A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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segunda-feira, dezembro 05, 2011

Europa sem memória ~ Armando Esteves Pereira


Correio da Manhã
Correio Directo
A UE a 27 e a Eurolândia, composta por 17 países, parecem clubes que imitam o ‘Triunfo dos Porcos’, de George Orwell, em que todos são iguais, mas os alemães são mais iguais do que os outros. O euro contribuiu para a germanização do poder no continente.
Por:Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
   
Bruxelas tenta impor eurobonds, que numa União solidária seriam a solução para a crise grave que vivemos. Agora a Alemanha paga juros inferiores à inflação, enquanto a outros países são exigidos preços usurários. Mas, depois de tanta publicidade negativa contra os "malandros do Sul", ninguém convencerá os contribuintes alemães a apoiar a ideia. Estão a germinar sementes de um novo Muro de Berlim na Europa, que perdeu a memória das duas guerras devastadoras do século XX.

quarta-feira, abril 06, 2011

Por detrás do Biombo - Agências de Rating e Auditorias às Contas Públicas e agiotagem




Dia a dia

O mistério do rating

O sr. Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, é um guru dos mercados financeiros – e um exemplo de especulador sério com alto sentido de responsabilidade e de ética nos negócios.
  • 05 Abril 2011
  • - Correio da Manhã
Por:Manuel Catarino, Subdirector
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Ele até perdeu muitos milhões com a crise. Não é como o malvado do Bernard Madoff, que à conta da crise desfez a fortuna de muita gente. Buffett é uma espécie de anjo inspirador da mais alta finança. Faz parte desse grupo de homens sem rosto que não se têm dado nada mal, por exemplo, com os empréstimos a Portugal: compram dívida pública e cobram os juros que se conhece. O negócio tem regras: quanto mais baixo for o rating (a capacidade de o devedor honrar os compromissos), mais elevados são os juros.
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O rating é atribuído por agências especializadas - como a Moody's, a Fitch, a Standard & Poor's - que, como é óbvio, prestam um inestimável e insubstituível serviço aos investidores: Warren Buffett precisa de saber se está a emprestar o seu dinheiro a quem pode deixar de pagar. Mas o critério das agências de rating para avaliarem o grau de cumprimento dos países tem sido um insondável mistério. Tem sido... o jornal britânico ‘The Observer' esclarece o assunto: o sr. Buffett é accionista da Moody's. A agência de rating, ao desacreditar Portugal, dá mais dinheiro a ganhar ao patrão. O resto é fantasia.
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Diário da Manhã

As virgens lusitanas

Algumas almas penadas andam por aí de joelhos a suplicar uma auditoria às contas do Estado.
  • 05 Abril 2011 - Correio da Manhã
Por:António Ribeiro Ferreira, Jornalista
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Em nome da verdade, claro, e da transparência, como é evidente, querem saber tudo o que está escondido em armários e debaixo dos tapetes. Estes apelos lancinantes têm o rabo de fora. Como os gatos.
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O golpe tem barbas e já foi aplicado com sucesso pelo fujão Barroso e pelo senhor engenheiro relativo. Com umas continhas bem marteladas por um qualquer Constâncio colaborante com a farsa, rasgam-se promessas eleitorais e aplicam-se medidas de austeridade à vontade do freguês. Acontece que as porcas misérias públicas estão bem à vista de todos. Só não as vê quem gosta de ser parvo ou chegou agora de Marte. E os aldrabões do costume travestidos em puras virgens lusitanas.
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Diário da Manhã

Portugal de alterne

Foram precisos muitos anos, muita manha, muita asneira, muita corrupção e um mar de lágrimas de crocodilo. Custou, mas foi.
  • 31 Março 2011 - Correio da Manha
Por:António Ribeiro Ferreira, jornalista

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 Os queridos democratas socialistas e sociais-democratas bem se esforçaram e os resultados estão à vista nesta bonita Primavera de 2011. A Pátria está mesmo à beira da lixeira, falida, desesperada, pobre e sem futuro. Muitos parabéns.
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Os indígenas estão à rasca. É verdade. Mas andaram nestes anos tão democráticos a participar alegremente nos muitos salamaleques para que foram convocados pela indigente classe política. E escolheram livremente os partidos que os deviam governar.
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Ontem como hoje volta a falar-se na alternância entre PS e PSD. É por estas e por outras que ninguém leva isto a sério. O País já era. Agora é um decadente Portugal de alterne.
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Dia a dia

A venda dos anéis

Há um negócio em expansão por todo o País neste tempo de crise: a compra de ouro. E tem tudo para ser lucrativo. O metal precioso está mais caro do que nunca, porque há uma grande procura a nível mundial. Por outro lado, a oferta em Portugal parece ser abundante.
  • 29 Março 2011 - Correio da Manhã
Por:Armando Esteves Pereira, director-adjunto

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Quando o País tinha hábitos de poupança, a compra de objectos de ouro era considerada uma aplicação segura. Esta atitude criou uma importante reserva espalhada por todo o País que os comerciantes estão a aproveitar. E como em todos os negócios de intermediação em que se sabe que alguém ganha dinheiro, aparecem concorrentes como cogumelos. E para haver tantas lojas é porque não faltam pessoas dispostas a vender as jóias e os anéis de família em troca de algumas centenas de euros.
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É compreensível que, dadas as dificuldades em esticar o dinheiro até ao final do mês, as pessoas optem por vender os anéis e conservar os dedos. Curiosamente, grande parte das famílias está em situação semelhante à do Estado: acumula défices e tem uma dívida gigantesca que se agrava com a subida de juros. A solução desesperada passa pela venda de património. O Governo começou por privatizar empresas e alienar património imobiliário. O Estado tem uma importante reserva de ouro no Banco de Portugal que dá para tapar um défice anual de 7%, mas seria um péssimo sinal se o Banco de Portugal fosse obrigado a alienar estas reservas.
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sexta-feira, dezembro 10, 2010

Lares para idosos com dignidade ou deposito de estorvos?

Idosos: Segurança Social tem vindo a encerrar 70 por ano
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Lares ilegais movimentam 31 milhões

Manuel Salvado
Alguns dos utentes ficaram no Centro de Apoio de Setúbal e outros com familiares

 

Proliferam casas clandestinas que acolhem idosos, bem como empresas ilegais de serviços ao domicílio
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  • 09 Dezembro 2010 - Correio da Manhã
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Por:Bernardo Esteves/L.M./T.L./J.T.


O lar de idosos ilegal da Charneca de Caparica, onde morreram anteontem quatro idosos, é apenas o exemplo de um negócio clandestino que movimenta por ano 31 milhões de euros, livres de impostos. A estimativa é da Associação de Apoio Domiciliário, Lares e Casas de Repouso de Idosos (ALI). Segundo esta entidade, os preços praticados pelas casas ilegais correspondem a 75 por cento do valor praticado pelos lares licenciados. A associação exige punições severas para os prevaricadores.
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O presidente do Instituto de Segurança Social, Edmundo Martinho, afirma que o número de lares clandestinos encerrados tem sido de cerca de 70 por ano. Mas o responsável da Segurança Social também admite que as casas clandestinas detectadas e encerradas são apenas a ponta do icebergue de uma realidade escondida.
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"Não sabemos que existem grande parte destes lares ilegais porque funcionam em casas particulares sem qualquer tipo de indicação. Se não forem as pessoas a fazer denúncias é muito difícil localizá-los", disse ao CM o responsável, que defende a imposição de "punições exemplares para quem explora de forma indigna as famílias".
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Para os proprietários de lares licenciados, a concorrência desleal dos clandestinos é preocupante.
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"Sabemos que há cada vez mais situações de lares ilegais na zona de Tomar, Santarém e também no Algarve. São casas pequenas, de particulares, que alojam apenas três ou quatro pessoas", denuncia José Fontainhas, de 69 anos, proprietário de um lar de idosos em Linda-a-Velha, Oeiras.
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A crise económica tem feito também surgir outras situações, como serviços de apoio ao domicílio com pessoal sem preparação ou formação para a tarefa e sem que haja um controlo por parte das entidades estatais.
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"Muitas vezes as pessoas optam por essas empresas de serviços ao domicílio com pessoas sem preparação, que encharcam os idosos em medicamentos", afirma José Fontainhas. Os últimos dados oficiais, relativos a 2006, apontavam para a existência de 1562 lares legais, que albergavam 61 mil utentes. Destes, apenas 394 pertenciam a entidades lucrativas. A maioria é gerida por Misericórdias e instituições de solidariedade social. 
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AUTÓPSIAS NÃO ENCONTRAM INDÍCIOS DE CRIME NAS MORTES
As autópsias realizadas ontem aos quatro idosos não encontraram indícios de crime. Os idosos terão morrido de paragem cardíaca, mas por razões naturais. Serão agora realizados exames toxicológicos para apurar se há qualquer substância que poderá ter provocado a falência dos órgãos, mas esses resultados vão demorar entre uma a duas semanas.
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Em conversa com o nosso jornal, a proprietária do lar admitiu nunca ter pedido alvará. "Mas tinha o que falta à maior parte dos lares, um ambiente familiar. Tratava-os a todos como família. Só não tenho o dom de lhes dar a vida. Já estavam mesmo muito velhinhos. Estavam aqui para morrer", garante Maria de Fátima Machado, de 70 anos. "Fecharam o lar, mas não olharam para a limpeza, o carinho e o amor que os velhotes aqui tinham". 
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Para manter tudo a funcionar, a proprietária tinha cinco empregadas a quem pagava 500 euros por mês e garante que o objectivo do lar não era ter lucro: "Faça as contas e veja que dinheiro é que eu lucrava. Vivo da reforma. O que faço é por gostar de ajudar quem precisa. Quem aqui estava, não tinha posses para pagar 1500 euros por mês e a Segurança Social não arranjou solução. Eu era a solução para estes velhinhos e para as famílias. Às vezes não tinham dinheiro para pagar e não foi por isso que foram postos na rua ou que os cuidados de higiene e a comida faltaram", explica Maria de Fátima, que vai entregar a vivenda arrendada (paga 1200 euros mensais) ao senhorio. "Devo ser autuada para pagar uma multa, mas vou pedir o perdão porque não devo ter dinheiro para a pagar".
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Viúva há oito anos, a dona do lar diz que lamenta tudo o que aconteceu. "Tirarem-me o lar é tirarem-me a vida", confessa.
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"FOI UMA TRISTE COINCIDÊNCIA. SEMPRE GOSTEI DAQUELE LAR"
"Tudo não passou de uma triste coincidência. Aquelas pessoas estavam lá prestes a morrer, entre os quais o meu pai". Ana de Jesus, filha de António Nabo, de 97 anos, uma das vítimas mortais, manifestou ao CM toda a sua admiração. "Eu já estava à espera da morte dele, pois estava muito mal. O facto de ter morrido na mesma noite que as outras não me surpreende, pois também se esperava a morte de duas delas", disse. Ana de Jesus diz mesmo não ter nada a apontar às pessoas do lar. "O meu pai quando foi para lá estava contente. Eu só soube depois que o lar estava ilegal, mas como o meu pai sempre foi bem tratado, comia bem, andava limpo, não me preocupei. Disse-me mesmo para não o tirar de lá". 
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Ao fim e ao cabo
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Vergonha nacional

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Apesar dos esforços das misericórdias e de outras instituições de solidariedade social, a oferta de lares para idosos é escassa para a procura. Crescem os lares ilegais. Espertalhões com poucos escrúpulos cobram fortunas. O negócio é rentável – e, desgraçadamente, desenvolve-se com a complacência de quem tem o dever de fiscalizar.
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  • 09 Dezembro 2010 - Correio da Manhã
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Por:Manuel Catarino, Jornalista


Na terça-feira, quatro idosos morreram no mesmo dia num lar selvagem da Charneca de Caparica. As explicações do presidente do Instituto da Segurança Social, Edmundo Martinho, são tão confrangedoras e lamentáveis como as mortes no lar. Uma miséria. Disse ele que a proprietária já tinha sido notificada para encerrar voluntariamente o negócio. 
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É esta maneira rasca de encarar os assuntos mais sérios que nos fazem perder a esperança na administração pública. Se o lar não tinha condições, como a Segurança Social verificou em tempo, devia ter sido encerrado imediatamente - ou não? O dr. Martinho e os serviços que dirige, apesar de escudados nas normas, na burocracia e nos procedimentos administrativos, são moralmente tão culpados como a proprietária do negócio. Lavaram as mãos e a consciência - mas não evitaram que aquela vivenda continuasse a ser uma câmara da morte lenta. A dona do lar, de resto, disse tudo: "Estas pessoas vieram para aqui para morrer."
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Dia a dia
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Depósitos de pessoas

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Se não fosse chamado o socorro para um idoso num lar de idosos clandestino na Charneca de Caparica, provavelmente nunca se saberia da morte de mais três pessoas. Trata-se de um caso macabro e triste, que nos lembra uma realidade negra deste País onde milhares de idosos são depositados em lares sem condições, mesmo que as famílias paguem pequenas fortunas de mensalidade. 
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  • 08 Dezembro 2010 - Correio da Manhã
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Por:Armando Esteves Pereira, director-adjunto


De norte a sul do País, tem havido um esforço de misericórdias e outras instituições de solidariedade para abrir novos lares. Há também exemplos notáveis de iniciativas de apoio domiciliário em que as pessoas permanecem nas suas residências. Há também algumas experiências interessantes de ‘adopção’ de idosos por parte de famílias. E com a crise e o elevado desemprego feminino, até é provável que cada vez mais voluntários estejam interessados em cuidar de idosos em casa, recebendo em troca uma contrapartida financeira. 
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Contudo, o envelhecimento acentuado da população portuguesa torna a oferta insuficiente, especialmente nas grandes áreas metropolitanas. Por haver um desequilíbrio entre a oferta e a procura, é fundamental que haja por parte do Estado, desde a Segurança Social à própria ASAE, uma fiscalização eficaz que combata os sítios sem condições onde são depositadas as pessoas mais frágeis.
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sábado, julho 31, 2010

O dia a dia de Armando Esteves Pereira



Dia a dia

A vítima do Freeport

A credibilidade do Ministério Público acabou por ser a maior vítima deste processo de investigação do Freeport.
  • 0h30 Correio da Manhã 2010 07 31
Por:Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto 
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Os estrangulamentos da Justiça não são novidade, nem as dificuldades em apanhar e punir os crimes de ‘colarinho branco’. Mas a triste novela do Freeport, especialmente as falhas e omissões, leva os cidadãos a duvidar da eficácia da instituição liderada por Pinto Monteiro e a gestão de Cândida Almeida no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal). Aliás, o outro processo com interesse mediático da responsabilidade deste departamento, o ‘Furacão’, não passou de uma suave brisa, que teve apenas eficácia na receita fiscal. Mas as bagatelas fiscais, por muitos milhões de euros que rendam, não podem ser o mais importante resultado de um departamento de elite do Ministério Público. 
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É evidente que, nos grandes casos de corrupção, a investigação é, por vezes, limitada por leis inócuas e pela sofisticação dos crimes. Mas o DCIAP tem a obrigação de produzir melhores resultados, sob pena de os cidadãos pensarem que, no acrónimo, o A de DCIAP significa Arquivamento em vez de Acção. 
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Ontem, o PGR esclareceu que não há motivo para que a investigação ao Freeport seja reaberta. Mas o País agradecia que fosse feita uma verdadeira investigação à investigação do caso. E com consequências.
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  • Comentário feito por:José Leitão
  • 19h48
Ministério Público? Em Portugal? Isso existe?!As trapalhadas destes fiéis servidores da "Xustiça" (MP,PGR e DCIAP a par do sTJ), têm, no entanto, uma virtude : estamos todos completamente esclarecidos em relação ao PM !
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quinta-feira, junho 03, 2010

Dia a Dia - Flagelo Social, por Armando E. Pereira

Dia a dia

Flagelo social

O desemprego oficial bateu um novo recorde: 10,8% da população activa. O Governo, através do secretário de Estado Valter Lemos, veio dizer que os dados do Eurostat estão errados. Mesmo se o Governo estivesse certo é uma questão bizantina fazer uma guerra por algumas décimas, quando o exército de desempregados é tão numeroso.
  • 02 Junho 2010 - Correio da Manhã
Por:Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto 
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É verdade que os números do Eurostat não correspondem à realidade deste flagelo. A taxa real é bem superior àquilo que dizem as estatísticas. Serão mais de 700 mil sem emprego nem esperança e a maior parte das pessoas não recebe subsídio de desemprego. São centenas de milhares com mais de quarenta anos, sem emprego há mais de um ano, alguns dos quais não têm esperança de voltar a encontrar trabalho. Demasiado novos para a reforma estão condenados a um limbo social. 
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São também milhares de jovens, mais de 50 mil com curso superior, que quando encontram trabalho não corresponde às suas expectativas, nem formação, e com salários na bitola dos 500 euros brutos.
A anemia económica ainda vai aumentar este exército de excluídos. Mesmo que a economia suba 1%, o desemprego não baixa. E em Setembro quando fecharem os bares de praia, os hotéis dispensarem mais pessoas, Portugal viverá uma situação de emergência social. Senhor secretário de Estado, é verdade que as estatísticas mentem. A realidade é muito pior.
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quarta-feira, maio 19, 2010

O dia a dia de Fernando Ulrich

Dia a dia

Bater na parede

Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, é um banqueiro diferente. Sempre foi conhecido pela sua frontalidade, nunca teve papas na língua para dizer o que pensa. E o que disse ontem numa conferência da revista ‘Exame’ é de uma clareza aterradora. "O dia em que bateremos na parede não está muito longe. Talvez por semanas.
  • 0h30 - Correio da Manhã - 2010.05.19
 Por:Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto 
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Lamento, mas o País tem de saber." Explica o banqueiro que "o principal problema de Portugal não é apenas de tesouraria, mas sim o facto de não nos conseguirmos financiar". Não é uma questão de preço, de mais ou menos prémio de risco, é mesmo de conseguir o dinheiro. Agora o BCE está a comprar dívida portuguesa, mas quando a autoridade do euro secar a torneira extraordinária é que se saberá a dimensão do drama.
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A falta de dinheiro e de confiança em Portugal é a factura de um longo período em que o País viveu acima das possibilidades, com muita irresponsabilidade dos governantes e dos bancos. Agora que acabou a euforia do dinheiro fácil e barato, é tempo de pagar a conta. Infelizmente, na hora de pagar os que menos beneficiaram com essa euforia são os mais sacrificados. O pacote de austeridade é apenas a ponta de um icebergue que vai emergir para lá de 2011. Mais impostos, mais juros e menos salários parece ser uma longa pena a que estão condenados os portugueses.
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domingo, maio 16, 2010

Opressão Fiscal - Armando Esteves Pereira

Opinião

Opressão fiscal

Apressão fiscal tornou-se opressão de um Estado gastador e ineficiente. As medidas vão tirar dinheiro disponível às famílias e à economia, travando o frágil dinamismo económico.
  • 14 Maio 2010 - Correio da Manhã
Por:Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto 
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O IVA é o imposto da receita garantida. É cego, porque tanto penaliza o rico quanto o pobre. Mas a injustiça social agravou-se com a subida de 5% para 6% nos bens essenciais. 
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Qualquer idoso, mesmo com reforma na casa dos 200 euros, sofre um aumento de 20% na contribuição fiscal para a compra de um medicamento. A taxa adicional é um imposto per capita sobre os trabalhadores. 
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Em vez de taxar o subsídio de Natal, o Governo optou por diluir essa taxa em suaves prestações mensais de 1% para rendimentos mais baixos e de 1,5% para o grosso da classe média. Este ano, quem recebe menos pagará 7% de um ordenado bruto mensal e a partir do quarto escalão do IRS sofrerá um corte de 10,5%. No próximo ano a pressão duplicará. Quando chegar o mês de Dezembro, o Estado já ficou com uma parcela relevante do subsídio de Natal.
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quinta-feira, abril 22, 2010

Dia a dia - O vírus que ataca o euro

Correio da Manhã
 
19 Abril 2010 - 00h30
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A crise grega foi o primeiro teste de esforço da Zona Euro e os resultados levam a temer o pior. Se o vírus de Atenas se espalhar, Portugal estará na primeira linha do contágio – e a moeda única europeia dificilmente aguentará o impacto.

Atenas continua sob fogo apertado dos mercados, paga juros elevadíssimos e vai precisar nos próximos cinco anos de empréstimos de 240 mil milhões de euros, dos quais 150 mil milhões para renovar dívidas antigas. Algum deste dinheiro será nosso. Portugal comprometeu-se a emprestar 774 milhões este ano se a Grécia pedir, e talvez tenha de duplicar o esforço no próximo ano.
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Quando os alemães pensaram no pacto de estabilidade para disciplinar a Zona Euro não suspeitavam de que haveria batota e contabilidade criativa com as contas públicas, como sucedeu de forma quase anedótica com a Grécia. Há erros e omissões das autoridades, que descobriram o buraco grego demasiado tarde, mas a forma como a Europa interpreta o pacto de estabilidade, com uma obsessão numérica e simultaneamente pouco atenta ao crescimento da economia real, também ajudou a espalhar os ventos da crise. A Europa da moeda única continua dividida em dois pólos: a Alemanha rica e o sul mediterrânico pobre. Mas os défices comerciais do sul engordam a economia alemã.



Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto 
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Dia a dia - Sem saída de opção

Correio da Manhã
 
20 Abril 2010 - 00h30

Em 1999, primeiro ano de vida da moeda única, a dívida pública portuguesa era de 62,9 mil milhões de euros. 10 anos depois, o stock da dívida directa do Estado já ascendia a 132,7 mil milhões de euros. E o número real é superior por causa da dívida monstruosa das empresas públicas, especialmente do sector dos transportes, da RTP e outras, que, mais tarde ou mais cedo, serão pagas pelos contribuintes.

Feitas as contas, os primeiros 10 anos de Portugal no euro saldaram-se por um crescimento praticamente nulo da riqueza gerada e por uma subida impressionante do endividamento do Estado, que mais do que duplicou neste decénio. Como se prova pelos resultados, nem a economia, nem o Estado estavam prontos para aderir à mesma moeda que os alemães. Comparar o ritmo de produtividade das duas economias é como correr com um vulgar carro contra um monovolume de fórmula 1 num autódromo. Antes da moeda única, essas diferenças de competitividade eram acertadas com as desvalorizações do escudo. O truque funcionava como doping da economia portuguesa.
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Obviamente, o resultado dos primeiros dez anos não foi brilhante, mas sair do euro é pior do que descer de divisão. Seria condenar várias gerações a uma pobreza periférica e incentivar ainda mais a emigração.



Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
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terça-feira, março 16, 2010

Dia a dia PEC sem esperança

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Correio da Manhã - 16 Março 2010 - 00h30

Dia a dia

PEC sem esperança

Portugal está condenado a cumprir um plano de austeridade. O problema é que o PEC – que vende algumas das empresas públicas rentáveis que restam, aumenta impostos e corta nas prestações sociais, nas reformas, nos salários da Função Pública e por arrasto nos salários do sector privado – pode não ser suficiente para meter as contas públicas nos eixos.
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Ontem, depois de ter sido ouvido pelo Presidente da República em Belém, Belmiro de Azevedo teve uma frase lapidar: 'Sou especialista em ter os pés na terra e acho que se deve gerir o Orçamento como qualquer do-na de casa faz: poupando.' Se os governos tivessem tido este bom senso, não estávamos nesta situação. Atribuir todas as culpas à crise financeira é fraca desculpa. 
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No tempo da prosperidade, em finais da década de 90, o País não seguiu a parábola bíblica de poupar no tempo das vacas gordas para gastar no das vacas magras. Depois da adesão ao euro, aos sete anos de vacas magras segue-se um tempo em que corremos o risco de ficarem apenas os ossos dos animais. O défice e o endividamento do Estado agravam o principal problema do País: a falta de competitividade e a anemia económica, que se traduz num impressionante exército de desempregados. No PEC não há esperança nem crescimento, apenas austeridade.



Armando Esteves Pereira, Director-adjunto
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quarta-feira, dezembro 23, 2009

Dia a dia - Vítimas da crise

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Correio da Manhã
 
14 Dezembro 2009 - 00h30

Dia a dia

Vítimas da crise

Ainda não passaram dois meses da tomada de posse do actual governo e, de acordo com a sondagem CM/Aximage, os dois melhores ministros do anterior executivo são os que têm agora pior nota junto do eleitorado: Teixeira dos Santos e Vieira da Silva. O ocaso de Teixeira dos Santos é ainda mais surpreendente, porque durante muito tempo liderou a lista dos ministros mais populares.
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A crise económica, o crescente desemprego e a degradação financeira do Estado explicam a queda dos dois ministros. Teixeira dos Santos, que ganhou credibilidade na luta contra o défice, tendo alcançado o melhor resultado dos 34 do actual regime democrático, está a perder parte desse capital com um défice de 2009 que ultrapassará os 8% e com um nível de endividamento da República que já é preocupante.
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As estatísticas oficiais dizem que o pior da crise terá passado. O PIB até regista um crescimento muito ténue, mas na economia real as pessoas têm cada vez mais medo do futuro. O encerramento de empresas e o crescimento brutal do desemprego aumentam esse receio. O exército de desempregados continuará a aumentar. Para se lutar contra o flagelo do desemprego de forma consistente é fundamental que o ritmo da economia acelere para mais de 2% ao ano. E esse ritmo nem os astrólogos prevêem para 2010.



Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
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» COMENTÁRIOS no CM on line
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14 Dezembro 2009 - 14h49  | Zeferino Zacarias, Setúbal
F. Pessoa diria que, embora conste que Teix.ª Santos tenha biblioteca, muito pouco sabe de finanças. Quase como Cristo.
14 Dezembro 2009 - 13h28  | JM Rocha Moreira
Porquê ignorar que estes ministros não são mágicos, para levar o mundo a crecer? Quanto ao desemprego está dito e redito
14 Dezembro 2009 - 12h38  | venancio ramos
vitimas nas sondagens,incompetentes nos resultados.(só agora descobriram?)- Almada
14 Dezembro 2009 - 10h06  | Custódio
Sim é verdade: Mas, em contra partida, O presidente da Republica subiu!!!Porquê? inaugurou a árvore de Natal?
14 Dezembro 2009 - 01h12  | aristóteles
A verdade é como o azeite...foram 2 ministros ke mais se destacaram no ilusionismo politico...a verdade veio ao de cima
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terça-feira, dezembro 22, 2009

Dia a dia - Lisboa rica e País pobre

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16 Dezembro 2009 - 00h30

Dia a dia

Lisboa rica e País pobre

Se Portugal tivesse um índice de poder de compra semelhante ao de Lisboa, o País já registava um nível de riqueza superior à média europeia. Lisboa apresenta um nível de riqueza 5% acima da média europeia. O mais gritante é a disparidade entre a área de Lisboa e as regiões mais desfavorecidas: Norte, Centro, Açores e Alentejo.
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O poder de compra per capita do Norte é de apenas 61% da média europeia, do Centro 65% e do Alentejo 71%.
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Além de Lisboa, apenas Madeira e Algarve têm um índice de riqueza superior à média nacional, sendo que o da Madeira é artificial e inflacionado pela Zona Franca.
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A estatística prova que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Os defensores da regionalização dirão que o quadro só mostra quanto o País perde por não haver autonomias regionais no continente. Há cada vez mais defensores da regionalização, porque a limitação de mandatos das autarquias aumenta o desejo de uma carreira alternativa a autarcas, que querem tornar-se o Alberto João Jardim da sua terra.
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O equilíbrio do País deveria ser obrigação do governo central. Não há nada que impeça o Executivo de ter políticas coordenadas para incentivar as regiões menos desenvolvidas. Criar uma nova burocracia regional é mais um problema, não é uma solução.

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Armando Esteves Pereira, Director-adjunto
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» COMENTÁRIOS no CM on line
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17 Dezembro 2009 - 07h39  | Observador
Normal isso já que em Lisboa é onde o custo de viida é mais alto e onde se concentra o poder.
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Dia a dia - Especulação cimentada

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Correio da Manhã
 
19 Dezembro 2009 - 00h30

Dia a dia

Especulação cimentada

A Cimpor arrisca-se a ser a próxima grande empresa portuguesa a perder o centro de decisão nacional. Se os brasileiros da CSN subirem o valor da proposta ontem apresentada têm grandes hipóteses de conquistar o maior grupo industrial português.
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A Cimpor é uma excelente empresa mas que tem um problema: a profunda divisão accionista. As guerras internas da Cimpor são quase uma réplica dos confrontos que sofreu o BCP e os protagonistas dos bastidores são praticamente os mesmos.
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A família Teixeira Duarte e Manuel Fino são os empresários nacionais com maior participação financeira na Cimpor, sendo que problemas de liquidez obrigaram M. Fino a ceder, num negócio polémico, parte das acções à Caixa Geral de Depósitos. Estes accionistas não se entendem, o que cria uma oportunidade para um grupo internacional.
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Se não forem os brasileiros da CSN serão os franceses da Lafarge. Joe Berardo, que também tem alguns milhões de acções da cimenteira, comentou, no seu modo peculiar: "A OPA é bem-vinda mas o preço é muito baixo." E muitos investidores partilham este estado de espírito. Uma das tragédias portuguesas é que neste país o perfil dominante dos empresários é o dos especuladores financeiros, em vez dos raros capitães de indústria, que criam riqueza e empregos.

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Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
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Coisas do dinheiro - Conta da luz mais cara

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Correio da Manhã
 
20 Dezembro 2009 - 00h30

Coisas do dinheiro

Conta da luz mais cara

A crise provocou um esmagamento de preços e fez desaparecer tensões inflacionistas, mas há um bem essencial que contraria esta tendência e tem uma subida significativa para os tempos que correm.

É a factura da electricidade que sobe em média 2,9%. A decisão é da autoridade que regula o mercado eléctrico, a ERSE.
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Os critérios da autoridade justificam-se pelos custos apresentados pelas empresas e um passivo histórico que estamos a pagar. Mas esta factura pesada para os cidadãos e para as empresas merecia alguma intervenção do ministro que tutela o sector.
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Vieira da Silva não pode lavar as mãos e deixar só para o mercado um assunto tão importante. Não basta as companhias eléctricas fazerem demonstrações de custos para aumentar tarifas.
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As empresas eléctricas (desde a produção à distribuição) têm de ter uma vigilância apertada para reduzirem custos. A verdade é que há pouca concorrência no sector. Não se muda de fornecedor eléctrico como quem troca de bomba de gasolina. Por isso, a autoridade do mercado tem de estar mais atenta na defesa dos consumidores.
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Outra razão para a factura eléctrica subir deve-se aos custos das novas energias renováveis. As torres eólicas podem ter muitos adeptos, mas a electricidade produzida é muito mais cara.
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Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto 
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Dia a dia - Assaltos ao contribuinte

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Correio da Manhã
 
22 Dezembro 2009 - 00h30

Dia a dia

Assaltos ao contribuinte

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Há um ano o Estado emprestou 450 milhões de euros ao Banco Privado Português com o objectivo de manter a instituição fundada por João Rendeiro. O Governo defendeu a operação e até justificou que havia uma garantia de 672 milhões de euros para segurar o investimento dos contribuintes. Sabe-se agora que grande percentagem daqueles 672 milhões de euros não passam de papel sem valor. São créditos da holding do banco e empréstimos a accionistas sem qualquer penhor. Ou seja, se os accionistas não pagarem de livre vontade, é muito difícil recuperar esse dinheiro.
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Além do potencial calote, o Estado arrisca ainda pagar mais algumas centenas de milhões por depósitos do Banco Privado. 700 milhões de euros pode ser o custo para os contribuintes da aventura de João Rendeiro no Banco Privado, sem controlo adequado das autoridades de supervisão. É a triste história como um banco destinado a gerir fortunas de ricos acaba por tornar o País mais pobre. Se somarmos o prejuízo público com o caso de polícia do BPN, onde a Caixa Geral de Depósitos já injectou 3,5 mil milhões de euros, temos um gigantesco buraco pago por todos os contribuintes. São custos pornográficos num país em crise com tantos desempregados. São assaltos ao bolso dos contribuintes e crimes que lesam a economia.
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Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
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» COMENTÁRIOS no CM on line
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22 Dezembro 2009 - 09h49  | Joka
Tanta ingenuidade! Então o estado faz a asneira não supervisiona, empresta e não verifica. Agora já não vai receber??
22 Dezembro 2009 - 01h04  | aristóteles
Se o governo garantiu uma garantia de 672 M.€ e ela não existe, alguém é responsável por danos patrimoniais ao Estado...
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quarta-feira, junho 03, 2009

Falência da General Motors e Fundo de Pensões



Dia a dia

Lições finais da GM

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* Armando Esteves Pereira, Director adjunto

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A falência da General Motors não representa apenas o fim de uma grande construtora automóvel, que já foi a maior do Mundo, e a morte de um dos mais poderosos ícones americanos. Por causa dos erros de gestão das últimas duas décadas, que levaram a empresa a produzir carros menos competitivos do que a concorrência e a perder quota de mercado, a GM actual ainda tinha um valor simbólico, mas a nível económico era uma sombra do poder que revelou até à década de 70, época em que o que “era bom para a GM era bom para a América”.
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Para além de todos os dramas que a falência acarreta há uma bomba-relógio que brevemente virá à superfície.

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A GM é responsável pelo pagamento de pensões de cerca de 500 mil americanos. O dinheiro do fundo de pensões já tinha sofrido uma forte erosão devido à queda das acções. Em Dezembro passado a empresa estimava que seria necessário um reforço adicional de 12 a 13 mil milhões de dólares (perto de 10 mil milhões de euros) em 2013.

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É nestes casos que o modelo de segurança público, como o existente em Portugal, revela as suas vantagens. Pode ter problemas de financiamento no futuro e até haver quebras nas pensões, mas os trabalhadores abrangidos por este sistema estão mais protegidos. Em tempos de crise, o Estado tem mostrado que é o melhor guarda-chuva.

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In Correio da Manhã - 2009.06.02
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