A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, janeiro 28, 2012

XII CONGRESSO DA CGTP-IN


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Enviado por  em 27/01/2012
XII CONGRESSO DA CGTP-IN
«Acordo não é lei. Não é mesmo. Nós vamos agir»
Carvalho da Silva alerta para «novo impulso suicidário» com acordo que vai mudar o mercado de trabalho

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Jorge Messias ~ No cume da pirâmide moram os «illuminati» … ( 4 )

Avante!
N.º 1991 
26.Janeiro.2012

  • Jorge Messias


No cume da pirâmide moram os «illuminati» … ( 4 )
«Amamos e estimamos os religiosos mas nós não o somos e nenhuma autoridade no mundo – nem mesmo na Igreja – poderá obrigar-nos a sê-lo... (P. Escrivá de Balaguer, citado por Vittorio Messori in “Opus Dei”).



«O Opus Dei é acusado de ter como objectivo fundamental o controlo das esferas do poder. Mas a sua influência na sociedade é muito difícil de dimensionar, uma vez que os responsáveis afirmam não dispor de estatísticas sobre a condição sócio-profissional dos seus membros para poder classificá-los. Nas diferentes situações reais que a Obra enfrenta, utiliza-se uma terminologia corrente noutras instituições: professores, académicos, funcionários, etc...» (idemidem, Vittorio Messori).



«Como o Estado nasceu da necessidade de refrear antagonismos de classes, resulta que ele é sempre o agente da classe mais poderosa e economicamente dominante a qual, como consequência da sua riqueza, se transforma na classe politicamente dominante e adquire, assim, novos meios para oprimir e dominar as classes dominadas» (F. Engels, prefácio à “Crítica do Programa de Gotha”).



Se a História não se repete, não menos é certo que os dados de sistemas históricos tidos como destruídos tendem a reagrupar-se. É assim que entendemos os sinais dos acontecimentos que precederam o pesadelo nazi-fascista e vamos agora reencontrar no actual panorama político, económico e social: o desastre financeiro, a subida galopante dos preços, o Estado saqueador, a prosperidade das grandes fortunas, o desemprego e a luta pelo domínio capitalista de novos mercados; o desabar das políticas, o retorno da ideia de imperialismo como solução, a multiplicação dos conflitos locais, o imparável crescimento das indústrias bélicas e a preparação de nova guerra a nível mundial; a derrocada dos valores éticos ocidentais, a imposição de uma Igreja corrupta minada pelos escândalos, pelo materialismo e pelos negócios «sujos», as chorudas trapaças que se escondem por detrás das imagens da Filantropia e da Caridade e… muitíssimo mais.
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Assim, globalização é repetição. Nada há de novo debaixo do solMas para os tecnocratas continua a existir uma saída para a crise. E persistem na ideia de que o Estado capitalista é democrático. São cegos que conduzem outros cegos. Porque a globalização vai polarizar ao extremo a luta de classes.
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A hierarquia da Igreja, como sempre, continua de pedra e cal. Lucra com os grandes negócios e sempre que necessário lança na fornalha os mitos que destilam o ópio do povo. Agora, por exemplo, decorre uma intriga talhada à imagem dos soldados-catequistas de Loiola. Não insistiremos nesse episódio da luta pelo poder que opõe de vez em quando Maçonaria e Opus Dei mas também não o ignoraremos. Porque, na verdade, nesta fase de passagem ao imperialismo dos monopólios, as sociedades secretas nas suas diferentes formas (grupos de pressão, lóbis, seitas, fundações, agência militares e paramilitares…) transformaram-se nas verdadeiras detentoras do Poder. Nessa dimensão global devem ser olhadas. Pode ilustrar-se esta afirmação com uma imagem extraída do xadrez político português. A Igreja, à qual incumbe desinformar o povo, pegou no discurso anti-maçónico e deu nova demão às esbatidas tintas da diabolização. Sob reserva ficaram por esclarecer duas dúvidas antigas – que significa ao certo sociedade secreta equantas sociedades secretas funcionam em Portugal – a fim de que todos os males da conspiração capitalista fossem atribuídas à Maçonaria.
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Choveram mentiras e falsidades assinadas por bispos e cardeais «situacionistas»: a Igreja apenas trata de assuntos da fé e é alheia a este enredo; os grupos de pressão do sector empresarial são meras entidades consultivas; a economia portuguesa apenas obedece às «leis de mercado»; Portugal é uma democracia cujas instituições representativas respeitam a Constituição da República; só um deputado é do OD, etc.
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Lembremos ao episcopado que em Portugal conspiram livremente (como a Igreja bem sabe) agentes das mais diferentes sociedades secretas, directa ou indirectamente ligadas ao Vaticano: Opus Dei, Clube de Bilderberg, Trilateral, Rosacruzes, Caveira e Ossos, Clube de Roma, Greenpeace, Foreign Council, Fundação Rockefellker, organizações dos Templários e dos Jesuítas, etc., etc. São eles que fazem e desfazem as leis.
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Acima de todos, no topo da pirâmide, moram os «illuminati»…
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A seguir, iremos tentar esboçar o perfil destes «iluminados»

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Jorge Messias - Vaticano «iluminado» e as «secretas»… ( 3 )

Avante!
N.º 1990 
19.Janeiro.2012 

  • Jorge Messias


Vaticano «iluminado» e as «secretas»… ( 3 )
«Os illuminati organizam-se em pirâmide de 13 famílias com existência real. Até certa altura, essas famílias dividiam entre si o poder; actualmente, uma só delas lidera o grupo, visto ser aquela que detém uma fortuna no valor de metade de todo o dinheiro existente no mundo» (Sérgio P. Couto,«As 13 famílias iluminadas, sociedades secretas da eugenia», Google, Internet).
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«Qualquer país que fizer um ataque directo a outro país para o destruir vê o seu poder triplicado. Assim, se for bem sucedido, o país atacante recebe imediatamente uma Carta-Plano e nova ficha de acção. Se falhar, o atacante é destruído; o prémio irá para o jogador que, nas circunstâncias, se defendeu e ganhou» (Steve Jackson, «Os jogos de guerra dos illuminati»).
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«Tenho vindo a abordar o tema de políticos na Maçonaria, no grupo Bilderberg e no governo de Barroso. A composição deste último e a crise económica e social dão para perceber que Portugal está sendo conduzido por um “governo oculto mundial”. Entre outras coisas, assim teremos em breve implantada aqui uma Nova Ordem que já se faz sentir em toda a Europa» (António Guterres, Opus Dei, ex-primeiro ministro PS, intervenção pública na Casa-Museu de João Soares, ano 2000).

Como é fácil imaginar-se, a partir do conhecimento de que as 400 famílias mais ricas do mundo dão suporte político e financeiro ao Vaticano, o poder de intervenção da Igreja na área económica é enorme. A partir dele, o papado pode fazer e desfazer governos e nações, gerir câmbios e mercados e, sobretudo, tem sempre a última palavra assegurada nas decisões finais dos estados capitalistas. Mesmo quando estes decidem a Paz ou a Guerra, a fome e a abundância, a miséria ou a riqueza. Ainda que, por tácticas e estratégias amadurecidas ao longo de milénios, as hierarquias religiosas permaneçam na sombra.
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.Aliás, o Vaticano conserva outros trunfos na manga. Associedades secretas constituem inegavelmente uma destas cartadas principais. As suas origens vêm dos confins da memória e a sua história é anterior às noções de Estado e da própria Igreja. Mas possuem os mesmos ingredientes das grandes religiões: os ocultos mistérios, a rigidez da disciplina, os impulsos imperialistas e a noção permanente do sobrenatural aliado à perspectiva do lucro.
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As sociedades secretas nasceram entre as classes pobres mas logo foram perfilhadas pelo poder dos ricos. No Ocidente, a Igreja primitiva cujos núcleos centrais tinham também um carácter secreto, cedo se apercebeu deste potencial.
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Seria interessante pesquisar-se esse passado mas não há aqui espaço para tanto. Retenhamos que a história da Igreja e o historial das «secretas» caminharam sempre em paralelo. Mesmo quando marcados por lutas que não eram de extermínio, como aparentavam, mas de absorção de poderes e de riquezas.
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 Nos nossos dias, ainda que o número de seitas e de bandos se continue a multiplicar, a tendência dominante é de centralização das sociedades secretas. No Ocidente, Maçonaria Opus Dei são gigantescos blocos centrais do poder oculto altamente ramificado. Identificam-se nos objectivos a alcançar mas ambas procuram a hegemonia na Nova Ordem em construção. Uma e outra têm estruturas rígidas, escalões separados, dogmas e tabus, obediências rigorosas à «subsidiaridade» (um escalão obedece automaticamente ao escalão superior) e cultivam o transcendente, o aparentemente insondável, o mito e a infiltração nos interesses estabelecidos. Constituem, na realidade, dois ramos religiosos convergentes que se revezam no comando do mesmo pelotão capitalista. São eles os «iluminados». Aqueles que Deus ou o Ser Supremo «iluminou».  
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Recentes desenvolvimentos parecem apontar para mais uma tentativa de absorção de um dos grandes blocos pelo outro bloco. Nada disso é evidente mas convém estar atento. A concentração financeira e política assim alcançada seria catastrófica. Se os dois já estão em toda a parte, uma unificação seria bem pior.
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Neste momento, os mercados comandam os poderes dos estados. As religiões são paraísos onde florescem monopólios. Teremos de estar atentos às manobras estratégicas de ocupação das áreas sociais, territórios básicos das conquistas democráticas.
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Vigiemos pois estas escaramuças entre oficiais do mesmo ofício. Das «secretas» muito fica ainda por dizer...

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Jorge Messias ~ O Vaticano e a acumulação da riqueza (2)

Avante!
N.º 1989 
12.Janeiro.2012n

  • Jorge Messias


O Vaticano e a acumulação da riqueza (2)
«A Doutrina Social da Igreja sustentou sempre que a distribuição equitativa dos bens é prioritária. O lucro é legítimo na justa medida em que for necessário ao desenvolvimento económico. O Capitalismo não é o único modelo válido de organização económica» (João Paulo II, «Centesimus Annus»).



«Sou culpado por ter silenciado covardemente no tempo em que deveria ter falado. Sou culpado de hipocrisia e de infidelidade perante a força. Falhei na compaixão tendo negado os mais humildes dos nossos irmãos ...» (Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano, depois enforcado com cordas de piano pelos nazis, 1945).



«Toda a História, desde a dissolução da antiquíssima posse comum do solo, tem sido uma história de lutas de classes; lutas entre classes exploradas e exploradoras, dominadas e dominantes, em diversos estádios de desenvolvimento social. Esta luta, porém, atingiu agora um nível em que a classe explorada e oprimida (o proletariado) já não se pode libertar da classe exploradora e opressora (a burguesia) sem simultaneamente libertar para sempre toda a sociedade da exploração, da opressão e das próprias lutas de classes» (Friederich Engels, «Manifesto», 1833).

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 A «camisa de onze varas» em que o capitalismo se meteu é a mesma que imobiliza o Vaticano. O neocapitalismo gerou dinheiro mas destruiu o produto e desmantelou o aparelho social. A Igreja enriqueceu desmedidamente mas apagou a sua identidade, aquela que motivava o seu clero e unia o seu rebanho. Trocou valores como a fé ou o mito por metal bem sonante. Hoje, olha-se para ela e bem pode dizer-se: «o rei vai nu».
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Chovem as provas do seu apetite voraz.
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A rede de bancos e off-shores que o Vaticano domina, os escândalos que o enlameiam, as ligações que a solidariedade oculta, as contas públicas que se nega a prestar, o seu envolvimento em negócios escuros, etc., etc. O pouco que se sabe deixa calcular o muito que continua oculto.
A matéria daria para um tratado. Só de passagem, recordemos apenas casos falados recentemente: o novo escândalo do IOR – Instituto das Obras Religiosas com monumentais lavagens de dinheiro que a polícia italiana continua a investigar; os crimes de abuso sexual de menores detectados um pouco por toda a parte e que envolvem exclusivamente padres e seminaristas católicos; a descoberta que se fez de que a segunda maior editora alemã de livros pornográficos – a PORNO – afinal, pertence ao Vaticano; só em 2010, o negócio rendeu mais de 1,6 biliões de euros! As ligações de IPSS com os mercados. Etc., etc.
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Nada disto causa espanto no mundo dos monopólios capitalistas. Todos eles também guardam na gaveta crimes semelhantes ou mais tenebrosos. Porém, em relação à Igreja, a santidade representava o seu capital social. E este está definitivamente perdido.
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Portanto, no plano ideológico a Igreja vai-se apagando. O mesmo não acontece nas áreas política e financeira onde o Vaticano se encontra solidamente instalado e em ascensão. Combina expedientes e formas de pressão à sua vontade, sobretudo nos estados onde mantém concordatas. Mas de outros modos também.
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Menciona-se, a propósito destas técnicas de expansão, um dos trunfos ocultos do papado, citado como o Crown ou «Coroa do Vaticano». Trata-se de uma estrutura subterrânea constituída pelos representantes das doze mais ricas famílias do mundo – os Rotschild, Astor, Bundy, Collins, Du Pont, Freeman, Kennedy, Li, Onassis, Rockefeller, Russel e Van Duyn. Junte-se a este monumental bloco o secreto «Óbolo de S.Pedro», saco sem fundo que só o papa conhece e gere, e teremos uma vaga ideia do poder do Vaticano nas políticas mundiais e na distribuição desigual da riqueza. Outras 300 famílias multimilionárias mantêm-se na sombra do papa, sempre disponíveis para qualquer intervenção. É o corpo dos «iluminados» (os «illuminati») força à qual em breve nos voltaremos a referir.
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Não espanta, por isso, que o capitalismo actual se cruze constantemente com os interesses da Igreja. Todo o mundo bolsista e milionário; político e argentário; eclesiástico e especulador, está mobilizado para a destruição do Estado social e das estruturas democráticas e para a recolha de todo o dinheiro deixado sem dono pela acção governativa. Destruir as conquistas históricas dos cidadãos e amoldar os homens aos interesses do grande capital são os seus verdadeiros objectivos.
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Só os conseguirão alcançar se virarmos a cara à luta.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Jorge Messias ~ Um manual do crime impune

Avante!

N.º 1988 
5.Janeiro.2012 


  • Jorge Messias


Um manual do crime impune
«A Igreja não é uma grande empresa porque a Igreja tem uma desmultiplicação de pessoas jurídicas. Cada uma dessas entidades é uma empresa pequena. O elo entre todas elas é a Igreja como comunhão. Houve outros países que cometeram o erro de concentrar tudo na personalidade jurídica da diocese …» (Cardeal-patriarca, D. José Policarpo em entrevista ao Diário de Notícias, Dezembro de 2011)
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«As Misericórdias, as IPSS, os Centros Sociais, representam uma panóplia muito pesada para nós. Esse tecido empresarial está a actuar já neste momento. São instituições que subsistem porque têm tido um apoio estruturado e negociado com o Ministério da Segurança Social e … bem! O Estado tem consciência de que através das nossas instituições presta um serviço público mais barato com grande qualidade humana e espiritual e, hoje, até técnica. A ajuda do Estado, neste momento, não oferece, quanto a mim, razão de queixa. A única coisa que está a acontecer é que não abre a novas frentes!» (idem, ibidem)
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Passagens da Constituição da República Portuguesa: «É tarefa fundamental do Estado… promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses... mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais – Art. 9.º; as igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado - Art. 41.º; incumbe prioritariamente ao Estado...orientar a sua acção para a socialização dos custos dos cuidados médicos e medicamentosos – Art. 64º »
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Numa recente entrevista do cardeal-patriarca de Lisboa, o mais elevado membro da hierarquia católica reconheceu implicitamente um facto evidente mas até aqui deliberadamente ignorado pelo clero: a Igreja amolda-se aos gostos dos mercados. Como empresa capitalista, entra nos negócios correntes para garantir a ampliação dos seus lucros e uma maior penetração na sociedade; sob diferentes capas instala em todos os sectores sociais redes de malha fina cada vez mais extensas e diversificadas que obedecem cegamente às orientações centrais do Vaticano.
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Pelo menos, bispos e cardeais esperam que assim seja. Para se justificarem, defendem a tese de que apoiar os ricos é beneficiar os pobres. Mesmo sabendo que é caricatural a noção de caridade que a Igreja propõe como substituto das funções do Estado social.
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Portugal tem 89 mil quilómetro de superfície, 11 milhões de habitantes e 20 dioceses que albergam 4364 paróquias. As IPSS são mais de 3000. Lares e pontos de abrigo, para lá dos 2000. As Misericórdias gerem cerca 400 hospitais e centros de Saúde. Mas não é só em Portugal que isto acontece. Se quisessem falar, os multimilionários de Bilderberg muito teriam para contar. E se o discurso papal fosse «sim, sim; não, não», então o povo veria claro nas trevas das concordatas, das sociedades secretas e dos off-shores...
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No plano social, com um governo português como este, a Igreja parece imparável mas não é tanto assim. Há IPSS que funcionam só no papel e também muita corrupção no meio de tudo isto. As instituições «não lucrativas» associam-se a «lobies» lucrativos e a breve trecho já ninguém sabe onde «a terra acaba e o mar começa». As tais «empresas pequenas» de que se gaba D. José infiltram-se no SNS com as suasparapúblicas destinadas a criar e a sonegar novos lucros mas os resultados são insuficientes. A nível administrativo – onde as instituições privadas preferencialmente se instalam – na Saúde aumentam os défices, os dinheiros mal parados e a luta pelo poder. Com «cortes sobre cortes» e com a crescente exploração do trabalho, escasseia o pessoal médico e paramédico e degrada-se a qualidade anteriormente reconhecia ao sector. Há hospitais que encerram enquanto outros aguardam a sua vez ou são «oferecidos» à Igreja por um governo para o qual a Constituição não existe. As «taxas» agora estabelecidas para a prestação de serviços do SNS rivalizam com os das clínicas privadas quando, constitucionalmente, seria dever do Estado pagá-los com o dinheiro das contribuições normais dos cidadãos.
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Cá fora, nos hospitais estatais que restam, vão acumular-se os jovens, os velhos e os pobres. Como gado. Como nos tempos de Salazar. Como quando a vida dos indefesos dependia dos caprichos da Virgem de Fátima.
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A situação social dos portugueses é já uma ruína. Miséria crescente. Até que os pobres deixem de consentir nestes jogos de salão e façam escutar a sua voz.
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Mesmo que outros a não queiram ouvir.

Correia de Campos, os "reféns" e as greves

Avante!
N.º 1988 
5.Janeiro.2012



Os «reféns» (I)
«Os reféns» era o título da prosa no Público de Correia de Campos, ex-ministro da Saúde do PS. Atirava-se à greve dos maquinistas da CP, de quem procurava demonstrar «um típico abuso de posição dominante».
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Explica que os maquinistas, «conhecendo o valor estratégico e a natureza escassa da sua profissão no mercado de trabalho, que impede a substituilidade, estão objectivamente a forçar a mão da empresa».
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Pelos vistos, para o Campos, apenas os trabalhadores passíveis de «substituidade» é que podem fazer greve. Obviamente que «substituindo» os trabalhadores em greve, a greve fracassa.
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Este discurso de original anti-sindicalismo podia ser inteiramente aplicado às greves dos pilotos de aviação, mas Correia de Campos não toca nesses, a sua vergasta vai para os maquinistas da CP. Deve ser por estarem mais perto «da ferrugem» e dos operários –
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Acontece que, do mais humilde camionista (que são aos milhões, por esse mundo) aos sofisticados aviadores, a luta sindical assenta invariavelmente no mesmo pressuposto: assumir, o mais possível, a tal «posição dominante» para forçar o patrão (seja ele público ou privado) a ouvir e a negociar as suas reivindicações. E para essa «posição dominante» (que é o estado normal do patronato, que temsempre na mão a «posição dominante») os trabalhadores em luta devem usar todos os meios de que disponham. É isto que a democracia consagra.
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Campos sabe isto – o coração é que lhe «bate» no lado direito..

Os «reféns» (II)

Mas Correia de Campos faz mais – argumenta a favor do patronato. Diz ele que «não é difícil concluir que a empresa não poderá ter outra posição. Se cedesse, abdicaria de um dos mais preciosos poderes funcionais, o poder disciplinar, estaria doravante na mão dos sindicatos».
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O que Correia de Campos não diz é que as largas dezenas de maquinistas (e não «alguns maquinistas», como escreve) a quem os camaradas em greve exigem que lhes sejam levantados os processos disciplinares, foram assim castigados pela administração da empresa a pretexto do «não cumprimento dos serviços mínimos» sem qualquer motivo de facto (os ditos serviços mínimos estipulados foram cumpridos escrupulosamente), de uma maneira absolutamente ilegal e concretizando um abuso de poder (aqui, sim, em evidente «abuso de posição dominante») que, a deixar-se passar em branco, deixaria os trabalhadores e os seus sindicatos totalmente à mercê do patronato.

Os «reféns» (III)

O que Campos diz é isto mesmo... mas na posição do patronato, de quem afirma que «se cedesse», «estaria doravante na mão dos sindicatos».
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Como se vê, este homem, de um partido que se diz «socialista», pensa como já agiu, como ministro da Saúde: com uma visão de direita, demagógica e burlona, ao serviço dos interesses do grande capital.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

António Vilarigues ~ Trabalho escravo: uma medida com profunda marca de classe



TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»
Trabalho escravo: uma medida com profunda marca de classe
                                                                                                                                  
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  • Um trabalhador em Portugal trabalha, em média, mais 8,4 horas semanais que um trabalhador holandês, e mais 3,3horas que um trabalhador alemão;
  • Segundo o INE, os custos com pessoal representam 14% do total de custos das empresas não financeiras.
  • O aumento da carga horária permitiria “uma redução de custos associados ao trabalho” de 6,25%.
  • O efeito de tal redução nos custos totais das empresas não chegaria a 1% (seria, em média, uma redução de 0,89% no total de custos).
  • Ou seja, um valor perfeitamente negligenciável quando comparado com outros custos, como sejam os da energia, dos transportes, ou, no caso das empresas exportadoras, os custos associados a esta actividade e o das oscilações cambiais.
União Soviética foi o primeiro país do mundo a instaurar a jornada de trabalho de 8 horas (a partir de 1956 foram implementados os dias de trabalho de 7 horas e de 6 horas, bem como a semana de 5 dias). O primeiro a assegurar o direito do homem a um trabalho permanente e fixo. O primeiro a liquidar o desemprego (1930) e a assegurar o pleno emprego.
Em 1919 a jornada de trabalho de 8 horas foi implementada em França.
Desde então generalizou-se e electricidade e a produção em série. A automação e a robotização. A informática e novos processos de produção. A revolução científico-técnica dominou todo o século XX. E prossegue em ritmo acelerado nesta primeira década do século XXI.
Pergunta-se:
Em 1917 era economicamente rentável a jornada de trabalho das 8 horasCEM anos depois deixou de o ser?