A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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domingo, abril 08, 2012

Escritor Günter Grass considerado ‘persona non grata’ por Israel



Polémica


08.04.2012 - 15:44 Por Lusa
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Günter Grass escreveu um poema em que adverte que o Estado judaico é uma ameaça para o mundo devido ao seu poderio nuclearGünter Grass escreveu um poema em que adverte que o Estado judaico é uma ameaça para o mundo devido ao seu poderio nuclear (Miguel Manso)
 Israel declarou neste domingo o escritor alemão e Nobel da literatura Günter Grass "persona non grata" devido a um poema que escreveu na semana passada, no qual advertia que o Estado judaico era uma ameaça para o mundo devido ao seu poderio nuclear.
“Os poemas de Grass alimentam as chamas do ódio contra Israel e o povo de Israel, e são uma tentativa de fomentar a ideia que este assumiu publicamente quando vestiu a farda das SS (polícia nazi)”, afirmou hoje o ministro do Interior, Eli Yishai, para justificar esta decisão. 

Um porta-voz do ministro afirmou ao diário Ha’aretz que, de acordo com as leis da imigração e de entrada em Israel, o escritor tinha sido declarado ‘persona non grata’ e, por conseguinte, não será lhe permitido o acesso ao país. 

“Se Grass quer continuar a divulgar a sua criação disforme e enganosa, sugiro-lhe que o faça no Irão, aí encontrará ouvintes”, disse o ministro, numa alusão a uma comparação feita pelo Nobel entre os dois países. 

Já na sexta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamín Netanyahu, reagiu ao poema de Grass e assegurou que “é o Irão, e não Israel, quem representa uma ameaça para a paz mundial”. 

“A vergonhosa comparação que [Günter Grass] fez entre Israel e o Irão, um regime que nega o holocausto e apela para a destruição de Israel, diz muito pouco sobre Israel e muito sobre o próprio Grass”, afirmou então o chefe do Governo israelita, em comunicado. 

O escritor, de 84 anos, denunciou o programa nuclear de Israel num texto intitulado “Was gesagt werden muss” (“O que há para dizer”), publicado simultaneamente pelo diário de referência alemão Süddeutsche Zeitung, pelo espanhol El País, pelo norte-americano The New York Times e pelo italiano La Repubblica

O poema foi conotado de antissemita pela comunidade judaica alemã e por Israel e foi criticado por um vasto leque de políticos alemães. 

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Vladimir Safatle: Chamar de "muro" um muro



9 DE FEVEREIRO DE 2012 - 12H17 


Página Inicial

Recebi a informação de que um jornalista, o senhor João Pereira Coutinho, acusou-me de falar do conflito palestino como um turista que vai a campo e deslumbra-se com o que vê rapidamente. Um "turista ocidental", como diz o referido jornalista com sua impressionante ironia.


No entanto, se este senhor conhecesse ao menos um pouco da imprensa brasileira saberia que escrevo sobre este assunto e sobre questões ligadas à política no mundo árabe há mais de dez anos nos principais jornais do Brasil (Folha, "Valor Econômico", "Correio Braziliense").

Podem-se criticar frontalmente minhas interpretações, mas desqualificá-las como exercício de diletantismo é um expediente fácil de quem sabe apenas se isolar em uma visão de mundo preconcebida e imune a qualquer confrontação com os fatos.

Não por outra razão, suas colocações beiram a comédia involuntária. Primeiro, tenta apagar o muro que Israel levantou na Cisjordânia dizendo que não se trata exatamente de um muro mas de uma: "barreira de segurança".

Ok, talvez em Portugal "muro" deva significar outra coisa. Por isso, gostaria de lembrá-lo que, no Brasil, chamamos de "muro" um muro, o que talvez este senhor não saiba. Este é um exercício saudável que alguns deveriam fazer: chamar as coisas pelos seus nomes.

Por exemplo, ninguém que eu saiba procurou apagar o Muro de Berlim chamando-o de "barreira de segurança de Berlim". Talvez o senhor Coutinho gostasse de iniciar esta modalidade de novilíngua. Bem, a princípio, posso garantir que vi um muro, por sinal muito parecido com o que vi em Berlin quando este ainda existia.

Mas sei que há pessoas que, mesmo diante de um muro, continuarão a dizer que ele não existe. Os psiquiatras costumam chamar isto de "alucinação negativa".

Como se não bastasse, ao falar de sua "barreira de segurança", o senhor Coutinho afirma que ela foi erguida para proteger Israel de ataques terrorista, o que justificaria tudo. De maneira desonesta, ele "esquece" que Israel foi condenado por tribunais internacionais por levantar um Muro que anexava de facto áreas internacionalmente reconhecidas como pertencentes ao futuro Estado da Palestina.

Ou seja, o governo de Israel poderia construir quantas "barreiras de segurança" quisesse, desde que em seu território. O problema não diz respeito apenas a sua segurança, mas também a sua inaceitável conquista territorial.

Depois, este senhor afirma (isto eu tenho que citar na íntegra senão alguns acharão que inventei): "a existência de um estado autônomo e respeitoso das fronteiras de 1967 tem sido sucessivamente proposto pelas lideranças israelenses desde 1967".

Mas, se este é o caso, alguém poderia me explicar por que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse claramente, no próprio Congresso norte-americano sob aplausos dos republicanos, que nunca aceitaria a proposta enunciada por Obama de criar um Estado palestino nas fronteiras de 67?

Por sinal, em minha tosca ingenuidade, quem propõe respeitar as fronteiras de 67, não coloca, como fez o governo de Israel nos últimos vinte anos, centenas de milhares de colonos na área que procura "respeitar".

Se este senhor realmente se interessa pelo conflito palestino sugiro, inclusive, que leia a carta programa do Likud, partido do atual primeiro-ministro.

Lá ele descobrirá que sua carta de 1999 diz com todas as letras : "O governo de Israel rejeita o estabelecimento de um estado árabe palestino a oeste do Rio Jordão". Mas talvez, assim como o Muro que não existe, o senhor Coutinho baterá o pé e dirá que tais palavras nunca foram escritas, que o que vemos diante de nossos olhos é uma ilusão resultante de algum complô maquiavélico de esquerdistas amigos de terroristas e defensores da destruição dos valores ocidentais de liberdade e democracia.

Sobre a questão dos refugiados, creio ter deixado claro que a posição de Arafat na negociação com o antigo primeiro-ministro de Israel Ehud Barak foi, a meu ver, um equívoco. Apenas lembrei que não há nada "perverso" em exigir o reconhecimento de um direito internacionalmente aceito e aplicado em vários outros casos.

Ninguém imagina que 4 milhões de refugiados voltariam, mas nada impedia que uma solução de compromisso fosse encontrada, como absorção de uma parte e compensação financeira para os demais. Se os israelenses tem dúvida a respeito palestino do desejo de negociação, sugiro que recoloquem a mesma proposta na mesa. Vejamos o que acontecerá.

Por fim, da mesma forma como o senhor Coutinho faz questão de não ver certas coisas, ele consegue ver o que não existe. Em momento algum afirmei que "existe um apartheid de facto no interior de Israel entre israelenses e árabes-israelenses". Mas ler atentamente o que se critica talvez seja pedir demais.

Toda esta discussão lamentável apenas demonstra o nível raso do debate que temos sobre um assunto tão importante.

Em momento algum, o jornalista em questão reconheceu minimamente o sofrimento do povo palestino. Para ele, isto não conta, disto nem vale a pena falar. Melhor tratá-los como uma horda de terroristas potenciais que merecem o tratamento que tem. Mostrar indignação com o sofrimento palestino é capitular, deve pensar o referido jornalista.

Como se fosse impossível afirmar, ao mesmo tempo: "não aceitamos ataques terroristas contra o povo israelense" e "não aceitamos a humilhação cotidiana, a destruição moral do povo palestino, assim como a anexação de seu território". Pois se Israel quer se livrar do fantasma do Hamas, nada melhor do que mostrar aos palestinos que a via da diplomacia traz frutos concretos. Que tal começar parando de bloquear o reconhecimento do Estado da Palestina no Conselho de Segurança do ONU?

A criação do Estado de Israel foi uma necessidade histórica inquestionável. Tratava-se de procurar terminar com um dos processos mais vergonhosos de perseguição e destruição ao qual um povo foi submetido (diga-se de passagem, principalmente na Europa esclarecida, com seus pogroms, campos, numerus clausus para a admissão de judeus no sistema escolar).

Hoje, a criação do Estado da Palestina (e não um conjunto medonho de bantustãs) é uma necessidade histórica da mesma ordem. Quem não tem coragem de afirmar isto com todas as letras, mente quando diz preocupar-se com direitos humanos.

Melhor seria se estes aprendessem algo a respeito de juízos universais e incondicionais. Pois há situações inaceitáveis sob quaisquer circunstâncias. Ataques terroristas a população civil é um dos casos. Destruição moral de populações inteiras é outro.

Fonte: Folha.com

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Egito: Uma revolução popular por uma junta militar?

Mundo

Vermelho - 22 de Fevereiro de 2011 - 10h47
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Além da expulsão do tirano Hosny Mubarak do poder, absolutamente nada mais foi decidido no Egito. A única certeza é que a primeira rodada da revolução popular terminou. Mas não existe nenhuma certeza de que não existirão outras rodadas também de queda-de-braço do regime militar com os manifestantes da Praça Tahrir (Liberdade).


Por Anwar Kalil, na Africa News Agency

Se, contudo, a situação evoluir conforme demonstra neste momento, então, o lucro da revolução - a derrubada de Mubarak - deverá se comprovar, totalmente, não correspondente para com a magnitude do caráter popular da revolução.

Vista de forma rigorosamente fria, a situação é a seguinte: até o presente momento o resultado da insurreição foi livrar o povo egípcio do regime de Mubarak e empurrar-lhe - goela abaixo - uma junta militar, composta de pretorianos do regime de Mubarak, felizmente, sem ele.

O exército egípcio era detentor do poder antes, e o exército egípcio continua sendo detentor, também, agora, aliás, com sua feição mais crua, sem parlamento e sem Constituição.

Supõe-se que o mesmo regime que estrangulou a democracia no Egito durante, pelo menos, 40 anos, o mesmo regime conduzirá o país à redemocratização! O esquema é visivelmente estúpido, mas, curiosamente, é também diabólico. É também absolutamente seguro que a percepção sobre democracia dos generais do regime ditatorial e atuais componentes da junta é totalmente diferente daquela do povo rebelde.

Se, então, a junta militar for deixada totalmente livre e desimpedida para definir esta feição e conteúdo da nova democracia egípcia, aquilo que surgirá não terá nenhuma relação com aquilo com que sonharam os heróicos insurgentes da Praça Tahrir e o sacrifício de centenas de mortos terá sido em vão.

Ligado a EUA e Israel

Sequer para salvar as aparências, a junta militar não julgou necessário compor uma governo de unidade nacional constituído de civis, representantes primeiramente dos insurgentes, algumas personalidades e forças da existentes oposição. É absurdo, mas, neste momento, o Egito está sendo governado pelo governo que deixou Mubarak antes de ser derrubado, e agora com poderes ditatoriais.

O ditador do país hoje, marechal-de-campo Mohammed Houssein Tandawi, que desempenhou por 20 longos anos o cargo de ministro da Defesa do regime de Mubarak e antes havia sido chefe dos pretorianos da guarda presidencial, de 1988 até 1991. Trata-se de um elemento de absoluta confiança dos EUA e do Estado de Israel.

A vida se encarregará de mostrar se o exército egípcio buscará eternizar seu poder por intermédio de legalização de partido ou de partidos que manterá sob seu controle. A vida, igualmente, mostrará se o povo do Egito aceitará uma tal evolução rumo às eleições sob o controle absoluto do exército ou se exigirá um governo civil de unidade nacional, a fim de garantir uma mais essencial e mais profunda redemocratização.

O rigorosamente seguro é que as até o presente momento evoluções não criam nenhum risco para a continuação da política externa de submissão do Egito aos EUA e ao Estado de Israel, porque desde que o poder continuar completamente nas mãos do regime militar, nada muda e, nada mudará no Egito.

Medidas superficiais

Obviamente, ninguém poderá saber hoje como evoluirá a marcha da redemocratização do Egito, a qual definirá também a possibilidade de existir, teoricamente, uma coalizão governamental que se harmonizará com a vontade do povo egípcio e que desdenhará o ignominioso acordo de paz do Egito com o Estado de Israel. A ver.

Há também um enigma: como se manifestarão os insurgentes? Fator desconhecido e desestabilizador para cada planejamento relativo às evoluções políticas egípcias é finalmente o como se manifestarão política e eleitoralmente os milhões de egípcios que se rebelaram.

O caráter social da insurgência e a total impossibilidade de revelação de algum vetor de liderança política deixaram sem resposta a seguinte pergunta: poderá alguém ou alguns expressarem politicamente as disposições e as expectativas dos irados egípcios?

Se sim, então no Egito e em todo o Mundo Árabe haverá um terremoto político. Se não, então, essencialmente, nada mudará, além de algumas medidas superficiais de redemocratização, indiferentes para o resto do mundo.

Fonte: Monitor Mercantil

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quinta-feira, fevereiro 10, 2011

El Dominó Árabe

Lunes 7 de febrero de 2011 por CEPRID
PHYLLIS BENNIS
ZNET
Traducido para el CEPRID (www.nodo50.org/ceprid) por María Valdés
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¿Es así como finalizan los imperios, con la gente inundando las calles, exigiendo la dimisión de sus líderes y obligando a los dictadores locales a largarse? Tal vez no del todo, pero la amplitud y profundidad de las protestas, la difusión, la impotencia de los gobiernos apoyados por Estados Unidos para detenerlos, y la rápida disminución de la capacidad de los Estados Unidos para proteger a sus clientes desde hace mucho tiempo son sin duda la muestra de un nivel de fervor revolucionario no era visible en el Oriente Medio desde hace una generación. El legado de los gobiernos dominados por Estados Unidos en la región no será el mismo. El imperio de EE.UU. sobre los países ricos en recursos y estratégicamente vitales de Oriente Medio ha sido sacudido hasta sus cimientos.
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Hay en marcha un efecto dominó en el mundo árabe. Túnez fue la chispa, no sólo porque su levantamiento fue primero, sino porque el pueblo de Túnez ha ganado y huyó del dictador. Egipto sigue siendo para los Estados Unidos el más importante aliado árabe estratégico.
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La caída del dictador respaldado por EE.UU., Hosni Mubarak, quien ha estado en el poder durante más de tres décadas, podría significar el fin de la capacidad de Washington de apoyarse en El Cairo para evitar el nacionalismo árabe y la independencia. También marca el fin del papel de Egipto como colaborador en la ocupación israelí de Palestina. Pase lo que pase, lo más probable, aunque no inevitable, es que nunca más volverá Túnez a ser utilizado como punto de tránsito o Egipto como un "lugar negro" de las prisiones secretas de las agencias de EE.UU. dedicadas a la "rendición extraordinaria" de los detenidos para su interrogatorio y la tortura.
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Indicios del rechazo popular ya están en marcha en el Yemen y Jordania. Las otras monarquías respaldadas por EE.UU. y pseudo-democracias de la región están sintiendo el calor. El imperio de EE.UU. en la región se está desmoronando.
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Puntos de inflexión
Las alianzas de los últimos cincuenta años se rompieron, el viejo orden está terminando. ¿Qué será lo próximo? Como siempre ocurre cuando los procesos revolucionarios entran en erupción, es todavía demasiado pronto para decirlo. Las cosas se mueven lentamente hasta un punto de inflexión súbita, y entonces es demasiado rápida, demasiado brusca para mantenerse al día.
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La amplitud de la participación del pueblo es clave para entender las implicaciones de estos levantamientos.
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En Túnez, participan en las protestas los trabajadores y profesionales de clase media, pero fueron iniciadas por los desempleados privados de sus derechos, sin poder, y con educación. Mohammed Bouazizi, un hombre joven en la empobrecida ciudad de Sidi Bouzid, se prendió fuego en protesta no sólo por el desempleo sino la pobreza, la humillación y la degradación que enfrentó.
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Entre los cientos de miles a través de tunecinos, que marcharon, cantaron, exigieron y obtuvieron la abdicación de su dictador, miles son los jóvenes, hombres y mujeres cuyos títulos universitarios no han proporcionado seguridad, cuyas vidas se vieron limitadas por la falta de puestos de trabajo, la falta de oportunidades y la falta de esperanza.
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En Egipto, la participación fue aún más amplia. Los miles y cientos de miles de personas que llenan las calles, la más famosa la Plaza ocupada de Tahrir (Liberación), incluyen no sólo los más pobres de los tugurios urbanos de Egipto, labradores y campesinos. También se incluyen las clases medias, incluso muchos de los ricos, todos finalmente diciendo que no a la falta de dignidad y libertad en que viven. Su demanda era clara: no sólo la reforma, no sólo nuevas elecciones sino el fin del régimen de Mubarak.
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También es importante reconocer que las demandas en Túnez y más fundamentalmente en Egipto no se ven cerca de cumplirse. No manifiestan una oposición a los Estados Unidos, no hemos visto la quema de la bandera de EE.UU. o las multitudes atacar la embajada de EEUU. Ni siquiera critican los cerca de treinta años que Egipto viene colaborando con la ocupación de [Palestina] por Israel, especialmente su papel en el mantenimiento del sitio de Gaza. Su posición, tal vez el mejor punto, es la unidad política del país. La gente ha sido muy clara - y muy pública en los medios - sobre su conciencia y su indignación hacia el hecho de que los EEUU arme a Mubarak con las mismas armas con las que matan a manifestantes en las calles, esos botes de gas lacrimógeno “Made in USA” de Jonestown (Pensilvania). Pero las demandas de esta movilización se dirigen a cuestiones internas, encaminadas a cambiar la naturaleza de las estructuras de poder del país y su impacto en los ciudadanos. La política exterior va a venir un poco más tarde.
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El alcance del apoyo a la protesta también es crucial. En Túnez, la policía se dividió y muchos se negaron a disparar contra los manifestantes. El ejército en Túnez. A diferencia de Egipto y otros países, ha sido tradicionalmente apolítico, incluso en los niveles superiores, se negó a apoyar a la dictadura y de hecho fue un oficial de alto rango quien se hico eco de la demanda de los manifestantes para la renuncia de Zine el- Abidine Ben Ali.
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En Egipto, los organismos de seguridad y la odiada policía, con el respaldo de Mubarak y el Ministerio del Interior, intentaron reprimir con dureza las protestas pero a pesar de infligir numerosas víctimas, en muchas partes fueron simplemente dominados. Los miliares, por el contrario, en su gran mayoría se negaron a hacer frente al movimiento popular. Si bien el Ejército en su estrato superior es una cohorte privilegiada y estrechamente vinculada con el régimen de Mubarak, está compuesto de reclutas pobres que no estaban dispuestos a usar las armas contra sus conciudadanos. Apenas unos días después de la revuelta, los soldados, conductores de tanques, oficiales proclamaban con orgullo su unidad con el pueblo en las calles y eran recibidos con flores y dulces.
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A pesar de los1.500 millones de dólares o más en la ayuda militar que Washington ha proporcionado a Egipto cada año desde 1979, el gobierno de Mubarak no ha sido capaz de utilizar a los militares en contra de la revuelta popular.
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Los manifestantes en Túnez y Egipto están llamando a profundos cambios elementales en sus sociedades. No se trata de demandas económicas por sí solas, a pesar de terminar con la corrupción y la petición de puestos de trabajo, la educación y la salud. Estos no son sólo cuestiones de los derechos humanos, aunque la liberación de los presos políticos, así como los derechos de reunión y protesta están en el orden del día. Los manifestantes no son principalmente islamistas, aunque poderosos, pero siempre cautelosos los Hermanos Musulmanes de Egipto se unieron a las protestas callejeras el 28 de enero. (No es explícitamente secular tampoco). En Egipto, en especial los jóvenes, expertos en medios sociales y activistas con experiencia en la red, están jugando un papel de liderazgo inusual en la región, aunque recuerda a los jóvenes activistas del primer levantamiento palestino o intifada en 1987. Ellos se han ganado el respeto y la autoridad significativa de los antiguos líderes más experimentados con los que se han unido en una coalición amplia de oposición.
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Estas son movilizaciones para pedir el fin de no sólo décadas sino de generaciones de la dictadura y de una nueva era de la democracia y el poder popular. Están llamando a la democracia participativa y no sólo a nuevas elecciones, lo que hace a la región un conjunto mucho más difícil de controlar para los Estados Unidos.
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Paralelismos con América Latina
Las protestas de Egipto hasta el momento parecen más cerca de la destitución de las personas, como ocurrió con el dictador filipino Ferdinand Marcos en 1986, que ningún precedente internacional. Existen grandes diferencias entre las movilizaciones de Egipto y la movilización de Irán contra el sha de 1978-1979. Allí, las protestas masivas se compusieron principalmente de numerosos competidores, contendientes y movimientos sociales a veces antagónicas divididos en líneas políticas, sectarias y de organización.
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En el plano regional de Oriente Medio, no es algo que tenga un paralelo en los cambios del cono sur de América Latina en la década de 1980, cuando las dictaduras respaldadas por EE.UU. en Brasil, Argentina, Uruguay y otros fueron derribadas. La larga lucha por la democracia fue dirigida por experimentadas coaliciones políticas, coherentes en torno a amplios movimientos sociales progresistas, las federaciones sindicales, y partidos de izquierda que hicieron posible la negociación directa con el poder. A partir de Brasil, con el aumento del Partido de los Trabajadores, estos movimientos sociales lograron por vez primera poner fin a las dictaduras militares, a continuación, tomó la lucha aún más difícil contra los gobiernos civiles que siguen dependiendo de los EE.UU. y siguen apostando por los modelos económicos neoliberales que devastaron las poblaciones pobres e indígenas en todo el continente.
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Esas fuerzas sociales no tienen equivalentes exactos en el mundo árabe, donde años de mayor represión de los movimientos sociales (salvo en las mezquitas) las dejó relativamente menos orgánicamente unificadas. La democracia no se levantó de inmediato cuando las dictaduras militares fueron barridas en el patio trasero de Washington. Pero en ese gran bloque latinoamericano, donde las luchas populares continuaron, los Estados Unidos perdieron el control de esa zona estratégica, donde una vez reinó de manera suprema. Con las variedades de los gobiernos de centro-izquierda, progresistas en general sólidamente en el poder en Brasil, Chile, Argentina, Bolivia, Uruguay, Paraguay, y más allá, el imperio de EE.UU. ha sido debilitado, pero no ha sido derrotado. Tal vez sea un modelo que los movimientos sociales del mundo árabe, ahora aglutinador de todos el tunecino / modelo egipcio, buscan emular.
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La organización y la oposición: Túnez
Los manifestantes que ocupan las calles de Túnez, y la incapacidad / falta de voluntad de la policía y en especial de los militares a recuperar las calles para la dictadura, obligó a la caída del reinado de 23 años de duración Ben Ali, apoyado en su brutalidad y corrupción por EEUU. La oposición en las calles no surgió como un sistema unificado, con jerarquía disciplinada, organizada, sino más bien un poco anárquica, en parte espontánea y coordinada a menudo brillantemente por Twister e impulsada por fuerzas política y geográficamente dispares. Los líderes islamistas de la oposición tunecina, hace mucho tiempo obligados al exilio, parecen estar dispuestos a regresar a sus hogares para unirse a las protestas, pero al igual que sus homólogos egipcios no están tomando el control. Esta no es una revolución religiosa o sectaria.
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Es particularmente interesante que a medida que la oposición saborea su victoria, el único apoyo internacional que pidió no fue financiero o militar o diplomática, si no legal. Le pidieron a la Interpol hacer cumplir una orden de detención internacional para el ex dictador y su familia, así como por delitos contra la nación.
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Así Túnez, contra todos los pronósticos y expectativas, comenzó la trayectoria revolucionaria del Oriente Medio de hoy. Sin embargo, Túnez es un país relativamente pequeño, y ocupa un lugar insignificante en la lista de productores mundiales de petróleo (el 69). Ben Ali ha sido útil a los Estados Unidos (como en permitir vuelos de tránsito para ser interrogar detenidos), pero sin ninguna base militar de EE.UU. porque su valor estratégico era secundario. El presidente Barack Obama podría afirmar que "los Estados Unidos de América está con el pueblo de Túnez", en su discurso del Estado de la Unión.
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Egipto es otra historia. La siguiente frase en el discurso de Obama, que los Estados Unidos también "apoya las aspiraciones democráticas de todas las personas" de repente se convirtió en mucho más complicado.
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La organización y la oposición: Egipto
Si el pueblo de Egipto - con su unidad extraordinaria - logra ganar su llamado para la transformación estructural y no sólo a nuevas elecciones, la democracia participativa real y no sólo la reforma electoral, el más importante aliado de de Washington pronto será un conjunto mucho más difícil de controlar. La jugada de Mubarak, Omar Suleiman como su vice-presidente, provocó aplausos sin duda en la Sala de Situación de Casa Blanca - es un amigo de larga data de los militares de EE.UU. y de los funcionarios israelíes de todos los colores - pero acogido con burla en las calles de El Cairo. Ha sido durante años jefe de inteligencia de Egipto, aunque con un papel internacional principalmente. Él no era conocido por su participación directa en el régimen de los aparatos de represión y tortura, pero es ampliamente despreciado como uno de los más cercanos colaboradores de Mubarak. Su nombramiento no satisfará a nadie para pedir el fin del régimen de Mubarak.
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Por el momento, las calles de Egipto pertenecen a su pueblo. Los momentos icónicos poderosos siguen llegando en bruto y de forma rápida. El viernes, en el gran puente de El Cairo, un transporte blindado se trasladó al puente para obligar a los manifestantes a retirarse. Se movía entre la multitud, lentamente, pero la gente se volvió y se reunieron delante de él, obligándolo a detenerse a menos que el conductor estuviese dispuesto a estrellarse contra la multitud. No estaba, se retiró. A pesar de los resultados completamente diferentes, fue un momento que visualmente evocó la confrontación de 1965 entre la policía estatal y los manifestantes no violentos por los derechos civiles en el Puente Edmund Pettus en Selma, Alabama.
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Las protestas han sido extraordinariamente no violentas e inclusivas. El viernes,cuando los muecines cantaron la llamada desde los minaretes de las mezquitas de El Cairo, miles de manifestantes se alinearon en la calle para decir sus oraciones. Miles más no, estos no fueron las protestas religiosas, y los islamistas estaban simplemente presentes entre la multitud de personas. No estaban ni en las primeras filas ni controlando. En Suez, la estratégica ciudad contigua al Canal, 4.000 policías adicionales fueron enviados para hacer frente a las manifestaciones del viernes, pero no pudieron, con algunos uniéndose a los manifestantes. Una estación de policía, famosa por haber sido ocupada por Israel durante la guerra de 1967, fue el único objetivo de ese día. En Alejandría, la policía se dividió y no pudo recuperar el control de las calles.
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Ha habido saqueos, y la gente en muchos barrios ha respondido mediante la formación de equipos locales de guardia con puestos de control y en algunos casos, tomándose la justicia por la mano. Algunos de los saqueadores han sido capturados con armas, identificados como del gobierno y sin duda hay temor de una posible campaña por el régimen para crear la anarquía, sembrar el temor y el caos como la única. Pero hasta ahora, el valor ha triunfado sobre el miedo.
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Una relación incierta: Egipto e Israel
Una de las grandes incertidumbres es cómo el impacto de la transformación actual afectará a los lazos, orquestados por EEUU, entre Egipto e Israel. El tratado de paz de Camp David en 1979, el primero firmado por un estado árabe con Israel, sigue siendo la pieza central de la doctrina de la seguridad de Israel y el núcleo de la relación de EE.UU. y Egipto. Las autoridades israelíes, no es de extrañar, están aterrorizadas ante la perspectiva del colapso del régimen de Mubarak. Como ex embajador de Israel de Egipto señaló: "Las únicas personas en Egipto que están comprometidos con la paz son las personas del círculo íntimo de Mubarak y si el próximo presidente no es uno de ellos, vamos a estar en problemas".
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Tácitamente reconociendo que la relación de Israel con el gobierno egipcio es posible sólo porque no hay rendición de cuentas democrática en Egipto, el viceprimer ministro, Silvan Shalom, fue más allá, diciendo que "si los regímenes de vecinos del Estado de Israel son reemplazados por sistemas democráticos, la seguridad nacional de Israel de manera significativa se vería amenazada”.
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Sin embargo, dos cosas sobresalen. En primer lugar, las demandas de los manifestantes están mayoritariamente centradas en los problemas internos de Egipto - libertad, derechos humanos, economía – y aglutinadas en la demanda de poner fin a la dictadura de Mubarak. Aunque es cierto que la inmensa mayoría de la gente en las calles no están contentos con las décadas de de colaboración en la ocupación de Israel de Gaza y más allá, esta no es su prioridad. En segundo lugar, es poco probable que cualquier nuevo gobierno que llegue al poder, ya sea provisional o permanente, se encamine hacia una ruptura a gran escala con los Estados Unidos e Israel, como el "desconocimiento" del acuerdo de paz de Camp David. Aparte de todo lo demás, los 1.500 millones de dólares que los EE.UU. ofrecen de ayuda a Egipto cada año se basan en los términos de Camp David. Ningún gobierno egipcio nuevo es probable que renunciase a eso, al menos de inmediato.
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¿Qué es una posibilidad probable para cualquier nuevo gobierno, transitorio o provisional, buscando la credibilidad de su propio pueblo? Sin duda, sería un movimiento inmediato para abrir el paso fronterizo de Rafah entre Egipto y Gaza, lo que permite la libre circulación de personas y mercancías. Que no terminaría, pero neutralizará en gran medida de la ocupación israelí y el asedio de Gaza. Esto permitiría a los estudiantes palestinos llegar a sus escuelas en el extranjero, permitiría a los pacientes buscar tratamiento médico en Egipto o en otros lugares, y permitir que las familias simplemente saliesen del hacinamiento de la diminuta Franja que ha sido una prisión para los 1,5 millones de palestinos que allí por lo menos los últimos cinco años. Sería una gran jugada, que termina el apoyo del Estado árabe y el sustento de las políticas de ocupación de Israel. Hay un peligro, por supuesto, que la respuesta de Israel sería una afirmación de que debido a que Israel está ahora más aislado necesita más ayuda militar y un compromiso de EE.UU. para apoyar una aún más la postura agresiva en la región, tales como un nuevo asalto contra Gaza o Líbano o incluso un ataque contra Irán. Israel probablemente rechazaría cualquier pedido de EEUU de nuevas negociaciones.
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Sin embargo, dado el continuo fracaso de las conversaciones, ya que no está basado en los requisitos de los derechos humanos y del derecho internacional, el fin de la ilusión del "proceso de paz" podría ser una buena cosa. Se requerirá una gran cantidad de la educación y la movilización aquí en los Estados Unidos para mantener lejos a nuestro gobierno de un abrazo de un aún más militarizado Israel. Pero un nuevo Oriente Medio sin por lo menos algunas de las dictaduras respaldadas por EE.UU. en todo el mundo árabe, todavía significa nuevas posibilidades de una paz justa basada en el derecho internacional y los derechos humanos.
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El que está en juego para Washington
La apuesta de los Estados Unidos en el derrocamiento de Mubarak y el aumento de - lo que todos esperamos que sea - una verdadera democracia, un gobierno basado en las personas de una especie totalmente nueva en Egipto, no podría ser mayor. En el pasado, además de la relación con Israel, Estados Unidos necesitaba Egipto, el mayor país árabe, para asegurar que el resto del mundo árabe siguiese siendo un bastión pro-estadounidense. En 1991 los Estados Unidos estaba desesperado por una "coalición árabe" para unirse a su guerra contra Saddam Hussein, por lo que Egipto fue clave. A pesar de la oposición pública masiva, la aprobación de Mubarak llevó a la coalición árabe contra Irak. (Washington perdonó el 50% de la deuda externa de Egipto como gesto por este apoyo).
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La pregunta ahora es ¿qué ha cambiado? ¿Tiene temor Washington todavía a que una verdadera independencia de Egipto sea peligrosa, porque el mantenimiento de los aliados árabes esclavos sigue siendo clave para mantener la hegemonía de EE.UU. en todo el Oriente Medio? Los Estados Unidos tiene bases militares en Egipto, vale la pena Egipto para garantizar su acceso y control efectivo del canal de Suez, y se basa en Egipto para llevar a cabo el interrogatorio por todos los medios necesarios a los detenidos en la llamada "guerra global contra el el terror" ¿Qué podría ser diferente ahora?
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Durante la Guerra Fría, Washington temía que la falta de alineación de Egipto [fue uno de los fundadores del Movimiento de Países no Alineados] realmente significaba que estaba en el campo soviético, la estrategia de EE.UU. fue a sacarlo. En 1956 cuando Israel, Gran Bretaña y Francia atacaron Egipto en una campaña para arrebatarle el control del Canal, los Estados Unidos se pusieron del lado de Egipto para detenerlo, dando una nueva influencia EE.UU. en El Cairo. Pero no fue hasta 1970, cuando el presidente Gamal Abdel Nasser murió y llegó al poder Anwar Sadat que Estados Unidos logró sacar a Egipto totalmente del campo de los nacionalistas árabes y los movimientos no alineados y ponerlo en su propia órbita. Cuando el presidente Jimmy Carter negoció el tratado de Camp David en 1979 con Sadat y el primer ministro israelí Menachem Begin, Egipto fue aislado en todo el mundo árabe. Sadat fue asesinado en 1981 como consecuencia de ello. Mubarak ha estado en el poder desde entonces.
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Otros gobernantes árabes como el rey saudita Abdullah y el rey jordano Abdullah II están en el lado de Mubarak: Abdullah ha "condenado" las protestas, y Abdullah II fue "tranquilizado" en una llamada con Mubarak. Según al-Jazeera, los medios de comunicación oficiales palestinas informaron de que el presidente palestino, Mahmoud Abbas, llamó por teléfono a Mubarak y "reafirmó su solidaridad con Egipto y su compromiso con su seguridad y estabilidad". Traducción: "Egipto" = su régimen, no su pueblo. De hecho el 29 de enero, según Human Rights Watch, la fuerza de Abbas en Ramallah, la policía disolvió una manifestación palestina en solidaridad con Egipto.
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¿La administración de Obama empieza a comprender los límites de la capacidad de Washington para influir, y controlar, en los acontecimientos en el país árabe que durante mucho tiempo ha visto como su aliado más cercano? ¿O se trata, como en 1978, pocos meses antes de que el Shah de Irán fue obligado a salir del poder por un levantamiento popular masivo, cuando Carter brindó por el sha como una "isla de estabilidad" en Oriente Medio?
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Los funcionarios de la administración Obama no han sido sordos. Por lo menos retóricamente, hay un cierto reconocimiento de que este es ya un muy nuevo Oriente Medio. El 26 de enero, el presidente Obama expresó su apoyo a un gobierno que responda a las aspiraciones del pueblo egipcio. La secretaria de Estado Hillary Clinton reconoció que el nombramiento de un vice-presidente y nuevo primer ministro no fue suficiente para responder a las preocupaciones de su pueblo. Eso es importante - la defensa del régimen de Mubarak y su versión de "estabilidad" ya no es el único tema sobre la mesa de EEUU. Pero sin embargo no lo están haciendo muy bien todavía. El portavoz de Clinton, PJ Crowley, admitió que el gobierno estaba "viendo" la ayuda militar concedida a Egipto todos los años, pero no dijo que Washington estuviese dispuesto a cortarla. Tanto Obama como Clinton están haciendo hincapié en la necesidad de una "ordenada" transición - y dado que el actual levantamiento popular en las calles no plantea eso lo de ordenada suena muy parecido a este gobierno no está aceptando esta transición en sus propios términos.
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Clinton declaró explícitamente que Estados Unidos no ayudaría a reformas que no lleven a la democracia. Y en una clara referencia a la Hermandad Musulmana, dijo que Washington no favorece una transición donde eche raíces una nueva forma de opresión. Una se pregunta, si Obama y Clinton piensan realmente que EEUU todavía tiene el poder, y mucho menos la derecha, para decidir lo que es una transición lo suficientemente "ordenada". ¿Es realmente Washington el que tiene que elegir el tipo específico de democracia o de fuerzas que que pudieran ser admitidas a participar en un gobierno de transición post-Mubarak?
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La esperanza
Ciertamente, todas estas consideraciones pueden cambiar rápidamente. La aparición de una oferta específica de negociaciones por el frente amplio de oposición conocido como la Coalición Nacional para el Cambio, liderada por el ex jefe de la Atómica OIEA y premio Nobel, Mohamed ElBaradei, podría significar un cambio en la posición de Washington. Si el gobierno de Obama deja claro que se trata de poner fin al apoyo financiero para Mubarak, y que da la bienvenida a las negociaciones como base para una verdadera solución de la crisis, los debates de urgencia podría tener lugar de inmediato entre el régimen de Mubarak y la oposición que podría llevar rápidamente a Mubarak y sus principales funcionarios a dimitir y una transición a un gobierno interino.
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Por supuesto que tal medida podría tener lugar de cualquier manera sin la aprobación de EEUU. Pero en un momento en que parece haber por lo menos un mínimo de reconocimiento en la Casa Blanca acerca de la profundidad de este mar de cambios en Medio Oriente, tal vez no es demasiado esperar que el gobierno de Obama tratará de moverse con la historia, y no en contra. La presión está en marcha. La oposición de Egipto ha llamado a una huelga general el lunes, 31 de enero y el martes, 1 de febrero para una "protesta de los millones".
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EE.UU. se enfrenta a un desafío estratégico en el Medio Oriente más allá incluso de lo que muchos estrategas de la Casa Blanca y del Pentágono reconocen. Los años en los que Washington tenía la última palabra en la región basada en las exigencias del petróleo, Israel y una versión de "estabilidad" han quedado definitivamente atrás. Una posibilidad es que los EE.UU. simplemente pierdan, una pieza más del imperio que se desmorona. Al igual que en América Latina, donde las dictaduras militares respaldadas por EE.UU. dieron origen a las versiones civiles con respaldo de Washington mientras continuó apoyando a los militares pero finalmente perdió el poder ante unos movimientos sociales organizados exigiendo mucho cambios más fundamentales, los EE.UU. sólo podría perder influencia en el Oriente Medio.
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Hay, sin embargo, otra posibilidad, a través del cual EE.UU. - no Washington, sino el pueblo de los Estados Unidos - en realidad podría ganar una mayor influencia, mayor seguridad real y mayor estatura en el mundo. Para ello sería necesario algo más que una "nueva estrategia en Oriente Medio." Eso significaría cambiar la misma definición de "estrategia" e "intereses estratégicos" que ha dado forma a la política exterior de los EE.UU. durante generaciones. Si la administración Obama adoptase un enfoque totalmente diferente, basado en un compromiso real con la igualdad global y el internacionalismo, un serio compromiso con el derecho internacional y el respeto de otras naciones, una nueva comprensión de los derechos de las personas, no sólo los gobiernos, para determinar su propio futuro, imagínense lo que sería una "nueva estrategia para Oriente Medio". El imperio de EE.UU. se derrumba en el Oriente Medio.
Los verdaderos intereses del pueblo de los Estados Unidos no tienen por qué hacerlo.
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Ya Washington ha perdido una gran parte de su poder e influencia en la región. Pero como mi colega y experto regional Joshua Landis, señaló, “mientras Bush habló de democracia y promovió la guerra civil y las dictaduras, tal vez Obama sea recordado como el presidente de los EEUU que dejó caer a los dictadores y apostó por la democracia”. Esa no sería una mala herencia.
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Phyllis Bennis es miembro del Instituto de Estudios Políticos de EEUU.
Nota del CEPRID: este artículo fue escrito el día 30 de enero. La rapidez con que se producen los acontecimientos hace que algunas partes se hayan quedado algo desfasadas, pero el análisis global que hace no pierde valor alguno.

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sábado, novembro 20, 2010

Israel - Terrorismo de Estado

  • Rui Paz

É chocante a falta de vergonha com que este filme imperialista se desenrola diariamente
O terror israelita
O governo israelita decidiu construir mais 1300 fogos em Jerusalém Oriental, num colonato judaico que já contém 800 habitações ilegais. Estes colonatos estão a ser construídos em solo palestiniano ocupado desde 1967. São actos provocatórios completamente arbitrários onde um Estado, protegido, financiado e armado pelos Estados Unidos e pelos seus aliados europeus, comete os maiores crimes, expropria, deporta e sequestra impunemente populações inteiras. 
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As grandes potências da NATO cujos chefes se reúnem amanhã em Lisboa contemplam num silêncio cúmplice os crimes da maior potência militar e nuclear do Médio Oriente como se isso fosse a coisa mais natural deste mundo. 
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De facto, qualquer Estado que apoie activamente a causa do povo palestiniano vê automaticamente apontado contra si o espectro da sua total destruição. A política de terrorismo de Estado que Israel pratica contra o povo palestiniano e os povos vizinhos como o Libanês é semelhante àquela que a aliança militar tem vindo a praticar nos Balcãs, no Iraque ou no Afeganistão.

É chocante a falta de vergonha com que este filme imperialista se desenrola diariamente diante dos nossos olhos e como a ditadura étnico-religiosa israelita alastra impunemente na Palestina com os atentados à livre circulação da população dos territórios árabes; a humilhação da multiplicação dos pontos de controlo com horas e dias de espera; a expropriação e roubo das melhores terras aráveis e dos melhores reservatórios de água palestinianos; o emparedar de um povo inteiro condenado a viver numa prisão gigantesca; os ataques contra a autoridade palestiniana em Ramallah e a prisão de ministros e deputados eleitos pelo povo; a intensificação do bombardeamento e genocídio da população civil, como aconteceu ainda recentemente em Gaza com a operação Chumbo Fundido; o recurso à pirataria marítima para impedir a ajuda e solidariedade internacionais contra o embargo criminoso e desumano; o assassínio de funcionários palestinianos em Estados Árabes utilizando documentos falsos obtidos em estados membros da NATO sem receio de quaisquer consequências.

Só quem estiver cego face à realidade poderá acreditar que o actual regime de Telavive alguma vez desejará a paz e o respeito pelos direitos soberanos do povo palestiniano. Desde 1948 que Israel é o agressor e procura por todos os meios - e em primeiro lugar pelo terror - impedir a proclamação de um Estado Palestiniano. 
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A doutrina que vem sendo sistematicamente seguida por Israel foi formulada claramente pelo primeiro-ministro Menachem Begin: «nunca reconheceremos a partilha. “Eretz Israel” será recuperado pelo povo israelita na sua totalidade e para sempre»1. As potências imperialistas com os Estados Unidos à frente enganam descaradamente o mundo e o povo palestiniano quando fazem piedosas declarações contra a construção dos colonatos. O seu objectivo é juntamente com o regime israelita fazer desaparecer progressivamente do mapa a Palestina para ficarem com as mãos livres para se apoderarem do petróleo do Médio Oriente e impor os seus planos de domínio geoestratégico da região.

Lutar pelo fim do terror israelita, pelo direito de regresso dos exilados e pelos direitos do povo palestiniano ao seu Estado soberano, nas fronteiras anteriores a 1967 com a capital em Jerusalém Oriental é uma questão vital para a paz mundial.
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1 (Noam Chomsky. «A ferida aberta. Israel, os palestinianos e a política dos EUA» – 2003 Hamburgo)
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Avante 2010 11 18
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sábado, outubro 23, 2010

Israel inicia construção de 600 casas em território palestino

Mundo

Vermelho - 21 de Outubro de 2010 - 11h57

O governo sionista começou a construção de mais de 600 casas em território palestino ocupado da Cisjordânia desde que encerrou — no dia 27 de setembro — a moratória parcial dos assentamentos na região. O recomeço das obras é visto por parte da comunidade internacional como um grande obstáculo para a paz na região.

De acordo com Hagit Ofran, encarregada de acompanhar o avanço das colônias judaicas na ONG israelense Shalom Achshav (paz agora), a construção "avança rapidamente".

“Está quatro vezes mais rápido do que antes da moratória, porque durante dez meses não puderam construir muito e agora estão tratando de fazer o máximo possível”.

Segundo Hagit, existem outras 13 mil unidades habitacionais que já contam com todas as licenças necessárias do governo israelense para a construção. Os colonos aceleraram as obras diante do temor de que, se o processo de paz com os palestinos for reativado, o governo de Benyamin Netanyahu anuncie nova ordem de interrupção temporária das obras.

No último dia 15, o Ministério de Habitação israelense voltou a ser criticado na esfera internacional após convocar um concurso público para a construção de 238 imóveis para judeus em duas colonias em Jerusalém Oriental, território palestino ocupado desde 1967.

A direção da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) têm afirmado que só irão retomar as negociações de paz com Israel quando este cessar a instalação de colônias em seu território, postura que conta com o apoio da Liga Árabe.


Da redação com agências

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sexta-feira, setembro 10, 2010

Niko Schvarz: A única verdadeira vitória é conquistar a paz


Mundo

Vermelho - 8 de Setembro de 2010 - 6h00

O discurso de Fidel Castro na sexta-feira passada (3 de setembro) na escadaria da Universidade na qual ingressou há 65 anos merece ser difundia por toda a parte como uma contribuição efetiva à paz mundial, para criar consciência universal sobre a necessidade de mobilizar-se para alertar sobre o gravíssimo perigo de uma guerra nuclear.


Por Niko Schvarz*

Há pouco o mundo recordou também os 65 anos do holocausto de Hiroshima e Nagasaki (o maior e mais desnecessário crime de guerra da história) e agora a situação se reproduz, agravada. E mais ainda: entramos na contagem regressiva. Com efeito: a data para começar a aplicar as sanções decretadas pela maioria do Conselho de Segurança contra o Irã (com o rechaço do Brasil e da Turquia e a abstenção do Líbano) seria o dia 9 de setembro, ou inclusive o dia 7 segundo outra versão; e a tentativa de inspecionar os navios que cheguem ao Irã, o que este país rejeita,poderia ser a chispa de um incêndio nuclear de imprevisível extensão.

O líder cubano, cuja voz adquiriu ressonância universal nestes meses por sua prédica persistente a favor da paz, recordou suas origens na Universidade, valorizou a obra da revolução cubana (na qual se entrelaçou a luta pela libertação nacional com o esforço tenaz dos trabalhadores por sua libertação social) e se concentrou de cheio no objetivo de preservar a paz mundial. Em suas palavras: “A pretensão de domínio econômico e militar dos primeiros em utilizar esses aterradores instrumentos de destruição e morte (em Hiroshima e Nagasaki conduziram a humanidade à possibilidade real de perecer que hoje ela enfrenta. O problema dos povos hoje em dia é impedir que tal tragédia ocorra”.

Como prova da crescente consciência que se vai gerando em torno desse tema crucial, citou uma das centenas de mensagens por ele recebidas, na qual uma análise justa da atual situação crítica se condensa na frase que adotei para o título deste artigo: “A única verdadeira vitória é conquistar a paz”. Que se complementa com esta outra, que modificando uma difundida e contraditória divisa, expressa: “Se queres a paz, prepara-te para mudar tua consciência”.

Como vem fazendo ao longo destes três meses, Fidel Castro analisa de forma minuciosa todas as informações e novos elementos de juízo que confirmam sua tese do aumentado perigo de guerra nuclear. Entre eles, um artigo publicado nos últimos dias por George Friedman, diretor executivo do prestigioso centro Stradford, que conta com antigos analistas da CIA entre seus colaboradores, assinala: “Uma nova onda de vazamentos sobre um ataque contra os objetivos nucleares do Irã que Israel está preparando junto com os Estados Unidos desta vez parece ter um fundamento real". (Recordamos por nossa parte – Veja-se a nota de 9 de agosto sob o título “Ex-oficiais da CIA advertem que Israel planeja bombardear o Irã” – que ex-oficiais dos serviços secretos agrupados no “Veteran Profesionals for Sanity” (VPS) notificaram Obama através de memorando que o governo de Netanyahu projetava um ataque surpresa ao Irã em data próxima, com a ideia de obrigar os EUA a proporcionar um apoio total de seu exército à campanha militar).

Voltando à análise de Friedman, este adverte que outra grave consequênc ia de um ataque contra o Irã seria que este país bloquearia o Estreito de Ormuz, entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, o que levaria ao colapso 45% do fornecimento mundial de petróleo, fazendo com que disparasse seu preço e dificultando a recuperação da economia mundial depois da recessão. 
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Cita-se também uma opinião de Tony Blair, formulada na terça-feira da semana passada, 1º de setembro, em entrevista à BBC por ocasião da apresentação do seu livro de Memórias, no sentido de que a comunidade internacional poderia não ter outra alternativa do que a opção militar se o Irã desenvolver armas nucleares (do que o estão acusando falsamente, mas seria o pretexto para a agressão).

Em tal caso, deve considerar-se que há no mundo cerca de 25 mil armas nucleares, sem contar as armas convencionais em enorme proporção. UM ataque desse tipo já se produziu em 1981 contra um centro de pesquisa nuclear iraquiano e o mesmo se fez em 2007 contra um centro de pesquisas sírio, ainda que este último, por misteriosas razões nunca foi publicitado. A conclusão de Fidel é a seguinte: “Não abrigo a menor dúvida de que a capacidade de resposta convencional do Irã provocaria uma guerra feroz, cujo controle escaparia das mãos das partes beligerantes e a mesma se tornaria irremediavelmente um conflito nuclear global”.

Consigna-se também uma recente opinião do ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que (apesar de que seu país votou as sanções contra o Irã no Conselho de Segurança) afirmou que as mesmas não levarão a nenhum lugar e que o problema iraniano não deve ser resolvido por nenhum método de força.

A opinião da Rússia não pode ser ignorada, estima Fidel. Também entra em cena a China, já que de acordo com um recente despacho noticioso examinado, a União Europeia, através de sua responsável de política externa, Catherine Ashton, está pressionando a China para que suas empresas não ocupem o lugar deixado por outras companhias que abandonaram o Irã devido às sanções.

O que se deve reter particularmente é o chamamento final de Fidel Castro a intensificar a ação pela paz na medida em que nos aproximamos da data que pode se tornar fatídica. Faltam muito poucos dias. Seu chamamento se dirige aos estudantes universitários, mas na realidade vale para qualquer pessoa honesta, como ele as chama, em qualquer lugar do mundo: “Exorto-os a não deixar de batalhar nessa direção de luta pela paz. Nesta, como em muitas lutas do passado, é possível vencer”.

*Jornalista e escritor uruguaio, membro da direção da Frente Ampla e do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo
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Publicado no jornal La República em 5 de setembro de 2010. 
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sábado, setembro 04, 2010

Nova biografia revela que Simon Wiesenthal trabalhava para a Mossad

Sobrevivente do Holocausto dedicou a vida à perseguição de nazis

03.09.2010 - 21:47 Por Rita Siza
Uma nova biografia de Simon Wiesenthal, o mítico sobrevivente do Holocausto que dedicou toda a vida à perseguição e exposição de criminosos de guerra nazis, revela que as suas diligências foram financiadas pela Mossad, e demonstra que os esforços da agência israelita de serviços secretos para capturar figuras ligadas ao Terceiro Reich foram bem mais longe do que se pensava.
A Mossad atribuíra o nome de código “Teocrata” a Wiesenthal  
A Mossad atribuíra o nome de código “Teocrata” a Wiesenthal (Heinz-Peter Bader/Reuters)


O livro, intitulado Wiesenthal – The Life and Legends, da autoria do historiador e colunista israelita Tom Segev, assenta em mais de 300 mil documentos do arquivo pessoal e profissional depositados no Centro de Documentação Judaico criado por Wiesenthal em Viena, para caracterizar a missão a que ele dedicou toda a sua vida.

“É uma revelação surpreendente no contexto da narrativa da sua história pessoal, porque Wiesenthal sempre foi visto como um solitário, como alguém que lutou sozinho contra tudo e contra todos, contra todas as probabilidades e até contra as autoridades e leis locais”, considera o autor da obra.

Salário de 300 dólares

Simon Wiesenthal, que nasceu em 1908 na actual Ucrânia, foi prisioneiro em cinco campos de concentração nazis. No final da guerra, começou a reunir provas das atrocidades cometidas pelos nazis para a secção de crimes de guerra do Exército dos Estados Unidos.

O resto da sua vida foi passado à procura de criminosos nazis – o seu trabalho levou à prisão de mais de mil intervenientes no Holocausto.

Tom Segev provou agora que a ligação de Wiesenthal aos serviços secretos israelitas remonta aos primeiros anos de actividade do seu escritório em Viena: a Mossad ajudou-o a montar o gabinete e passou a enviar-lhe um salário mensal de 300 dólares pelas suas informações.

O rabi Marvin Hier, fundador do Centro Simon Wiesenthal de Los Angeles, disse à agência Associated Press que o próprio Wiesenthal lhe tinha confessado ter em tempos colaborado com a Mossad, sem dar contudo a ideia de que essa colaboração tinha sido formal e remunerada.

Conforme se lê na biografia, Wiesenthal começou a trabalhar com os serviços secretos israelitas logo em 1948, um ano antes da constituição oficial da Mossad. O sobrevivente do Holocausto engendrou uma operação com o então “departamento de Estado” do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel para capturar Adolf Eichmann, conhecido como “o arquitecto do Holocausto”, na localidade austríaca de Altaussee, onde acreditava que ele iria celebrar a passagem de ano com a sua mulher e filhos.

Eichmann não apareceu, mas Wiesenthal nunca desistiu de o procurar. Também nunca mais deixou de fornecer informações à Mossad: em 1953 informou a polícia secreta que Eichmann estava fugido na Argentina. No entanto, só em 1960 é que os serviços operacionais decidiram montar uma nova missão de captura daquele dirigente nazi, que foi detido no dia 21 de Março.

Durante a década de 70, Wiesenthal, a quem a Mossad atribuíra o nome de código “Teocrata”, forneceu informação extensiva não só sobre os paradeiros de oficiais nazis (cuja detenção e acusação sempre foi a sua prioridade), mas também da génese de vários grupos neonazis que ameaçavam comunidades judaicas na Europa. Também denunciou uma série de cientistas alemães que trabalhavam no programa militar do Egipto.
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domingo, agosto 29, 2010

Fidel: A opinião de um expert sobre um ataque de Israel ao Irã


América Latina

Vermelho - 29 de Agosto de 2010 - 9h11

Se me perguntassem quem é o maior conhecedor do pensamento israelense, eu responderia sem vacilar que é Jeffrey Goldberg. Incansável jornalista, capaz de reunir-se dezenas de vezes para indagar sobre o pensamento de um líder ou um intelectual israelense.

Por Fidel Castro, em Cuba Debate

Não é neutro, é pró-israelense sem vacilação alguna. Quando algum deles não está de acordo com a política desse país tampoco o é com meios termos. Para meu objetivo, o que interessa é conhecer o pensamento que guia os principais líderes políticos e militares desse Estado.

Sinto-me com autoridade para opinar, porque nunca fui anti-judeu e compartilho com ele um profundo ódio ao nazi-fascismo e pelo genocídio cometido contra crianças, mulheres e homens, jovens ou anciãos judeus, contra os quais Hitler, a Gestapo e os nazistas saciaram seu ódio contra este povo.

Pela mesma razão abomino os crimes do governo fascista de Netanyahu, que assassina crianças, mulheres e homens, jovenes e velhos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Em seu ilustrado artigo "O ponto depois do qual não há retorno”, que será publicado na revista The Atlantic, em setembro de 2010, já conhecido através da Internet, Jeffrey Goldberg inicia seu trabalho de mais de 40 páginas do qual extraio as ideias essenciales para conhecimento dos leitores.

"É possível que em algum momento durante os próximos doze meses a imposição de sanções econômicas devastadoras contra a República Islâmica do Irã convença seus líderes a abandonar os esforços para obter armas nucleares. [...] É possível também que as ‘operações de frustração’ levadas a cabo pelos organismos de inteligência de Israel, Estados Unidos, Grã Bretanha e outras potências ocidentais [...] cheguem a desacelerar em alguma medida considerável o avanço do Irã. Tambem pode ser que o presidente Obama, que declarou em bastantes ocasiões que considera a perspectiva de un Irã nuclear como algo ‘inaceitável’, ordene um golpe militar contra as principais instalações de armamentos e enriquecimento de urânio do país."

"Ao analisar a plausibilidade e as possíveis conseqüências de um golpe israelense contra o Irã, não me dedico a um exercício mental nem a um jogo de guerra de um homem.. Israel já atacou e destruiu com êxito em duas ocasiões o programa nuclear de um inimigo. Em 1981, os aviões de guerra israelenses bombardearam o reator iraquiano de Osirak e contiveram (para sempre, como ocorreu) as ambições nucleares de Saddam Hussein; e em 2007 os aviões israelenses destruíram um reator de fabricação norte-coreana na Siria. Portanto, um ataque contra o Irã seria algo sem precedentes apenas quanto ao alcance e à complexidade."

"Por mais de sete anos tenho estudado a possibilidade de que finalmente se produza esse golpe [...] Nos meses transcorridos desde então (março de 2009), entrevistei cerca de 40 pessoas israelenses capazes de tomar decisão atuais e anteriores sobre um ataque militar, assim como entrevistei muitos funcionários estadunidenses e árabes. Na maioría dessas entrevistas formulei uma pergunta simples: quais são as possibilidades percentuais de que Israel ataque o programa nuclear iraniano no futuro próximo? Nem todos responderam esta pergunta, mas houve um consenso de que há possibilidades acima de 50% de que Israel lance um ataque em julho próximo. [...] pus à prova o consenso falando com muitas fontes tanto dentro como fora do governo e pertencentes a distintos partidos políticos. Depois de mencionar a sensibilidade extraordinária do tema, muitos falaram somente entre dentes e com a condição de que seus nomes não fossem revelados [...] O raciocínio apresentado por dois israelenses que tomam decisões não foi complicado: o Irã necessita no máximo de um a três anos para obter capacidade nuclear real. [...] E o elemento mais essencial da doutrina de segurança nacional israelense, um princípio que data da década de 1960 [...] é que não se deve permitir a nenhum adversário regional alcançar a paridade nuclear com o estado judeu renascido e ainda assediado."

"Em nossa conversação antes de sua posse, Netanyahu não abordou o tema em termos da paridade nuclear [...] Pelo contrário, definiu o programa iraniano como uma ameaça não só para Israel mas para toda a civilização ocidental."

“‘... Quando o crente de olhos fora da órbita toma as rédeas do poder e as armas de morte em massa, então o mundo deve começar a preocupar-se e isso é o que está acontecendo no Irã’”.

"Em nossa conversação, Netanyahu se negou a analisar seu cronograma para a ação, nem sequer se pensava na ação militar preventiva contra o programa nuclear iraniano. [...] A convicção de Netanyahu é que o Irã não só é o problema de Israel, mas que é também o problema do mundo, que, encabeçado pelos Estados Unidos, tem o dever de enfrentá-lo. Mas Netanyahu não tem muita fé nas sanções, não nas sanções relativamente débeis contra o Irã aprovadas recentemente pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas nem nas mais fortes impostas pelos Estados Unidos e seus aliados europeus."

"Mas, segundo minhas conversações com os israelenses que decidem, este período de paciência, durante o qual Netanyahu espera para ver se os métodos não militares do Ocidente podem deter o Irã, terminará em dezembro deste ano."

“O governo de Netanyahu já intensifica seus esforços analíticos não só com respeito ao Irã, mas também no tocante a um tema que para os israelenses é muito difícil compreender: o presidente Obama. Os israelenses se esmeram em responder o que constitui a pergunta mais aguda para eles: existem quaisquer circunstâncias em que o presidente Obama deslocaria forças para impedir que o Irã adquira capacidade nuclear? Tudo depende da resposta”.

"O Irã exige a atenção urgente de toda a comunidade internacional e a dos Estados Unidos em particular, devido à sua habilidade sem igual para projetar força militar. Esta é também a posição de muitos líderes árabes moderados. Há algumas semanas, em declarações incomumente diretas, o embaixador dos Emirados Árabes Unidos nos Estados Unidos, Yousef al-Otaiba, me disse [...] que seu país apoiaría um ataque militar contra as instalações nucleares do Irã [...] ‘Os países pequenos, ricos e vulneráveis da região não querem ser os que provocarão o grande fanfarrão se ninguém virá apóia-los’."

“Vários líderes árabes disseram que a posição dos Estados Unidos no Oriente Médio depende de sua disposição de enfrentar o Irã. Explicam, pensando en seus interesses, que um ataque aéreo contra un punhado de instalações iranianas não seria tão complicado nem problemático como, digamos, invadir o Iraque. ‘Este não é um debate sobre a invasão do Irã’, me disse umn ministro de relações exteriores árabe. ‘Esperamos a realização de ataques específicos contra várias instalações perigosas. Os Estados Unidos poderiam fazer isto com muita facilidade’.”

“Barack Obama disse em incontáveis ocasiões que um Irã nuclear seria ‘inaceitável’. [...] Um Irã nuclear seria uma situação que mudaria o jogo, não só no Oriente Médio mas em todo o mundo. Penso que qualquer coisa que ficou de nosso marco de não proliferação nuclear começaria a desintegrar-se. Haveria países no Oriente Médio que veriam possível a necessidade de também obter armas nucleares’.”

“Mas os israelenses têm dúvidas de que um homem que se situou como a antítese de George W. Bush, o autor das invasões tanto do Afeganistão como do Iraque, lançaria um ataque preventivo contra uma nação muçulmana.”

“‘Todos escutamos seu discurso no Cairo, disse-me um alto funcionário israelense referindo-se ao discurso de junho de 2009 em que Obama tratou de redefinir as relações com os muçulmanos realçando o espírito de cooperação e o respeito dos Estados Unidos para com o Islã. ‘Não cremos que seja o tipo de pessoa que lançaria um ataque ousado contra o Irã. Tememos que ele seguiria uma política de contenção em relação a um Irã nuclear em vez de atacá-lo’.”

“O funcionário israelense me disse que a questão sobre Bush ‘ocorreu há dois anos, mas o programa iraniano era o mesmo e a intenção era a mesma. Assim que, pessoalmente, não espero que Obama seja mais Bush que Bush’.”

“Se os israelenses chegam à conclusão definitiva de que Obama, sob nenhuma circunstância, lançará um ataque contra o Irã, então a contagem regressiva para um ataque unilateral israelense começará.”

“Os funcionários de inteligência israelenses consideram que um ataque contra o Irã poderia provocar uma represália total por parte do partidário do Irã no Líbano, o Hezbolá, o qual segundo a maioria das estimativas da inteligência, possui até 45 mil foguetes (não menos do triplo do que tinha no verão – boreal – de 2006, durante a última série de enfrentamentos entre o grupo e Israel).”

“... Netanyahu não é o único que compreende este desafio; vários primeiros-ministros anteriores a ele abordaram a ameaça do Irã em semelhantes termos existenciais. [...] Michael Oren, o embaixador de Israel nos Estados Unidos me disse que ‘ele tem um sentido profundo de seu papel na história judía’."

Na continuidade, Jeffrey Goldberg dedica várias páginas a relatar a história do pai de Netanyahu, Ben-Sión, que considera o historiador mais destacado do mundo sobre a inquisição espanhola e outros destacados méritos, e recentemente completou 100 anos de idade.

“Benjamin Netanyahu não é conhecido na maioria dos círculos por sua flexibilidade quanto aos assuntos relacionados com os palestinos, se bem que ultimamente tem tratado de satisfazer algumas das exigências de Barack Obama de que faça avançar o proceso de paz.”

Concluída esta parte de seu artigo, Goldberg prossegue a análise da complexa situação. Em algumas passagens é bastante duro analisando um comentário do ex-presidente iraniano Hashemi Rafsanjani, no ano 2001, no qual este certamente fala de uma bomba que destruiria Israel; uma ameaça que foi criticada inclusive por forças de esquerda que são inimigas de Netanyahu.

“Os desafios que representa um Irã com capacidade nuclear são mais sutis que a própria posibilidade de um ataque direto, comentou Netanyahu. [...] ‘os atores agressivos dentro do Irã poderiam disparar foguetes e participar em outras atividades terroristas ao mesmo tempo que teriam cobertura para o uso do material nuclear. [...] Em vez de ser un acontecimento local, independentemente do doloroso que possa ser, isto se convertería também em um acontecimento de caráter mundial. Em segundo lugar, este acontecimento encorajaria os activistas islâmicos em todos os rincões, em muitos continentes, que acreditariam que este seria um sinal providencial, que este fanatismo conduz ao caminho supremo do triunfo’.”

“‘Provocar-se-ia uma grande mudança na balança de poder em nossa região’, acrescentou.”

“Outros dirigentes israelenses consideram que o simples fato da ameaça de um ataque nuclear por parte do Irã, combinado com as ameaças crônicas que vivem as cidades israelenses feitas pelos foguetes do Hamas e do el Hezbolá, solapará gradualmente a capacidade do país de proteger seus cidadãos mais criativos e produtivos. [...] ‘A verdadeira prova que temos é conseguir que Israel seja esse lugar tão atrativo, esse lugar de vanguarda nas esferas da sociedade humana, a educação, a cultura, a ciência, a qualidade de vida, ao qual inclusive os jovens judeus que vivem nos Estados Unidos queiram vir.’.”

“Segundo várias sondagens, o patriotismo é um sentimento que se tem em alta conta em Israel e me parece pouco provável que o temor ao Irã obrigue os judeus de Israel a buscar refúgio em outro lugar. Não obstante, um dos principais promotores de um ataque israelense contra as instalações nucleares iranianas, Ephraim Sneh, outrora general e ex-vice-ministro da Defesa, está convencido de que si o Irã ultrapassasse o umbral nuclear, a própria idéia de Israel se veria em perigo. ‘Estas pessoas são cidadãos bons e valentes, mas a dinâmica da vida é tal que se alguém tem uma bolsa para estudar em uma universidade nos Estados Unidos durante dois años e a universidad lhe oferece permanecer um terceiro ano, os pais lhe dirão: ‘não há problema, fica’,’ me comentou Sneh quando me reuni com ele não faz tanto tempo em seu escritório fora de Tel Aviv. ‘Se alguém termina um doutorado e lhe oferecem um lugar nos Estados Unidos, essa pessoa se pudesse ficaria. Isso não quer dizer que as pessoas sairão correndo para o aeroporto. [...] O importante é que teremos um roubo acelerado de cérebros e um Israel que não se fundamente no empreendimento, que não se baseie na excelência, não será o Israel de hoje’.”

“Durante uma noite de segunda-feira, no começo do verão, sentei-me no escritório de um decidido detrator dos goyim (não judeus, nota da tradução), Rahm Emanuel, chefe de gabinete da Casa Branca, e escutei vários funcionários do Conselho de Segurança Nacional reunidos en sua mesa de conferências explicando – com muitíssimas palavras- por que o estado judeu deve confiar no presidente não judeu dos Estados Unidos para que estes evitem que o Irã cruze o umbral nuclear.”

“Uma das pessoas à mesa, Ben Rhodes, assessor adjunto de segurança nacional que participou como autor principal do recente material ‘Estratégia de segurança nacional para os Estados Unidos’ assim como na preparação do discurso conciliatório do presidente no Cairo, indicou que o programa nuclear do Irã constituía uma ameaça clara para a segurança estadunidense e que o governo de Obama responde às ameaças à segurança nacional da mesma forma com queoutras administrações responderam. ‘Estamos coordenando uma estratégia multifacética para elevar a pressão contra o Irã, mas isso não significa que tenhamos retirado alguma das cartas da mesa de discussão’, afirmou Rhodes. ‘Este presidente demostrou mais de uma vez que quando considera que é necessário utilizar aa força para proteger os interesses estadunidenses de segurança nacional, ele o fez. Não vamos utilizar frases hipotéticas sobre quando utilizaríamos a força militar ou se vamos usá-la, mas temos deixado bem claro que não eliminamos a opção do uso da força para nenhuma situação em que seja afetada a nossa segurança nacional’.”

"... Emanuel, cujo estado de ânimo é por defeito exasperado. [...] (Um ex-funcionário da administração Bush me disse que seu presidente enfrentou o problema contrário, enroscado em duas guerras e acreditando que o Irã não estava tão próximo de cruzar o umbral nuclear, se opôs ao emprego da força contra o programa do Irã e deixou bem claro seu ponto de vista, ‘mas ninguém acreditou nele’).”

“Em um momento expressei a idéia de que devido a razões sumamente óbvias, poucas pessoas acreditavam que Barack Obama abriria uma terceira frente no grande Oriente Médio. Um dos funcionários respondeu acaloradamente: ‘Que temos feito que te permita chegar à conclusão de que pensamos que um Irã com capacidade nuclear seria uma situação tolerável para nós?’”

“Os funcionários da administração de Obama, em particular os do Pentágono, assinalaram em várias ocasiões que não estão conformados coma possibilidade de preferir um ataque militar. Em abril, a subsecretária de Defesa para temas de política, Michele Flournoy, disse aos jornalistas que o uso da força militar contra o Irã estava ‘fora da mesa de negociações num futuro próximo cercano’. Ela se retractou depois, mas o almirante Michael Mullen, chefe do Estado Maior Geral conjunto, também criticou a ideia de atacar o Irã. [...] “Em uma região que é tão instável neste momento, não necessitamos de mais instabilidade’.”

“... sob nenhuma circunstância, o presidente descartou a idéia de evitar a proliferação mediante o uso da força . [...] Gary Samore, funcionário deo Conselho de Segurança Nacional que supervisiona o programa da administração contra a proliferação, me disse que os israelenses estão de acordo com as avaliações estadunidenses de que o programa iraniano de enriquecimento de urânio está repleto de problemas.”

“‘... podemos determinar isso, tendo em conta os informes da AIEA, que não agradam aos iranianos, disse Samore. Em particular, as máquinas centrifugas que estão operando se baseiam no uso de uma tecnologia inferior. Estão enfrentando dificuldades técnicas, em parte pelo trabalho que temos desenvolvido para negar-lhes acesso aos componentes estrangeiros. Quando eles fazem as peças, fabricam peças que não são submetidas a nenhum tipo de controle de qualidade.’”

“Dennis Ross, ex-negociador de paz no Oriente Médio, que atualmente é funcionário de alto escalão dentro do Conselho de Segurança Nacional, afirmou durante a reunião que crê que os israelenses entendam agora que as medidas estimuladas pelos Estados Unidos desaceleraram o avanço do Irã e que a administração está trabalhando para convencer os israelenses – e outras partes envolvidas da região – de que a esratégia de sanções ‘tem possibilidades de dar certo’.”

‘”O presidente disse que ele não retirou nenhuma carta da mesa de discussão, mas vejamos por que nós pensamos que esta estratégia poderia funcionar’. [...] No passado mês de junho – como não haviam respondido a nosso chamado bilateral – o presidente disse quetomaríamos medidas em setembro.”

“Ross [...] as sanções que o Irã enfrenta na atualidade poderiam modificar a forma de pensar do regime. ‘As sanções vão transcender. Estão tendo lugar num momento em que os iranianos estão tendo uma má administração: os iranianos terão que cortar os subsídios [para os alimentos e os combustíveis]; já estão enfrentando a alienação do povo; têm divisão dentro da elite e entre a elite e o resto do país…’”

“Uma pergunta que ao que parece nenhum funcionário da administração deseja responder é a seguinte: que farão os Estados Unidos se as sanções fracassarem? Vários funcionários árabes se queixaram comigo porque a administração de Obama não lhes comunicou quais são as suas intenções, nem sequer de maneira geral.”

“‘Os eleitores de Obama querem saber que a administração demonstrou que não deseja iniciar uma peleja com o Irã, mas esse não é um assunto de política interna’, expressou esse chanceler. ‘O Irã se manterá nesse caminho temerário, a menos que a administração comece a falar de forma não razoável. A melhor forma de evitar um ataque contra o Irã é fazendo o Irã crer que os Estados Unidos estão a ponto de atacá-los. Temos que conhecer quais são as intenções do presidente nesse assunto. Somos seus aliados ’. De acordo com duas fontes dentro da administração, esse assunto provocou tensões entre o presidente Obama e o recentemente deposto diretor de inteligência nacional, o almirante Dennis Blair. Segundo essas fontes, Blair, que, diziam, fazia muito fincapé na ameaça que o Irã representa, disse ao presidente que os aliados árabes dos Estados Unidos necesitavan de mais palavras tranqüilizadoras. Diz-se que Obama não gostou do conselho.”

“Em Israel, certamente, dá muito trabalho aos funcionários entender o presidente Obama, apesar das palavras tranquilizadoras que receberam de Emanuel, de Ross e de outros.”

“Há pouco tempo, o chefe da inteligência militar israelense, o general Amos Yadlin, fez uma visita secreta a Chicago para reunir-se com Lester Crown, o multimilionário cuja família é dona de uma parte importante da General Dynamics, uma empresa que recebe encomendas militares.

[...] "Compartilho com os israelenses o sentimento de que com toda a certeza nós contamos com a capacidade militar e que precisamos ter a vontade de utilizá-la. A ascenção do Irã não é algo que convenha em nada aos Estados Unidos."

"'Apoio o presidente‘, disse Crown, ‘mas gostaria que [os funcionários da administração] fossem um pouco mais extrovertidos na hora de falar. Sentir-me-ia mais à vontade se soubesse que eles têm a disposição de usar a força militar, como último recurso. Não se pode ameaçar alguém, fazendo-lhe crer que é um engano. Tem que haver disposição para fazê-lo’.”

"Vários funcionários até me perguntaram se eu considerava que Obama era anti-semita. Eu respondi a essa pergunta com uma citação de Abner Mikva, ex-congressista, juiz federal e mentor de Obama, que disse em 2008: "Eu acho que quando isso acabar, as pessoas vão dizer que Barack Obama foi o primeiro presidente judeu." Eu expliquei que Obama era muito impregnado com o trabalho de escritores, juristas e pensadores judeus e que muitos de seus amigos, apoiadores e assessores eram judeus. No entanto, o filo-semitismo não é necessariamente o mesmo que concordar com o Partido Likud de Netanyahu; é claro, não é o mesmo tampouco entre os judeus que vivem nos Estados Unidos, que apoiam, em geral, a solução da existência de dois estados e têm as suas reservas sobre os assentamentos judaicos na Cisjordânia. "

"Rahm Emanuel disse que o governo estava tentando enfiar a linha na agulha: fornecendo um apoio "inabalável" a Israel, protegendo-o das consequências de uma bomba nuclear iraniana, mas pressionando-o a procurar uma fórmula conciliatória com os palestinos. [...] os últimos seis primeiros-ministros de Israel, incluindo Netanyahu que ─ em seu primeiro período eleitoral no final da década de 90, para o desgosto de seu pai ─ procurou uma fórmula conciliatória com os palestinos, para defender seu caso. 'Rabin, Peres, Netanyahu, Barak, Sharon, Olmert ─ cada um deles buscou algum tipo de acordo negociado que fosse conveniente para Israel a partir de um ponto de vista estratégico', disse ele. Houve muitas outras ameaças, enquanto os sucessivos governos israelenses têm tentado seguir um processo de paz. "

"... Israel deve examinar cuidadosamente se um golpe militar valeria a pena pelo grande problema que ele desataria . 'Não tenho certeza pelo momento em que estão, independentemente do momento, independentemente do que façam, eles não parariam' o programa nuclear, acrescentou. 'Eles só o adiariam'."

"Foi quando eu percebi que, em alguns temas, os israelenses e os americanos não estavam falando a mesma língua."

"Em minhas conversas com ex-generais da força aérea e estrategistas israelenses prevaleceu um tom moderado. Muitas das pessoas que entrevistei estavam dispostas, sob condição de anonimato, a dizer por que seria difícil para Israel atacar as instalações nucleares iranianas. Alguns generais israelenses, assim como seus colegas norte-americanos, questionaram a própria idéia de empreender um ataque. 'Empregaríamos melhor nosso tempo se nos dedicássemos a fazer pressão com Barack Obama para que ele o faça, ao invés de tentar fazê-lo nós mesmos", disse um general. "Somos muito bons neste tipo de operação, mas é um grande passo para nós. No entanto, os americanos podem fazer isso com um mínimo de dificuldade. É demais para nós. "

"Esses aviões teriam que voltar a seu país rapidamente, em parte porque a inteligência israelense acredita que o Irã ordenaria imediatamente ao Hezbollah que lance foguetes contra cidades israelenses, e seriam necessários os recursos da força aérea de Israel para perseguir os grupos de mísseis do Hezbollah. "

"... no caso de um ataque unilateral israelense contra o Irã, sua missão seria lutar contra as forças dos mísseis do Hezbollah. [...] manter em reserva agora o Hezbollah até que o Irã possa cruzar o limiar nuclear".

"... o Hezbollah 'perdeu muitos de seus homens. [...] Essa é uma razão pela qual nós tivemos quatro anos de paz. O que mudou ao longo dos últimos quatro anos é que o Hezbollah aumentou a sua capacidade de ataque com mísseis, mas também temos aumentado a nossa capacidade'. Quanto a um possível ataque israelense contra o Irã, Eisenkot concluiu: 'A nossa disposição combativa significa que Israel tem liberdade de ação."

"Os Estados Unidos se veriam também como cúmplices de um ataque israelense, apesar de não terem sido avisados com antecedência. A hipótese - que nem sempre é correta - de que Israel só age com a aprovação dos Estados Unidos é uma visão comum no Oriente Médio, que os israelenses dizem que estão estudando agora. Falei com vários funcionários israelenses que estão a debater esta questão, entre outros: o que acontece se os serviços de inteligência norte-americanos se inteirem sobre as intenções de Israel a poucas horas do início programado de um ataque? 'É um pesadelo para nós', informou-me um desses funcionários. E se o presidente Obama chamar Bibi e lhe disser: 'sabemos o que estão fazendo. Parem com isso imediatamente'. Acaso vamos parar? Pode ser que nós tenhamos que parar. Foi tomada a decisão de não mentir aos americanos sobre os nossos planos. Nós não queremos informar-lhes de antemão. É para o bem deles e para o nosso bem. Então o que fazemos? Estas são as perguntas difíceis."

"Muitos israelenses acreditam que os iranianos estão construindo uma Auschwitz. Temos que fazer com que saibam que destruímos esse Auschwitz, ou temos que deixá-los saber que tentamos, mas fracassamos. "

"É claro que há líderes israelenses que acham que um ataque ao Irã é demasiado arriscado. [...] "Não queremos que os políticos nos coloquem numa situação difícil por causa da palavra Shoah", disse um general. "

"Depois de ter observado, mais de uma dúzia de vezes diferentes em mais de uma dúzia de diferentes escritórios, a fotografia dos aviões da força aérea israelense sobrevoando Auschwitz, foi que percebi a contradição que existia nisso. Se os físicos judeu que criaram o arsenal nuclear de Israel tivessem podido fazer uma viagem no tempo e no espaço e enviar um esquadrão de caças em 1942 ... "

"Benjamin Netanyahu acredita que, por razões de segurança nacional, se as sanções falharem, ele será forçado a agir. No entanto, um ataque israelense contra instalações nucleares iranianas - seja bem sucedido ou não -pode fazer com que o Irã redobre os seus esforços - desta vez contando com a solidariedade internacional - para desenvolver um arsenal nuclear. Isso também poderia causar o caos para os Estados Unidos no Oriente Médio. [...] Peres considera o programa nuclear iraniano como potencialmente catastrófico. [...] Quando perguntado se acreditava na opção militar, ele disse, 'Por que eu devo declarar algo como isso? ".

"Com base nos meses de entrevistas, cheguei a acreditar que o governo sabe que, quase certamente, Israel vai logo tomar medidas contra o Irã se nada nem ninguém detenha seu programa nuclear [...] No início deste ano, eu estava de acordo com muitos israelenses, árabes e iranianos que acreditavam que não havia nenhuma possibilidade de Obama recorrer ao uso da força para deter o Irã: ainda não acho que haja muitas chances de ele recorrer a uma ação militar no futuro imediato; por uma razão: o Pentágono tem se mostrado particularmente pouco entusiasmado com essa idéia. No entanto, é claro que Obama está preso no meio deste problema. [...] Denis McDonough, chefe de gabinete do Conselho de Segurança Nacional, disse-me: 'o que você vê no Irã é a reunião de uma série de importantes prioridades do presidente, que vê uma ameaça grave para o sistema de não-proliferação em todo o mundo, uma ameaça que pode levar a outras atividades nucleares em uma região volátil, e uma ameaça a um amigo próximo dos Estados Unidos, Israel. Eu penso que podem ser vistas de várias correntes que estão se unindo, o que responde à pergunta de por que isso é tão importante para nós. "

"Quando perguntei a Peres o que ele pensava sobre os esforços de Netanyahu em apresentar este caso para a administração de Obama, ele respondeu [...] que seu país sabe qual é o seu lugar, e que isso dependia do presidente estadunidense e que apenas o presidente dos Estados Unidos podia decidir como salvaguardar melhor o futuro do Ocidente. Toda essa história tem mais a ver com o seu mentor: David Ben-Gurion.

"'Logo depois que John F. Kennedy foi eleito presidente, Ben-Gurion reuniu-se com ele no hotel Waldorf-Astoria' em Nova York, Peres me disse. 'Após a reunião, Kennedy acompanhou Ben-Gurion até o elevador e disse: 'Sr. primeiro-ministro, quero dizer que fui eleito presidente graças a seu povo, por isso, o que posso fazer por você em troca?' Ben-Gurion sentiu-se insultado pela pergunta e disse: 'o que você pode fazer é ser um grande presidente dos Estados Unidos. É preciso compreender que ter um grande presidente dos Estados é um grande sucesso'. "

"Peres continuou explicando o que ele via como os reais interesses de Israel. 'Nós não queremos derrotar o presidente', disse ele. 'Queremos que o presidente ganhe'".

"Jeffrey Goldberg"

"Jeffrey Mark Goldberg é um jornalista americano-israelense. É um dos autores e jornalistas da equipe da revista The Atlantic. Ela já trabalhou para a revista The New Yorker. Goldberg escreve principalmente sobre questões internacionais, de preferência sobre o Oriente Médio e a África. Alguns o denominam de o mais influente jornalista-blogueiro para assuntos relacionados com Israel. "

Fidel Castro
25 de agosto de 2010
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  • Ameaça nuclear

    29/08/2010 14h39 Importantisimo a divulgação deste artigo, democratizando a informação e tornando público a ameaça da guerra. Desmistificar e mostrar a verdade é o papel preponderante da informação e que pode contribuir para dissuadir a intenção da guerra.
    DARCI
    Rio deJaneiro - RJ
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