A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
Mostrar mensagens com a etiqueta José Eduardo Moniz. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta José Eduardo Moniz. Mostrar todas as mensagens

domingo, maio 01, 2011

Lodo no Cais - José Eduardo Moniz


Avaliação Contínua

Lodo no cais

Entre uma bica e uma espreitadela rápida aos jornais, chega-me o som da conversa de dois reformados que, na outra ponta do balcão, mastigam o tempo que a vida ainda lhes reserva.
  • 30 Abril 2011
Por:José Eduardo Moniz (jemoniz@cmjornal.pt)


A tónica é o queixume e a tecla da crise ecoa com força. As críticas aos políticos rolam com facilidade e as setas ao Governo, e a Sócrates, em particular, revelam pontaria certeira. A tristeza maior concentra-se no desbaste que as suas pensões sofrem, ao ritmo e à medida das crises cíclicas que empobrecem o País. 
.
O lamento cola-se ao que consideram o desrespeito pelos sacrifícios que marcaram anos e anos de trabalho. Interrogam-se sobre o direito que ao Estado assiste para alterar unilateralmente contratos e não se calam quanto ao facto de lhes ter sido arrancado muito dinheiro em descontos para a Segurança Social, com a promessa de reformas dignas e tranquilas, mas que, agora, sofrem reduções brutais. Esta cena do quotidiano, surpreendida numa pastelaria de esquina, traduz o desânimo, a descrença e a revolta que florescem num ambiente depressivo. A percepção de que Portugal é cada vez menos soberano e que, na prática, vai ser governado a partir do exterior, está a ser progressivamente interiorizada, não se estranhando a angústia que cresce na população e que não se restringe aos velhos, dada a falta de perspectivas que se abrem para as gerações mais novas. 
.
A única coisa que, neste contexto, pode impressionar é o perene alheamento do primeiro-ministro, que cavou activamente a sepultura em que o País se enterra, e do PS. Ambos actuam como se não tivessem sido governo. O programa eleitoral apresentado esta semana é um mimo em matéria de desresponsabilização. Não há objectivamente soluções para dar a volta à situação, na vacuidade de ideias que o documento expressa. A culpa de tudo restringe-se aos outros que deitaram o Governo abaixo. É um disco rachado, a que não falta a estratégia de vitimização que José Sócrates tanto aprecia. A sua ida à TSF, num fórum instrumentalizado pela máquina socialista, só serviu para tentar acentuar esse papel. Os outros, todos os outros, em especial Passos Coelho, são uns malandros que desencadearam uma campanha contra a sua pessoa. É um discurso cansado e gasto que obriga o próprio PS a piruetas. No papel de bombeiro, Francisco Assis surgiu já a valorizar o PSD, por se mostrar disponível para "formular com o Governo uma linha de negociação para a ajuda financeira". 
.
A expressão foi utilizada por Eduardo Catroga na carta enviada ao ministro Silva Pereira em que exige informação real sobre as contas públicas e em que ameaça falar directamente com UE, FMI e BCE. Sem transparência nos números e nas atitudes não se vai, de facto, a lado nenhum. A necessidade de consenso, tão apregoada ultimamente, pode converter-se numa armadilha, se servir apenas para impedir que o lodo se afaste do cais. O reconhecimento e a afirmação das diferenças são sempre preferíveis à paz podre do unanimismo. A hora é de verdade e não de fingimento. Ouçam a voz da rua e perceberão.

sábado, julho 31, 2010

O País dos anjos - segundo José Eduardo Moniz



Avaliação contínua

O País dos anjos

O caso Freeport vai ficar para a História como um exemplo do descrédito em que caiu a Justiça em Portugal.
  • 0h30
Por:José Eduardo Moniz (jemoniz@cmjornal.pt)
.
Querem fazer-nos crer que nada se passou e tudo se resume, afinal, a crimes de tentativa de extorsão e fraude fiscal por parte de dois dos intervenientes no processo. A sensação é a de que ficou quase tudo por apurar e que à volta do primeiro--ministro se ergueu uma teia protectora que o impermeabiliza a tudo. 
.
Por que razão o cidadão José Sócrates não foi ouvido pelo MP e as suas contas objecto de perícias financeiras, como proposto pela PJ de Setúbal? Que circunstâncias ponderosas impediram os magistrados de confrontar Sócrates com as 27 perguntas que constam do documento final como sendo importante fazer-lhe? Ninguém percebe. Defendem-se os magistrados com um despacho do vice-procurador (por sinal, um que até já deveria ter terminado funções por limite de idade mas que se mantém mercê de um decreto-lei repleto de oportunidade) a impor o dia 25 de Julho como data-limite para a conclusão do processo. 
.
Não é aceitável nem admissível tanto atraso, demora, inoperância e inabilidade para seguir o rasto do dinheiro. Tudo é estranho neste dossier e soa a gigantesca protecção a um político, mesmo que, porventura, assim não seja. A verdade é que, se alguém queria pôr fim às suspeitas sobre Sócrates, acabou, tacanhamente, por deixá-lo ficar para sempre acompanhado por elas, como se fossem lapas.
.
Quando não há transparência é o que acontece. Ainda bem que o procurador João Palma, do Sindicato, voltou, desassombradamente, a lembrar que sempre manifestou reservas sobre a gestão e coordenação do DCIAP e não se coibiu de classificar o actual momento como "o de maior crise de sempre" para o Ministério Público. Lá se vai a tese dos que querem vender-nos a ideia de Portugal como o P aís dos anjos... 
.
NADA POR ACASO
Como não acredito muito em coincidências, registo, com um sorriso, o sentido de oportunidade da ERC, ao divulgar a sua análise sobre o que se passou com a morte do ‘Jornal Nacional de Sexta’, da TVI. Claro que o Governo nada teve a ver com o assunto nem pressionou para tal. Que aleivosia!
.
Foram só mesmo os administradores da empresa que decidiram acabar com o noticiário, à revelia do director de Informação. Vá lá, reconhece a servil, obediente e sempre às ordens ERC, tal atitude deveu-se "ao peso e impacto das reacções públicas de crítica" de dirigentes do PS, nomeadamente do primeiro-ministro, com o objectivo de "normalizar as relações com o Governo". Ao menos, um facto se conseguiu apurar: o imaculado dirigente da PRISA e insigne defensor da liberdade do jornalismo Juan Luis Cebrián foi apanhado em flagrante nas actas do Conselho de Administração da Media Capital a exigir que a postura editorial da TVI fosse resolvida, fixando mesmo um prazo para tal. Tudo claro como água, mesmo que não fique preto-no-branco na resolução da Entidade Reguladora...
.
SOLTAS
.
A BEM DO PAÍS
São aos milhares as escolas que este Governo já fechou ou se propõe ainda encerrar. É a ‘batalha da Educação’ ao seu melhor nível, forçando a desertificação de zonas do País, e emoldurada pelo sorriso plástico da ministra. De tanto centralizar e inchar, o ministério ainda acaba por explodir. A bem do País.
.
NÃO CHEGÁMOS À COREIA
Se a Federação não quer continuar com Carlos Queiroz, rescinda o contrato e indemnize-o. É assim que age gente de bem. Não é sério nem digno denegrir a imagem do seleccionador que, por vontade própria, contratou. Soa a estratégia para não pagar... ou pagar menos. Ainda não chegámos à Coreia...
.
ANTÓNIO FEIO
Desapareceu um grande actor e excelente encenador. Tive oportunidade de trabalhar com ele em algumas ocasiões, ainda que poucas. Falar do seu talento, criatividade e capacidade de luta é ser redundante e pouco original. Fica apenas a nota de que é daqueles de quem todos teremos saudades.
.
NOTAS (Escala de 0 a 20)
15 - DOMINGOS PACIÊNCIA
Brilhante o resultado do Braga frente ao Celtic. Passo de gigante no esforço de qualificação para a Champions. Trabalho, mérito, ambição e persistência são as armas para o sucesso.
14 - DAVID CAMERON
Corajoso o seu posicionamento desalinhado em relação a Was-hington, ao sugerir que o Paquistão "promove a exportação do terrorismo". A previsível tempestade diplomática não o inibiu.
8 - AZEREDO LOPES
A ERC já não desilude apenas porque há muito deixou de merecer credibilidade. A decisão sobre o Jornal Nacional de Sexta é um mimo de malabarismo, hipocrisia, servilismo e inutilidade.
6 - PINTO MONTEIRO
Não há volta a dar. Começa a ter lugar cativo na coluna dos negativos. O caso Freeport reforça a inoperância, a confusão, a desconfiança e a crise que se instalaram no Ministério Público.
.
.