A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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terça-feira, março 22, 2011

Altamiro Borges: a força e os limites da blogosfera

Mídia

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Vermelho - 22 de Março de 2011 - 14h38
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Em sua visita ao Brasil, o presidente do EUA, Barack Obama, havia programado um megaevento na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, palco de históricos protestos em defesa da democracia e a soberania nacional. Na última hora, o show de pirotecnia foi cancelado. Segundo a própria mídia hegemônica, a razão foi que o serviço de inteligência do império, a famigerada CIA, alertou a diplomacia ianque sobre os "protestos convocados pelas redes sociais". Obama ficou com medo!

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Por Altamiro Borges

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Este episódio, uma vitória dos internautas progressistas do Brasil, comprova a força da internet. Num meio ainda não totalmente controlado pelas corporações capitalistas é possível desencadear ações contra-hegemônicas e quebrar o “pensamento único” emburrecedor da velha mídia. Desde Seattle, quando manifestações contra a rapina imperial foram convocadas basicamente pela internet, este fenômeno chama a atenção dos atores sociais. De lá para cá, o acesso à rede só se ampliou – no mundo e no Brasil.
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Uma arma poderosa
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Nas recentes convulsões populares no mundo árabe, que derrubaram os ditadores da Tunísia e do Egito – sempre tratados como “amigos do Ocidente” pela mídia tradicional – a internet foi uma arma poderosa. Ela não produziu as “revoluções”, mas ajudou a detoná-las. Agora mesmo, na Líbia, há uma guerra de informações da globosfera, acompanhada da real e sangrenta guerra dos mísseis. A internet faz parte hoje da guerra, virtual e real, que se trava nas sociedades. Não dá para desconhecer esta nova realidade.
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Os meios tradicionais de comunicação, hegemonizados por poucas corporações – no máximo 40, segundo recentes estudos sobre a crescente monopolização da mídia mundial –, não detêm mais o monopólio da informação. Os avanços tecnológicos abriram brechas, mesmo que temporárias, nesta frente estratégia da luta de idéias. Jornais e revistas da oligarquia estão falindo devido ao maior acesso à internet. Mesmo as redes televisão sofrem com a migração para este novo meio, principalmente da juventude.
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A força da blogosfera
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No Brasil, esta realidade é bem palpável. Nas eleições presidenciais de outubro passado, a chamada blogosfera progressista jogou papel de relevo na encarniçada disputa. As manipulações dos impérios midiáticos, que se transformaram em cabos eleitorais do candidato da direita, foram desmascaradas online pela internet. No auge da campanha fascistóide, de baixarias e de falsos moralismos, os blogs independentes atingiram mais de 40 milhões em audiência, segundo pesquisa recente.
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O impacto foi devastador. José Serra, o candidato do Opus Dei e o preferido do império, conforme telegrama vazado pelo WikiLeaks, usou vários palanques para atacar o que ele chamou, pejorativamente, de “blogs sujos”. Já o presidente Lula, sofrendo violento cerco da ditadura midiática, produziu vídeo para estimular a produção independente dos blogueiros. Na guerra de informações, a internet foi decisiva para desmascarar a direita e para mostrar o real significado da candidatura lulista de Dilma Rousseff.
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Passos na organização dos blogueiros
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Neste intenso processo da luta de classes, com a centralidade a batalha eleitoral, a blogosfera progressista deu os primeiros passos para a sua organização no Brasil – de forma autônoma. Em agosto passado, mais de 330 blogueiros e twitteiros realizaram o seu primeiro encontro nacional, em São Paulo. Neste evento histórico, eles decidiram lutar pela democratização da comunicação, contra qualquer tipo de censura à internet, e por políticas públicas de incentivo à pluralidade e à diversidade informativas.
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Fruto deste encontro histórico, os blogueiros progressistas quebraram a monopólio da mídia tradicional e realizaram a primeira entrevista coletiva com um presidente da República, Lula, em novembro passado. A velha mídia até tentou desqualificar o evento inédito, numa crise de “ciúme” ridícula. Na prática, ela sentiu o baque de uma mudança de paradigma que está em curso. Parafraseando o revolucionário italiano Antonio Gramsci, a coletiva com Lula evidenciou que “o velho está morrendo e o novo ainda não acabou de nascer”.
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Os desafios do futuro
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O segundo encontro nacional de blogueiros progressistas está agendado para junho próximo, em Brasília. Nele não haverá mais o fator galvanizador que estimulou o primeiro – a luta contra a mídia golpista, que se transformou no “partido do capital” durante o pleito presidencial. O desafio será encontrar novos pontos de unidade na enorme diversidade existente na rede. Sem verticalismo e estruturas hierarquizadas, este movimento amplo e plural tem muito a contribuir na luta pelo avanço da democracia no Brasil.
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Os blogueiros progressistas, que hoje já constituem uma vasta e influente rede no país, podem amplificar a luta pela democratização dos meios de comunicação. Está na ordem do dia o debate sobre o novo marco regulatório da mídia, que garanta a verdadeira liberdade de expressão para os brasileiros – e que não se confunde com a “liberdade de empresa” dos monopólios midiáticos. Também está em curso a discussão sobre a liberdade na internet, com investidas da direita contra este direito libertário.
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Além de interferir nestas batalhas estratégicas, os blogueiros precisam ampliar sua capacidade de interferir na luta de idéias contra-hegemônicas na sociedade. É preciso que “floresçam mil flores”, que surjam mais e melhores blogs independentes, garantindo maior diversidade e pluralidade informativas. É urgente também qualificar os nossos instrumentos, produzindo conteúdos jornalísticos de qualidade. Para isso, é preciso encontrar caminhos de sustentação financeira da blogosfera, que potencializem essa nova militância virtual.
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Riscos de retrocesso
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A internet abriu brechas para novas vozes se expressarem na sociedade. Mas ela não deve ser idealizada. Quem detém maior audiência são os portais de notícia e entretenimento dos mesmos grupos midiáticos. A publicidade, que cresce na rede (nos EUA, ela superou pela primeira vez na história os anúncios nos jornais impressos), é totalmente sugada pelos barões da mídia. Ou seja: a internet é um campo de disputa. Sem ampliar e qualificar sua produção, a blogosfera progressista será derrotada, falará para seus nichos.
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Além disso, a tecnologia não é neutra. Os monopólios da comunicação, que tornam reféns vários governos, já estudam mecanismos para cercear a liberdade na rede. Barack Obama, que a cada dia se revela um falso democrata, já enviou ao Congresso dos EUA um projeto para “vigiar” a internet. No Brasil, um parlamentar do bloco neoliberal-conservador, Eduardo Azeredo (PSDB), também se apressou em copiar o império e já apresentou projeto para abortar a neutralidade na rede. Os embates neste campo tendem a crescer.
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domingo, março 13, 2011

O poder da internet: fatos x versões - Venício Lima




DEBATE ABERTO

Embora seja mais fácil e simpático estabelecer, sem mais, uma relação de causalidade direta entre as novas TICs e a derrubada, por exemplo, do velho ditador egípcio, talvez seja prudente não precipitar conclusões.

Os últimos acontecimentos políticos no norte da África constituem ocasião singular para observação do papel da mídia no mundo contemporâneo. Da nova e da velha mídia.
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Embora seja mais fácil e simpático estabelecer, sem mais, uma relação de causalidade direta entre as novas TICs e a derrubada, por exemplo, do velho ditador egípcio, talvez seja prudente não precipitar conclusões.
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A palavra do especialista
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Quando esteve no Brasil, a convite do Centro Ruth Cardoso, aquele que muitos consideram a maior autoridade mundial da chamada “sociedade-rede”, Manuel Castells, em entrevista à Folha de São Paulo conduzida dentro do controvertido enquadramento de “decepção com o papel da internet no processo eleitoral brasileiro”, declarou às vésperas do primeiro turno das eleições de 2010:
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“O Brasil segue uma dinâmica assistencialista em que da política se esperam subsídios e favores, mais do que políticas. A situação econômica do país melhorou consideravelmente. (...) A renovação do sistema político exige que as pessoas queiram uma mudança, e isso normalmente ocorre quando existem crises. A internet serve para amplificar e articular os movimentos autônomos da sociedade. Ora, se essa sociedade não quer mudar, a internet servirá para que não mude” [grifo meu; cf. http://www1.folha.uol.com.br/poder/801906-se-um-pais-nao-quer-mudar-nao-e-a-internet-que-ira-muda-lo-diz-sociologo-espanhol.shtml].
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Recentemente, diante das manifestações populares na Tunísia e no Egypto, perguntado se estava surpreso pela mobilização social, Castells respondeu:
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“Na verdade não. No meu livro ‘Comunicação e Poder’, dediquei muitas paginas para explicar, a partir de uma base empírica, como a transformação das tecnologias de comunicação cria novas possibilidades para a auto-organização e a auto-mobilização da sociedade, superando as barreiras da censura e repressão impostas pelo Estado. Claro que não depende apenas da tecnologia. A internet é uma condição necessária, mas não suficiente. As raízes da rebelião estão na exploração, opressão e humilhação. Entretanto, a possibilidade de rebelar-se sem ser esmagado de imediato dependeu da densidade e rapidez da mobilização e isto relaciona se com a capacidade criada pelas tecnologias do que chamei de “auto-comunicação de massas” [grifo meu; cf. http://www.outraspalavras.net/2011/03/01/castells-sobre-internet-e-insurreicao-e-so-o-comeco/ ].
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Embora se referindo a situações radicalmente distintas, Castells indica que as TICs – redes sociais, celulares e outros – não causam os movimentos sociais mas funcionam como “condição necessária” para a ampliação e articulação deles. E, por óbvio, é necessário que as TICs estejam suficientemente (?) difundidas na sociedade em questão, seja ela o Brasil ou a Tunísia.
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A velha mídia
Por outro lado, comentando depoimento da Secretaria de Estado Hillary Clinton no Comitê de Política Externa do Senado dos Estados Unidos, no dia 2 de março, no qual ela afirmou que os EUA estavam perdendo a “guerra da informação” (sic) para a rede Al Jazeera, o jornalista político escocês-estadunidense Alexander Cockburn, um dos editores do jornal CounterPunch, lembrou:
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“(...) há uma florescente pequena indústria da internet que afirma que a derrubada de Mubarak ocorreu por cortesia do comando Twitter-Facebook dos EUA. O New York Times publicou numerosos artigos sobre o papel do Twitter e do Facebook enquanto ignora ou vilipendia ao mesmo tempo Julian Assange e Wikileaks. Por certo, em qualquer discussão sobre o papel da internet na convocação dos levantes no Oriente Médio, deveria se dar o maior crédito ao Wikileaks. Mas Wikileaks, junto com Twitter e Facebook, tornam-se quase insignificantes em comparação com o papel exercido pela Al Jazeera. Milhões de árabes não podem tuitar e não estão familiarizados com o Facebook. Mas a maioria vê televisão, o que significa que todos assistem à Al Jazeera, a qual detonou o “artefato explosivo improvisado” que estourou sob a Autoridade Palestina, a saber, o conjunto de documentos conhecidos como Palestine Papers” [cf. http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17511 ].
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Para Hillary e para Cockburn a “guerra da informação” continua sendo travada e disputada, de fato, no território da velha televisão.
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Ainda Gramsci
Todas essas considerações são apenas para repetir a cautela que tenho reiterado em relação às interpretações que atribuem, sem mais, poderes mágicos e revolucionários às novas TICs.
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Nos “Cadernos de Cárcere” quando Antonio Gramsci (1891-1937) comenta sobre a "crise de autoridade" (Selections of the Prison Notebooks; International Publishers, New York, 1971; págs. 275-276), embora, por óbvio, as circunstâncias fossem outras e seja necessária uma pequena adaptação no texto, penso que se aplica ao nosso momento histórico a idéia de que "o velho está morrendo e o novo apenas acaba de nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece" (a frase original correta é: "A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece").
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Um pouco de cautela talvez não nos leve a conclusões precipitadas sobre o real poder das novas TICs. E, mais importante, evite erros graves na avaliação e na formulação de políticas públicas para as comunicações.
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Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.
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http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4988
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terça-feira, novembro 16, 2010

Comunicação social e publicidade - Grupos ganham mais dez milhões


Pedro Catarino
Pinto Balsemão é fundador e presidente da SIC e do ‘Expresso’
Publicidade: Receitas nos primeiros nove meses de 2010

Grupos ganham mais dez milhões

Nos primeiros nove meses deste ano, os grupos de media nacionais cotados em bolsa receberam 259,6 milhões de euros em publicidade, um crescimento de 4% (dez milhões de euros) em relação aos mesmos meses do ano passado.
  • 0h30 Correio da Manhã 2010 11 16

Por:Hugo Real
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Uma subida impulsionada pela Impresa (dona da SIC e do ‘Expresso’) e pela Cofina (proprietária do Correio da Manhã). O grupo de Francisco Pinto Balsemão arrecadou neste período 106,4 milhões de euros, uma subida de 9,2%. Já a Cofina aumentou as receitas publicitárias em 5,3%, para um total de 39,2 milhões de euros.
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Por seu lado, o grupo Media Capital manteve estes proveitos estáveis, com uma ligeira subida de 0,1%, para os 105,1 milhões de euros. Já o ‘Público’ da Sonaecom, perdeu 10%, para receitas de publicidade de 8,9 milhões. 
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Nos proveitos totais, a Impresa cresceu 7,2% (193,9 milhões) e a Cofina, 2,7% (100,4 milhões). A Media Capital diminuiu receitas em 10,9% (172,8 milhões) e o ‘Público’ em 2,3% (22 milhões). A análise permite também ver que 60,8% das receitas da Media Capital provêem da publicidade, percentagem que recua para os 54,8% na Impresa. No ‘Público’, a publicidade representa 40,7%, enquanto na Cofina é inferior a 39%.
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A análise não engloba grupos como a Controlinveste ou a Ongoing, já que se trata de empresas não cotadas, pelo que os seus números não são conhecidos. 
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terça-feira, outubro 19, 2010

EUA: Quartel-General do crime e da corrupção

Mundo

Vermelho - 18 de Outubro de 2010 - 11h00

Olho a tela do meu televisor e mais uma vez sinto-me sufocado por um sentimento misto de indignação e impotência. Pergunto-me, muito mais que inquieto, o que esta televisão está a fazer do meu País, da gente que o habita, deste nosso tempo comum.

Por Correia da Fonseca*, em odiario.info

Lembro a TV do fascismo, ao serviço de uma ditadura infame, colaborante com uma guerra injusta, repugnante a quem a olhava com olhos de ver e cabeça de pensar, mas que, contudo, de quando em quando, se sentia obrigada a contemporizar um pouco com valores culturais e civilizacionais que efetiva ou supostamente sobreviviam no resto da Europa, do mundo.

Seria então uma televisão consciente de que era infratora de regras ainda consensuais e por isso não poucas vezes invocava com algum descaro o tríptico a que em princípio devia obedecer o seu trabalho: informar, cultivar, divertir.

Hoje é manifestamente diferente. E pior. E mais nociva. Multiplicada por quatro canais generalistas e abertos, sem o mínimo indício da má consciência que antes de 74 transportava, injeta nos cidadãos telespectadores o hábito do mau gosto e dos subprodutos mais reles, a avidez pelo consumo, a habituação às diversas formas de brutalidade, o sobranceiro desprezo pela cultura.

Para além, é claro, da empenhada e militante submissão ao sobrecapitalismo imperante que a cada passo propagandeia por caminhos diretos e indiretos.Não surpreenderá, assim, que por vezes me pareça que não suporto muito mais e aproveite uma oportunidade para me escapar em busca de diferentes horizontes televisivos, o que aliás não é fácil, e com frequência peça refúgio ou pelo menos alívio em telefilmes policiais em que se especializa um dos canais do grupo Fox, acessível por cabo.

Não, porém, nos telefilmes que são cozinhados mediante o cruzamento de brutezas com as novas tecnologias utilizadas pela polícia para detecção e posterior castigo dos maus. Vou antes ao encontro de uma série de feitura já não muito recente, «Murder, she wrote», «Crime, disse ela» no título português, onde encontro o uso da inteligência e não da robustez física ou do revólver em punho para a solução dos mistérios.

Para mais, a figura central da série não é um detective musculado mas sim uma escritora, inventora de enredos policiais, que por opção delierada rejeitou viver numa grande metrópole USA, dessas que fascinam os europeus com queda para basbaques, mas sim numa pequena cidade marítima que de algum modo me lembra as povoações ainda piscatórias do litoral português. E tudo isto me agrada e ameniza os meus furores.

Mas a tal escritora precisa, por uma razão ou por outra, de se deslocar por vezes a uma das grandes cidades, Nova Iorque, São Francisco ou qualquer outra, onde fervilham os poderes e os esplendores dos Estados Unidos atuais. É aí que geralmente ocorrem os crimes cuja misteriosa autoria a argúcia, o poder de observação e a experiência decorrente da sua especialidade literária, ela haverá de decifrar.

E, então, a série evidencia, episódio após episódio ainda com relativa discrição, o uso generalizado de diversas formas da corrupção ativa ou passiva que caracteriza grandes empresários, autoridades judiciais, políticos destacados, membros das polícias, todos eles impregnados pela febril avidez por dólares, muitos dólares, num grande pântano onde o recurso ao homicídio floresce como uma consequência natural. Dir-se-ia que a série apostou em fazer a denúncia, ainda que cautelosa, do verdadeiro e dominante perfil daquela América.

E eu, cansado das quotidianas imposturas que pretendem impingir-nos a imagem de uns Estados Unidos como grande casa da liberdade, da democracia e da justiça, olho aquilo e parece-me reconhecer ali um honesto retrato sumário de qualquer coisa que será uma espécie de quartel-general de certas forças.

Das forças que, num outro plano, fazem daquele país indiscutivelmente grande e poderoso o exportador para os quatro cantos do mundo do seu mais característico produto de exportação: o crime sob diversas formas.

E é como se, ingenuamente, sentisse um pouco o sabor reconfortante da desforra.

* Correia da Fonseca é amigo e colaborador de odiario.info.
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domingo, setembro 19, 2010

Esquerda russa cria TV Vermelha

Mundo

Vermelho - 18 de Setembro de 2010 - 9h27 
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Um projeto criado na Federação Russa para a união de todas as forças de oposição ao regime vigente no país. É assim que se intitula a nascente emissora de televisão TV Vermelha (KTV na sigla em russo), divulgado por meio do site http://krasnoetv.ru e que tem o apoio do Partido Comunista da Federação Russa, entre outras forças de esquerda.
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"A KTV trabalha para a difusão das ideias humanistas, comunistas e de esquerda, com a finalidade de avançar conjuntamente contra o poder do atual regime". Segundo o site, seu objetivo é refletir o ponto de vista comunista em todas as áreas da sociedade.

Há também outros objetivos, como o de mostrar a situação política do país, difundir as ideias comunistas e de esquerda e mostrar o trabalho do PCFR — principal partido de oposição —, assim como esclarecer a situação social e a luta de classes no país.

A KTV também pretende construir uma plataforma de diálogo entre as distintas forças de esquerda com o objetivo de reuni-las.

Veja o vídeo abaixo (http://krasnoetv.ru/node/6246) no site da TV Vermelha em http://krasnoetv.ru/ (em russo) ou no You Tube:



Da redação, com informações do blog Las Conquistas de la Civilización Socialista
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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Imprensa Angolana

OS MEDIA EM ANGOLA


* Fernando Lima

O aparecimento da imprensa em Angola data de 1845, contando-se 46 títulos na passagem do século. Pormenor de nota é a referência a jornais produzidos por "angolenses", o termo usado na altura para os naturais de Angola, por oposição aos colonos provenientes de Portugal. O primeiro jornal numa língua nacional ¾ o kimbundu ¾ foi feito em Nova Iorque, em Fevereiro de 1896.
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O aparecimento do Província de Angola (PA) em 1923 é considerado como o início da imprensa comercial e de circulação regular. Em 1936 surge o Diário de Luanda (DL), jornal que a par do PA, constituem as duas mais antigas publicações angolanas, em 1974. 
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Na altura da proclamação da independência, em Novembro de 1975, o Província de Angola tinha alterado o nome para Jornal de Angola (em 1974), passando a ser o jornal governamental. Cessaram a sua publicação os jornais O Comércio e ABC e as revistas Notícia e a Semana Ilustrada, em Luanda, e desaparecem os poucos jornais editados nas províncias, entre eles O Planalto, publicado no Huambo. O Diário de Luanda, após uma breve interrupção, regressa às ruas da capital como jornal vespertino, cessando a sua publicação em Maio de 1977, depois da sua linha editorial ter sido conotada com o "fraccionismo", uma cisão no partido do poder em Luanda (27 de Maio de 1977). Com o DL desaparecem várias pequenas publicações fortemente politizadas, marcando um claro controlo da imprensa por parte do MPLA. A Rádio Ecclesia foi extinta oficialmente a 24 de Janeiro de 1978. 
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Em 1975 é criada a agência nacional de notícias, a Angola Press (ANGOP), um órgão de informação estratégico na lógica do sistema de partido único (a sua oficialização veio a verificar-se em Fevereiro de 1978), em paralelo com a Rádio Nacional de Angola (RNA) e a Televisão Popular de Angola (TPA), criadas "revolucionariamente" em 1974 (quase um ano antes da independência).A Angop estabelece-se em todo o país e cria delegações no exterior, dispondo hoje de meios técnicos sofisticados: emissões computadorizadas e serviços noticiosos em website próprio. É da Angop e da RNA que sai a primeira geração de jornalistas formados após a independência. Foi também na agência noticiosa que se travaram algumas das mais importantes lutas pela liberalização do sistema de informação em Angola nos anos 70 e 80. A revista Novembro, uma publicação com intuitos liberais criada no seio do próprio sistema, nunca teve uma edição regular. 
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O sector da comunicação social foi aberto à participação privada em 1991 (a lei que garante a liberdade de imprensa foi publicada a 15 de Junho de 1991).Pouco antes das eleições gerais multipartidárias de Setembro de 1992, com a liberalização do regime, surgem os semanários Correio da Semana e Comércio Actualidade. A RádioVorgan, pertencente à UNITA, passa a emitir a partir de Luanda e a venda do jornal Terra Angolana (publicação da UNITA editada em Lisboa) é autorizada nas ruas da capital. Surgem também as primeiras rádios privadas: a LAC, em Luanda, a RCC, em Cabinda, a Rádio Morena, em Benguela e a Rádio 2000, no Lubango. 
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Com o reinicio da guerra logo após as eleições, o desenvolvimento da imprensa sofre um retrocesso. A Vorgan e o Terra Angolana passam a ter uma existência clandestina nas áreas sob controlo governamental. Mesmo assim, em 1993 é criado o Imparcial Fax, uma pequena publicação de grande influência que foi encerrada em Janeiro de 1995, após o assassinato do seu editor Ricardo Melo. Surge também o Folha 8, outra publicação distribuída inicialmente por fax e com grande influência junto dos sectores de elite na capital. Alguns meses após o estabelecimento do Protocolo de Lusaka (assinado a 20 de Novembro de 1994 entre o Governo e a UNITA), alguns jornalistas do Imparcial lançam o Actual Fax, transformado, mais tarde, no semanário Actual.
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Em Março de 1997 foi reaberta a Rádio Ecclesia, emitindo em FM para a região de Luanda, e saía à rua o semanário tablóide a cores, Agora. O Angolense, outro semanário tablóide a cores (editado em 1998) e o Independente, completam o actual panorama da imprensa de carácter generalista em Angola, embora existam outras iniciativas em curso, sobretudo nas províncias. 
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O reacender da guerra em Dezembro de 1998, constitui, por um lado, o maior obstáculo ao aparecimento de novos media e, por outro, uma ameaça permanente à existência dos actuais órgãos de imprensa independentes. As iniciativas editoriais continuam a concentrar-se em Luanda.
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Pluralidade dos media

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O aparecimento de novos títulos e rádios ocorreu no período 91/92, em simultâneo com a liberalização do regime. Mas a situação sofreu novo retrocesso com as confrontações armadas que se seguiram às eleições de Setembro de 1992. Alguns apoios internacionais e iniciativas locais, ditaram o aparecimento de novos títulos desde 1997, em paralelo com a reabertura da Rádio Ecclesia, uma rádio que, não obstante o seu âmbito religioso, constitui um novo espaço de abertura no panorama informativo angolano, embora o seu raio de emissão se restrinja ainda à capital. 
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Contudo, apesar do ímpeto editorial registado nos dois últimos anos, esta actividade está limitada à capital, uma cidade com uma população de mais de três milhões de habitantes. No entanto, a esmagadora maioria não tem poder de compra para pagar quatro milhões de kwanzas (aproximadamente 75 cêntimos do dólar) por um semanário. As tiragens combinadas de todas as publicações independentes rondam os 30 000 exemplares, o que é muito pouco. As províncias recebem a programação da rádio e televisão estatal e apenas Luanda, Benguela, Lobito, Lubango e Cabinda têm a alternativa das rádios privadas. Na capital, nas repartições oficiais e instituições internacionais, é habitual a prática de reprodução paralela de publicações e artigos dos jornais alternativos.Durante o regime de monopartidarismo, como informação e carácter geral, havia um jornal diário (Jornal de Angola), a Rádio Nacional de Angola, a Televisão Popular de Angola (TPA) e a agência noticiosa ANGOP. Actualmente, há nove títulos na imprensa escrita, sete dos quais privados, e cinco novas rádios. 
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A imprensa escrita
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A imprensa escrita é o meio menos desenvolvido, apesar do aparecimento de novos títulos. Existe apenas um diário, o Jornal de Angola (estatal), um bi-semanário, o Folha 8, e sete semanários, Comércio Actualidade, Independente, Jornal dos Desportos (da mesma empresa do Jornal de Angola), Actual, Angolense e Agora, estas últimas três publicações com assinalável qualidade gráfica. O Terra Angolana, um jornal associado à UNITA, circula de forma irregular apenas nas áreas controladas pelo movimento. 
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A rádio
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Em Angola, a rádio está muito mais desenvolvida que qualquer outro meio de comunicação social. Ao contrário da maior parte dos países da região SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), Angola tem uma longa tradição na área de radiodifusão. É habitualmente estabelecido o ano de 1933 como o início das actividades radiofónicas no País. Hoje, a RNA (Rádio Nacional de Angola), propriedade do Estado, tem uma estação emissora em cada uma das 18 províncias de Angola. Em Luanda, a RNA opera cinco estações: o Canal A (a emissão nacional); o Canal N'Gola Yetu (emissão em línguas nacionais); o Canal C (música erudita); a Rádio Luanda (a rádio local FM para a capital); a Rádio 5 (o canal desportivo). A rádio do Estado emprega 1853 trabalhadores (Outubro de 1999), entre os quais 566 jornalistas, tornando-a o maior complexo informativo do país.
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Além das estações da rádio estatal, há seis rádios privadas no País. A Rádio Ecclesia foi reaberta em 1997, emitindo só na capital. Desde 1992, estão a operar a LAC- Luanda Antena Comercial, em Luanda, a RCC-Rádio Comercial de Cabinda, em Cabinda, a RMC-Rádio Morena Comercial, em Benguela, e a Rádio 2000, no Lubango. O equipamento para estas quatro rádios foi adquirido pelo Governo e vendido, mais tarde, a operadores privados. Os seus proprietários garantem que as rádios operam numa base de independência editorial, mas vozes cépticas dizem que estas estações não são verdadeiramente independentes. Em várias ocasiões foi pedido à LAC e à Rádio 2000 para retirarem certas rubricas e programas do ar. O director editorial da Rádio Morena também já foi várias vezes molestado por indivíduos conotados com o Governo. A estação de rádio da UNITA, a Vorgan, transmite em ondas curtas e cobre todo o país. 
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Depois de terem sido interrompidos os programas radiofónicos das Nações Unidas, os profissionais angolanos que estiveram envolvidos no projecto tentam obter uma frequência para operar legalmente como rádio privada: a Voz da América (VOA). Esta rádio tem uma emissão especial em português para Angola, contando, para tal, com uma redacção estabelecida em Luanda. Entre os seus profissionais encontram-se alguns dos melhores jornalistas angolanos.
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A situação é tolerada pelas autoridades angolanas, mas a Rádio 2000, no Lubango, foi proibida de transmitir a programação da VOA. Mais recentemente, a Rádio Ecclesia recebeu uma notificação para não transmitir a programação da Rádio Renascença, emissora católica sediada em Lisboa.
Extractos de uma pesquisa de Fernando Lima, jornalista moçambicano.
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