A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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sábado, julho 11, 2009

Luta sindical nos EUA



A acção sindical nos EUA tem salvo os postos de trabalho dos seus associados com iniciativas que beneficiaram da revolta popular contra os grandes bancos. A última vitória ocorreu no início de Julho. Os 4000 trabalhadores da empresa Hartmarx, em Chicago, membros do sindicato Service Employees International (SEIU), alcançaram uma importante vitória contra o gigante da banca Wells Fargo. O banco concordou em manter a empresa a funcionar. Em resultado da ameaça dos trabalhadores de ocupar as instalações, da pressão popular e da ameaça de políticos de tomarem medidas contra o Wells Fargo, o sindicato conseguiu forçar o banco a aceitar a intervenção de outra empresa para manter a Hartmarx aberta.
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Em Dezembro último, os trabalhadores da Republic Windows and Doors, em Chicago, electrizaram o movimento sindical ocupando a empresa. Nessa altura o Banco da América tinha recusado conceder empréstimos para a manter em funcionamento. Os membros do sindicato dos Electricistas (Union of Electrical Workers – UE – Local 1110) ocuparam as instalações da empresa durante seis dias e galvanizaram o apoio internacional à sua luta. Os banqueiros foram forçados a negociar um acordo com os trabalhadores. A antiga Republic reabriu com um novo dono, que assinou um contrato com o sindicato.
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No último confronto entre trabalhadores e bancos, mais de 100 funcionários da Quad City Die Casting em Moline, III., foram informados de que a empresa fecharia a 12 de Julho se o Wells Fargo não lhe renovasse o crédito. Estes trabalhadores são membros da secção local 1174 do UE e exigem que o banco garanta empréstimos à QCDC até que apareça outro investidor ou um novo comprador.
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O vice-presidente da secção local 1110 do sindicato, Melvin Macklin, disse-me que «tal como apelámos ao Banco da América para se responsabilizar, também os trabalhadores da Quad City Die Casting estão a apelar ao Wells Fargo. É a mesma luta.»
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O banco Wells Fargo recebeu mais de 25 mil milhões de dólares do orçamento federal através do programa de ajuda para combater a crise (Troubled Assets Relief Program / TARP). Apesar da enorme ajuda que a administração de Barack Obama tem dado aos bancos, na ordem dos triliões de dólares, os trabalhadores continuam a ser despedidos dos seus empregos e despejados das suas casas. Desde Novembro de 2007 até Junho último, o número oficial de desempregados duplicou, passando de sete para 14 milhões, ou seja 9.4 por cento da força de trabalho. No total há cerca de 30 milhões de desempregados ou subempregados, incluindo «desalentados» e trabalhadores a tempo parcial. A revolta de massas tem vindo a crescer, especialmente contra os bancos, que já receberam mais de 10 triliões de dólares do governo.
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No sítio da Internet do UE, o dirigente Leah Fried escreve: «o Quad City Die Casting esteve no negócio durante 60 anos, fazendo componentes de peças de precisão agrícolas e equipamentos de recreio... Numa recessão como esta, o acesso ao crédito é essencial para os pequenos negócios enfrentarem a tempestade. Mas o Wells Fargo, apesar da sua relação financeira a longo prazo com o QCDC, que inclui a gestão de pensões dos trabalhadores, lavou as mãos como Pilatos. Isto levou os trabalhadores a interrogar-se sobre qual é o principal objectivo do TARP.»
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A 11 de Junho, milhares de trabalhadores de diversas secções sindicais e apoiantes locais manifestaram-se junto das instalações do Wells Fargo em Chicago para pressionar o banco. O UE organizou manifestações de protesto contra o Wells Fargo em outras 20 cidades do país, desde Boston à Califórnia. Para além disso, uma delegação sindical contactou com os gabinetes de cerca de 100 congressistas, na semana passada, apelando a uma investigação à forma como o gigante da banca está a usar o dinheiro que recebeu do TARP.
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Estas lutas põem em causa as medidas que a administração Obama tomou para tentar superar a crise económica do capitalismo. A sua equipa económica de peritos da Wall Street pouco canalizou para a criação directa de empregos dos importantes gastos governamentais. A maioria dos fundos vai para os bancos e para os gigantes da indústria. Na melhor das hipóteses, foram criados apenas três milhões de postos de trabalho. Já se perdeu mais do dobro disso.
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Os trabalhadores do sindicato progressista UE estão a ajudar a mostrar que a crise económica deve ser combatida pela organização, pela solidariedade internacional da classe operária, pela mobilização de massas, pela organização dos desempregados, pela luta contra o lay-off, pela ocupação das empresas antes que sejam fechadas, e acima de tudo pondo os direitos dos trabalhadores à frente dos direitos dos patrões.
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in Avante 2009.07.09
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segunda-feira, julho 16, 2007


Forum Social nos EUA - Povos em luta

* John Catalinotto


Cerca de 10 000 pessoas – representantes de movimentos anti-racistas; agricultores; empregados domésticos; veteranos contra a guerra, antigos prisioneiros e seus famílias; defensores dos direitos de homo-sexuais, lésbicas, bi e transsexuais; dos direitos das mulheres e de organizações ambientais; e de praticamente todas as lutas progressistas existentes no EUA – participaram em Atlanta, de 27 de Junho a 1 de Julho, no primeiro grande Fórum Social realizado nos Estados Unidos (USSF).

Estiveram representados todos os 50 estados do país e mil organizações, e foram realizados 1000 workshops, encontros e sessões plenárias, uma grandiosa marcha sob o sol escaldante da Georgia e diversas manifestações. A iniciativa contou ainda com cerca de 400 convidados estrangeiros oriundos de 70 países, incluindo Porto Rico e Ilhas Virgens.

Um aspecto assinalável deste Fórum foi o facto de mais de metade dos participantes serem de origem afro-americana, latina, asiática ou indígena, incluindo muitos imigrantes. O que fez com que o Fórum fosse representativo dos sectores mais oprimidos da classe trabalhadora dos EUA. Homens e mulheres de todas as idades marcaram presença, bem como muitos jovens com menos de 30 anos. Camadas sociais que normalmente têm dificuldade em arranjar dinheiro para viajar arranjaram forma de financiar a sua participação. O mesmo se passou com os orientadores dos workshops e o movimento dos veteranos que aprenderam a organizar-se inspirando-se nos movimentos dos Direitos Civis e de Libertação dos Negros, Contra a Guerra do Vietname e outras lutas que tiveram lugar entre os finais da década de 60 e início da década de 70 do século XX.

Os participantes lutam por causas que vão desde os cuidados de saúde no Arizona às condições de vida em West Viriginia, passando pela repressão oficial contra os ex-prisioneiros em Los Angeles. Combatem contra a moderna escravatura dos trabalhadores imigrantes na agricultura e no serviço doméstico. Discutem a conquista de plenos direitos para os «deficientes», esforçando-se por organizar o trabalho no Sul, combatendo a brutalidade policial, defendendo os direitos dos imigrantes e os direitos reprodutivos, exigindo a libertação de presos políticos como Mumia Abu-Jamal, Leonard Peltier, de defensores da liberdade porto-riquenhos e dos Cinco Patriotas cubanos, bem como dos direitos de cerca de 2,2 milhões de presos de um Estado opressivo, e lutando pelo fim da ocupação da Palestina e do Iraque. Esta lista, como é evidente, não é exaustiva.No Fórum Social Mundial, em 2006, Ricardo Alarcón, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela apelaram à transformação dos fóruns sociais em espaços de debate para a organização da luta anti-imperialista. Isso ainda não aconteceu, e o Fórum Social norte-americano teve o mesmo âmbito restrito dos fóruns mundiais. Organizações de Cuba tentaram enviar a Atlanta uma delegação de cerca de 20 pessoas para participarem nos trabalhos do USSF, mas o Departamento de Estado dos EUA recusou-lhes os vistos de entrada. O procurador Roberto González, irmão de René González, um dos Cinco Patriotas cubanos presos, conseguiu estar presente. As organizações anti-imperialistas dos EUA também acreditam que o fórum é uma oportunidade para conhecer e trabalhar com alguns dos mais activos militantes da luta de classes nos Estados Unidos. Através dos workshops, participando em sessões plenárias, distribuindo e vendendo literatura e trabalhando através da Internet durante os cinco dias, os anti-imperialistas tiveram impacto no USSF.

As sessões plenárias – seguidas por 500 a 2000 pessoas, conforme os temas em debate – deram aos organizadores uma oportunidade para marcar o tom do fórum e aprofundar seis temas de luta: Reconstrução da Costa do Golfo após o furacão Katrina; Guerra, Militarismo e a Prisão do Complexo Industrial; As Vozes Indígenas: do Coração da Mãe Terra; Direitos dos Imigrantes; Libertação de Género e Sexualidade; Integração de Género e Justiça Social nos Nossos Movimentos; e Direitos dos Trabalhadores na Economia Global.Imani Henry, do International Action Center, que é igualmente um activista destacado no grupo dos direitos dos transsexuais, TransJustice, teve coragem de levantar a questão dos Cinco Patriotas cubanos na sessão sobre igualdade de género – foi a única vez em que este importante caso foi tratado em plenário. Henry também falou sobre o caso das Quatro de New Jersey – lésbias afro-americanas condenadas a mais de 11 anos de prisão em Junho último por defenderem os seus direitos. Henry apelou ainda a que Setembro seja um mês de luta contra a guerra, e o seu grito pelo fim do capitalismo e pela construção de uma sociedade socialista recebeu uma estrondosa ovação. Esta resposta positiva demonstra que, mesmo no coração do mundo imperialista, uma audiência de activistas pode apoiar, nas condições adequadas, um discurso pró socialista.


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(Na «Assembleia do Povo», a sessão de encerramento do USSF, Catalinotto propôs uma série de protestos anti-guerra a realizar em Washington no final de Setembro, durante o debate no Congresso sobre a ocupação do Iraque.)


in Avante 2007.07.12

domingo, julho 01, 2007




Soldados contra a guerra

* John Catalinotto


Os Marines norte-americanos lançaram em Maio uma nova ofensiva. Desta feita não foi um desembarque na praia de um qualquer país estrangeiro, mas um ataque legislativo contra os seus próprios veteranos da guerra do Iraque.
Em vez de se decidir por uma «menos que honrosa» desmobilização de Adam Kokesh, o júri composto por três oficiais considerou que as regras militares também devem ser aplicadas aos ex-membros da força na reserva e recomendou a sua «exoneração geral», o que rasa o castigo.
O processo surgiu na sequência de um conjunto de iniciativas promovidas em diversas cidades por membros da associação IVAW (Veteranos do Iraque Contra a Guerra, na sigla inglesa), que apresentaram uma recriação do conflito como forma de alertar consciências. Vestidos com uniformes oficiais incompletos, os veteranos mostraram o tipo de actuação a que se encontra sujeita quotidianamente a população do Iraque. Activistas antiguerra desempenhavam o papel de civis iraquianos.
A iniciativa causou grande impacto, porque foi possível ver «marines» a empurrar pessoas pelas ruas, a cobrir a cabeça dos detidos com sacos, aterrorizando-os. Alguém no Pentágono não gostou da representação que deixava claro que os soldados dos EUA no Iraque fazem o mesmo que os oficiais das SS na Polónia ocupada, em 1942. Os oficiais tentaram, assim, impedir os veteranos de exercerem o seu direito à liberdade de expressão (http://www.ivaw.org/).
Casa Branca não admite dissidências
Neste contexto, os Marines interpuseram acusações contra Kokesh e processos semelhantes pendem sobre o sargento Liam Madden e o capitão Cloy Richards, simplesmente por se manifestarem contra a guerra.
As queixas não resultam em pena de prisão, mas apanhar uma desmobilização «menos que honrosa» tem sérias consequências. Desde que Richards está «fora de combate», não recebe os pagamentos enquanto militar incapacitado e pode mesmo vir a perder a assistência médica gratuita a que tem direito nessa condição. Os militares podem ainda ser obrigados a restituir o valor das despesas de educação.
Se os Marines conseguirem impor as «menos que honrosas» desmobilizações, tal pode ser um factor de intimidação dos restantes veteranos. Mas esse tipo de actuação no meio de uma atmosfera antiguerra também pode ter um efeito boomerang entre os militares.
Uma das consequências surpreendentes das queixas apresentadas contra estes soldados foi a organização Veteranos de Guerras Estrangeiras, um grupo que quase sempre apoiou as posições políticas dos governos norte-americanos, declarar-se favorável ao direito dos marines expressarem posições contrárias e até de protestarem. Esta posição é um sinal do desagrado crescente em relação ao Iraque, mesmo que oficialmente a organização defenda a ocupação.
Os veteranos envolvidos agiram mais por cólera do que por intimidação. De 1 a 3 de Junho, deslocaram-se num autocarro coberto com panos contra a guerra, de Washington até Kansas, dando entrevistas pelo caminho. A cada passo despertavam mais atenção para a existência de um grupo coeso de veteranos antiguerra do Iraque. Também sublinharam que os marines que se encontram no activo e no terreno de conflito os apoiam.
Madden, que recebeu uma desmobilização «honrosa» a 20 de Janeiro último, foi um dos promotores do «Apelo pelo Regresso» e é muito conhecido entre os seus camaradas. Iniciado a 23 de Outubro de 2006, o apelo exige uma retirada imediata do Iraque e foi subscrito por mais de dois mil soldados no activo, 60 por cento dos quais cumpriram pelo menos uma comissão naquele país.
O oficial da marinha Jonathan Hutto, que esteve no apelo inicial de Madden e é agora um dos mais destacados dirigentes do «Apelo para o Regresso», instou os soldados no activo e os militares da Guarda Nacional, a 31 de Maio, a constituir comités de defesa a favor de «Madden e de todos os que enfrentam a face da repressão que tenta calar em qualquer parte do mundo a voz dos que se manifestam contra esta guerra injusta».
A declaração sublinha que a conduta «desleal» da qual Madden é acusado está relacionada com o facto de ter afirmado, num debate ocorrido numa universidade, que os EUA cometeram «crimes de guerra» no Iraque.«Madden mantém que nunca poderia ser “desleal” na medida em que esteve no terreno durante sete meses e serviu o seu país durante cinco anos. Acresce que Madden continua a pensar que se o uniforme militar pode ser usado para aventuras imperialistas, certamente também pode ser usado para acções em prol da paz e da justiça», escreveu Hutto.
Para além de divulgar e angariar fundos para o apoio a Madden e a outros veteranos, o objectivo dos comités de defesa é «dinamizar um movimento amplo que exija o fim da guerra e das retaliações contra os militares oposicionistas, e em prol da democracia» ( www.appealforredress.org ).
in Avante 2007.06.14
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