A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quinta-feira, agosto 29, 2013

João Cabral Fernandes "A cultura estalinista está presente no BE"



Por Ana Sá Lopes
publicado em 26 Ago 2013 - 05:00

O histórico do PSR afirma que a saída de Louçã foi má para o Bloco, mas a sua gestão de tendências também

Os jardins do Hospital Júlio de Matos foram o local escolhido para a entrevista com o psiquiatra João Cabral Fernandes, fundador em 1973 da LCI, Liga Comunista Internacionalista (formação política que depois daria origem ao PSR, Partido Socialista Revolucionário, que se integrou no Bloco de Esquerda). Ex-director clínico do Júlio de Matos, Cabral Fernandes é hoje um grande crítico dos partidos de esquerda - embora não se tenha passado para a direita e ainda acredite na revolução. Fiel à correlação de forças, votou no "traidor" Sócrates, para não se sentir responsável por colocar a direita no poder. A entrevista é sobre política e psiquiatria.
Como é que o fundador da LCI, que é uma coisa que as pessoas com menos de 45 anos não sabem o que foi, vê o Bloco de Esquerda que é um partido novo mas também herdeiro daquele projecto da Liga Comunista Internacionalista?
O Bloco de Esquerda seria só herdeiro parcialmente, numa tradição de uma prática revolucionária, de uma prática de ruptura social com o sistema. Mas o que eu acho - e isso pode chocar muitas pessoas, mas é a minha visão - é que depois da derrota do 25 de Novembro e do afundamento dos partidos de extrema-esquerda, as direcções de alguns partidos procuraram a unidade a todo o custo e fundaram o Bloco de Esquerda. Poderia ter representado um avanço... Mas o bloco de Esquerda é um saco de gatos. Podia não ter sido, se houvesse uma clarificação das práticas, desde que houvesse democracia interna, prática unitária na acção e nas lutas e uma atitude inteligente para os grandes partidos da esquerda, quer face ao PS quer face ao PCP.
Acha que isso nunca existiu no Bloco?
Havia muitos militantes que tinham essa perspectiva, mas ficaram defraudados porque o Bloco entrou no parlamento e não foi capaz de representar a acção social, a ligação com a acção de massas. Hoje, o Bloco é um partido que aparece às oito horas.
À hora dos telejornais?
Sim. Não tem figuras, nós não conhecemos os dirigentes em vários campos.
Acusou o Bloco de ter uma grande falta de democracia interna. De quem é a culpa disso? Porque é que isso aconteceu, na sua opinião?
Acho que tem a ver com ser difícil manter a democracia interna e os dirigentes da altura procurarem um sucesso fácil, mantendo uma concepção fácil do que é uma vanguarda política. Uma vanguarda política não pode destruir as vozes de quem quer transformar o movimento social.
Mas foi a carismática liderança de Louçã, em conjugação com Luís Fazenda, que provocou isso?
Francisco Louçã era o melhor quadro do Bloco de Esquerda e hoje está reduzido ao papel de comentador. Ele acabou com o PSR, os outros ficaram no parlamento e não vão sair de lá. Estão lá encostados como uma lapa. No último congresso, a lista B teve 23,5% e não estava presente nos órgãos dirigentes fundamentais. O Louçã era o melhor quadro político, com uma força muito grande, e teve de fazer um papel muito ingrato: o papel de um cesarista omnipresente e de um bonapartista omnipresente. Ele era o resultado vectorial de todas aquelas tendências e de todas as coisas ocultas dos partidos que estavam dentro do Bloco de Esquerda. Podemos dizer que foi um grande impulsionador e um quadro que tinha uma grande vivacidade e que mais sabia de política - o quadro político mais antigo - mas também foi em parte um destruidor porque ficou cego com a necessidade de apressar o processo de transformar o Bloco de Esquerda num partido mediático e eleitoralista. O sistema de organização tem impedido o Bloco de ser um partido de militantes. Não quero falar muito da palavra estalinismo. Mas a cultura estalinista está muito presente no Bloco.
Acha? É uma coisa muito violenta...
Depois da descida eleitoral nas eleições de 2011 houve um balanço. Eu fui assistir a uma reunião. E quando o debate se resume a cada pessoa poder falar só três minutos e à meia-noite tinha de acabar porque era esse o contrato que tinham feito com o hotel... Isto é uma rendição ao sistema burguês! Aqui, neste caso, à hotelaria portuguesa (risos). O Bloco não é um partido totalmente livre, é um partido que perdeu aquilo que nos anos 74-75 foi muito exagerada, a discussão política. Na altura discutia-se de mais, agora perdeu-se.
Portanto, acha que no Bloco de Esquerda, antes desta nova direcção, discutia o Francisco Louçã, o Luís Fazenda e o Miguel Portas quando era vivo?
Sim, fundamentalmente. E o Rosas. Acho que a concepção de democracia interna e de independência não existe. A sucessão foi cozinhada nas cúpulas! O não haver um representante da lista B na direcção quotidiana do Bloco é uma infâmia para a democracia interna. O que eu digo é que o Bloco de Esquerda quer ter protagonismo nem que seja à força. A Mariana Mortágua subiu 14 degraus na lista de deputados e foi mais ou menos "cooptada" para substituir Ana Drago.
É o equilíbrio das tendências?
É o equilíbrio das ditas tendências, que não são verdadeiramente tendências. São grupos de aparelhos, e de um aparelho mais geral...
Mas o que está a dizer é que essas tendências no Bloco nem sequer têm a ver com questões ideológicas e com a sua origem multipartidária?
O Bloco de Esquerda fez coisas muito importantes, mas no caso da sucessão e da organização deste congresso não houve discussão. E querer que o Louçã saísse da direcção? Era o melhor quadro! Isso é dramático.
Mas defende que Louçã devia ter ficado na direcção do Bloco?
Claro! Era o melhor quadro! Mesmo que eu lhe faça muitas críticas, é o melhor quadro e é um pensador. E agora está remetido ao papel de comentador.
Mas Louçã não sentiu que também estava a travar a ascensão de outros quadros? No fundo, aquilo que dizia, ele era quase o "dono" do partido...
Não é bem "dono"... Ele funcionava como o ponto vectorial de equilíbrio de todas as tendências. Louçã é um político inteligente, sagaz e o Bloco perdeu. Ele foi recuando, recuando e teve de sair... e esperava que os dirigentes da UDP fizessem o mesmo. Mas o Luís Fazenda não sai.
Um ano antes de morrer, Miguel Portas deu uma entrevista ao i onde defendeu que tinha chegado a hora dos dirigentes que fundaram o Bloco de Esquerda se retirarem de cena...
Achei uma fórmula exagerada. Eles tinham era de deixar de ser protagonistas daquele modelo de trabalho ou daquela concepção de equilíbrio de tendências, que permitisse a emergência de uma nova geração de dirigentes fruto de uma outra sensibilidade... já libertados da ganga do período revolucionário, mas que tivessem uma perspectiva revolucionária. O que é que interessa um partido fazer muitos projectos-lei no parlamento, se o parlamento está bloqueado, se nós não vivemos num Estado de direito?
Porque é que acha que nós não vivemos num Estado de direito?
Por tanta coisa. É tudo aprovado numa Assembleia da República onde os deputados fazem leis especiais para eles e diferentes para o povo. É um Estado de direito esquisito, não é? É evidente que numa sociedade em que foi apagada a possibilidade de uma discussão mais livre e em que as instituições se moldaram ao parlamento, não vejo nenhum interesse em se fazerem muitas leis que não são aprovadas. O Bloco devia-se ter dirigido mais para o movimento de massas, organizado mais iniciativas de protesto, de acção, de unidade.
Acha que o Bloco está apagado nessa área?
Está. E sobretudo está apagado numa coisa fundamental, a unidade da esquerda, a prática unitária.
Recentemente, Mário Soares promoveu uma reunião das esquerdas na Aula Magna e João Semedo, o Bloco de Esquerda, esteve presente.
Mas a prática unitária não é isso. A prática unitária não é fazer um comício onde estão umas figuras. A prática unitária é trabalhar nas diversas frentes para se chegar a compromissos ou acções - mesmo que não haja acordo completo com o PCP, com o PS, com independentes - no sentido de dizer que tem de haver uma mudança na política. Isto é que é a prática unitária. E depois o Bloco às vezes tem umas posições maximalistas. Por exemplo, os cartazes que dizem "Devolvam-nos o que nos foi roubado". Isso é uma palavra de ordem maximalista! Não se deve defender um dia de ajuste de contas porque esse ajuste de contas vai ser muito difícil! Porque a Alemanha ganhou 41 mil milhões de euros, metade do que nos foi emprestado, à custa de uma desigualdade e do funcionamento da União Europeia. Todos os países periféricos estão subordinados a uma lógica capitalista e a União Europeia está subordinada ao capital financeiro. Devemos ser contra a troika, exigir a nossa autonomia e independência, mas isso implica uma discussão ao nível da Europa, o que é difícil, porque o blairismo destruiu a social-democracia, que era parte da esquerda.
Portanto, as palavras de ordem do Bloco e do PCP são inúteis?
A posição tem de ser uma posição mais construtiva, sem ser reformista, mas uma posição que aponta para o caminho das lutas. O Bloco de Esquerda é muito filhinho ainda do PCP... acha que a aliança com o PCP para a saída da troika é fundamental. Ora, nós não temos um movimento de massas de esquerda para estar até à exaustão a apelar a isto. Tem de haver formas unitárias de trabalho e de transformação. Acho que os dirigentes do Bloco ficaram muito iludidos com as vitórias que foram tendo. Quando são aprovadas muitas leis sobre liberdades individuais - homossexualidade, droga, etc. - isso foi porque a social-democracia encontrou essa bandeira para se manter com uma certa figura de esquerda, quando já tinha capitulado pelo blairismo. Não se pode dizer, como o Bloco muitas vezes diz, que foi o partido que mais defendeu isso. Não, o PS defendeu tudo isso como também deputados de outros partidos defenderam. É preciso não ser tão triunfalista nesta questão e ser mais claro. Mas eu penso que o apagamento do Bloco poderia ser corrigido.
O que pensa concretamente da nova liderança do Bloco?
É uma liderança que perdeu força. Mas é difícil, a não ser que fossem um casal de apaixonados, sincronizarem o ritmo de sono e a vida em comum. Eu defendo a figura do secretário-geral. João Semedo é uma figura simpática e agradável, mas não tem o carácter incisivo que tinha o Louçã. Agora, Louçã também era muito acusado de ser muito demagógico e protagonizou o afastamento de muita gente - quem estava em divergência com ele, pertencia quase ao outro lado da barricada.
Portanto, na sua opinião, Louçã concentrava em si o melhor e o pior do Bloco?
Louçã era o melhor e depois, devido ao papel cesarista e de equilíbrio vectorial de todas as forças, foi entrando num jogo palaciano cor-de-rosa que teve consequências muito graves na situação em que o Bloco está agora. Qual é, efectivamente, o programa do Bloco? É um programa revolucionário? É um programa de compromisso? É um programa centrista? Como se faz a unidade da esquerda? O Partido Socialista é de esquerda, embora a sua direcção seja completamente blairista e traidora?
Mas João Semedo também diz que só fará alianças quando o Partido Socialista se chegar à esquerda...
Não é o Partido Socialista que se vai chegar à esquerda. São acções em vários domínios que irão levar que vários militantes e pessoas do Partido Socialista defendam que se tem de mudar de política.
Ainda acredita na revolução?
Acredito.
E como se faz a revolução?
Como se está a fazer no Brasil... Mas é muito complicado. A revolução árabe foi um fiasco. O que está a acontecer no Egipto é dramático. E é porque o regulador de tudo isto é o capital financeiro a nível mundial. E o capital financeiro está maduro para cair mas tem muitos anos de experiência e uma grande capacidade.
Mas não opõe a revolução ao parlamentarismo?
Não! O Bloco devia dividir-se entre uma acção parlamentar, desmascarando todos os actos e propostas, mas não meter a cabeça na areia. E ter outra parte, dirigida autonomamente, que era o movimento de massas.
Mas aí o PCP é melhor...
É melhor, mas não é mais revolucionário que o Bloco de Esquerda. Talvez tenha mais tradição. O PCP não é um partido revolucionário, é um partido de esquerda, como o Partido Socialista também é.
Mas então o que é um partido revolucionário?
É aquele que consegue as transformações sociais adequadas em determinado momento. Acabar com a desigualdade social, onde não existam privilégios e uma casta que se apropriou do poder. O que quer dizer revolução? A retomada da evolução! Esse nome que assusta tanto apenas quer dizer o retomar da evolução. Um revolucionário não é um tipo que põe bombas! É um tipo que retoma a evolução e não pode haver evolução com o sistema capitalista.
Como psiquiatra, como vê o disparo no consumo dos antidepressivos? As pessoas estão mais deprimidas agora do que antes? Inventam depressões? Ou foram os médicos que mudaram?
Uma mistura de tudo isso. Mas sabemos que há mais pessoas deprimidas. Uma pessoa que fica no desemprego, uma família em que vivem três gerações na mesma casa, são situações depressivas. Mas não existem mais doenças mentais, as doenças mentais crónicas têm a mesma percentagem. Os vários tipos de depressões é que não são todas elas situações médicas. Algumas são situações psicológicas, ou sociais ou uma falta de resiliência - há pessoas mais frágeis que podem cair numa situação dessas. Consomem-se mais antidepressivos porque muitas vezes os médicos não têm tempo e são poucos. Eu defendo uma percepção global. O pensamento vem da matéria, uma pessoa que pensa pode mais facilmente ultrapassar as suas crises.
Acha que os psiquiatras abandonaram a parte mais psicoterapeuta para se concentrarem exclusivamente na neurobiologia?
Houve uma deslocação, depende dos países. Eles deixaram de ter a formação que nós dantes tínhamos, uma formação mais humanista, mais global, psicoterapêutica e psiquiátrica. E houve também uma evolução muito importante: as neurociências desenvolveram-se de uma maneira formidável e hoje é possível curar uma depressão em dois ou três meses. Agora, tenho de tratar a depressão de forma a que possa ser capaz de reconstituir a sua mente e a sua vida para não voltar a cair passados uns tantos meses no mesmo ciclo depressivo. Nos exames onde estou, costumo perguntar sempre: "Diga-me o que é a depressão". E dos internos que vão a exame poucos respondem correctamente. Dizem que é uma doença! A depressão não é uma doença!
Não é uma doença?
Só parte da depressão é uma doença. Quem não deprime é má pessoa (risos). Há pessoas que não têm de passar pela experiência da depressão. Mas todos nós, pelo menos uma vez na vida, 30 a 40% ao longo da vida temos de deprimir. A vida é uma sucessão de ganhos e perdas. Tem de haver esse balanço. Até digo que se uma pessoa está em depressão e consegue trabalhar, aí a depressão tem um lado benfazejo. Há uma coisa que se chama a natureza humana. Vejam-se os bipolares, que são pessoas muito ricas, aliás são os dirigentes de nação.
Winston Churchill era bipolar...
Sim, o Churchill, e grandes escritores e intelectuais. A bipolaridade é um problema de desequilíbrio do humor. E esse desequilíbrio do humor vai permitir uma curiosidade e uma necessidade de afirmação maior por parte dessas pessoas. E, de facto, os antidepressivos têm hoje uma qualidade que não tinham há 20 anos, são muito melhores, têm muito menos efeitos secundários. E são os únicos medicamentos energéticos, quando uma pessoa faliu. Em determinadas personalidades, o antidepressivo é preciso. Mas se não for feito um trabalho humano, de apoio, de interacção mental com essa pessoa, ou de uma forma mais elaborada de psicoterapia ou de psicanálise... As psicanálises hoje acabaram. São muito caras, levam muito tempo.
E a psicoterapia também. Há muita gente que afirma precisar de fazer psicoterapia mas não ter dinheiro para isso.
É o que está a acontecer hoje. E a psicoterapia está praticamente remetida para os psicólogos, o que não é mau, mas tem uma desgraça: eles não têm formação médica. Podiam ter internatos, mas não têm. Nós não temos psicólogos nas equipas, ou temos muito poucos.
Mas houve mesmo essa mudança de escola de pensamento que transferiu os psiquiatras da psicoterapia para a receita de substâncias químicas?
Houve uma evolução científica e tecnológica muito grande nos medicamentos. Os primeiros medicamentos para a esquizofrenia e para a doença bipolar sedavam as pessoas e toldavam o pensamento. Nos anos 50, eram vistos como instrumentos de opressão quando eram mal utilizados. Hoje, podem ser instrumentos de liberdade quando podem conter uma pessoa e dar um sentido para a vida dessa pessoa. Agora, o trabalho tem de entrar na categoria da totalidade. A evolução da neurobiologia foi fantástica e nós não a podemos negar. Mas temos de, a par disto, desenvolver os conhecimentos psicológicos e as psicoterapias. Se fosse hoje em dia não faria psicanálise nem grupanálise durante 20 anos como eu fiz! Mas faria alguma psicanálise e recomendo aos meus internos que façam. Tratam-se as pessoas como doenças e não como seres humanos que podem ou não ter doenças. O termo perturbação mental é mais adequado do que doença. Mas a doença bipolar é mesmo uma doença. Mas uma pessoa que tem sucessivas perdas na infância, adolescência, tudo isto é muito complicado. Há uma multicausalidade - é o psíquico, é o orgânico e o social.
Em quem vai votar?
Vou votar na esquerda. Ainda não sei em quem, mas seguramente na esquerda. Mas vou-lhe falar das últimas eleições. Votei no José Sócrates.
Porquê?
Porque não podia estar de acordo que um partido, ainda que tenha cometido muitos erros, com uma direcção traidora e dominada pelas ideias blairistas, pudesse ser substituído pelos senhores que vieram a seguir, mais troikistas que a troika. O voto depende da correlação de forças entre a direita e a esquerda. As pessoas não perceberam que não se pode estar junto da direita...
Então acha que o Bloco e o PCP fizeram mal em derrubar Sócrates?
Claro! Claro! Mantinham a sua posição de princípio, mas não o derrubavam.


terça-feira, julho 30, 2013

Portugal não é a Grécia. Nem o Egipto. Nem a Tunísia. Nem o Brasil. Nem a Turquia.




O governo de Passos Coelho e Portas – e Cavaco -, é provavelmente o governo que enfrentou mais contestação pública desde a constituição da Assembleia da República. Greves gerais, greves sectoriais, manifestações sindicais, manifestações de outros movimentos sociais, manifestações de partidos, concentrações, acções, protestos em plena A.R., esperas públicas, invasão de palestras, tem sido este o variado menu de protesto e de proposta de alternativas de Esquerda. Precisamos de o manter e de o alargar, quer na quantidade quer na qualidade.
A coisa só se dá com união, ponderação e determinação. Têm sido muitos a pedir a união das “esquerdas” – coloquem o PS dentro ou fora disto, conforme vos apeteça ideologicamente – e têm sido muitos a trabalhar para essa desunião, muitas das vezes têm sido os mesmos a fazer as duas coisas em paralelo. A bandeira da unidade é frágil, tem um pano enorme e um pau muito pesado, não se ergue com palavras, segura-se com actos.
A crítica costuma rondar sempre a mesma questão: a CGTP e os partidos da esquerda parlamentar não mantêm as pessoas na rua.
 A CGTP e a esquerda parlamentar têm os seus percursos, as suas ideias, as suas formas de fazer e os seus caminhos. Durante anos – décadas no caso da CGTP e do PCP – deram luta ao fascismo, ao “soarismo”, ao “cavaquismo” e agora ao liberalismo económico. Estas lutas não lhes dão autoridade moral em relação aos mais novos e menos experientes, dão-lhes apenas História e maior organização. Em todos esses anos deram passos em frente e passos atrás, reinventaram-se, bem umas vezes e mal outras. Quem está com eles em muitas das suas reivindicações e ideais mas não concorda com os seus planos de acção só tem uma coisa a fazer: meter as mãos à obra e criar o seu espaço.
É preciso coerência e consequência. Disse a Rita Veloso que os críticos das acções da CGTP e da esquerda parlamentar, «curiosamente, nas suas críticas incluem portentos como “deviam era ter convocado assim, ou mobilizado assado”. Ou seja, censuram, censuram, mas continuam à espera de que os outros tomem a iniciativa. Será porque sozinhos a sua capacidade de mobilização é quase nula? Deveriam talvez interrogar-se sobre as razões pelas quais os outros têm a capacidade de mobilização que têm…» Disse e disse bem.
As pessoas deviam, provavelmente, estar todos os dias na rua como o fazem e fizeram no Egipto, na Tunísia, no Brasil e na Turquia. E porque não ir buscar o exemplo de Ghandi? Ou o exemplo de Simon Bolívar? Ou o exemplo do homem que iventou a roda e que, à sua maneira, revolucionou o Mundo? Mas Portugal é Portugal, com as suas qualidades e defeitos, e com a sua rua muito própria e sui generis.
Também estes países são inimitáveis, pela sua cultura, pelos diferentes problemas vividos pelas suas populações, pela influência da religião nos aspectos políticos, pelos tipos de regime e de organização políticia e social dos seus estados e a diversidade infindável de partidos políticos. Especificando as conquistas que naqueles países foram alcançadas com os protestos diários, e de forma resumidíssima, vemos que:
- no Egipto e na Tunísia caíram duas ditaduras. Neste momento, no Egipto, as ruas já fizeram caír o suposto governo da mudança, substituído por um governo marcadamente liberal e pró-imperialista, que tem chacinado os apoiantes de Morsi. Na Tunísia continuam a assassinar-se líderes da oposição;
- na Turquia conservou-se um parque, mas Erdogan continua no poder e sem sinais de o abandonar;
- no Brasil, e porque no poder está um governo teoricamente mais inclinado à Esquerda e que tem como obrigação mínima ouvir as pessoas, o aumento dos transportes foi parado e algumas medidas exigidas pelas ruas podem vir a ser aplicadas. No entanto continuamos em stand-by, à espera de ver Dilma cumprir o pouco que prometeu.
Tivemos revoluções não concretizadas ou que tardam em concretizar-se, tivemos a manutenção de poderes altamente e violentamente criticados e temos um povo posto na expectativa e com uma rua constante mas cada vez menos ruidosa. Parecem-me pequenas conquistas para tão grandes e contínuos protestos, principalmente quando em nenhum deles se atingiu o mais importante: a melhoria inquestionável das condições de vida das suas populações e a implementação de regimes solidamente democráticos.
Se olharmos para Portugal e para a proporcionalidade das massas nos protestos podemos ficar contentes, porque, apesar de não em continuidade, num só dia, 2 de Março de 2013, mais de 20% da população nas ruas, façam as contas e comparem com os outros. Dezenas de outras manifestações tiveram das maiores participações das últimas décadas.
Se olharmos para a proporcionalidade do resultados obtidos, vemos que eles não são muito diferentes dos alcançados nos outros quatro países. Também a nossa rua teve conquistas, umas maiores que outras, mas não atingiu o objectivo mais importante: a melhoria inquestionável das condições de vida das suas populações e a implementação de um regime solidamente democrático.
Para juntar a esta equação temos o nosso país vizinho, a Espanha. Por nos ser mais próximo geográfica e politicamente, a comparação é mais simples. Uma enorme e longa acampada e as gigantescas manifestações semanais que se lhe seguiram tiveram um efeito: colocar no poder um governo ainda mais autoritário que o anterior. Neste momento, esse mesmo governo, demonstra ser um poço de corrupção que as ruas não estão a conseguir guilhotinar e que é surdo a todas as suas reivindicações.
Parece-me provado que não é a constância ou a inconstância da rua que faz ou não a Revolução, é a força que está por detrás dela, a força da sua união em prol de um objectivo comum e concreto, ou, em alternativa, a força das armas que a querem concretizar. Se viajarmos entre Faro e Bragança, percebemos que a “união nacional”, a nossa, a que quer a Revolução está longe de existir. Em muitos pontos do país há até quem suspire pela “união nacional”, mas a outra, a que quer o regresso ao passado.
O governo continua “alive and kicking”. No parlamento, hoje mesmo, conseguiram ver aprovadas uma série de medidas que pioram drasticamente os direitos laborais dos funcionários públicos e das suas famílias. Continua a ser preciso parar este governo. A única hipótese é dar-lhe luta, enfrentá-lo olhos nos olhos e onde lhe dói mais: na rua, no parlamento, nos locais de trabalho, ou seja, em todo o lado. E a CGTP, hoje, esteve à porta da A.R.
E foram a CGTP e também o Que Se Lixe a Troika os dois grupos que mais chamaram a rua e que a tentaram trazer para o nosso lado, cada um com a sua forma de actuar. A rua possível respondeu sempre e esteve e está com eles. Dê um passo convicto à frente quem acha que a estocada final na besta se dá de outra maneira. Convoquem a rua, tirem a limpo se ela está convosco.
André Albuquerque (roubado aqui)

Serena o ser

crónicas de ser e não ser num sereno ser

http://serenaoser.blogs.sapo.pt/112865.html

domingo, julho 28, 2013

Por qué los partidos portugueses han sobrevivido a la austeridad y los griegos no

eldiario.es



Grecia y Portugal han sido dos de los países más afectados por la crisis de la eurozona, sin embargo, las consecuencias políticas que se derivan de esta crisis han sido radicalmente diferentes en cada país. Mientras que los problemas económicos de Grecia llevaron a los dos principales partidos políticos a perder apoyos entre el electorado, los partidos mayoritarios en Portugal han mantenido su posición. Alexandre Afonso analiza los motivos del comportamiento de dichos partidos, y argumenta que en Portugal unos niveles bajos de clientelismo político y la imposibilidad de echar la culpa de las políticas de austeridad a un sólo partido, explican en cierta medida por qué los partidos portugueses han sobrevivido (por ahora).
Artículo también en inglés en Europp - European Politics and Policy de la LSE
En estos momentos gobernar un país del sur de Europa no es precisamente un trabajo envidiable. Con la disminución de los ingresos fiscales, los altos déficits, el desempleo disparado y un endeudamiento que no para de crecer, cualquier gobierno debe estar preparado para hacer frente a un revés electoral. Las medidas de austeridad han generado un descontento popular que se expresa a través de protestas masivas, huelgas generales, y la ira general contra el poder. Y todo lo que los partidos en el gobierno pueden hacer es tratar de evitar o apaciguar la culpa por haber llevado a cabo medidas impopulares (recortes de gastos y aumentos de impuestos) que se dictan desde el exterior. Este es el caso de Grecia y Portugal, países que fueron rescatados en 2010 y 2011 respectivamente, y que están poniendo en práctica los programas de ajustes “acordados” con la Troika. Las medidas de austeridad en estos dos países, las más drásticas en Europa, han provocado la contracción en su economía. Sin embargo, las consecuencias políticas de dicha austeridad han sido muy distintas.
En Grecia los dos grandes partidos han implosionado. En las elecciones de 2009, Nueva Democracia y PASOK obtuvieron conjuntamente un 77% de los votos. En las elecciones de mayo de 2012, este porcentaje disminuyó hasta el 42%. La formación de centro-izquierda fue la más afectada, quedándose por debajo del 30% y perdiendo dos tercios de sus votos entre 2009 y 2012, mientras que la Nueva Democracia cayó hasta el 18%. Ante la imposibilidad de formar gobierno se volvieron a celebrar elecciones en junio de 2012. Nueva Democracia consiguió sumar once puntos hasta el 29%, pero el PASOK se mantuvo en un discreto 13%, perdiendo otros 8 diputados. Desde entonces el partido mayoritario de izquierda es Syriza.
Partidos_austeridad

En Portugal, en cambio, los partidos mayoritarios han resistido a la crisis. En 2009 el PSD de centro-derecha y el Partido Socialista obtuvieron un 65% del total de votos emitidos. Los socialistas formaron un gobierno de minoría que duró hasta abril de 2011, cuando el PSD se negó a apoyar su cuarto paquete de austeridad y provocó el rescate de la Troika. Tras las elecciones de junio de 2011 los socialistas perdieron pero aún así recibieron un 28% de los votos. El PSD obtuvo el 38% y formó una coalición de gobierno con el CDS-PP. PS y PSD sumaron un 66% del total de votos, es decir, aproximadamente el mismo porcentaje que antes de la crisis. Y los últimos sondeos apuntan que esta cifra no habría variado.
¿Por qué la austeridad ha debilitado a los grandes partidos griegos, especialmente el PASOK, mientras que los partidos portugueses han mantenido niveles similares de apoyo? Es cierto que la crisis está siendo mucho más dramática en Grecia pero esto no parece suficiente para explicar la magnitud de la caída. Existen dos aspectos particularmente importantes: el grado de clientelismo político y la claridad de la responsabilidad.
En primer lugar, los partidos griegos dependen en gran medida de las llamadas “pork-barrel politics” o políticas clientelares para obtener el apoyo de su electorado, por tanto su éxito electoral está vinculado al gasto público. Tanto el PASOK como Nueva Democracia recompensaban a sus partidarios con puestos de trabajo en el sector público, pensiones, y otros beneficios, como una forma de asegurar su apoyo y lealtad. Los análisis comparados indican que el clientelismo político en Grecia era el más extendido de Europa. El problema es que se trata de un sistema que dependía de la disponibilidad de fondos públicos y de los bajos costes de endeudamiento anteriores a la crisis.
Cuando estos costes subieron, a la vez que se implementaban las drásticas medidas de austeridad, los partidos griegos se quedaron sin nada que ofrecer a los votantes. Esto, sumado a que ambos partidos no eran muy distintos ideológicamente hablando, provocó que los votantes les abandonaran por otros partidos que prometían alternativas a las políticas de austeridad. Los partidos portugueses, en cambio, nunca han confiado en prácticas tan extendidas de clientelismo político. Además, una década de lento crecimiento económico y al aumento del déficit después del año 2000, se ocuparon de descartar esta estrategia definitivamente. La austeridad llegó mucho antes que la crisis. Esto puede haber provocado que los partidos portugueses sean más resistentes, en parte porque los votantes sabían que no podían esperar mucho de ellos.
En segundo lugar, sabemos que los “costes” electorales de la austeridad dependen en gran medida de la capacidad para identificar sus responsables. En el caso griego, el PASOK fue el objetivo obvio, ya que gobernaba en solitario en el momento del rescate y no podía compartir la responsabilidad con otros partidos. Tenían mayoría en el Parlamento, y Nueva Democracia se ocupó de culparlos constantemente por las medidas de austeridad. En cambio en Portugal el partido socialista de José Socrates encabezaba un gobierno en minoría que dependía del PSD para implementar las políticas de austeridad. Los recortes de gastos se negociaron efectivamente con el PSD, con lo que es más difícil atribuir la responsabilidad. Además, hay que tener en cuenta que los portugueses tienden a abstenerse en lugar de votar a partidos de protesta, lo cuál también nos ayuda a entender por qué los partidos mayoritarios han sobrevivido.
Después de la crisis política que casi provocó la caída del gobierno actual, el presidente portugués Cavaco Silva ha pedido volver a formar una coalición de "salvación nacional" con los dos grandes partidos. De alguna forma esto es lo que acabaron haciendo Grecia o Italia mediante la formación de gobiernos tecnocráticos o a partir de grandes coaliciones reuniendo todos los partidos. Al final el objetivo es crear un pacto político en el que los participantes se comprometen a evitar culparse entre ellos con el fin de minimizar los costes electorales. Quizás sea una estrategia que no dure mucho tiempo, pero ahora mismo es la única que han encontrado los partidos para sobrevivir a la situación actual.

terça-feira, julho 23, 2013

A realidade da realidade


Serena o ser

crónicas de ser e não ser num sereno ser


TERÇA-FEIRA, 23 DE JULHO DE 2013

A realidade da realidade

Os factos, como nos foram apresentados e noticiados:

- António José Seguro e Paulo Portas estiveram presentes numa reunião do Grupo Bilderberg;
- Vítor Gaspar demitiu-se porque achou que a sua política tinha falhado;
- os mercados assustaram-se, fizeram xixi nas calças e os juros subiram e a bolsa desceu;
- a última assinatura de Vítor Gaspar serviu para  permitir que 90% do dinheiro do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social sirva para pagar o serviço da dívida soberana;
- o ministro quasi-demissionário Pedro Mota Soares, também assinou;
- Paulo Portas demitiu-se porque não queria Maria Luís Albuquerque como Ministra de Estado e das Finanças, seria um acto dissimulado a sua continuação no governo, disse;
- os mercados tiveram medo, fizeram cocó nas calças e os juros subiram e a bolsa desceu;
- José Gomes Ferreira disse que os mercados é que eram os maiores e tinham sempre razão;
- Passos Coelho não aceitou a demissão de Portas e disse que não se demitia;
- os mercados esboçaram um sorriso e os juros desceram e a bolsa subiu;
- José Gomes Ferreira disse que os mercados é que eram os maiores e tinha razão;
- Portas disse que queria ser vice Primeiro-Ministro e que queria mais meninos e meninas do CDS a governar;
- Passos aceitou e deu um grande abraço ao Portas que estava carrancudo;
- os mercados limparam as lágrimas;
- José Gomes Ferreira disse que os mercados é que eram os maiores e tinham sempre razão;
- o Cavaco propôs que PSD, CDS e PS dessem as mãos num grande acordo para salvar o país;
- os patrões acharam bem, e disseram que assim, se calhar, o governo ia ser um nadinha mais fofo;
- o Cavaco disse que se chegassem a acordo até dava um rebuçado e convocava eleições para Junho de 2014, depois de cumprido o memorando;
- PSD, CDS e PS começaram a conversar;
- os mercados esfregaram a barriga de contentes e os juros desceram e a bolsa subiu;
- José Gomes Ferreira disse que os mercados é que eram os maiores e tinham sempre razão;
- pelo meio o PCP quis conversar com a Esquerda e o BE quis conversar com o PS;
- a Esquerda começou a conversar e o PS disse que gostava mais de conversar com o PSD e o CDS;
- durante este tempo os mercados estavam meio baralhados do sistema e os juros e a bolsa andaram na montanha russa;
- "Os Verdes" apresentaram uma moção de censura no parlamento, o PSD e o CDS estavam muito nervosos e o PS estava parvo;
- a moção foi chumbada e o PSD e o CDS estavam mesmo tão nervosos e o PS tão parvo, que chegaram a tirar a máscara por alguns momentos e explanaram toda a sua dificuldade de vivência democrática;
- o PS disse que afinal não havia a mínima hipótese de chegar a acordo com o PSD e o CDS;
- os mercados ficaram com as pernas a tremelicar e os juros só não subiram e a bolsa não desceu porque estavam de fim de semana;
- José Gomes Ferreira disse que os mercados é que eram os maiores e tinham sempre razão;
- os patrões disseram que o PSD, o CDS e o PS eram tontinhos e irresponsáveis porque não se entendiam;
- o Cavaco disse que então nada feito e que o PSD e o CDS afinal não eram assim tão maus e que podiam continuar a fazer as coisas que fazem lá nos gabinetes;
- o Cavaco disse que aquilo das eleições em Junho de 2014 era só para o PS ficar contente e disse para esquecermos lá isso;
- o Cavaco disse que de qualquer das formas ia estar muito atento se o PSD e o CDS voltassem a deixar comida no prato ou a fazer xixi fora do penico;
- os mercados estavam de fim de semana, mas apanharam uma grande bebedeira para comemorar, no dia seguinte os juros desceram e a bolsa subiu;
- José Gomes Ferreira disse que os mercados é que eram os maiores e tinham sempre razão;
- os patrões disseram que pronto, do mal o menos, ia haver estabilidade;
- o PS estava semi-triste, eles queriam eleições mas não queriam assinar o acordo; 
- no meio destas subidas e descidas todas dos juros e da bolsa, quem ficou muito contente foram os senhores do BES, da EDP, da PT, do Banif, da SONAE, da Jerónimo Martins e aquele senhor Américo, o das cortiças, parece que ganharam uns quantos milhões de euros enquanto a coisa ia e vinha; 
- no Grupo Bilderbeg abriram uma garrafa de champanhe e regaram os mercados com ela.

E agora, quem é que ganhou no meio disto tudo? Tirem as vossas conclusões e tratem de agir em conformidade.

P.S. - no fim disto tudo - um bocadinho contente porque os mercados são os maiores e têm sempre razão e tinham ganho outra vez, mas um bocadinho triste porque ainda ninguém tinha despedido 50 mil funcionários públicos - o José Gomes Ferreira ligou ao Camilo Lourenço e disse-lhe que ligasse aos mercados, aos tanques, à bolsa, aos canhões e ao António Borges, ainda não era desta que podíamos esquecer aquela coisa da Democracia. O Camilo disse-lhe que compreendia, mas que estavam confiante que mais cedo ou mais tarde os mercados papavam a Democracia, de vez.

 publicado por swashbuckler às 15:47

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publicado por swashbuckler às 15:47

quinta-feira, julho 18, 2013

Serafim Lobato - SALVAÇÃO NACIONAL NÃO EXISTE SEM ATINGIR OS INTERESSES DO CAPITAL FINANCEIRO

tabanca de Ganturé


erça-feira, 16 de julho de 2013

SALVAÇÃO NACIONAL NÃO EXISTE SEM ATINGIR OS INTERESSES DO CAPITAL FINANCEIRO

1 – Os últimos acontecimentos ocorridos em Portugal, com os pedidos de demissão do todo, aparentemente, poderoso ministro das Finanças Vítor Gaspar, tendo a indigitação da sua sucessão recaído numa personalidade vulgar, a  ser investigada judicialmente, chamada Maria Luís Albuquerque, com uma actividade ligada à especulação financeira, sem qualquer atitude de valor como profissional, seguida de uma rocambolesca demissão “irrevogável”, que deixou de ser, do presidente do CDS, Paulo Portas (por causa, exactamente, da nomeação da dita adjunta para o cargo), bengala da coligação que mantém com o PSD, que, de imediato, volta atrás, subindo na hierarquia do executivo e ficando, em teoria, a controlar a área financeira e económica governamental, apresentam uma interligação interna e externa, que para serem, completamente, compreendidos tem de se analisados com o desenvolvimento económico em Portugal, no geral desde o 25 de Novembro, mas, no particular, em toda a evolução económica do país, desde que Cavaco Silva iniciou a sua ascensão ao poder, como Primeiro-Ministro em 1985.

Quando a semi-revolução, que se seguiu ao golpe de Estado militar de 25 de Abril de 1974, adquiriu alguma pujança, fazendo crer que poderia levar o curso dos acontecimentos para um estádio avançado de revolucionamento social, no entanto, foi destroçada por um contra-golpe militar-politico em 25 de Novembro de 1975.

Todavia, o recuo imediato da acção política nessa época não deu lugar a uma destruição sem freio dos muitos projectos de cariz revolucionário que emergiram num espaço, muito curto, de poucos meses: nacionalizações do sistema bancário, redistribuição da posse da terra, particularmente na região centro e sul do país, relações contratuais de trabalho, entre outras.

Houve, realmente uma reacção a uma acção breve de ruptura, ainda que profunda, pois foi efectuada sobre a força revolucionária popular de meia dúzia de meses, conduzida contra o poder do Capital e contra o poder efectivo dos partidos burgueses que se afirmavam do socialismo e do comunismo.

Houve, portanto, uma derrota, mas o recuo foi efectuado, durante certo período, com uma burguesia no poder, mas ainda sem as alavancas económicas totais.


De tal modo que a Constituição da República Portuguesa de 2 de Abril de 1976, aprovada, portanto, depois do golpe novembrista, se intitulava como Socialista no seu regime e pretendia enquadrar um poder sem classes dominantes.

As lutas políticas interpartidárias, que se seguiram, e , particularmente, a acção concertada entre o PS, de Mário Soares e o PPP/PSD, de Sá Carneiro, teve um objectivo político e ideológico central, para formatar a inflexão económico capitalista, bem como a repressão, empenhada, quer dos soaristas, quer dos sá-carneiristas, especialmente, contra a Reforma Agrária,  de efectuar a transformação jurídico-legal-constitucional do poder de Estado.

E este caminho ainda demorou uns anos. O primeiro processo de revisão constitucional teve um “parto” demorado – entre Abril de 1981 e 30 de Setembro de 1983.

Com o recuo dos movimentos populares, os mais influentes políticos no seu seio, em escalas diferentes é certo, o PCP/APU/CDU, em primeiro lugar, depois o PC (R)/UDP (ambos com representações parlamentares), trouxeram, igualmente, uma inversão grande do seu papel parlamentar, pondo de lado, pelo “adormecimento” da concepção revolucionária de subversão estatal, enquanto os defensores “moderados” que apoiavam o socialismo da Constituição e a sociedade de classe, se transformaram em defensores abertos do capitalismo “democrático”, mudando os seus estatutos e as concepções políticas que antes enalteciam. 

O PS passou o “socialismo” para a gaveta com o inefável salta-pocinhas Mário Soares, e mais tarde, com Vítor Constâncio, então secretário-geral deu aos estatutos “marxistas-leninistas” do PS a nova visão de defesa intransigente do mercado, e Sá Carneio tornou-se no defensor máximo do capitalismo bolsista e especulativo.

(Seguiram-se outras revisões, que ajustaram o poder legista constitucional `a marcha dos acontecimentos capitalistas. Em 1989 teve lugar a 2.ª Revisão Constitucional que deu maior abertura ao sistema económico, nomeadamente pondo termo ao princípio da irreversibilidade das nacionalizações directamente efectuadas após o 11 de Março de 1975.

As revisões posteriores, em 1992 e 1997, vieram adaptar o texto constitucional aos princípios dos Tratados da União Europeia, Maastricht e Amesterdão, consagrando ainda outras alterações referentes, designadamente, à capacidade eleitoral de cidadãos estrangeiros, à possibilidade de criação de círculos uninominais, ao direito de iniciativa legislativa aos cidadãos, reforçando também os poderes legislativos exclusivos da Assembleia da República).

2 – Com a entrada formal de Portugal na Comissão Económica Europeu, a 1 de Janeiro de 1986, e o impulso capitalista rejuvenescido que se deu no Mundo com o ressurgimento de uma nova potência económica chamada União Europeia, com o mínimo de harmonia económico-política, a facção mais rapace e desbragada do capital financeiro que juntava banqueiros sedentos de lucros obtidos da maneira mais rápida e especulativa, a lumpen grande burguesia financeira especulativa juntou banqueiros, grandes capitalistas, grupos de advogados sem escrúpulos, políticos analfabetos e tidos como corruptos, como Almeida Santos, Galvão Teles, Rui Pena, Castro Caldas, José Miguel Júdice, Mota Amaral, Dias Loureiro, Valentim Loureiro, Fernando Nogueira, Oliveira Costa, Mira Amaral,  Arlindo de Carvalho, António Vitorino,  José Lamego, Mário Lino, entre outros, uma chusma de assessores e jornalistas chamados de economia, a hierarquia religiosa católica e os seus asseclas laicos, como Jardim Gonçalves, Teixeira Pinto, Vítor Melícias, Américo Amorim, Belmiro de Azevedo, entre outros, lançou-se ao assalto aos principais centros de poder económico, social, cultural e político.

É, precisamente, com a chegada de Cavaco Silva ao poder político, em 1985, que todas as classes dominantes burguesas se encavalitaram, como fossem uma só, na cravagem das garras na repartição dos lucros escandalosos e gananciosos das mais valias que davam entrada com os chamados dinheiros da CEE.

Com essa ascensão, desapareceu da cena política toda a aparência de um Estado Constitucional, inserto no texto de 1976. 
06278.01435


Os antigos partidos que se diziam revolucionários, PCP/CDU e PCP(R) – convém dizer que o MRPP e o PCP (m-l) foram apêndices do golpe novembrista – e o PS, que procurou dissimular a sua capitulação completa por detrás de um slogan estafado de um “socialismo democrático”, tornaram-se ser inúteis e os “socialistas” foram mesmo cúmplices declarados dessa lúmpen grande burguesia capitalista.

Os governos do PSD cavaquistas intitulavam-se, num auto-elogio degradante de subserviência, os “alunos” cumpridores dos ditames da política do grande capital financeiro, que avassalava já a União Europeia.

Entrando no governo, em 1985, com um apoio parlamentar minoritário, Cavaco Silva colocou em marcha uma política agressiva favorável ao Capital, levando para o Parlamento a arrogância de que pretendia “mudar” Portugal, atacando todos os princípios constitucionais ainda vigentes.  

A sua ascensão à Presidência do PSD foi preparada pela grande burguesia, cujo testa de ferro foi um depravado sexual empresário ignóbil nortenho, chamado Eurico de Melo, e que se veio instalar no poder em luta contra uma coligação PS/PSD, que estava a braços com a aplicação titubeante de uma política de austeridade, imposta, como agora pelo FMI/capital financeiro judeu de Wall Street, e que teve a cumplicidade descarada do então Presidente da República general Ramalho Eanes, também ele emaranhado por mil laços ao capital financeiro e comercial do Norte e à hierarquia da Igreja Católica, via Opus Dei.

Formando um partido (PRD- Partido Renovador Democrático) o falso impoluto Eanes deita abaixo, em Abril de 1987, o governo minoritário de Cavaco Silva, sabendo que toda a camarilha de banqueiros, generais e almirante, empresários da grande imprensa, rádio e televisão, estruturas dirigentes das policiais, e incluindo uma chusma de vendidos antigos militantes políticos pequenos burgueses, ditos revolucionários, reforçavam a ideia de que Cavaco Silva seria o agente transformador da sociedade. 

Deram-lhe as honrarias de homem providencial. 

Levaram os camponeses, destroçados por impostos,a incensá-lo, arregimentaram mesmo uma classe de assalariados, saídos recentemente das fileiras do campesinato, residentes, em amontoados bairros de lata nos subúrbios das grandes cidades.

Nas eleições de Julho de 1987, uma maioria dos portugueses atribui a primeira maioria absoluta a uma força política conservadora não coligada (com 50,2% dos votos para o PSD), que se havia de repetir nas eleições legislativas de 1991. 

Dessas vitórias resultaram, respectivamente, a constituição dos XI e XII Governos Constitucionais, cujo seu chefe colocou em marcha, com rapidez, a política do grande capital financeiro.

Os resquícios da semi-revolução de 1975 foram arrasados, humilhados, destroçados: introduziram-se impostos que beneficiavam à acumulação de Capital, como o IRS e o IRC. 

Privatizou-se, ao desbarato, as grande empresas públicas, revogaram-se as leis laborais e agrárias, deu-se de bandeja as grandes estações de televisão aos seus apaniguados privados. 

Foram lançadas obras faraónicas, como o Centro Cultural de Belém.

Embora se utilizasse uma parte dos dinheiros recebidos da CEE para modernizar estruturas rodoviárias e grandes parques industriais, tudo isto era controlado pela lumpem grande burguesia capitalista especulativa, que dominava os concursos, os preços, a distribuição de cargos públicos, a destruição da indústria, da agricultura e das pescas em detrimento da especulação bolsista, e acentuava, na realidade, uma penúria constante das Finanças do Estado, cujos ganhos e impostos não pagos pelo capital financeiro seguiam para off-shores e outros paraísos fiscais.

A administração do Estado era sugada, sem dó, nem piedade, por esses abutres financeiros, que pediam sempre mais, transformando a sua dívida privada em pública.  

(Entrega de toneladas de ouro do Banco de Portugal a uma empresa norte-americana que terminou na falência, uma operação conduzida por Cavaco Silva e o secretário de Estado Tavares Moreira).

Embora governasse num período de vacas gordas, colocando o Estado numa crescente e evidente da dívida pública ao fim de 10 anos de consulado cavaquista levou-o ao afastamento do poder: Cavaco deixa o governo, em 1995, numa altura que o desemprego começa a subir e se fazem sentir o desequilíbrio já acentuado dos orçamentos de Estados.

Mas o partido sucessor, o PS tornou-se um canino seguidor dessa mesma política. 

O rendimento dos trabalhadores começou a baixar ainda mais acentuadamente, os investimentos estrangeiros, que apostaram no apoio sem fundo do Estado e na mão de obra intensiva, começaram a abandonar o país.

Idênticas facções dominantes da burguesia europeia tomaram conta dos diferentes governos europeus e das suas instituições de poder económico, como o Banco Central Europeu, e político, como a Comissão Europeia e o Conselho Europeu, que unificava toda a estrutura financeira e dirigia a administração já formada supranacional sob os ditames da grande burguesia financeira capitalista financeira, centrada essencialmente na subserviência a Wall Street e à parceria conjunta vaticana e do lobby judeu internacional.

Toda a União Europeia, na sua formulação política e monetária, estava a transformar-se, tal como Portugal, numa descuidada e asfixianteentidade accionista supercapitalista, ligada a Washington e ao Papado Romano que explorava as riquezas construídas ao longo de cerca de 60 anos para dar ligar a um novo tipo de potência económica, que arrecadava cada vez mais lucros, que punham de lado quer o interesse europeu, que, essencialmente, a harmonização da sua indústria, do seu comércio, da sua agricultura, na sua pesca e navegação, desprezando a produção que deveria ter sido orientada para fortalecer os diferentes Estados mais débeis dessa União.

A grande burguesia financeira mundial colocava homens de mão, como Mário Draghi, um servidor desse polvo chamado Goldamn Sachs, a dirigir o BCE, fazendo alastrar a crise a todo o espaço europeu,  destroçando – ou pelo menos atrasando - a unificação política dos Estados, enlameando-os, pelo contrário e deliberadamente, no mundo da corrupção, do saque dos tesouros nacionais, no empobrecimento das classes assalariadas, nas fraudes mais descaradas.

Revertendo salários, impostos e pensões para favorecer o sistema financeiro com uma política de roubo descarado, de ladroagem doentia, chamada austeridade.

3 – Esta política, com nuances menos aberrantes, continuava a ser praticada pelos governos de Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e Sócrates, e no meio do descalabro governamental e financeiro crescente, um homem, que se considerava providencial, chamado Cavaco Silva, preparava, com a chusma de seus antigos ministros, transformados em banqueiros, unidos a velha estirpe bancária, que ia dos Espíritos Santos aos Mellos,  e escritórios de advogados, cujos sócios principais medraram no governo e no aparelho de Estado, desde Rui Pena a Castro Caldas, passando por André Gonçalves Pereira, Júdice e Proença de Carvalho, até José Luís Arnault, Aguiar Branco, para unificar, finalmente, e dar rédeas soltas, à fracção da grande burguesia que já dominava o poder de Estado.

Ascendeu ao poder em Junho de 2006, clamando contra “a década perdida em termos de ganhos de nível de vida”, que atribui, única e exclusivamente à governação do PS. Pedia “um caminho”. 

Com ele, subiu ao poder, preparando a sua estratégia de “pequeno Salazar”, rodeado de rufias seus apaniguados e ex-ministros, encravados na onda lamacenta do dinheiro sujo, que iria governar, sendo Chefe de Estado, garroteando a Constituição e impondo a sua vontade.

Sempre a vociferar, cinicamente, contra a austeridade do “aliado” PS do arco governativo.

Um acontecimento mundial acelerou um descontrolo total sobre a economia, fez aumentar o mal-estar geral das populações, incrementou um descontentamento larvar, com conflitos duros de rua e mesmo das instituições políticas quer na Europa, quer nos Estados Unidos, mas especialmente neste: a falência técnica oficial do grande sistema bancário norte-americano, que a administração norte-americana “esbateu” com uma aceleração forçada de dinheiro – dólar – pondo-o em circulação e remetendo-o para o salvamento do seu sistema financeiro: a crise financeira de 2008 nos EUA.

Propositada e por tabela, o lobby de Wall Street “exportou” essa crise financeira para a Europa, cujos principais bancos e companhias de seguros estavam dependentes do poder de Washington.

Os bancos europeus – e particularmente o sistema financeiro dos chamados países da União Europeia – caiaram na alçada da ameaça latente da finança. 

Portugal foi, justamente, dos mais atingidos. A banca portuguesa descapitalizou-se rapidamente, com os seus responsáveis a colocarem os seus activos em paraísos fiscais e a exigirem, como senhores reais do poder, aos seus executivos governamentais a que aumentassem os impostos, fizessem restrições drásticas nos salários e pensões para “salvar”, em primeiro, lugar as instituições de rapina financeira.

Foi justamente, no início da sua segunda passagem pela Presidência da República que Cavaco Silva, encavalitando-se no descontentamento popular, que mostrou a sua verdadeira face: na sua tomada de posse a 9 de Fevereiro de 2011, fez um violento discurso contra o governo, criticando-o pela má governação – evidente – e sugerindo que deveria ser derrubado.

Ele vai ser o porto seguro do novo governo, entretanto eleito, numa coligação PSD/CDS, cujo lema principal é a recapitalização bancária e o “corte” das gorduras das classes assalariadas e sectores da média burguesia para compensar todo o chamado endividamento do Estado ao sistema bancário.

Cavaco Silva tornou-se, deste modo, a cabeça do polvo que utilizou o défice do Estado como fonte constante de enriquecimento do capitalismo especulador.


Durante estes dois anos, o Chefe de Estado esteve sempre no lado mais radical da aplicação prática e sem qualquer recuo das medidas do Memorando de Entendimento, inclusive das medidas que os seus subordinados no governo ultrapassavam todas as metas do razoável. 

Quando se começa a desmoronar todo o sistema montado, se inicia a degradação humilhante desse executivo, Cavaco Silva não tem pejo em lançar mãos de propostas que ultrapassam a Constituição para a manutenção do “status quo”, sempre na defesa do sistema financeiro da chamada tróica. 

Um governo ou compromisso de "salvação do capital" tutelado ultrapassado tudo o que o sistema judirico-constituição defende, em nome da “salvação nacional”.

A classe dominante, essencialmente de Wall Street e do FMI, assim o exige.

4 – Convém seguir uma trama desta personalidade vulgar, intriguista e cobarde, que se apelida inimiga dos políticos, mas age, com presteza, em defesa do grande capital.

Com as ascensão, em 1985, de Cavaco Silva significou o fim da carreira do velhos sonhos republicanos de avental, ou de uma social-democracia capitalista, que embora já beliscados pela arrogância da AD, de Sá Carneiro ainda se mantinha nas instituições do Estado.

Cavaco foi o começo real da montagem e da caminhada do capital financeiro para o topo do poder de Estado.

Quando é nomeado Presidente do PSD não era nada, mas poderia tornar-se uma personalidade saliente, porque tinha a pretensão de representar os interesses convergentes de diversas classes e extractos de classe da burguesia.

A partir do seu primeiro governo de maioria absoluta tornou-se uma personalidade colectiva para todos os partidos que representavam o capital, desde o financeiro até ao agrário, passando pelo industrial, e ate da pequena burguesia que odiava os “devaneios burgueses” dos socialistas que abocanhavam tudo o que fosse interesse negocial em torno do aparelho de Estado.

A falsa imagem de ícone de Cavaco está a e irá, ainda mais, desvanecer-se quando o vamos ficar a conhecer ao longo dos anos, como informante policial, pequeno burguês agarrado ao dinheiro que faz negócios obscuros, através de homens de mão que foram seus ministros e que medraram em torno da sua figura e lhe dão umas migalhas, homem de pequenos rancores contra os seus pequenos barões, que depois de bolsos cheios, lhe cospem na cara, como Mira Amaral. E outros.

Estamos perante uma figura patética do pequeno burguês que pensava agigantar-se como político e dirigente de Estado, dando a mão ao grande capital, como o faz agora. 

Mas, presentemente, age também, com medo de ser preso, se houver uma mudança de regime, porque se enlameou (ele e a família) em negócios de vão de escada, para arrecadar mais uns cobres para o fim de vida.

5 – Tal como a União Europeia, e em particular Portugal, os governos de cada um do país, especialmente os da zona euro, estão completamente encarcerados pela fracção da grande burguesia financeira, e, esta submissão está ligada à sua míngua de capacidade consentida de financiamento.

Nestes dois últimos anos, de intervenção do FMI e do BCE na política interna de Portugal, mas igualmente de outros países, verificamos que essa míngua cresceu e o desequilíbrio entre as receitas e as despesas do Estado se aprofundaram, porque a distribuição de encargos recaiu sempre sobre os sector assalariados e pensionistas. 

Foram aplicados roubos sem nome, feitos pelo governo, em nome do interesse nacional, simplesmente para pagar os “empréstimos” e juros dos bancos privados, sacados a custo quase zero ao Banco Central Europeu, e “comprados” pelo Estado a juros exorbitantes. 

Os banqueiros estão a pedir sempre mais, a pilhar o dinheiro dos contribuintes em nome de novos “empréstimos”.

Não é possível inverter esta situação, sejam quais forem as cambalhotas, enquanto não se atingir os interesses rapinantes do capital financeiro e sem realizar legislação drástica que obrigue, a bem ou a mal, um redistribuição dos impostos sem os ir buscar ao lado do Capital – dentro e fora do país.



Sem esta capacidade de restabelecer o equilíbrio nas despesas e receitas do Estado, sem atingir o Capital financeiro, o caminho da sociedade será para procurar uma outra via para acabar com este estado de coisas. 

A bem ou a mal.