foi para celebrar estes magníficos resultados que o estado-maior do imperialismo se reuniu em Berlim, com pompa, circunstância e transmissões televisivas infindáveis, em uma comemoração de regime dos 20 anos da contra-revolução no Leste.
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O balanço da restauração do capitalismo é ainda mais grave. Mesmo sem falar no sofrimento dos vivos no Leste – o alastrar de pobreza extrema, dos sem-abrigo, da prostituição, da toxico-dependência ou a emigração em massa para sobreviver – os efeitos das contra-revoluções de 1989-1991 fizeram-se sentir em todo o planeta.
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As "terapias de choque" dum imperialismo triunfante e ávido de reconquistar as posições perdidas ao longo do Século 20 tornaram-se uma mortífera realidade global, e tiveram em 2008 o seu corolário inevitável: a maior crise do capitalismo desde os anos 30.
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Uma escalada de mortíferas guerras foram ao mesmo tempo desencadeadas pelo imperialismo, liberto do contrapeso dos países socialistas. Muitas centenas de milhares de mortos (mais de 650 mil só no Iraque, segundo outro estudo publicado em 2006 na Lancet) são o fruto "da queda do Muro" no Golfo, na Iugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, no Líbano, na Palestina, e agora no Paquistão – para não falar das agressões "menores".
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E foram acompanhadas pelo "Gulag" de prisões secretas dos EUA espalhadas por todo o mundo, no qual desaparecem milhares de pessoas raptadas e torturadas por um sistema de repressão acima de qualquer controle. Os dirigentes do "mundo livre" que se juntaram, ufanistas, em Berlim, são todos responsáveis por este banho de sangue e repressão.
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Podem mostrar-se de cara simpática e tratarem-se amigavelmente por Hillary, Angela, Nicolas, Bill, Tony. Mas das suas mãos escorre o sangue e sofrimento de milhões de pessoas em todo o planeta – de Peshawar a Guantânamo (que continua aberta), de Abu Ghraib a Honduras (que continua sob controle dos golpistas e a indiferença da mídia "democrática"), das "maquiladoras" mexicanas aos campos de refugiados palestinos (que continuam – há 60 anos – à espera do seu Estado).
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Pelo "Gulag" democrático-ocidental passou Khalid Shaikh Mohammed, que vai agora a julgamento nos EUA, acusado de ser o responsável número um do 11 de Setembro (mas não era o Bin Laden?). Segundo o New York Times (15/09) "foi submetido 183 vezes à técnica de quase afogamento chamada 'waterboarding'".
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O jornal afirma que ele também se diz responsável "por uma série de conspirações" como "tentativas de assassinato do Presidente Bill Clinton, do Papa João Paulo II e as bombas de 1993 no World Trade Center".
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Mais um afogamento simulado e confessaria também ser responsável pelo aquecimento global e o sumiço de D.Sebastião em Alcácer-Quibir. Mas atente-se na vida do acusado: paquistanês, criado no Kuwait e diplomado por uma universidade americana viajou, após os estudos "para o Paquistão e o Afeganistão, a fim de se juntar aos combatentes mujahedines que, nessa altura, recebiam milhões de dólares da CIA para lutar contra as tropas soviéticas" (NYT, 15/11).
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Afeganistão hoje ocupado e onde "segundo responsáveis da Otan […] um terço dos policiais afegãos são toxicodependentes" (Sunday Times, 8/11). Admirável mundo novo que a "queda do Muro" pariu!

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segunda-feira, novembro 16, 2009

20 anos depois da queda do muro, 'livre mercado' é repudiado

Mundo

Vermelho - 9 de Novembro de 2009 - 18h19

Vinte anos após a queda do Muro de Berlim, que simbolizou o fim do chamado "socialismo real" no leste da Europa, é geral a insatisfação com o capitalismo no mundo, indica uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (9), divulgada pela BBC.

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Só 11% dos entrevistados em 27 países considera que a economia capitalista funciona corretamente e 51% acha necessária mais regulação e reformas para a corrigir.
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Apenas em dois países — Estados Unidos (25%) e Paquistão (21% ) — mais de 20% acham que o capitalismo funciona bem na sua forma atual. A sondagem, realizada entre 19 de junho e 13 de outubro junto a 29.033 pessoas, foi publicada no dia do 20º aniversário da queda do Muro de Berlim, num momento em que o mundo enfrenta a pior crise econômica e financeira desde 1929.
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"Parece que a queda do Muro de Berlim em 1989 não terá sido uma vitória esmagadora do capitalismo de mercado livre, contrariamente às aparências da época, em particular depois dos acontecimentos dos últimos doze meses", comentou Doug Miller, presidente do instituto de sondagens GlobeScan, que realizou o estudo.
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Pouco mais de metade dos entrevistados (54%) aprova o desmantelamento da União Soviética enquanto que 22% o classifica como uma "coisa má" e 24% não se pronuncia.
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Os estadunidenses (81%) são os que se mostram mais favoráveis, à frente dos polacos (80%), alemães (79%), britânicos (76%) e franceses (74%). No leste, os tchecos são menos afirmativos em relação a esta questão (63%), enquanto que os russos (61%) e os ucranianos (54%) acham lamentável o desaparecimento da URSS.
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Uma maioria dos inquiridos em 17 dos 27 países defende uma maior regulação do mundo financeiro, sendo os brasileiros os mais favoráveis (87%), à frente dos chilenos (84%), franceses (76%), espanhóis (73%) e chineses (71%).
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Em média, 23% dos inquiridos considera que o capitalismo tem defeitos irremediáveis e que é indispensável um novo modelo, sendo os franceses os que mais pensam assim (43%), seguidos pelos mexicanos (38%) e brasileiros (35%).
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Brasil
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Dos entrevistados brasileiros (835 pessoas nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). A sondagem revelou que 64% defendem mais controle do governo sobre as principais indústrias do país e 87% defenderam que o governo tenha um maior papel regulando os negócios locais, enquanto 89% defenderam que o Estado seja mais ativo promovendo a distribuição de riquezas.
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Fonte: Revista Fórum

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O Futuro pertence ao Comunismo - José Casanova


José Casanova na Quinta da Atalaia
O futuro pertence ao comunismo


(…) A Revolução de Outubro foi ponto de partida para a primeira grande tentativa, na história da humanidade, de construção de uma sociedade nova, liberta de todas as formas de opressão e de exploração. O impacto e as consequências planetárias deste acontecimento constituem uma realidade objectiva de tal forma impressiva que nenhuma ofensiva ideológica conseguirá apagar. E hoje, como sabemos, essa ofensiva, tendo como objectivo primeiro a criminalização do comunismo e a santificação do capitalismo, faz da Revolução de Outubro, da sua importância histórica, do seu significado, dos seus ideais um alvo preferencial.
Percebe-se o objectivo dessa ofensiva: a Revolução de Outubro foi o primeiro grande acto de ruptura com o capitalismo e a exploração do homem pelo homem; foi o primeiro exemplo concreto da aplicação, na construção de uma nova sociedade, da ideologia do proletariado – nascida e desenvolvida a partir da análise da história da sociedade e das suas leis objectivas essenciais; foi a primeira demonstração concreta de que o socialismo é a única alternativa ao capitalismo – e por tudo isto, porque a Revolução de Outubro mostrou que o socialismo é, não apenas possível, mas inevitável, o grande capital tremeu… e 92 anos passados, apesar de dominante, continua a tremer.
As conquistas civilizacionais da Revolução de Outubro – políticas, sociais, económicas, culturais – marcam de forma impressiva não apenas a pátria de Lénine, mas todos os países do planeta. (…)

Avanços históricos

A União Soviética nascida da Revolução de Outubro foi o primeiro país do mundo a pôr em prática um vasto conjunto de direitos humanos, como o direito ao trabalho, o horário de trabalho das oito horas, as férias pagas, a igualdade de homens e mulheres, o direito à saúde, à segurança social, ao ensino, à cultura, o direito à infância, o direito à velhice, enfim os direitos a que todo o ser humano, pelo simples facto de existir, tem direito – direitos esses que se estenderam progressivamente a milhões de trabalhadores de outros países que os conquistaram através da luta, estimulada, ela própria, pelo exemplo da Revolução de Outubro; direitos esses que hoje, após a derrota do socialismo, estão na mira do capitalismo internacional e, em Portugal, são os grandes visados pelo Código do Trabalho que o PS/Sócrates e os restantes partidos da política de direita aprovaram, na sua função de executantes dessa política de classe ao serviço dos interesses do grande capital.
A União Soviética desempenhou papel determinante na II Guerra Mundial, enquanto protagonista principal da resistência vitoriosa à ambição nazi-fascista de domínio do mundo: quando os exércitos hitlerianos avançaram pela URSS, numa cavalgada que muitos consideravam e desejavam imparável - enquanto os EUA e a Inglaterra esperavam para ver quem seria o vencedor - a URSS fez frente, durante três anos, sozinha, à ofensiva nazi; e só quando – depois de o Exército Vermelho e o povo soviético, em 1942/1943, terem derrotado, em Stalinegrado, 20 divisões nazis, e 50 divisões naquela que foi a maior batalha de tanques da história – a batalha de Kursk – só quando se tornou evidente que o glorioso Exército Vermelho estava em condições e a caminho de libertar toda a Europa e esmagar o nazi-fascismo com as suas próprias forças, só então as tropas norte-americanas e britânicas desembarcaram na Normandia, em 6 de Junho de 1944, onze meses antes da capitulação da Alemanha.

Vencer mentiras e mistificações

Em 6 de Junho passado, por ocasião do 65.º aniversário do desembarque na Normandia, Obama, que ali se deslocou expressamente para comemorar a data, proferiu um discurso em que falava do «dia D que não podemos esquecer, porque foi um momento e um lugar onde a bravura e o altruísmo de uns poucos mudaram o curso de um século» – e concluía que «o desembarque na Normandia marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial».
Obama sabia que estava a mentir; sabia que o ponto de viragem da II Guerra Mundial foi a Batalha de Stalinegrado, e a batalha de Kursk a confirmação dessa viragem – e é sintomático que, sabendo tudo isso, não tenha tido uma palavra para os quase três milhões de soviéticos que morreram nessas duas batalhas.
A verdade é que, ao contrário do que dizem e escrevem e propalam os «historiadores» do capitalismo dominante, a derrota do nazi-fascismo foi obra essencialmente da União Soviética e que mais de vinte milhões de soviéticos morreram pela liberdade de toda a humanidade, pela democracia, pela defesa da paz – que mais de vinte milhões de pessoas morreram a defender a Vida. E tal feito só poderia ser praticado por um país socialista.
Registe-se, também, o papel igualmente decisivo desempenhado pela URSS na luta libertadora dos povos e na liquidação do colonialismo, bem como a sua solidariedade activa no combate a todas ditaduras fascistas (…) que, sublinhe-se, tinham nos EUA muitas vezes o seu organizador e, sempre, o seu principal aliado.

Um acontecimento «nosso»

A meu ver, nunca é demais insistir no nosso caso, no caso do nosso País: o regime fascista português, apoiante do nazismo desde o início, mudou a agulha mal se apercebeu de que o Exército Vermelho iria ser o vencedor; derrotados os velhos amigos, virou-se para os novos amigos que o receberam de braços abertos: os EUA e as democracias burguesas europeias (aliás, os EUA e a Grã-Bretanha fizeram questão de, logo um mês após o fim da guerra, manifestarem pública e explicitamente o seu apoio ao regime salazarista).
E a ditadura salazarista/caetanista teve sempre, e até ao seu último dia de vida, o apoio dos EUA, da Inglaterra, da França, da RFA, etc. – enquanto nós, os que resistimos ao fascismo, contámos sempre com o apoio fraterno e solidário da URSS e dos restantes países socialistas; da mesma forma que a Revolução de Abril foi, desde o seu primeiro dia de vida, um alvo dos ataques desses mesmos EUA, Inglaterra, França, RFA, etc. – e contou desde o seu primeiro dia de vida com o apoio solidário e fraterno da URSS e dos restantes países socialistas.
Então, a Revolução de Outubro foi este acontecimento maior da história da humanidade e, com rigor, pode dizer-se que todos os avanços civilizacionais ocorridos no século XX têm nos seus ideais e na sua experiência concreta, a sua matriz principal. E não há deturpações, mentiras, calúnias que possam apagar essa realidade, que possam apagar o grande avanço progressista que a Revolução de Outubro e o processo de construção do socialismo por ela encetado, representaram para a humanidade.
Nós, comunistas portugueses, comemoramos a Revolução de Outubro como acontecimento nosso, que nos diz directamente respeito em tudo – no positivo como no negativo; e, mais do que isso, afirmamos, hoje como sempre, que o projecto de sociedade pelo qual lutamos para Portugal, tem as suas raízes essenciais nos valores e nos princípios da Revolução de Outubro – cujos ensinamentos constituem, para nós, uma referência permanente na luta de todos os dias.
É necessário sublinhar ainda que a Revolução de Outubro é uma obra colectiva da classe operária, do campesinato, dos trabalhadores russos sob a direcção do partido bolchevique. E é inseparável da contribuição decisiva de Lénine – contribuição teórica e prática, traduzida nomeadamente na concepção e construção do instrumento essencial da revolução, o partido bolchevique, o partido proletário de novo tipo, o partido da classe operária, o partido comunista; contribuição decisiva, por outro lado, no que respeita ao enriquecimento e desenvolvimento criativos da teoria de Marx e Engels, instrumento para a interpretação e transformação do mundo, o marxismo-leninismo – ideologia do proletariado, base teórica do partido comunista… e, por isso, base teórica do PCP que, como sabemos, nasceu sob o impulso da Revolução de Outubro; que dos conceitos de Lénine e da experiência do movimento comunista recolheu importantes ensinamentos – aos quais acrescentámos a nossa experiência própria.
E também nunca é demais insistir no papel decisivo e marcante desempenhado por Álvaro Cunhal na construção deste nosso Partido – à frente de um geração notável de militantes comunistas, alguns felizmente ainda connosco e, desses, alguns aqui connosco neste convívio: a geração que levou por diante todo o processo da Reorganização de 40/41 e dos III e IV Congressos, em 1943 e 1946 - esses seis anos decisivos para a construção do PCP como partido marxista-leninista, comunista, revolucionário, ou, como escreveu Álvaro Cunhal, como «partido leninista definido com a experiência própria».
(...) É também no decorrer desses seis anos que se avança para a definição do conceito de «trabalho colectivo» – ponto de partida para a construção do conceito de «colectivo partidário», ou seja: o trabalho colectivo visto e entendido como «princípio básico do estilo de trabalho do Partido», aspecto essencial da democracia interna e factor decisivo da unidade e da disciplina partidárias.

Contrapor à mentira a verdade do socialismo

A sociedade socialista nascida da Revolução de Outubro foi derrotada – e essa derrota constituiu uma tragédia para toda a humanidade. Detectar e analisar com rigor as causas dessa derrota é uma tarefa crucial para os comunistas, hoje. Sem essa análise, camaradas, a meu ver não estaremos preparados para responder com a eficácia necessária à ofensiva ideológica do capitalismo dominante – nem criaremos as condições para que o projecto socialista volte a ganhar as amplas massas, indispensáveis à concretização desse projecto. Nesse sentido, há que dar continuidade ao importante trabalho que iniciámos no XIII Congresso Extraordinário. Isto porque, após o desaparecimento da União Soviética, a ofensiva ideológica anticomunista assumiu formas e dimensões nunca até então vistas.
A imagem do comunismo identificado com o «crime», o «horror», a «miséria» a «ausência de liberdade» – e, para além disso, «derrotado, inexoravelmente derrotado» – essa imagem passou a correr mundo todos os dias, divulgada pela totalidade dos média dominantes, chegando a milhões e milhões de pessoas e instalando-se nelas como verdade absoluta.
Vejam-se os jornais actuais: todos os dias eles referem acontecimentos ocorridos na União Soviética e nos ex-países socialistas do Leste da Europa, e nos últimos dias a «queda do muro» tem sido a grande notícia…– e fazem-no, naturalmente, à sua maneira: mentindo, deturpando, manipulando, escrevendo a história que lhes interessa que fique escrita.
Ora, só é possível combatermos essa falsa imagem contrapondo-lhe a imagem real do socialismo, com o conhecimento profundo quer do que foi a construção do socialismo na União Soviética quer das causas que conduziram à sua derrota.
(…) A historiografia contra-revolucionária pretende fazer crer que a derrota do socialismo resultou de uma inviabilidade intrínseca ao projecto socialista: a realidade mostrou precisamente o contrário, isto é: o conteúdo e a dimensão dos avanços alcançados pelo socialismo à escala planetária mostraram que o futuro da humanidade está no socialismo e no comunismo.
A historiografia contra-revolucionária propagandeia que o projecto socialista é intrinsecamente criminoso – e com isso o que pretende é iludir a verdadeira questão: é o capitalismo, esse sim, que tem uma essência criminosa, como se vê todos os dias na exploração e opressão de que se alimenta - com consequências dramáticas para a humanidade: no sistema capitalista morrem todos os dias, à fome e por falta de cuidados médicos, mais de 60 mil pessoas; na sua ambição de domínio do mundo, o imperialismo norte-americano provocou, ao longo do tempo, a morte, o assassinato de milhões e milhões de seres humanos.
(…) Por tudo isto, a meu ver, mais do que nunca é imperioso sublinhar esta verdade: se há um balanço negativo do socialismo construído na União Soviética é o da derrota sofrida: a derrota é que foi negativa. A construção de uma sociedade socialista na União Soviética, esse foi um facto altamente positivo e um exemplo a seguir, no essencial.
Com muitos erros pelo meio? Sem dúvida. Mas como dizia Lenine, só pessoas totalmente incapazes de pensar, para não falar já nos defensores do capitalismo, podem pensar e dizer que é possível construir uma sociedade nova como é a sociedade socialista sem erros, sem muitos e muitas vezes graves erros.
Erros que, por maiores que tenham sido, não anularam o facto de a sociedade socialista soviética ter sido, sempre e em todas as suas fases, mais democrática, mais livre, mais justa, mais humana do que a sociedade capitalista. Erros de que não temos que pedir desculpa a ninguém – muito menos aos nossos inimigos – erros evitáveis, uns, inevitáveis, outros – como disse Lenine: «os defeitos, os erros e as lacunas são inevitáveis numa obra tão nova, tão difícil e tão grande», na «obra mais nobre e mais fecunda» que é construção do socialismo.

Consequências dramáticas

O balanço negativo da derrota sofrida torna-se tanto mais evidente quanto mais atentamente observarmos a situação posterior ao desaparecimento da URSS, quanto mais atentamente observarmos as consequências dessa derrota.
Como disse Marx, nós, comunistas, somos materialistas práticos. Assim sendo, façamos, então, a comparação entre o mundo no tempo em que existia a URSS e a comunidade socialista do Leste da Europa, e o mundo de hoje.
Se o fizermos, facilmente constataremos que o mundo é, hoje, menos livre, menos democrático, menos justo, menos fraterno, menos solidário, menos pacífico; facilmente constataremos que o objectivo imperialista de domínio do mundo tem conduzido a trágicos recuos civilizacionais; ao empobrecimento crescente da democracia; a perigosas limitações das liberdades fundamentais; à acentuação da exploração dos trabalhadores; a ataques brutais à soberania e à independência dos povos conduzindo a novas formas de colonialismo; a guerras de ocupação à custa de milhões de vidas humanas – tudo isto camuflado por uma intensa ofensiva ideológica de diabolização do comunismo e de santificação do capitalismo; tudo isto acompanhado por uma gigantesca lavagem de cérebros à escala planetária, procurando inculcar nas pessoas a aceitação do mau como bom; a aceitação dos interesses do grande capital como inevitabilidades; a aceitação do regresso a formas de opressão e de exploração de tipo esclavagista como sendo modernidade.
(…) Estas consequências extremamente negativas das derrotas do socialismo e do desaparecimento da URSS, são a demonstração da importância do socialismo e constituem a confirmação plena de que o futuro da humanidade não está no capitalismo, mas sim no socialismo, no socialismo que a Revolução de Outubro nos mostrou ser possível.
Outra consequência trágica dessa derrota foi a sua repercussão no movimento comunista internacional. Muitos partidos comunistas cederam à ofensiva ideológica do capitalismo, aceitaram as teses dos ideólogos do capitalismo sobre o comunismo, sobre a Revolução de Outubro, sobre o papel e as características dos partidos comunistas. Houve partidos comunistas que, pura e simplesmente, desapareceram; outros que mudaram de nome e com o nome mudaram a sua essência; outros, ainda, que mantiveram o nome mas deitaram fora a sua essência.
(…) Mas também é verdade – e esse é um dado da maior importância - que muitos partidos comunistas rejeitaram essa ofensiva e enfrentaram-na com determinação revolucionária, superando muitas e muitas dificuldades, muitos e muitos obstáculos, e mantendo-se comunistas, de facto.
Entre estes, está o nosso Partido Comunista Português – que logo em 1990, quando a derrota do socialismo se apresentava imparável, espalhando desânimos e desilusões, desistências e fugas, realizou um Congresso Extraordinário, cuja conclusão essencial, a meu ver, ficou dita numa frase lapidar: «Fomos, somos e seremos comunistas».

O tempo é de luta

(…) É, então, nesta visão da Revolução de Outubro que radica a intervenção do nosso Partido quer no plano internacional, quer no plano nacional, onde nos afirmamos como a principal força política de combate à política de direita e por uma alternativa de esquerda – tendo sempre o socialismo no horizonte. E também nesse aspecto, é importante sublinhar o papel do PCP e dos militantes comunistas na luta de todos os dias, procurando mobilizar os trabalhadores, as populações, os agricultores, as mulheres, os estudantes, para a intervenção na defesa dos seus interesses e direitos –
e, através dos seus militantes no movimento sindical unitário, conseguindo levar por diante importantes jornadas de luta como as que se realizaram no decorrer deste ano; e, através da sua força organizada, erguendo importantes iniciativas partidárias, como as Marchas «Liberdade e Democracia» e «Protesto, Confiança e Luta»; e, através da acção do seu grande colectivo partidário, conseguindo superar com êxito o pesado desafio que foi o recente ciclo eleitoral – um êxito tanto mais assinalável quanto se trata de eleições realizadas neste faz-de-conta-democrático de que vive a democracia burguesa, em que a vitória de um dos partidos do sistema está sempre previamente assegurada – e em que, quando eles pensam que podem perder, decidem que não há eleições para ninguém, como fizeram com a proibição da realização de referendos sobre o Tratado Porreiro, pá.
Passado este intenso período eleitoral, coloca-se-nos a necessidade imperiosa e urgente de reforçar o Partido – reforçá-lo nos planos interventivo, orgânico e ideológico, levando por diante, colectivamente, as orientações e linhas de trabalho que, colectivamente, definimos no nosso XVIII Congresso.
(…) O tempo é de luta, de luta por objectivos a curto e médio prazo, mas não só: é uma luta que, no seu dia-a-dia, deverá ter sempre presente e incorporar nos seus objectivos o objectivo maior do Partido: a construção no nosso País de uma sociedade socialista.
O momento que vivemos, camaradas, é difícil, muito difícil, quer no plano internacional quer no plano nacional – e a raiz essencial destas dificuldades situa-se na profunda alteração da correlação de forças ocorrida na sequência do desaparecimento da União Soviética e da comunidade socialista do Leste da Europa. Mas é um facto que, ao longo destes quase vinte anos, temos vindo a superar muitas das dificuldades existentes; é um facto que, no túnel aparentemente sem qualquer sinal de luz ao fundo que se seguiu a essa tragédia, começaram entretanto a surgir sinais de luz, que o mesmo é dizer sinais de luta, de confiança, de convicção – sinais que trazem consigo os valores e os ideais da Revolução de Outubro e, por isso, são sinais de futuro.

Ideais vivos e actuais

Em todo o mundo, milhões de pessoas prosseguem, hoje, a luta por esses valores e ideais; uma luta que se desenrola em múltiplas frentes e com múltiplos objectivos, mas na qual está sempre presente o sonho milenar de uma sociedade livre, justa, pacífica, solidária e fraterna; uma luta sem dúvida travada em condições muito mais difíceis e complexas do que as existentes quando os trabalhadores e os povos tinham na solidariedade e no apoio da União Soviética um aliado permanente, e quando o imperialismo não dispunha da força e da impunidade de que hoje dispõe – mas, por tudo isso e por isso mesmo, uma luta para travar com a consciência plena dessas dificuldades e, em simultâneo, com a convicção própria de quem sabe que está a bater-se pela mais bela, pela mais justa, pela mais humana de todas as causas.
Todos os dias a vida nos dá exemplos concretos não apenas da necessidade de prosseguir a luta anti-imperialista, mas da possibilidade real de suster a ofensiva do imperialismo e de, em muitos casos, a derrotar e dar novos passos em frente. Confirmam-no, nomeadamente, a situação e os resultados das lutas dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo (…) cada uma com as suas características próprias, lembram, todas, que a Revolução de Outubro foi o primeiro grande passo da mais humana e mais progressista experiência alguma vez tentada e que a derrota dessa experiência não foi a derrota dos ideais que a sustentaram, os quais, 92 anos depois, permanecem vivos e actuais – a mostrar, todos os dias, que não é ao capitalismo mas ao comunismo que o futuro pertence. (...)

Os títulos e subtítulos são da responsabilidade da Redacção
Avante 2009.11.12
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Uma realização revolucionária exaltante - Jorge Cordeiro


Jorge Cordeiro na Soeiro Pereira Gomes
Uma realização revolucionária exaltante


Assinalamos hoje a Revolução de Outubro. Fazemo-lo com a mesma atitude de sempre, inabalavelmente vinculados ao ideal comunista e à teoria revolucionária que lhe está associada, tendo presente a experiência e projecto próprios de um partido com 88 anos de vida, profundamente ligado aos trabalhadores e ao povo, que, afirmando e prosseguindo o objectivo mais geral de construção do socialismo, o faz em articulação com a resposta concreta às exigências concretas que a realidade do País impõe.
A Revolução socialista de Outubro de 1917 constituiu a mais importante e exaltante realização revolucionária de transformação social que a história milenar da sociedade humana até hoje conheceu. Realização revolucionária exaltante, porque sobre os escombros de uma estrutura secular baseada na apropriação privada e na exploração, pela primeira vez a classe operária se tornou classe dominante; exaltante porque sob a direcção de Lenine e do Partido Bolchevique, o proletariado russo soube rasgar os limitados horizontes de interpretação do mundo a que gerações de filósofos se tinham dedicado para inscrever na história a decisiva transformação revolucionária da sociedade.
Noventa e dois anos depois, a Revolução de Outubro ficará para sempre marcada pelo seu carácter universal, pela imperiosa correspondência com as exigências do desenvolvimento social, pela inapagável inscrição de uma nova era no processo social – a passagem do capitalismo ao socialismo.
Mas a Revolução de Outubro perdurará também, e para sempre, pelo que projectou à escala planetária de aquisições civilizacionais, de conquistas sociais, de actos de libertação nacional, de experiências de construção de novas sociedades libertas da exploração do homem pelo homem, de perspectiva de um mundo mais seguro e mais pacifico.
É verdade que a construção de uma nova sociedade se revelou mais complexa do que aquilo que seria a legítima aspiração de todos quantos se não conformam com o rasto de injustiças que o capitalismo – desde a sua expressão mais rudimentar à sua fase imperialista – há mais de dois séculos semeia e acentua. Erros e desvios que conduziram em determinadas condições históricas à essência e concepção de um «modelo» que negou princípios e o desenvolvimento da teoria revolucionária do marxismo-leninismo, subverteu a legalidade socialista, afastou a participação dos trabalhadores e afastou-se dos princípios fundamentais do ideal comunista.
Razões que aliadas à pressão externa e a capitulações internas conduziram à sua derrota mas que nem por isso anulam ou apagam o seu significado histórico no processo do desenvolvimento social e a validade do ideal comunista.

Uma luta actual

Não é por temor a erros na construção do socialismo que se explica a cruzada anticomunista que o poder dominante, a social-democracia e as forças mais reaccionárias inscreveram na sua acção. Mas sim pela aguda percepção que esses mesmos têm da actualidade do socialismo, do inegável poder de atracção que o ideal de igualdade, libertação e transformação social de que é portador suscita nos trabalhadores e nos povos do mundo.
A operação de reescrita da história, criminalização do comunismo e resgate do capitalismo que a propósito da queda do muro alguns procuraram erguer acabará derrubada pela prova da falência do capitalismo que a situação do mundo e a sua crise actual revelam.
O capitalismo na sua expressão de hoje não se confirma apenas como civilização das desigualdades. Constitui no presente e para o futuro a mais séria ameaça à sobrevivência de milhões de seres humanos, de nações e da própria humanidade. A nova ordem mundial, oferecida pelo capitalismo na sua fase actual, mais não tem para oferecer à humanidade do que a imensa pobreza, mais exploração, a delapidação dos recursos naturais, a guerra e a instabilidade mundial.
Com desaparecimento da União Soviética e do sistema socialista o mundo está hoje mais perigoso, desigual e injusto.
Mais do que nunca permanecem vivas, actuais e justificadas as razões da luta por transformações radicais visando a superação do capitalismo e das suas estruturas políticas e económicas.
A actualidade da luta pela construção de uma sociedade socialista corresponde a uma necessidade objectiva inerente ao próprio desenvolvimento social e ao processo histórico da sociedade humana. O socialismo não é um objectivo idealizado à margem da realidade.
A necessidade do socialismo e as possibilidades de o concretizar radicam nas próprias contradições do modo de produção capitalista, designadamente entre o carácter social da produção e a apropriação privada da riqueza criada e no crescente desfasamento entre o seu desenvolvimento e a satisfação das necessidades humanas, e na acção das classes exploradas, em particular do proletariado e dos seus partidos de classe.
E é justamente por o socialismo ser um projecto inscrito como possibilidade na própria realidade existente, que as propostas e a forma de intervenção prática dos comunistas resultam da consideração do movimento histórico real.

O Partido do socialismo

A mensagem presente na expressão É com o PCP que podem contar, presente nas ruas do País, corresponde justamente ao que a actual situação do País reclama. Desde logo para a ruptura e a mudança com a política de direita que há mais de três décadas arrasta o País para o declínio económico, para o agravamento das injustiças, para a liquidação de conquistas sociais e aumento da exploração.
É com o PCP que os trabalhadores e o povo podem contar na defesa dos seus direitos, na reclamação de uma nova política que corrija injustiças e reponha direitos. É com o PCP que os trabalhadores e o povo podem contar para o desenvolvimento da sua luta e reivindicações, essa mesma luta que derrotou a maioria absoluta do PS e que há-de acabar por impor, articulada com o reforço e influência do PCP, a construção de uma alternativa de esquerda que retome os valores de Abril e os caminhos por ele abertos.
O País não está condenado ao retrocesso social e à dependência económica. O Programa de Ruptura, Patriótico e de Esquerda que o PCP apresentou ao País prova que há uma outra política e um outro rumo. Um rumo tão mais possível quanto mais forte for o PCP. Quanto mais prosseguirmos na concretização das conclusões do XVIII Congresso, designadamente com a acção geral Avante por um PCP mais forte; quanto mais sólida for a nossa organização, a nossa intervenção política a nossa influência social, em particular junto da classe operária e dos trabalhadores.
Criação e obra da classe operária e dos trabalhadores portugueses, o PCP é inseparável da influência e impacto da Revolução de Outubro. Um Partido enraizado no povo, identificado com as suas aspirações, patriótico e internacionalista, vinculado aos ideais do socialismo e do comunismo, portador de uma identidade e experiência próprias de que não prescinde para a análise da evolução do País e do mundo, com um programa e um projecto de sociedade socialista para Portugal.
É com este Partido, que gerações de comunistas construíram e de que nos orgulhamos, que o povo português conta para a construção de uma vida melhor, num Portugal de progresso. Um objectivo inseparável da luta pela Democracia Avançada que temos inscrita no nosso programa e do objectivo mais geral e decisivo pelo qual lutamos: o da construção de uma sociedade socialista capaz de pôr termo à exploração capitalista e assegurar a abolição efectiva de discriminações, desigualdades e injustiças.

Os títulos e subtítulos são da responsabilidade da Redacção 
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Avante 2009.11.12
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PCP comemora Revolução de Outubro: Prosseguir a luta pelo socialismo


PCP comemora Revolução de Outubro
Prosseguir a luta pelo socialismo


O PCP está a assinalar o 92.º aniversário da grande revolução socialista de Outubro de 1917 com várias iniciativas por todo o País. Momentos ímpares de convívio e reflexão entre comunistas, nestas iniciativas exaltou os valores e realizações da primeira experiência concreta de construção do socialismo e as portas que abriu para a luta dos trabalhadores e dos povos do mundo.

Durante o fim-de-semana, foram dezenas de iniciativas do Partido que, de uma forma ou de outra, assinalaram a Revolução de Outubro. Em acções convocadas expressamente com esse efeito ou aproveitando a realização de diversas reuniões, plenários e convívios, os comunistas não deixaram que ficasse esquecida esta data maior da história da humanidade na sua exaltante caminhada para a efectiva liberdade, justiça e igualdade. Não permitindo que dela ficasse apenas o que os seus detractores inimigos de classe pretendem que fique, sublinharam as suas conquistas históricas e feitos heróicos mas também as terríveis consequências do desaparecimento da União Soviética e das derrotas do socialismo no Leste da Europa.
Avanços e derrotas que provam que o socialismo é não só necessário como possível e que representa a única alternativa ao capitalismo e às dramáticas consequências que lhe são inerentes. Este ano, como nos anteriores, os comunistas portugueses assinalaram este aniversário com os olhos bem firmes nos combates do presente e do futuro. Certos de que, com os ensinamentos da experiência de Outubro, será possível rasgar novos horizontes na luta pela construção de uma sociedade livre de todas as formas de exploração e opressão – o socialismo e o comunismo.
Das múltiplas acções realizadas, destacamos duas, pela sua importância: o almoço de segunda-feira na sede nacional do PCP, que contou com a participação de dezenas de funcionários e colaboradores da estrutura central do Partido, e no qual interveio Jorge Cordeiro, membro do Secretariado e da Comissão Política; e o almoço de sábado, na Quinta da Atalaia, promovido pelo Sector do Património, no qual tomou da palavra o director do Avante! e membro do Comité Central José Casanova.
Avante 2009.11.12
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O Muro e a Histeria Reacionária - Rui Paz



 
Histeria reaccionária

Quem neste dias abrir as páginas de um jornal alemão, ouvir uma estação de rádio ou tentar ver um programa de televisão julgará que voltámos aos tempos da guerra-fria. Não é inocente que passados 20 anos o capital se mostre tão agressivo e se lance numa intensa campanha sobre a «queda do muro». Particularmente a burguesia alemã que ao longo da História tem recorrido sistematicamente ao militarismo, ao assassínio de democratas e revolucionários, ao trabalho escravo, inventou a industrialização da morte e o extermínio em massa nas câmaras de gás, pretende agora apresentar os acontecimentos de 1989-1990 que conduziram ao fim do socialismo e da República Democrática Alemã como um processo «revolucionário» ou «libertador» e aproveitar a ocasião para representar a farsa do seu «amor à democracia».

As celebrações da «queda do muro» visam sobretudo camuflar o desastre da chamada «reunificação» da Alemanha que liquidou 30% da produção industrial da RDA, gerou um exército de desempregados, conduziu à emigração de centenas de milhares de pessoas e atirou com 7 milhões para um nível de vida inferior ao limite de pobreza enquanto 25 000 passaram a auferir rendimentos milionários.
Esta gigantesca manobra de diversão e intoxicação ideológica não é separável da gravidade da actual crise do sistema capitalista e dos retrocessos civilizacionais verificados nas últimas décadas. Na Alemanha, o capital monopolista tem razões para estar em pânico. Passados 20 anos, não só a maioria da população do Leste continua a considerar o socialismo superior ao capitalismo, mas cresce também no Ocidente a repulsa pela privatização dos serviços públicos, dos correios e dos transportes enquanto aumenta simultaneamente o apoio à nacionalização dos monopólios da electricidade e do gás numa população saqueada pelo aumento inacreditável dos preços da energia.

A esmagadora maioria dos soldados alemães que morrem no Afeganistão provêm do Leste da Alemanha, onde a miséria colocou à mercê do militarismo a juventude de uma região na qual, ainda há pouco tempo, existia um Estado pacífico contrário a guerras e agressões. Há uns anos, seria impossível imaginar o actual ministro da Defesa em Berlim, o Barão de Guttenberg, considerar o lançamento de bombas sob a população civil afegã como um acto «militarmente adequado».
Lénine explica o carácter retrógrado e opressor do capitalismo na sua fase imperialista salientando que «de classe ascendente e progressista a burguesia transformou-se numa classe reaccionária, decadente, em estado de apodrecimento e interiormente moribunda» (Sob Bandeira Estrangeira, 1915, Berlim, Werke, vol. 21).

Confirmando plenamente esta análise, o responsável pelo departamento de economia do Deutsche Bank, Norberto Walter, afirma que «depois do fim do socialismo na RDA chegou a vez de superar o socialismo no Ocidente», isto é, de liquidar as conquistas democráticas, sociais e civilizacionais obtidas pelos trabalhadores e os povos em duras lutas numa correlação de forças internacional que obrigava o imperialismo a conter a sua agressividade.
Os charlatães da politica como Blair, Schröder e Sócrates.,que têm vindo a seguir a cartilha da «superioridade dos mercados»,estão a ficar desmascarados pela própria realidade. Afinal o «Estado de Direito» dos banqueiros não pode existir sem o saque dos cofres do Estado e as baionetas da NATO. Se, hoje, as ditaduras torcionárias de Salazar, de Franco e dos coronéis gregos ainda existissem teriam certamente enviado os seus emissários a Berlim e num acesso de histeria reaccionária celebrado com Ângela Merkel e os restantes representantes do capital europeu a chamada «queda do muro».

O Muro de Berlim - Ângelo Alves



O Muro de Berlim


A campanha política, ideológica, institucional e mediática em torno dos 20 anos da chamada «queda do muro de Berlim» foi massivamente difundida pelos media e conduzida por uma assinalável «santa aliança» anticomunista entre extrema-direita, direita, social-democracia, ex-comunistas e a chamada «nova esquerda».
As classes dominantes recorrem, mais uma vez, à revisão da história para erigir com estas «comemorações» uma gigantesca farsa que tenta apresentar o acontecimento como uma «revolução», uma vitória do «bem» sobre o «mal», um acto de «libertação», ocultando simultaneamente a História e as reais razões da construção do Muro como as provocações e as acções militares e de espionagem hostis dos EUA, Grã-Bretanha e França contra a RDA e o campo socialista, sinalizadas logo no início do pós-guerra.
Ouvem-se mais uma vez os discursos da liberdade e democracia. Mas aqueles que os pronunciam são os mesmos que esmagam com a força dos seus exércitos a liberdade e a soberania de vários povos; são os mesmos que sequestram e torturam nos mais variados pontos do Mundo; que apoiam e financiam a matança e os crimes em Israel; que apoiam por baixo da mesa os golpistas nas Honduras; que espezinham na Europa a democracia e a vontade expressa dos povos.
Ouvem-se mais uma vez os discursos triunfantes do capitalismo e da derrota definitiva do socialismo. Por isso se oculta o desastre económico e social resultante de duas décadas de introdução do capitalismo no leste europeu. O reconhecimento das conquistas reais do socialismo na RDA (pleno emprego, educação de excelente nível, acesso generalizado à cultura e ao desporto, saúde universal e gratuita, habitação a muito baixo preço, entre várias outras) é assunto tabu, como tabu é o reconhecimento das sucessivas sondagens e estudos realizados na RDA e outros países ex-socialistas em que a maioria do inquiridos considera viver hoje pior que no tempo do Socialismo.
O conteúdo, os protagonistas e o estilo desta campanha mundial diz muito sobre os tempos que vivemos, sobre os objectivos de quem a promove e sobre o seu alvo preferencial: os comunistas e a capacidade dos povos de sonharem, lutarem e concretizarem a real e possível alternativa ao capitalismo e à profunda crise que o corrói – o Socialismo. Mas a correria em que andam os Fukuyamas deste mundo a propósito dos 20 anos da «queda do muro» não é sinal de segurança. É sinal de fraqueza…
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in Avante 2009.11.12
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PCP recusa reescrita da história - Bernardino Soares

Intervenção de Bernardino Soares, na Assembleia da República
PCP recusa reescrita da história      
Quarta, 11 Novembro 2009
20091111.jpgBernardino Soares, na discussão dos votos sobre os 20 anos da destruição do muro de Berlim, referiu que «o afã comemorativo destes dias visa sobretudo o presente e o futuro; visa a luta dos povos contra a natureza agressiva do capitalismo, deseja desmobilizar a esperança e esconder que há alternativa a este sistema.»   .
O triunfalismo comemorativo a que temos assistido nos últimos dias, de que alguns aqui na Assembleia da República também reivindicam o seu quinhão, mais do que o facto histórico que se verificou há 20 anos atrás, visa reescrever a história e tentar decretar, para o presente e para o futuro, a vitória definitiva do sistema capitalista como se do fim da história se tratasse.
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É aliás extraordinário, mas não certamente um acaso, que isso aconteça no momento em que uma gravíssima crise internacional põe a nu as contradições do capitalismo e arrasta os povos para a degradação das suas condições de vida, para o aumento da pobreza e para uma ainda maior exploração dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos.
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É ainda extraordinário e inaceitável que esta gigantesca reescrita da história procure fazer tábua rasa dos contributos do campo socialista em aspectos decisivos do progresso da humanidade no século XX, como são os casos do contributo determinante para a derrota do nazi-fascismo da luta e derrota do colonialismo, do progresso social económico e cultural e dos direitos dos trabalhadores em todo o mundo, da paz e da manutenção de um equilíbrio militar estratégico.
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É aliás significativo que se ignorem importantes consequências das alterações ocorridas há cerca de 20 anos no Leste europeu, como a drástica redução da esperança de vida, a destruição dos sistemas sociais, o desemprego, o aumento exponencial da pobreza, da fome e da marginalidade. Ou como o retrocesso social e nos direitos dos trabalhadores entretanto verificado e em curso, incluindo no nosso país. O Imperialismo norte-americano e o seu pilar na União Europeia crescentemente militarizada encontraram um campo mais liberto para a ingerência, a invasão e o desmembramento de países soberanos. Pela primeira vez desde 1945 a guerra voltou à Europa e um país soberano – a Jugoslávia - foi desmembrado com a participação activa e directa de potências estrangeiras.
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O que foi derrotado não foram os ideais e o projecto comunistas, mas um «modelo» historicamente configurado, que se afastou, e entrou mesmo em contradição com características fundamentais de uma sociedade socialista, sempre proclamadas pelos comunistas, onde são indispensáveis entre outras a democracia política e a liberdade.
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O PCP rejeita por isso o teor dos votos em análise, registando diferenças substanciais entre eles, em especial os que fingem ignorar os muros reais que hoje existem contra a liberdade, a dignidade, que impõem a exploração agravada, ou que suportam a guerra e a ocupação.

O afã comemorativo destes dias visa sobretudo o presente e o futuro; visa a luta dos povos contra a natureza agressiva do capitalismo, deseja desmobilizar a esperança e esconder que há alternativa a este sistema.

Não o conseguiram no passado e não o conseguirão no futuro.
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domingo, novembro 15, 2009

The fall of the Berlin Wall, segundo os Trotsquistas

9 November 2009
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November 9 marks the twentieth anniversary of the fall of the Berlin Wall. Since 1989, pictures of rejoicing people, hugging each other and dancing on top of the Wall after the opening of the border crossing, have been used as symbols for the collapse of the GDR (German Democratic Republic) and the other Stalinist regimes that had come to power in Eastern Europe after the end of the Second World War.
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Numerous celebrations are being held in Germany to mark the event. Thousands of visitors from throughout the country and abroad are expected to attend a “Festival of Freedom” around the Brandenburg Gate in Berlin. Amongst others, French President Nicolas Sarkozy, Russian President Dimitri Medvedev, British Prime Minister Gordon Brown and US Secretary of State Hillary Clinton will take part in the ceremony.
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Popular enthusiasm for the event, however, is limited. According to a recent opinion poll, some 23 percent of eastern Germans consider themselves as losers in German unification. Another 30 percent see improvements in travel, housing and freedom, but consider developments in the area of income, health, social security and social justice to be negative. Only 32 percent assess their economic situation as “good”, compared to 47 percent in 1999.
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The contradiction between official enthusiasm and public discontent speaks volumes about the real significance of the events of November 1989. The efforts of the media to glorify them as the beginning of a new epoch of democracy, freedom and peace grow all the louder the more obvious it becomes that they were nothing of the kind. There are few events in recent history that have been as thoroughly mystified as the end of the GDR.
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The fall of the Wall initiated the end of a dictatorial regime that oppressed any sign of opposition, particularly from workers, employing a host of secret service agents. However, it was replaced not by democracy, but by another dictatorship—the dictatorship of capital. Following the fall of the Wall, the lives of East Germans changed dramatically—without any consultation or democratic participation of the people.
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A total of 14,000 state-owned enterprises were sold, broken up or liquidated by the Treuhandanstalt (Trust Agency), whose leading figures consisted of representatives from western German big business. Some 95 percent of the privatized companies were acquired by owners from outside eastern Germany. Within three years, 71 percent of all employees had either lost or changed their jobs. By 1991, 1.3 million jobs were destroyed and another million disappeared in the following years. The number of workers in productive industries today amounts to a quarter of the number in 1989.
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Large sections of the eastern German population soon lost hope in the future. The declining birth rate is a telling indicator of the social significance of this process. It sank from 199,000 newborn children in 1989 to 79,000 in 1994.
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The consequences of this industrial and social devastation persist to this day. The total population of the new federal states amounts to 13 million, significantly less than the 14.5 million in the GDR. Twenty years after the fall of the Wall, an average of 140 eastern Germans still migrate to western Germany each day.
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For years, the unemployment rate hovered around 20 percent. Only in the last five years has it dropped to the current 12 percent. However, this reduction stems not from the creation of new regular jobs, but from the spread of low-wage and part-time jobs. Every second employee in eastern Germany works under the low-wage threshold of €9.20 per hour. The average gross wage is €13.50 per hour, far below the western German level of €17.20.
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The demand for “open elections”—at the heart of the demonstrations against the GDR regime in the autumn of 1989—has given way to disappointment about bourgeois democracy. During the last federal elections, just over 60 percent went to the polls in eastern Germany. In state and municipal ballots, the turnout was even lower.
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Another myth about the autumn of 1989 is that the people overthrew the regime of the SED (the Stalinist Socialist Unity Party of the former GDR) in a “peaceful revolution”.
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The mass demonstrations that spread through the whole country in the two months prior to the fall of the Wall did contribute to the rapid collapse of the GDR. But the decisive impulse came from elsewhere. The demonstrators were knocking down an open door. As the first of the “Monday demonstrations” moved through Leipzig on September 4, the end of the GDR had already been sealed.
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The decision was taken in Moscow, where Mikhail Gorbachev had risen to head the Soviet Union in 1985. As part of “Perestroika”, he had set the course for the restoration of capitalism. He was looking for the support of the Western powers, and severed ties with the eastern European “brother” nations by giving absolute priority to Soviet economic interests and demanding world market prices for Soviet exports.
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This drove the GDR—critically reliant on energy supplies from the Soviet Union—to the brink of bankruptcy. Under the pressure of financial problems on the one hand and a disaffected population on the other, the SED turned to the West German government, on whose financial loans it had long relied.
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Günter Mittag, responsible for the GDR economy for many years, later admitted to Spiegel magazine that he knew as early as 1987 that “the game was up”. And Hans Modrow, the last SED prime minister of the GDR from November 1989 to March 1990, later wrote in his memoirs that he had considered “the course towards a unified Germany to be irreversibly necessary” and “had decisively taken that course”.
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Contrary to official mythology, the initiative to introduce capitalism into the Soviet Union, Eastern Europe and the GDR came from the ruling Soviet bureaucracy itself. This privileged caste had usurped power in the Soviet Union in the 1920s by displacing, suppressing and finally physically exterminating the Marxist opposition.
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After the Second World War, this bureaucracy extended its rule into Eastern Europe, with the acquiescence of Moscow’s Western allies. It suppressed every independent movement of the working class—as on June 17, 1953, when it crushed the workers’ revolt in the GDR.
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The Stalinist bureaucracy based its rule on the property relations established by the October Revolution in 1917. But it did so like a parasite that drains and finally destroys its host. By suppressing all forms of workers’ democracy, it strangled the creative potential of social ownership. On an international level, it and the Communist parties under its sway stifled every revolutionary movement. After the Second World War, it became a crucial pillar of the status quo, stabilising capitalist rule on a global scale.
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This condition could not last forever. Leon Trotsky, leader of the Left Opposition against Stalinism, had already in 1938 posed the alternative futures of the Soviet Union. In the founding program of the Fourth International, he wrote, “Either the bureaucracy, becoming ever more the organ of the world bourgeoisie in the workers’ state, will overthrow the new forms of property and plunge the country back into capitalism, or the working class will crush the bureaucracy and open the way to socialism”.
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Fundamental changes in the world economy, appearing in the early 1980s, sharpened the contradictions in the Stalinist countries to the breaking point. The globalisation of production, together with the introduction of computers and new communications technologies, left the nationally based economies of these countries far behind.
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Signs of imminent social rebellion increased, especially with the rise of the Solidarity movement in Poland. As Trotsky had predicted, the bureaucracy reacted by overturning the new forms of property relations and throwing the country back into capitalism. This is the significance of Gorbachev’s rise to power. It also sealed the fate of the Stalinist regimes in Eastern Europe that owed their power exclusively to Moscow.
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The demonstrators, marching through the towns and cities of the GDR in late 1989, were unaware of this context. They were venting their pent-up rage towards the ruling bureaucracy and a feeling of economic and political impasse. The movement originally began as a flight to the West. It was socially heterogeneous and politically confused, and had neither a clearly defined aim, nor an understanding of the social forces it was confronting. It thus lent itself easily to manipulation and exploitation.
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The spokesmen of the protests came from the citizens’ rights movement. They were priests, lawyers and artists whose demands were limited to a reform of, and dialogue with, the existing regime. As soon as the regime made a few initial concessions—replacing Erich Honecker with Egon Krenz and Hans Modrow—they worked closely together with the SED in order to bring the protest movement under control and hand over the initiative to the West German government of Helmut Kohl. First they participated in the "Round Table" talks with the government of Modrow, and then they joined it.
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With its agreement to a monetary union with West Germany in the spring of 1989 the Modrow government sealed the end of the GDR. The introduction of the D Mark was a poisoned chalice. It created access to sorely desired West German consumer goods, but at the same time led to the complete collapse of the East German industrial base. Priced in D-marks, East German products were no longer affordable in Eastern Europe and the Soviet Union, with which the East German economy was closely intertwined, while, due to the lower level of productivity, Eastern products were not competitive in the West.
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There were many workers taking part in the demonstrations in the autumn of 1989, but they lacked any perspective of their own to defend their social gains, which were intrinsically bound up with socialised property in the GDR. They had been cut off completely from the tradition of Marxism and only knew—and despised—its Stalinist perversion.
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Their lack of perspective was itself a product of the decades-long domination of Stalinism, whose greatest crime was the systematic obliteration of the socialist traditions of the working class. Long before the founding of the GDR, Stalin had organised the liquidation of an entire generation of revolutionary Marxists in order to secure his regime.
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Victims of the "Great Terror" of the years 1937/38 were not only the leaders of the October Revolution, but also most of the German communists who had fled to the Soviet Union in order to escape the Nazis. Those who survived were servile bootlickers who had betrayed their own comrades to the Stalinist hangmen. They later constituted the leadership of the SED.
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Only the Trotskyist movement fought against Stalinism from a Marxist standpoint. While the Western media and politicians had access to the people of the GDR, the Trotskyists remained banned and were regarded as public enemy number one until its very end.
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The International Committee of the Fourth International (ICFI) not only fought against Stalinism but also against all those who adapted to it, such as the United Secretariat led by Ernest Mandel, which regarded the emergence of the Stalinist regimes in Eastern Europe as proof of the capacity of Stalinism to play a progressive role. Under the most difficult political conditions, the ICFI defended for decades Trotsky’s standpoint that Stalinism could not be reformed but had to be overthrown by a political revolution.
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In the autumn of 1989 the German section of the ICFI intervened in the GDR in order to provide the mass movement against the SED regime a revolutionary orientation. The Socialist Labour League (Bund Sozialistischer Arbeiter), predecessor organisation to the Socialist Equality Party (Partei für Soziale Gleichheit), was the only organisation to warn of the disastrous results of a restoration of capitalism, without making the slightest concessions to the SED.
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In an appeal distributed on November 4 at a mass demonstration in Berlin, the BSA explained, "Political freedom and democratic rights can be won only through a political revolution in which the working class overthrows the ruling bureaucracy, drives it out of all its posts and establishes independent organs of proletarian power and democracy, workers’ councils, elected by the workers in the factories and neighbourhoods, accountable to them and based solely on their strength and mobilisation."
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At the time, Ernest Mandel travelled personally to East Berlin in order to defend the SED against the critique raised by the Trotskyists of the BSA. His German co-thinkers took part in the Round Table and later in the government led by Hans Modrow. In this way, they played a vital role in cutting off the working class from the tradition of Marxism and setting course for the restoration of capitalism.
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The end of the GDR, the Eastern European regimes and the Soviet Union unleashed a wave of triumphalism within the capitalist class, which it is now trying to revive with the current anniversary celebrations. However, such efforts cannot disguise the fact that capitalism all over the world finds itself in a profound crisis.
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The contradictions between world economy and nation state—between the global character of production that has welded together millions of workers all over the globe in one socially unified process of production, and the division of the world into rival nation states—broke the back of the Stalinist regimes two decades ago. These contradictions, however, also lie behind the growing conflicts between imperialist powers, the escalating wars in Iraq and Afghanistan, the unceasing attacks on the social gains of the working class and the arrogance and greed of the financial elite.
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These contradictions will inevitably lead to the eruption of fierce social conflicts and revolutionary struggles. Workers must prepare politically by drawing the lessons from 1989 and adopting the international socialist program defended by the ICFI against Stalinism.
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Peter Schwarz
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http://www.wsws.org/articles/2009/nov2009/pers-n09.shtml
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