A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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sábado, setembro 06, 2008

Jogos Olímpicos da China - Ouro e ... Ouro !






Ouro, ouro!

Escrevia há semanas, nestas mesmas colunas, o camarada Vasco Cardoso, a propósito da «medalhite» que atingiu, através dos porta-vozes de sempre, a opinião pública portuguesa: «Os Jogos Olímpicos (...) projectaram no nosso país um conjunto de modalidades e atletas praticamente ignorados durante (pelo menos) os últimos quatro anos, confirmando que o desporto está muito para além do futebol profissional.»
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Volto ao tema porque a actualidade de uma notícia me recordou a tempestade de comentários aleivosos contra ao atletas que não atingiram os objectivos que deles alguns esperavam – ganhar medalhas.
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O facto é que o que se espera de um atleta e ele próprio também assim o entende e a isso aspira é a participação nos jogos e a superação, através dos seus esforços, das metas que se propôs. Bronze, prata e ouro coroam esse esforço, que é sério e muito. E os que não atingiram esses metais deveriam aceder ao direito de mostrar orgulho na participação que tiveram.
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Recordei-me de um programa daqueles em que a propósito de futebol se fala de clubes, de dirigentes e, sobretudo, de dinheiros. Três fulanos, moderados por um jornalista, debitaram então drásticas e venenosas apreciações sobre os atletas. Que se gastara muito dinheiro com eles, afirmaram. Que os resultados não eram compatíveis com o dinheiro dos contribuintes assim mal gasto. Os jornais, entretanto, só falavam dos 15 milhões que o Estado tinha gasto com os desportistas. Sem cuidarem de saber daquele exemplo de um marchador, operário, que treinou com muita dureza e cuja empresa lhe «deu» dois meses para que ele pudesse marchar nos Jogos Olímpicos.
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Como se Pequim fosse uma espécie de feira onde, carregadinhos de euros, os atletas fossem comprar... medalhas. A quanto sairia a de ouro? Um milhão? Dois?
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Mas vamos à notícia que me fez recordar as medalhas de Pequim e o seu preço. Foi anunciada a compra de um jogador de futebol por um clube estrangeiro – isso mesmo, a compra, porque os profissionais vendem-se como escravos, por muito milionários que fiquem a ser na troca. O jogador ficou pela módica quantia de 18,6 milhões.
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Ninguém protestou. Porque isto de grande futebol é bom negócio...
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Avante
Nº 1814
04.Setembro.2008
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Eventos disputados nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008
302 em 28 esportes

Modalidades esportivas disputadas nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008

Atletismo
Masculino - 100 metros | 200 metros | 400 metros | 800 metros | 1500 metros | 5000 metros | 10000 metros | 110 metros com barreiras | 400 metros com barreiras | 4x100 metros | 4x400 metros | 20 quilômetros de marcha atlética | 50 quilômetros de marcha atlética | Maratona | 3000 metros com obstáculos | Salto em altura | Salto em distância | Salto triplo | Salto com vara | Lançamento de peso | Lançamento de disco | Lançamento de martelo | Lançamento de dardo | Decatlo

Feminino - 100 metros | 200 metros | 400 metros | 800 metros | 1500 metros | 5000 metros | 10000 metros | 100 metros com barreiras | 400 metros com barreiras | 4x100 metros | 4x400 metros | 20 quilômetros de marcha atlética | Maratona | 3000 metros com obstáculos | Salto em altura | Salto em distância | Salto triplo | Salto com vara | Lançamento de peso | Lançamento de disco | Lançamento de martelo | Lançamento de dardo | Heptatlo

Badminton
Simples masculino | Duplas masculino | Simples feminino | Duplas feminino | Duplas mistas

Basquete
Basquete Feminino | Basquete Masculino

Beisebol
Masculino

Boxe
Peso mosca-ligeiro (até 48 kg) | Peso mosca (até 51 kg) | Peso galo (até 54 kg) | Peso pena (até 57 kg) | Peso leve (até 60 kg) | Peso meio-médio-ligeiro (até 64 kg) | Peso meio-médio (até 69 kg) | Peso médio (até 75 kg) | Peso meio-pesado (até 81 kg) | Peso pesado (até 91 kg) | Peso super-pesado (acima de 91 kg)

Canoagem
Slalom - K-1 masculino | C-1 masculino | C-2 masculino | K-1 feminino

Velocidade - K-1 500m masculino | K-1 1.000m masculino | K-2 500m masculino | K-2 1.000m masculino | K-4 1.000m masculino | C-1 500m masculino | C-1 1.000m masculino | C-2 500m masculino | C-2 1.000m masculino | K-1 500m feminino | K-2 500m feminino | K-4 500m feminino

Ciclismo
Pista - ciclismo masculino - Keirin | Madison | Corrida por pontos | Perseguição individual | Perseguição por equipe | Velocidade individual | Velocidade por equipe

Pista - ciclismo feminino - Corrida por pontos | Perseguição | Velocidade

Estrada - ciclismo masculino - Estrada individual | Contra o relógio individual

Estrada - ciclismo feminino - Estrada | Contra o relógio

Mountain bike - ciclismo masculino - Cross-country

Mountain bike - ciclismo feminino - Cross-country

BMX - ciclismo masculino - Individual

BMX - ciclismo feminino - Individual

Esgrima
Espada individual masculino | Espada individual feminino | Espada por equipe masculino | Florete individual masculino | Florete individual feminino | Florete por equipe feminino | Sabre individual masculino | Sabre individual feminino | Sabre por equipe masculino | Sabre por equipe feminino

Futebol
Futebol Feminino | Futebol Masculino

Ginástica
Ginástica artística - Individual geral masculino | Equipes masculino | Solo masculino | Barra fixa masculino | Barras paralelas masculino | Cavalo com alças masculino | Argolas masculino | Salto sobre o cavalo masculino | Individual geral feminino | Equipes feminino | Trave feminino | Solo feminino | Barras assimétricas feminino | Salto sobre o cavalo feminino

Ginástica rítmica - Individual geral feminino | Equipe feminino

Ginástica de trampolim - Individual Masculino | Individual Feminino

Halterofilismo
Masculino - 56kg | 62kg | 69kg | 77kg | 85kg | 94kg | 105kg | +105kg

Feminino - 48kg | 53kg | 58kg | 63kg | 69kg | 75kg | +75kg

Handebol
Handebol Feminino | Handebol Masculino

Hipismo
Adestramento Individual | Adestramento por Equipe | Saltos de obstáculos Individual | Saltos de obstáculos por Equipe | Concurso completo de equitação Individual | Concurso completo de equitação por Equipe
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quinta-feira, setembro 04, 2008

A Faísca




A faísca

Não é fácil escrever sobre isto. Mais difícil é ficar calado. Refiro-me ao fenómeno que parece incendiar a Europa e os países islâmicos, criando, de um lado, uma fervente indignação a propósito de um boneco que apareceu num jornal dinamarquês. Uma indignação que já custou mortes e feridos, fogos ateados e embaixadas destruídas; do outro lado, uma estarrecida incompreensão sobre as razões e as raízes de tanta turbulência. «Então já não se pode fazer bonecos e brincar com coisas sérias?», perguntará o cidadão comum. O cidadão incomum, afecto à ideologia da direita «cristã», que terá participado em simulacros de autos de fé quando algum filme lhe fere os sentimentos integristas, é capaz de clamar por uma nova cruzada que esmague o Islão. A comunicação social em geral, socorrendo-se dos seus peritos, hesita entre o deitar água na fervura e o atear de novos fogos. E, por fim, muita gente concorda que se trata de uma questão religiosa, transformada em conflito entre a liberdade ocidental e um fundamentalismo cego.
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Sobre o que é o Ocidente e sobre o que são as liberdades, parece que ainda não estamos conversados. Marrocos ou a Argélia estão mais a Ocidente do que a Dinamarca. E a liberdade «ocidental» escreve-se na maioria dos jornais com cifrões.
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Que terá levado multidões furiosas a queimar primeiro bandeiras e depois embaixadas, a manifestar ruidosamente a sua indignação perante um cartoon? Certamente a ofensa contida nesse cartoon, dirá o espírito estritamente lógico, não se indagando por que motivo outras ofensas mais graves não terão juntado tanta gente nem tanta fúria.
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É que se trata de muito mais do que uma questão religiosa. A religião e a «ofensa» caricaturada foi apenas o pretexto, a faísca que incendiou a planície. Mesmo que movidas por cegos sentimentos religiosos e fundamentalistas, sem a consciência plena do que mostra o movimento que alastra no mundo islâmico, as multidões erguem-se, afinal, perante a injustiça e o imperialismo. O raciocínio não é um chavão. Países e povos cuja cultura se baseia na ancestralidade corânica, sentem-se esmagados perante o mando explorador dos estados imperialistas. O Afeganistão está ocupado; o Iraque sofre uma guerra de ocupação; o Irão é ameaçado; a Palestina, onde as recentes eleições deram a vitória a uma força política do desagrado de Israel e dos Estados Unidos, vê pôr em questão os resultados democráticos da votação maioritária que, agrade ou não, levou o Hamas ao poder.
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Uma pequena faísca, um boneco caricaturando o Profeta, lançou o incêndio. Não adianta tentar apagá-lo com desculpas hipócritas.

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Avante - Nº 1680
09.Fevereiro.2006
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segunda-feira, abril 07, 2008

Democracia «ocidental»: dois pesos, duas medidas



Os direitos dos outros

Na segunda-feira à noite – se fosse no dia seguinte atribuiria o caso às mentiras do 1.º de Abril – o meu espanto foi grande ao ouvir, na televisão, que a União Europeia e os Estados Unidos exigiam – isso mesmo, exigiam – que os resultados das eleições no Zimbabué fossem apurados e anunciados com rapidez.

É claro que os leitores já perceberam que o meu espanto não foi nenhum, habituados como estamos a estes destemperos imperiais. Mas a minha indignação não deixou de ser grande. Acho mesmo que no dia em que deixar de me indignar já não vale a pena viver.

Continua a ser espantoso, digo, continua a causar indignação a arrogância com que os Estados Unidos e os seus lacaios europeus, e outros mais, persistem em ditar ao mundo as suas próprias regras – que, aliás, não cumprem. Poderia imaginar-se alguma vez que um qualquer país «exigisse» aos Estados Unidos que publicasse «com rapidez» os resultados das suas eleições próprias? Que, por exemplo, quando da renhida disputa eleitoral para as presidenciais, em que Bush defrontou aquele senhor com nome de molho de tomate, um Estado qualquer – digamos, Portugal – pudesse «exigir» à Casa Branca e aos tribunais USA que deslindassem «rapidamente» quem tinha ganho? Depois de muitas peripécias, essas, sim, dignas de um país de coronéis e não de um estado democrático, a vitória foi dada novamente a Bush por uma juíza da Florida, onde reside o lobby que mais fortemente apoiou o descabelado e reaccionário Bush...

Mas as coisas ainda funcionam assim, neste Planeta à beira Sol plantado. Com grande apoio mediático que – volto a repetir o que na semana passada escrevi – vem publicado em tudo o que é órgão de comunicação ao serviço dos monopólios e do imperialismo.

Destes direitos humanos, nomeadamente dos direitos democráticos, não querem os comentadores e os locutores-jornalistas saber quando se trata dos Estados Unidos. Preferem defender os separatismos, os colonialismos, as invasões – tudo o que, em nome da liberdade e da democracia, o império decreta. Na imprensa escrita, falada e vista, o que continua a dar é o Tibete com o seu Dalai. Até na blogosfera há quem se irrite com os comentários que aqui publicamos. Uns bem plantados à direita; outros autonomeando-se de esquerda; outros ainda, de cartão envergonhado, assobiam para o lado, dando aos primeiros a razão que não têm.
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in Avante 2008.04.03
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quinta-feira, maio 03, 2007














A cabeça no túnel






Antes, não eram só as avestruzes que enfiavam a cabeça na areia para se esconderem ou esconderem de si o mundo em redor. Muita gente as acompanhava nesse gesto. Hoje, a moda é outra. E a moda foi inaugurada pelo sucessor de Santana Lopes na Câmara Municipal de Lisboa. Agora, para que o mundo se não veja, com o seu ror de sucessos felizes ou ameaçadores, convida-se a população a meter a cabeça... no túnel.

Com efeito, e a julgar pelo que nos dizem e mostram ter acontecido no dia 25 de Abril deste ano, 33 anos passados sobre o início da Revolução dos Cravos, as multidões não se juntaram à festa e à luta. Ao contrário, enfiaram-se no túnel do Marquês, a bizarra ideia que o Santana, que continua a andar por aí, teve quando à frente da CML e que Carmona Rodrigues herdou. Também este teve uma ideia bizarra – marcar para 25 de Abril a inauguração da horrenda obra, logo encerrada para testes. Afirmando aos jornalistas, que o cercaram e seguiram na passeata subterrânea, que a segurança estava assegurada, compreende-se mal que se feche um par de dias depois o túnel para verificar se a segurança era assegurada...

Mas passemos sobre o túnel concreto e vamos ao metafórico tema desta crónica. Jornais e TVs acharam que o 25 de Abril já não vale a pena como notícia. Os muitos milhares que desfilaram na Avenida da Liberdade, festejando Abril, recordando promessas e reivindicando o seu cumprimento – mais vale tarde que nunca – não mereceram nem foto nem destaque de primeira. Perdão – o Público mostrou um «popular» de ar triste e isolado, numa avenida vazia, segurando um cravo. As grossas foram todas para o túnel, como se lá coubesse a realidade do País.

É certamente deste tipo de comemorações, que a imprensa mostra envergonhadamente, que fala o Presidente da República, farto de solenidades de Abril. Compreende-se que Cavaco Silva, reconstrutor de monopólios e de alianças com o imperialismo, cuja governação foi marcada por graves retrocessos nas conquistas revolucionárias, se sinta fatigado com tanto Abril e, sobretudo, com aquele que todos os anos transborda nas avenidas e ruas e pracetas do País. Também ele, de mão dada com o Governo de Sócrates, pretenderia meter os portugueses num túnel. Insonorizado, de preferência.

in AVANTE 2007.05.03