A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quarta-feira, maio 19, 2010

A economia do terror - Eduardo Bomfim

Colunas

Tela: "Las manos del terror", do pintor Oswaldo 
guayasamín.
Tela: "Las manos del terror", do pintor Oswaldo Guayasamín.ermelçho -
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Vermeloho - 15 de Maio de 2010 - 0h01

A economia do terror

Eduardo Bomfim *

As notícias dão conta de que a Europa patina em uma grave crise, e pacotes fiscais neo-ortodoxos são aplicados para estancar a sangria econômica na zona do Euro, vítima do assalto pelo capital especulativo, a única coisa realmente globalizada no planeta.

No Brasil a Federação Brasileira dos Bancos, FEBRABAN, reconhece que o produto interno bruto nacional, o PIB, crescerá por volta de 6,3% este ano, significando que o País terá um extraordinário desenvolvimento econômico em meio a uma profunda crise de caráter mundial.

Um terremoto nas finanças internacional que, como ponta do iceberg, apresentou-se na quebradeira dos grandes bancos de investimentos norte-americanos, abalou as estruturas da economia global, provocando a recessão e agora atinge em cheio a Comunidade Europeia.

E na Europa esses primeiros e fortes sismos acontecem exatamente nas chamadas economias mais frágeis como a Grécia, Portugal, Espanha e dizem os especialistas, também a Itália.

Não faltam também informações abalizadas, e notícias da imprensa, dando conta sobre um violento ataque especulativo contra o Euro em geral e os Países citados em particular.

Quer dizer, o capital financeiro parasitário atua como os predadores que percebem uma presa com algum tipo de dificuldade ou fragilidade e prontamente se lançam sobre a vítima com uma voracidade e sede de sangue ilimitadas, e em pouco tempo o que resta mesmo é a carcaça e a mais pura fedentina.

Mas a grande mídia hegemônica nacional repercute os fatos considerando tal atitude como algo perfeitamente natural e própria da “dinâmica saudável das regras naturais do mercado” e do sistema.

Tanto mais que recentemente divulgou, alegremente, a notícia de que conservadores alemães teriam proposto aos gregos que vendessem uma das suas ilhas, patrimônio da História da civilização grega e ocidental, para saldar a sua dívida.

Já os acordos do FMI e do Banco Central Europeu com a Grécia impõem o chamado choque fiscal neoliberal, massacre dos assalariados, tão conhecidos pelos brasileiros na era FHC.

Quanto ao crescimento nacional essa mídia hegemônica é contra e defende a sua frenagem porque representaria uma economia super aquecida, exigindo, excitada, juros altos, apostando em escalada inflacionária. Trata-se de um condenável ato de terrorismo contra o povo brasileiro.



  • A pau.

    16/05/2010 10h03 Que beleza de texto Eduardo, sucinto,objetivo e claríssimo. Aguardamos outros. No 6ºparágrafo você mata pau.


    Wilson
    MClaros - MG
* Advogado, Secretário de Cultura de Maceió - AL
* Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.
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quinta-feira, janeiro 07, 2010

2010…, a luta pela paz! - Pedro Guerreiro







Pedro
Guerreiro


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A autêntica «fuga em frente» por parte do imperialismo significa exploração e opressão

. . Avante 1383 - 2009.12.30 . Desenho - Pomba da Paz - Picasso
2010…, a luta pela paz!
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Passado quase um ano sobre a eleição de Obama como presidente dos EUA, e apesar da imensa operação ideológica realizada em seu redor, é cada vez mais claro que a agenda estratégica e militarista da actual Administração norte-americana prossegue os mesmos objectivos fundamentais que a anterior.
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Nem mesmo a tentativa de branqueamento deste facto – que, por exemplo, a entrega do prémio Nobel da paz representou – consegue esconder que a evolução da situação internacional aí está a demonstrar a escalada intervencionista e de guerra em que os EUA e seus aliados estão apostados.
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A Administração Obama propôs e fez aprovar para 2010 o maior orçamento militar da história dos EUA, que será superior às despesas militares somadas de todos os restantes países do mundo. Um orçamento militar que cresce na medida directa do aprofundamento da crise no centro do capitalismo.
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Os EUA ampliam e reforçam a sua rede de mais de 750 bases militares e a presença das suas frotas navais pelo mundo, instrumentos da sua estratégia de controlo, de desestabilização e de guerra, designadamente e com particular expressão e significado na América Latina, onde, igualmente, continuam o seu criminoso bloqueio a Cuba, e em África, onde estão em curso dinâmicas recolonizadoras.
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A Administração norte-americana e seus aliados recrudescem a guerra e o rol de brutal destruição e de sofrimento na Ásia Central e no Médio Oriente, reforçando as tropas ocupantes no Afeganistão, intensificando as suas agressões no Paquistão e prosseguindo a ocupação do Iraque, reafirmando o seu apoio e conivência com a estratégia israelita de perpetuação da brutal ocupação da Palestina.
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A Administração Obama e seus aliados apontam como objectivo reajustar a NATO às suas actuais necessidades (e contradições), como instrumento de agressão e de guerra contra os que de alguma forma ousam contrariar ou opor-se às suas ambições imperialistas, defendendo a sua soberania e independência nacional. Estando a adopção de um retocado «conceito estratégico» para a NATO agendada para uma cimeira a realizar em Portugal, em Novembro de 2010.
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Isto é, a Administração Obama, para além de não ter significado qualquer mudança de fundo ou viragem na política externa norte-americana, procura preservar, a todo o custo, designadamente utilizando o seu poderio militar, o papel de potência hegemónica que os EUA continuam, todavia, a representar no sistema capitalista mundial.
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Como temos sublinhado, a crise do capitalismo comporta em si graves perigos para a paz e para os povos do mundo. Tal como no passado, o imperialismo será tentado a resolver pela via do incremento da exploração e da guerra a crise que incessantemente gera e para a qual se mostra incapaz de encontrar solução.
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A autêntica «fuga em frente» por parte do imperialismo significa exploração e opressão, a negação das mais elementares necessidades e direitos dos povos, a contínua destruição do ambiente, o ataque à paz e, mesmo, à sobrevivência da humanidade.
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Neste quadro, aos comunistas, aos democratas e amantes da paz, está colocada a exigente tarefa de mobilizar os trabalhadores e os povos para a luta contra a exploração, pela defesa soberania dos povos, pela paz.
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A luta pela paz é um marco decisivo e inultrapassável para o fortalecimento e alargamento de uma frente anti-imperialista que inverta a actual correlação de forças nas relações internacionais e crie condições para a prossecução de alternativas de progresso e justiça social, para o socialismo.
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A defesa da paz e a solidariedade para com os povos em luta contra a agressão imperialista marcará, de forma significativa, o ano de 2010.
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sábado, outubro 31, 2009

Diário Digital - 2009.10 ,28


 
Director: Pedro Curvelo




O Presidente Hamid Karzai anunciou esta manhã ter mandado reforçar a segurança dos estrangeiros no Afeganistão, após o ataque talibã a uma pensão em que morreram pelo menos seis funcionários da ONU em Cabul..
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, disse hoje que as regiões ultraperiféricas padecem de constrangimentos naturais permanentes que a subida dos produtos internos brutos não faz desaparecer..
O presidente da Comissão Nacional de Eleições de Moçambique, João Leopoldo, assegurou que as primeiras horas de votação às eleições gerais de hoje decorreram sem sobressaltos, mas apontou casos de observadores que estão a violar a lei eleitoral..
O investigador da Universidade de Saragoça Pedro Arrojo Agudo defendeu que a água devia ser um direito do cidadão, em vez de um direito humano, para que fossem agravadas as tarifas a quem consome mais do que precisa..
A vacina que está a ser usada em Portugal contra a gripe A não foi aprovada pelos Estados Unidos por conter substâncias na sua composição que podem alegadamente causar danos à saúde dos que a tomam. .
Pelo menos 16 pessoas morreram hoje na explosão de um carro armadilhado junto a um mercado muito movimentado de Peshawar, a grande cidade do noroeste do Paquistão, disseram fontes hospitalares e da polícia..
O pintor irlandês Francis Bacon (1909-1992) completaria esta quarta-feira cem anos se fosse vivo, uma efeméride assinalada em Londres, Madrid e Nova Iorque, com a retrospectiva do artista, cujos quadros têm atingido recordes de vendas nas casas de leilões..
O número de desempregados estrangeiros inscritos nos centros de emprego em Portugal aumentou 65 por cento até Agosto, face a igual período de 2008, totalizando 31.525 pessoas, de acordo com os dados fornecidos à Lusa pelo IEFP..
O porta-voz das Nações Unidas no Afeganistão disse hoje que pelo menos seis funcionários da organização foram mortos no ataque reivindicado por talibãs a uma pensão em Cabul..


A cotação do petróleo brent (futuros de Dezembro) mantinha tendência descendente no arranque da negociação europeia esta quarta-feira..
As principais bolsas da Europa iniciaram a sessão de quarta-feira a mostrar tendência de baixa, com o mercado a reagir a resultados de empresas como o banco Nordea, a tecnológica SAP ou a siderúrgica Arcelor-Mittal..
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domingo, fevereiro 08, 2009

Cheira- me a Revolução


Mensagem original-----
De: Ludo Rex

Enviada: sábado, 24 de Janeiro de 2009 13:58
Assunto: Divulgação Blogosfera

Cheira-me a Revolução!

Transformando o sonho em vida…
http://revolucionaria.wordpress.com/

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Somos homens e mulheres, inconformados com a situação politica, social e económica do nosso país, do mundo na sua globalidade.

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Dizer que este grupo de pessoas para além de inconformados, têm a noção clara que existem muitas mentiras a circular, verdades escondidas, memórias adulteradas, promessas de futuro que não se querem que se saiba.

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Este grupo de pessoas tem idades diferentes, experiências diferentes, vivências diferentes…

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Diferentes formas de sentir, agir e escrever. Portanto juntámos-nos, de uma forma espontânea, com a necessidade de alertar, despertar e agitar. Cada uma das vozes deste blogue é diferente e igual. Diferente porque transparece essa qualidade única e individual. Igual porque estamos em pé de igualdade.

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Assim queremos saber o que pensam, queremos saber o que acham, queremos saber do vosso sentir, queremos saber se vos cheira a revolução… Transformando o sonho em vida…

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Quadro de Rivera
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sexta-feira, janeiro 09, 2009

Nacionalização da Banca




AnselmoDias

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A banca, pelas funções que lhe são atribuídas, exerce uma actividade fundamental, resultante da recolha das poupanças da população, sob a forma de depósitos e de outros produtos bancários e a transformação disso tudo em investimentos, sob a forma de crédito. Esta actividade, a de bombear recursos, que não são seus, para dinamizar a actividade económica, coloca uma questão fundamental quanto à titularidade da propriedade do sistema bancário. Quanto a nós (ver Programa do PCP), o sistema financeiro deve pertencer ao sector empresarial do Estado, na perspectiva de que o mesmo desempenhe «...um papel determinante no desenvolvimento das forças produtivas e na aceleração do desenvolvimento económico». Por este facto, a inserção da banca no sector empresarial do Estado, é uma questão que continua na ordem do dia, razão pela qual tem toda a oportunidade o conjunto de reflexões que a seguir se desenvolvem.

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Em 1976, na versão inicial da nossa Constituição, era referido que «o sistema financeiro será estruturado por lei, de forma a garantir a captação e a segurança das poupanças, bem como a aplicação de meios financeiros necessários à expansão das forças produtivas, com vista à progressiva e efectiva socialização da economia».

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Quem, excluindo o CDS, aprovou esta versão constitucional?

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Aprovaram, a ADIM-Macau, o MDP/CDE, o PPD, 17 deputados independentes, o PS, a UDP e o PCP, o único partido que, dos atrás citados, coerentemente, se mantém fiel aquele conteúdo programático.Dos restantes partidos, três deixaram de existir (a ADIM-Macau, o MDP/CDE e a UDP) e os sobrantes, o PSD e o PS, não obstante o voto favorável, comprovaram que as suas assinaturas formais, favoráveis ao papel indispensável da banca na socialização da economia, escondia o propósito de a trair, logo que as condições favoráveis à contra-revolução estivessem em marcha.E assim foi.A traição do «bloco central de interesses»

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A traição do PS e do PSD fez-se à velocidade com que um vira-casacos muda de farpela. Com efeito, no seu congresso de 1974, o PS aprovou que «o Partido Socialista combate o sistema capitalista e a dominação burguesa (...) repudia o caminho daqueles movimentos que, dizendo-se sociais-democratas ou até socialistas, acabam por conservar (...) as estruturas do capitalismo e servir os interesses do imperialismo».

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O capitalismo dizia então, o PS, é uma força opressiva e brutal, pelo que «a estratégia antimonopolista e o reforço da acção do Estado passam forçosamente por um plano escalonado de nacionalizações (…) retirando aos grandes grupos monopolistas o poder económico e politico».

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O PSD, no seu programa, aprovado em Novembro de 1974, congeminou uma formulação mais soft mas não menos mentirosa que a do partido que suporta o actual Governo.

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Com efeito, o mano siamês do PS afirmava que o seu objectivo era «modificar a estrutura da economia expandindo progressivamente o sector da propriedade social dos meios de produção».E mais: o PSD não só pugnava por limitações substanciais ao princípio da propriedade privada como defendia que «as nacionalizações (...) constituem um dos meios para se conseguir o estabelecimento de uma sociedade justa e livre».

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Passado pouco tempo da aprovação da Constituição inicia-se a sua descaracterização, primeiro, de mansinho, por via da Lei de Delimitação dos Sectores, da chamada «Lei Barreto», da Lei das Indemnizações, bem como dos sucessivos Códigos de Investimentos Estrangeiros.

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Depois, ardilosamente, no tempo de Cavaco Silva, com o pretexto de que as nacionalizações não incidiram sobre as próprias empresas mas sim sobre o seu capital social, dá-se inicio às privatizações de 49% do capital, isto antes de a Constituição o permitir.Posteriormente, no âmbito da 2.ª revisão constitucional, com o acordo havido entre o PSD e o PS, em Outubro de 1988, desenvolve-se a «cavalgada heróica» da iniciativa privada aos bens do Estado.

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A este propósito é importante ter presente o livro «A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril», do camarada Álvaro Cunhal, que, no contexto das privatizações, diz o seguinte:«Toda esta história das privatizações promovidas por sucessivos governos do PSD e PS, com o apoio do CDS quando necessário, é uma longa história de esbulho e saque dos bens do Estado, de corrupção em altas esferas do poder, de escuras negociatas, comissões, «luvas», recompensas a «cabeças de turco», que se contam por milhares de milhões de contos, tudo isto resolvido com a permissão, quando não protecção, do poder político e com a consequente garantia dos infractores. Uma prática fraudulenta marcou com irregularidades e escândalos a privatização de numerosas empresas, incluindo empresas estratégicas.»

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Quem não se lembra do negócio da privatização do Banco Fonsecas & Burnay comprado pelo seu próprio avaliador e único concorrente à privatização, pelo que é hoje o BPI, um banco com nome português mas com, pelo menos, 68% de capital estrangeiro?

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E a negociata da reconstituição do grupo Champalimaud, parte do qual foi depois vendido aos espanhóis?

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E a passagem pelo Banco Português do Atlântico, antes da criação do BCP, dessa ínclita e cristianíssima figura, endeusada nos cursos de economia da Universidade Católica e, provavelmente, pela hierarquia da Igreja, como exemplo de grande gestor, de nome Jardim Gonçalves?Quem não se lembra que uma parte significativa das privatizações foi realizada com o próprio dinheiro da banca nacionalizada?Com efeito, não houve, em termos significativos, entrada de dinheiro fresco na economia, com a venda do património do sector empresarial do Estado. O que houve foi a utilização das poupanças dos depositantes, através das quais, por via do crédito, os actuais banqueiros e demais magnatas compraram, a preços de saldo, durante o cavaquismo e, sobretudo, aceleradamente, nos governos do PS, aquilo que, na versão inicial dos programas de tais partidos, era a alavanca indispensável para a efectiva socialização da economia.

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Tudo isto no âmbito de uma história simultaneamente interventiva e omissa:– Interventiva por parte dos governos do PS e do PSD, cujos interesses, no dizer de um antigo ministro, coincidem com os interesses dos especuladores e dos predadores;

– Omissa por parte dos responsáveis políticos pela Policia Judiciária e do Ministério Público, que tendo conhecimento do fartar vilanagem nas privatizações, não houve, nem investigação, nem processos e, muito menos, decisões judiciais, para bem do alívio do espaço prisional, porque do que se trata é de um caso de policia, não obstante o seu enquadramento ideológico e político.

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A «nacionalização»ao serviço do capital

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É neste caldo de cultura que se entende a recente «nacionalização-entre-aspas» do BPN e a intervenção no BPP.Os mesmos que, em 1974, aprovavam nacionalizações, foram os mesmos que, após o I Governo Constitucional, se lançaram na cruzada a favor das privatizações e continuam a ser os mesmos que, sob um drible semântico, socializaram os prejuízos de um banco totalmente privado, cuja dimensão ainda não é conhecida, mas que se antevê dramaticamente elevada.

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A «nacionalização» do BPN constitui um triplo logro:1.º logro: a «nacionalização-entre-aspas» foi feita para suprir os efeitos de uma gestão onde pontificou a recepção ilegal de depósitos, de burla informática, de insolvência dolosa, de favorecimento de credores, de burla qualificada a que acresce um suporte contabilístico falso, ocultado por um balcão virtual condensado num computador!!!

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2.º logro: os prejuízos tornados públicos, cerca de mil milhões de euros, seguramente subavaliados, não vão ser pagos por quem os originou, mas pelo dinheiro dos contribuintes, parte do qual, no âmbito da engenharia financeira do Orçamento de Estado, vai ser desviado para amortizar a divida de um banco onde pontificavam conhecidos ministros e secretários de estado dos governos do PSD, designadamente de Cavaco Silva;3.º logro: o destino do BPN já está traçado. O último prémio Nobel da economia, Paul Krugman, afirmou num artigo recentemente publicado no jornal Público, que. «...a finança deverá ser reprivatizada assim que for seguro fazê-lo». Embora isto não tenha sido dito a propósito do BPN, a verdade é que a mensagem já está dada: a «nacionalização» do BPN insere-se numa medida temporária.

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O que o Governo tem a fazer é muito simples: limpar a toxicidade existente, à custa dos nossos impostos, sanear as contas, na perspectiva de «quem-pagou-pagou», e devolver a ovelha ronhosa ao seu redil.A nacionalizaçãoao serviço do povoHá alternativa a esta pseudo-nacionalização?Há! Para tanto basta fazer, pela vontade popular, uma ruptura democrática com actual política e pugnar para que os principais meios de produção estejam ao serviço da Nação, designadamente o sistema financeiro, como foi feito há 34 anos, e cuja efeméride recordamos.

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Para se compreender bem o contexto dessa nacionalização a sério da banca há que ter, em devida conta, o contexto politico vivido na altura e, sobretudo, a dinâmica da luta de classes.Entre o dia 25/4/1974, data da acção militar e o dia 14/3/1975, data da nacionalização da banca houve dois grandes acontecimentos que importa rememorar.~

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Assim:

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– Golpe de Palma Carlos: Tendo tomado posse, como primeiro-ministro, em 16/5/74, prestou-se, como «cabeça de turco de Spínola», a apresentar, passados dois meses de ter assumido tal cargo, uma proposta, em Conselho de Estado, pela qual pretendia afastar o MFA do processo politico em curso, bem como formatar uma Constituição Provisória à figura desse travestido oficial prussiano de monóculo que deu pelo nome de general Spínola. Tendo, na altura, em 8/7/74, perdido a votação, volta à carga, passados dois dias, agora, em Conselho de Ministros. Novamente é derrotado, embora tenha obtido o voto favorável, entre outros, de Sá Carneiro. A esta derrota das forças golpistas correspondeu um avanço progressista na medida em que na semana seguinte a tais intenções é nomeado primeiro-ministro o então tenente-coronel Vasco Gonçalves.

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– O 28 de Setembro - A «Maioria Silenciosa»: Esta iniciativa, de conter o rumo do processo revolucionário, por parte de Spínola e de uma vasta panóplia de personagens, de partidos reaccionários, com o apoio declarado dos grandes empresários e banqueiros, teve um efeito importante na exigência da nacionalização da banca, em Janeiro do ano seguinte.

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E por quê? Porque foi possível conectar as relações entre aqueles que financiavam a organização que queria invadir Lisboa no dia 28 de Setembro, com vista a apoiar o general do monóculo a demitir Vasco Gonçalves, a retirar o PCP do Governo Provisório, a manietar a esquerda militar, enfim, «salvar o País», salvação essa que passava por entregar a Spínola o efectivo controlo das forças armadas e dos grandes meios de comunicação social, sem esquecer o ajuste de contas que se pretendia fazer. De facto, não eram apenas exigências politicas e de controlo militar que a reacção pretendia. Era também a vingança, aliás testemunhada pelo motorista de Manuel Vinhas que, ao Diário de Lisboa de 14/4/1975, confirmou que aquele capitalista lhe havia assegurado que «vai haver um grande banho de sangue».

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O 28 de Setembro e a respectiva «Maioria Silenciosa» foram derrotadas porque, no dizer de Álvaro Cunhal, «A poderosa movimentação e a luta das massas populares de norte a sul do país, nomeadamente nas entradas de Lisboa, cortou o passo à marcha contra-revolucionária, impediu a sua entrada na capital, impediu a manifestação de apoio a Spínola e a concretização do golpe de Estado. Estrondosa derrota das forças contra-revolucionárias, directamente de Spínola, Presidente da República. Impunha-se no imediato a sua demissão».

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Pois bem. Após o golpe de Palma Carlos e enquanto decorria a tentativa de invadir Lisboa e subverter o processo revolucionário, no Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas estava montado um esquema que permitia, em grande parte, por via de uma poderosa e influente rede de delegados sindicais, visualizar, pelo cruzamento de dados, as operações bancárias, a forma, o volume e os intervenientes no financiamento, não só da «Maioria Silenciosa» como dos partidos de índole fascista a ela associados. A banca privada estava, naturalmente, envolvida na contra-revolução.

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Os trabalhadores bancários sabiam disso.Sabiam que o sistema financeiro, pelo capital de que dispunha, dispunha, politicamente, do poder de condicionar o sentido progressista da revolução. A esta vertente, ligada ao poder politico, havia, também, uma outra vertente: a de pôr em causa a estabilidade económica do aparelho produtivo, condicionando, pela asfixia, o crédito às empresas e, assim, atirar, sobretudo, as micro, as pequenas e as médias empresas contra o Governo Provisório liderado por Vasco Gonçalves.

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Mas havia, fundamentalmente, uma forte consciência de classe que relevava a importância de uma função social do sistema financeiro que devia e deve pertencer ao Estado e não à iniciativa privada.Que função social é essa?É a de captar as poupanças dos depositantes, respeitar a sua titularidade, assegurar os valores confiados e transformar essa poupança em investimento no aparelho produtivo, garantindo mais emprego, mais produção nacional, desenvolvendo o mercado interno, sem esquecer que uma parte do lucro dos bancos devia e deve reverter para o Orçamento do Estado, em ordem a que o mesmo investisse e invistanas suas funções sociais. Tudo isto a par da exigência de uma boa gestão, quer na rentabilidade dos capitais próprios, quer no comportamento ético para com os depositantes, quer para com os utentes.A par disto havia, também, contas a acertar com os banqueiros.

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Os trabalhadores não estavam esquecidos das condições de vida e de trabalho e da forma arrogante, desde sempre, como os banqueiros, a coberto das estruturas fascistas, se portaram no decurso das negociações, quer das revisões contratuais quer das actualizações salariais.

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Mas, sobretudo, os trabalhadores não estavam esquecidos da dupla função exercida pela oligarquia financeira durante o fascismo: por um lado foi usufrutuária do regime, por outro lado, por via desse usufruto, passou a intervir directamente no poder político. Quem é que não se lembra da existência das Corporações e, no caso em apreço, da Corporação do Crédito e Seguros, estrutura copiada do fascismo italiano que, a pretexto da conciliação de classes, mais não foi do que um instrumento da ditadura ao serviço da acumulação de capital?

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É neste ambiente, simultaneamente complexo e exaltante, que chegamos a Dezembro de 1974, mês em que ficou decidido, na direcção do sindicato, reclamar, pública e oficialmente, a nacionalização da banca comercial (os bancos emissores já haviam sido nacionalizados).

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No inicio do mês seguinte, no pavilhão do Atlético Clube de Portugal, mais de 4000 bancários aprovaram, entusiasticamente, a moção apresentada pela direcção do sindicato no sentido da nacionalização da banca, a única forma de colocar este sector chave da economia ao serviço do Povo Português.

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Estávamos, contudo, a cerca de dois meses e meio de uma nova tentativa de golpe de Estado, tentativa essa que teve lugar em 11 de Março.É bom referir esta data para evidenciar que não foi o Conselho da Revolução que, de supetão, resolveu nacionalizar a banca.

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É bom referir que não existia, na maior parte dos oficiais do MFA, a intenção da apropriação dos principais meios de produção, embora, nalguns deles, houvesse o desejo de um maior controlo da banca, a par, também, de um consciente grupo que defendia não só a necessidade da nacionalização, como de orientar a Revolução no sentido do socialismo. Havia, pois, muitas contradições, aliás testemunhadas pelo autor destas linhas.

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De facto, numa das várias reuniões entre o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e a Coordenadora do MFA foram, pelos trabalhadores, apresentadas várias provas da sabotagem da banca, pelo que se reclamava medidas adequadas, inclusive a nacionalização. Eram intervenientes neste diálogo o capitão Costa Martins e o comandante Crespo. Na mesma sala, mas fisicamente distanciado, estava um outro oficial que, fingindo-se entretido a ler uma revista, estava, no fundo, concentrado na discussão atrás referida. Este último oficial apercebeu-se de que o teor da conversa tinha dois planos: por um lado a forte convicção dos sindicalistas, por outro a falta de argumentos dos seus camaradas oficiais, relativamente à evidência de um maior controlo da banca, incluindo a sua nacionalização. Foi por isso que ele se aproximou da mesa de reunião, e, pedindo licença para participar, declarou que o 25 de Abril não foi uma revolução socialista e que isso, a nacionalização, não estava no projecto do MFA. Esse oficial era, nem mais nem menos, o major Melo Antunes.

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Mas, indagarão os nossos leitores – a que propósito vem toda esta lembrança da nossa história recente?

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O propósito é muito simples, evidenciar:

– que a nacionalização da banca em 1975 foi uma exigência do povo, dos trabalhadores, da facção revolucionária do MFA e, sobretudo, do PCP, para que o sistema financeiro estivesse ao serviço do Povo Português, em todas as suas vertentes: políticas, económicas e sociais;

– que os fundamentos que levaram àquela nacionalização se mantêm intactos. A este propósito aconselhamos, vivamente, a leitura do preâmbulo do DL 132-A/75 de 14 de Março, o diploma pelo qual a banca foi nacionalizada;– enquanto que a nacionalização do BPN, em 2008, foi uma exigência do capital, a pretexto do efeito sistémico, chavão que serve para tudo, inclusive para apagar os crimes cometidos e para alijar para cima do Orçamento de Estado a socialização dos prejuízos da banca privada.

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Tão simples quanto isto.

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in Avante Nº 18320

8.Janeiro.2009

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Fontes:

A Constituição da República;O Programa do PCP, Edições Avante, 1997

A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril, de Álvaro Cunhal, Edições Avante, 1999;

Jornal «Avante», de 9/1/1975;

Sabotagem Económica «Dossier» Banco Espírito Santo, Diabril Editora, 1975;

Discurso do General Vasco Gonçalves,

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IMAGEM - Cartaz de Helena Vieira da Silva
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quarta-feira, setembro 17, 2008

Enfim ... Haja paciência !


Devido a um lapso do «rapaz» o Windows bloqueou desde 12 de Setembro. Assim, os trabalhos estão suspensos, salvo quando tenho acesso a outro PC. Mas ... não deixem de visitar-me e de comentar, que matéria não falta. Até já !
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imagem - O pensador - estátua de Rodin

sábado, setembro 06, 2008

OMS apela a melhor repartição da riqueza


















Injustiça social mata milhões

Uma criança nascida nos arredores de Glasgow, na Escócia, tem uma esperança de vida 28 anos inferior à de uma outra nascida a apenas 13 quilómetros de distância. Uma rapariga do Lesoto viverá menos 42 anos do que outra coetânea no Japão.


Estas discrepâncias que se observam quer entre países quer no interior das fronteiras de cada um devem-se não a quaisquer factores de ordem biológica, mas tão somente a condicionantes sociais, afirma um estudo, divulgado dia 28, na cidade suíça de Genebra, por uma comissão de especialistas constituída no seio da Organização Mundial de Saúde.
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Ao longo de três anos, uma equipa formada por universitários, antigos chefes de Estado e ministros da Saúde procuraram aprofundar as «determinantes sociais da saúde» e concluíram que «a associação de princípios, políticas e de medidas económicas pouco judiciosas é responsável em larga medida pelo facto de que uma maioria da humanidade não beneficia do nível de saúde que é biologicamente possível».
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O relatório, intitulado «Suprir o fosso numa geração: instaurar a equidade na saúde agindo sobre as determinantes sociais da saúde», afirma que «a injustiça social mata em grande escala».

Saúde é luxo de ricos

As profundas desigualdades no domínio sanitário são, há muito, medidas entre os diferentes países, sendo geralmente explicadas pelas assimetrias no desenvolvimento económico e social entre o Norte industrializado e o Sul subdesenvolvido. Muitos explicarão desta forma o facto de a taxa de mortalidade durante a gravidez ou o parto atingir no Afeganistão uma em cada oito mulheres, enquanto na Suécia esse risco existir para apenas uma em 17 400 mulheres.
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Contudo, a novidade do presente estudo é também apurou diferenças abissais dentro dos países considerados avançados nesta área, pondo em evidência a responsabilidade das políticas públicas e o seu injusto carácter de classe.
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Assim, na Austrália, a esperança de vida dos homens aborígenes é 17 anos inferior à restante população masculina de origem ocidental. A mortalidade maternal é três a quatro vezes superior nas camadas pobres do que nas classes abastadas da Indonésia. E a mortalidade dos adultos é 2,5 vezes maior nos bairros pobres do que nas zonas residenciais ricas do Reino Unido.
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Na Bolívia, um recém-nascido de uma mãe analfabeta tem dez por cento de hipóteses de perecer, taxa que se reduz para apenas 0,4 por cento dos recém-nascidos cujas mães frequentaram pelo menos a escola secundária.
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Notando que nos sistemas de saúde «não se regista uma tendência natural para a equidade», os responsáveis da OMS concluem que são necessárias políticas activas para «eliminar as desigualdades em matéria de saúde».
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Os investigadores constataram igualmente que existe uma relação clara entre os níveis de saúde e a condição económica das pessoas. Isto verifica-se até nos países industrializados mais ricos, onde «o aumento da riqueza nacional, por si só, não chega para melhorar a saúde. Se não houver uma repartição equitativa dos benefícios, o crescimento económico pode até exacerbar as desigualdades».
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Um dos casos flagrantes foi assinalado nos Estados Unidos onde poderiam ter sido evitados 886 202 falecimentos entre 1991 e 2000, bastando que a taxa de mortalidade dos americanos de origem africana fosse semelhante à da população branca.
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Por outro lado, o fosso entre países ricos e países pobres não tem parado de se aprofundar nas últimas décadas. Em 1980, os países mais ricos agrupando dez por cento da população mundial dispunham de um rendimento nacional bruto 60 vezes superior aos países mais pobres com percentagem idêntica da população do globo.
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Passados 25 anos de globalização capitalista, os autores do relatório constatam que esta diferença mais do que duplicou para 122 vezes, com a agravante de que, nos últimos 15 anos, um quinto da população mais pobre de numerosos países do «terceiro mundo» viu reduzir a sua parte no consumo nacional.

Políticas determinantes

Provando que a saúde das populações depende mais das políticas conduzidas do que da riqueza relativa de cada país, a OMS sublinha que certos estados com rendimentos fracos conseguem apresentar níveis sanitários satisfatórios.
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Este é o caso de países como Cuba, Costa Rica, China, o estado de Kerala na Índia, governado por uma coligação liderada pelo Partido Comunista da Índia (marxista), ou ainda o Sri Lanka.
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No mundo ocidental, a Organização destaca pela positiva o exemplo dos países nórdicos, onde foram promovidas políticas que visam assegurar a igualdade de acesso aos serviços públicos, o pleno emprego, a paridade entre sexos e reduzidos níveis de exclusão social.

Viver melhor dá saúde

Entre as recomendações que a comissão da OMS definiu para elevar os níveis de saúde da população mundial, destaca-se a necessidade de «melhorar as condições de vida quotidiana, nas quais os indivíduos nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem».
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Neste sentido, a organização apela ao combate «às desigualdades na repartição do poder, do dinheiro e dos recursos, ou seja, os factores estruturais dos quais dependem as condições de vida quotidiana ao nível mundial, nacional e local».
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Destacando o importante papel dos sistemas de saúde, o relatório sublinha que actualmente mais de 100 milhões de pessoas são vítimas de pauperização devido a encargos de saúde que foram obrigadas a suportar directamente.
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Neste quadro, os investigadores manifestam-se a favor de sistemas de saúde assentes nos princípios da equidade, na prevenção e na promoção da saúde com cobertura universal desde os cuidados primários.
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Como demonstração de que as políticas públicas podem produzir alterações radicais em matéria de saúde, os autores do relatório referem, entre outros, o exemplo de Portugal, onde, após o 25 de Abril, na sequência da criação do Serviço Nacional de Saúde, se registou um diminuição drástica da mortalidade infantil, equiparando-se aos níveis do Japão, Suécia e Islândia. Igualmente pela positiva, o relatório destaca o caso de Cuba que atingiu no ano 2000 uma cobertura de 99 por cento da população pelos serviços de desenvolvimento da infância.
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Contudo, como o documento também assinala, «as tendências de melhoria na área da saúde não são automáticas. Na verdade, se não nos preocuparmos com o problema, os níveis de saúde podem recuar rapidamente».
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Tais recuos tiveram especial gravidade nos estados da antiga União Soviética e nos países do Leste europeu após a derrota do socialismo. Mas o aviso da OMS é igualmente válido para as políticas liquidatárias do Governo PS, de cortes orçamentais e privatizações na Saúde, que tantos protestos têm gerado no nosso país.



















Outros Títulos:
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«Diálogo e negocição»
Crianças checas sem lugar na creche
Estado fica com as dívidas
Pela paz
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Avante
Nº 1814
04.Setembro.2008
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Pela Paz

















Comentário
Pela paz


Está a tornar-se cada vez mais claro que ao capitalismo já não basta o recurso à ideologia para impor as suas regras. É crescente o recurso à ingerência interna, à provocação, ao conflito armado, à invasão, à guerra, para controlar recursos naturais – petróleo, gás, água – ou rotas e vias de acesso a fontes estratégicas, no que pode ser considerado um novo período de colonização por parte dos que têm maior poder. Os pretextos têm sido os mais variados, mas os objectivos são sempre os mesmos, seja no Iraque e no Afeganistão, seja nos Balcãs ou no Cáucaso, no Médio Oriente, em África ou na América Latina.
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A história já nos ensinou que o imperialismo é sempre insaciável. Foi assim com todos os impérios. Mas, também por isso, geraram as contradições que levaram à sua própria destruição. É que também sempre os povos explorados lutaram contra a exploração de que foram vítimas, na defesa da sua dignidade. Só que, por vezes, isso custou muito sofrimento e milhões de mortos.
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Por isso, importa retirar ensinamentos da história e actuar, enquanto é tempo, na defesa da paz justa, inseparável da democracia participativa, da justiça social, da valorização do trabalho, do progresso e desenvolvimento ao serviço dos povos, no respeito pela soberania dos Estados, promovendo a via do diálogo para a resolução dos conflitos, nomeadamente no quadro da ONU, e lutando contra a nova corrida aos armamentos.
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Na fase que estamos a viver, as grandes potências já não tentam apenas impor a ideologia dominante do capitalismo. Querem que haja um pensamento único, utilizando a comunicação social que controlam, com especial enfoque para as televisões, reduzindo ao mínimo possível, excluindo, na prática, os que se opõem consequentemente ao capitalismo e à guerra e que apresentam alternativas ao sistema explorador, como faz o PCP.

Políticas perigosas

Nalguns países da União Europeia, onde Portugal não está impune, retornam os ataques a liberdades e direitos fundamentais, regressam velhas campanhas anticomunistas, medra um fascismo rastejante que é preciso extirpar enquanto é tempo.
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Hoje é claro que EUA e União Europeia querem impor também uma ordem mundial baseada na exploração dos mais fracos pelos mais fortes, seja no âmbito da Organização Mundial do Comércio – OMC, seja utilizando a NATO, com apoio conjunto americano e europeu. Para isso, estão a recorrer frequentemente à força das armas e a uma nova corrida aos armamentos.
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Os recentes acontecimentos no Cáucaso são mais um exemplo de toda esta situação. A actuação provocatória do presidente da Geórgia, que iniciou as hostilidades, só pode ser entendida num quadro que serve os interesses da NATO e dos EUA, os quais, entretanto, já aproveitaram o pretexto para enviar para a zona a poderosa força naval americana. Simultaneamente, os EUA instalam o sistema de defesa antimíssel na Polónia e na República Checa e insistem em alargar a NATO até às fronteiras da Rússia, o que pode contribuir para agravar o conflito actual e transformar-se em mais um sério perigo para a paz.
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Apesar da importante rejeição do projecto da dita constituição europeia, e, mais recentemente, do seu filho que dá pelo cognome de «Tratado de Lisboa», no referendo da Irlanda, os líderes da União Europeia continuam a pôr em prática uma política crescentemente militarista e cada vez mais enfeudada aos interesses dos EUA, mesmo que, por vezes, tenham grande dificuldade em explicar aos seus povos as mortes dos seus soldados no Iraque, no Afeganistão ou noutro lado qualquer. Veja-se o que ainda há dias aconteceu em França com os seus mortos no Afeganistão.
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Por isso, é preciso avisar toda a gente, é preciso mobilizar todos os democratas contra estas políticas muito perigosas para a paz na Europa e no Mundo.




















Outros Títulos:
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Injustiça social mata milhões
«Diálogo e negocição»
Crianças checas sem lugar na creche
Estado fica com as dívidas
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Avante
Nº 1814
04.Setembro.2008
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sexta-feira, agosto 08, 2008

Agosto - Mais Brilhante que Mil Sóis

Hiroshima após o bombardeamento/holocausto nuclear. O «senhor» abaixo nunca se arrependeu e dormiu sempre bem, pois limitara-se a cumprir ordens.
Nunca foi julgado nem a cadeia de comando até Harry Truman, como criminosos de guerra e genocidas, num qualquer Tribunal de Nuremberga.


Colonel Paul Tibbets waving from Enola Gay's cockpit before taking off for the bombing of Hiroshima. (USAF Photo)




Desenho de Tibuka





Quadro de Magritte
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terça-feira, julho 08, 2008

Brasil - Deputados criticam europeus pela criminalização dos imigrantes

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Théodore Géricault

A Jangada da Medusa

(1818 - 1819)

Paris, Museu do Louvre





4 DE JULHO DE 2008 - 13h53


A legislação aprovada no Parlamento europeu sobre ciminalização dos imigrantes ilegais continua sendo alvo de censuras e críticas entre os parlamentares e autoridades brasilerias. Esta semana, a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) e o deputado Luiz Couto (PT-PB) fizeram discursos na tribuna da Câmara, para tratar do tema. “Com essa diretiva, o continente europeu resgata a xenofobia, o preconceito e a violação de direitos humanos fundamentais. Aspectos esses que levaram o mundo inteiro à 2ª Guerra Mundial”, afirmou Manuela.



Ela destacou “a vigorosa resposta brasileira através do Ministério das Relações Exteriores, que, de forma altiva, aplicou o princípio da reciprocidade”, embora admita que “neste caso, não há como estabelecermos procedimentos recíprocos, simplesmente porque o Brasil estaria violando suas próprias leis, e mais do que isso, estaríamos violando a Carta de Direitos Humanos. Não existe em nossa legislação a possibilidade de mantermos presos, sem acusação formal, imigrantes por até 18 meses”.


Para a deputada, “instituiu-se de fato uma situação kafkiana para os imigrantes. Instituiu-se o "delito da imigração", acrescentando que “essa formulação foi gestada e aprovada pelos setores mais conservadores da sociedade e está muito longe de ser a opinião de todo o povo europeu, haja vista os protestos em diversos países europeus”.


Ela lembrou ainda que “o Brasil acolheu os emigrantes europeus em diferentes levas, sempre com respeito e humanidade. Fazem parte hoje de nossa cultura e de nosso País”, acusando os dirigentes europeus – Berlusconi (Itália), Merkel (Alemanha), Sarkozy (França) e Brown (Inglaterra) – de construirem uma Europa “triste, xenófoba e sombria”.


“Tristes lembranças que achávamos sepultadas há mais de 60 anos, mas que foram resgatadas pelos novos tempos de liberalismo. O mesmo liberalismo que busca refrear nosso crescimento, que tenta atacar a soberania dos países em desenvolvimento e também destrói conquistas sociais no Primeiro e no Terceiro Mundo”, afirmou Manuela.


Tratados como bandidos


O mesmo assunto foi tema de discurso do deputado Luiz Couto, que demonstrou preocupação com os brasileiros que viajam para o exterior e lá são presos e deportados. "Só na França foram mais de 50 que trabalhavam na construção civil, alguns deles de forma legal", afirmou.


Luiz Couto disse que repudia a postura de governantes da França, da Espanha e de Portugal de prenderem brasileiros e brasileiras nos aeroportos e os mandarem de volta. Para ele, há um sentimento de xenofobia por parte de algumas autoridades dos Estados Unidos e da Europa, especialmente Espanha e Portugal, "que querem enxotar brasileiras e brasileiros que trabalham de forma digna naqueles países e agora estão sendo presos e considerados bandidos".


O parlamentar propõe que o Brasil ratifique a Convenção da ONU que trata da questão da regulamentação dos trabalhadores imigrantes e de seus familiares. Segundo ele, é essa convenção que vai dar possibilidade a que o imigrante, que esteja legal ou não, não seja tratado como bandido.


O deputado petista também quer que a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara defendam a ratificação da convenção que regulamenta o trabalho dos imigrantes e dos seus familiares.


De Brasília
Márcia Xavier

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24 DE JUNHO DE 2008 - 19h25

Brasil endurece discurso contra a xenofobia na Europa


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta terça-feira (24) duras críticas ao que classificou de "vento frio da xenofobia" dos países europeus. Na avaliação de Lula, o preconceito contra imigrantes é hoje uma questão séria em toda a Europa e só existe uma solução para isso: "Não é proibindo os pobres de irem para a Europa, é ajudando a desenvolver os países pobres; por isso, falamos tanto na construção de parceria com os países do Terceiro Mundo para produzir etanol e biodiesel."


Ele invocou o artigo 13º da Declaração Universal dos Direitos Humanos "contra os tambores do medo e da intolerância", que diz: "Todo ser humano tem o direito de circular livremente."


As críticas que Lula fez, em seminário ocorrido em Brasília, sob o tema "A responsabilidade social nas empresas e os 60 anos da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos", foram uma resposta à aprovação, na semana passada pelo Parlamento Europeu, de uma nova lei de imigração que prevê sanções mais fortes a todos aqueles que ingressarem de forma ilegal na Europa, incluindo a expulsão.


Ainda no discurso, o presidente disse que o mundo "ainda não entende (a defesa que o Brasil faz do aumento da produção do álcool, incluindo a parceira com os países subdesenvolvidos), mas vai entender".


Vento frio


Ao citar as comemorações dos 60 anos da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Lula continuou com as críticas: "É forçoso expressar nossa perplexidade, passadas seis décadas do mais ousado compromisso de paz, assinado por entre as rinhas da Segunda Guerra, fronteiras marcadas por preconceito e discriminação voltam a circundar países." O presidente continuou: "O vento frio da xenofobia sopra outra vez sua falsa resposta para os desafios da economia e da sociedade. Hoje, como ontem, o desemprego, a fome e a instabilidade financeira reclamam maior coordenação entre as nações e maior solidariedade entre os povos."


Depois do pronunciamento no Parlamento Europeu, por causa do endurecimento das leis de imigração, Lula elogiou a postura brasileira: "Em meio a ameaças e sombras, a trajetória brasileira distingue-se, positivamente, no cenário internacional. Graças a uma convergência de esforços entre o Estado e as organizações da sociedade civil, acumulamos um saldo de conquistas humanistas que nos orgulha, mas redobra a responsabilidade e nos encoraja a ir além."


O presidente argumentou ainda que, no governo, os cuidados com os segmentos mais fracos e os contingentes mais humildes da sociedade deixaram de ser encarados como ação meramente paliativa. Segundo Lula, essa concepção de desenvolvimento, "indissociável do fortalecimento da cidadania, trouxe para dentro da democracia e da economia parte expressiva da população brasileira que, durante séculos, foi mantida na soleira da porta, praticamente do lado de fora do país".


in Vermelho

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terça-feira, junho 10, 2008

10 de Junho - O Dia da RAÇA e o que mais se lerá



Helena Vieira da Silva

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Évora - manifestação dos trabalhadores agrícolas (Largo junto à Porta de Avis ?)

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Évora - manifestação dos trabalhadores agrícolas

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Fotos de Victor Nogueira




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João Abel Manta

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Lisboa - Mural (apagado) na Rua António Maria Cardoso (sede da PIDE/DGS)
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Foto de Victor Nogueira
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Abril em Maio após Novembro (1)

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O Sonho ...
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As eleições na Primavera Marcelista - 1969 - a «evolução na continuidade»

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Victor Nogueira

Esta última carta foi colectiamente subscrita por mim e mais dois ou três colegas meus e remetida tal como a anterior aos jornais da oposição
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clicar nas imagens para ler


Na «Primavera» Marcelista de Marcello, este, num gesto «largo e generoso», mal-citando eu Pessoa (1), permitiu o regresso de dois exildos políticos, Mário Soares e D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto. Para alguém mínimamente (in)formado tratava-se duma operação de cosmética, pois os exilados no Tarrafal, em S.Nicolau, em Caxias ou em Peniche continuaram no exílio com «seguras» medidas de protecção.

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(…)

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Continua em As eleições na Primavera Marcelista - 1969 - a «evolução na continuidade» - Victor Nogueira

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O Dia da RAÇA e o que mais se lerá
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* Victor Nogueira
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Dentro de momentos a Praça do Giraldo será cenário duma manifestação [do 10 de Junho] que pretendem grandiosa e durante a qual se enaltecerá essa gloriosa e alegremente sacrificada juventude portuguesa que em terras de África defende a herança dos seus avoengos, numa guerra santa sobre cujos fundamentos se não admitem dúvidas. Entretanto a Universidade de Coimbra está em greve desde há largas semanas, greve de que os jornais não falam, a não ser publicando os diversos e por vezes incoerentes e inverosímeis comunicados das autoridades académicas. A música continua a ser monoral. (...) Está uma manhã cheia de sol, contrastando com o pluvioso e cinzento dia de ontem. Pela janela aberta chegam‑me aos ouvidos o chilrear dos pássaros e os discursos transmitidos pelos autofalantes, na cerimónia que se realiza a dois passos daqui, entrecortados por salvas de palmas. (NSF - 1969.06.10)
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(...)
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Isto por cá não anda muito bom. As greves sucedem‑se diariamente - só por portas travessas se sabe - e as deserções do exército, nomeadamente dos oficiais milicianos, continuam a verificar‑se. Entretanto o problema do Ultramar continua a ser explorado emocionalmente, com completo desrespeito pelos interesses do povo português. A emigração aumenta. A nau mete água por muitos rombos. (NSF - 1970.07.18)
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(...)
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No Giraldo Square erguem-se bancadas e toldos, que vedavam ao trânsito automóvel a rua da Selaria (ou 5 de Outubro). O Giraldo é uma "bancadaria" para [comemorações d]o 10 de Junho, que este ano deve ser comemorado em grande, para compensar os desastres que se vão averbando na Guiné e no Norte de Moçambique. (...) Domingo próximo, em Portugal de lés‑a‑lés, viver‑se‑ão jornadas de fervor patriótico! (MCG - 1973.06.07)
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(...)
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Ontem à noite (1973.10.24), no regresso de Arraiolos, muitos Mercedes a caminho de Évora, onde às 21:30 alentejanos cinzentos de ar sisudo aguardavam ordeiramente o início da sessão de propaganda da ANP [Acção Nacional Popular]. Debaixo dos arcos [arcadas], uma fila de homens, com ar humilde e jeito de rebanho descido da camioneta, dirigia‑se para o cinema onde se realizaria a tal sessão. A Oposição não comparecerá as eleições no domingo. O Marcelo [Caetano] bater‑se‑à contra nada. (MCG - 1973.10.25).
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(...)
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Levanto os olhos e vejo muitos magalas, na sua farda verde oliva. Andam também pelas ruas, aos grupos, espalhafatosos, como quem já tem o seu grão na asa. "Cheira‑me" que haverá dentro em breve mais um contingente para a guerra em África. Alguns escrevem, curvados sobre o papel, a caneta firme na mão, como quem não está habituado a frequentes escrituras. Parecem rapazes muito novinhos; uns conversam, irrequietamente, outros têm um ar absorto, ausente.
(MCG - 1973.11.26)
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Hoje foi o Dia da Polícia e está explicado porquê toda a semana têm desfilado pelas ruas da cidade: preparação do grande acontecimento, em que estrearam os capacetes cinzentos com viseira protectora, espingarda de baioneta calada ao ombro, deixando, na esquadra, o escudo protector das pedradas dos manifestantes. 50 000 mil contos teria sido a quantia gasta nos últimos tempos pelo Governo para equipar a polícia. Ah! Ah! Os tempos vão desassossegados! (1974.03.12)
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Dizia a BBC ontem que prosseguia o chamado "julgamento" das 3 Marias (Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa) autoras dum livro chamado "Novas Cartas Portuguesas" sobre problemas da mulher portuguesa, que a acusação pública considera pornográfico e ofensivo da moral e dos bons costumes. Mas uma das testemunhas de defesa, Maria Emília... , afirmou que ofensivo da moral e dos bons costumes era o facto duma mulher não poder andar na rua e transportes públicos em Lisboa (e em Évora ?) sem ouvir piropos indecorosos e ser apalpada. Referiu também as vantagens que os homens da classe alta tiram impunemente da sua posição sobre as jovens das classes inferiores. (MCG - 1974.03.21)
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ler o resto em O Dia da RAÇA e o que mais se lerá
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Um 1º de Maio no tempo do fascismo

O 1º de Maio é um dia dos trabalhadores comemorado em muito países desde 1889, por vezes em festa mas quase sempre em luta por melhores condições de vida e de trabalho. O mesmo sucedeu em Portugal na longa noite fascista, apesar de repressão e da negação de direitos elementares, como os de associação, manifestação e reunião.

Ao folhear jornais desse tempo encontramos o 1º de Maio de 1962 segundo o Diário de Notícias de 3 de Maio, de que transcrevemos partes essenciais, mantendo os subtítulos originais: (...)

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continua em Um 1º de Maio no tempo do fascismo - Victor Nogueira

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Arraiolos - Inquéritos às Condições de Vida e de Trabalho (1973)

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Arraiolos

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Os inquéritos vão correndo. Não acredito no trabalho que estou fazendo - uma maneira do Ministério das Corporações e Previdência Social despender umas massas dos contribuintes sem que para eles advenham benefícios. Com uma semana de inquéritos sou capaz de fazer um relatório sobre a situação dos trabalhadores do concelho de Arraiolos, que não diferiria muito dos resultados que se virão a apurar com o tratamento estatístico das informações obtidas. Qualitativamente melhor. A maioria das respostas parecem tiradas a papel químico.
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(...)
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continua em
O Alentejo Rural - antes e depois de Abril - Victor Nogueira
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Evolução de Évora – a situação em 1975


A Rádio Renascença transmite "Os Vampiros", do Zeca Afonso! Rei morto, Rei posto! A Junta de Salvação Nacional, como a si própria se intitula, abre a tarracha e já hoje tornou público o seu programa, cujo ponto limite é a realização de eleições gerais para a Assembleia Constituinte e Presidente da República no prazo de 12 meses.

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No café Estrela, velhos falam dizendo que os jovens de agora são melhores que no seu tempo: "A gente também não concordava com o Salazar mas nunca tivemos coragem de fazermos o que eles fizeram.". Nas imagens que a RTP transmite a nota dominante entre os manifestantes e os mirones era a juventude. Outro velho diz que nunca foi marcelista. (MCG - 1974.04.26)

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continua em OS DIAS DA REVOLUÇÃO (notas soltas) - Victor Nogueira

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Bónus
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Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades em Setúbal
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O que sucedeu a 28 de Maio 28 de mayo 28 mai May 28 28 maggio


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Quanto à correspondência violada [pela PIDE], por razões que desconheço, só seguiam recortes de jornais relatando o que se tem passado na Assembleia Nacional.(...) Daqui para o futuro acompanharão os recortes uma lista detalhada dos mesmos e irão lacrados. Farto de malandros ando eu. (NSF - 1971.06.30)
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