A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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segunda-feira, janeiro 02, 2012

António Vilarigues ~ Trabalho escravo: uma medida com profunda marca de classe



TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»
Trabalho escravo: uma medida com profunda marca de classe
                                                                                                                                  
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  • Um trabalhador em Portugal trabalha, em média, mais 8,4 horas semanais que um trabalhador holandês, e mais 3,3horas que um trabalhador alemão;
  • Segundo o INE, os custos com pessoal representam 14% do total de custos das empresas não financeiras.
  • O aumento da carga horária permitiria “uma redução de custos associados ao trabalho” de 6,25%.
  • O efeito de tal redução nos custos totais das empresas não chegaria a 1% (seria, em média, uma redução de 0,89% no total de custos).
  • Ou seja, um valor perfeitamente negligenciável quando comparado com outros custos, como sejam os da energia, dos transportes, ou, no caso das empresas exportadoras, os custos associados a esta actividade e o das oscilações cambiais.
União Soviética foi o primeiro país do mundo a instaurar a jornada de trabalho de 8 horas (a partir de 1956 foram implementados os dias de trabalho de 7 horas e de 6 horas, bem como a semana de 5 dias). O primeiro a assegurar o direito do homem a um trabalho permanente e fixo. O primeiro a liquidar o desemprego (1930) e a assegurar o pleno emprego.
Em 1919 a jornada de trabalho de 8 horas foi implementada em França.
Desde então generalizou-se e electricidade e a produção em série. A automação e a robotização. A informática e novos processos de produção. A revolução científico-técnica dominou todo o século XX. E prossegue em ritmo acelerado nesta primeira década do século XXI.
Pergunta-se:
Em 1917 era economicamente rentável a jornada de trabalho das 8 horasCEM anos depois deixou de o ser?

domingo, janeiro 23, 2011

O candidato anti-"sistema" *António Vilarigues




TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»
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O candidato anti-"sistema"
*António Vilarigues
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 Chegámos ao final da campanha com uma certeza: existe apenas um candidato que não pactua com este "sistema". "Sistema" onde não existe democracia económica, nem social. "Sistema" onde a democracia cultural é limitada. "Sistema" onde a democracia política está amputada.
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Francisco Lopes, pois é a ele que nos referimos, começou por ser, para os comentadores e analistas de serviço, o electricista com fracas habilitações literárias. O "homem do aparelho". O "ortodoxo". O "perfeito desconhecido" do País e do eleitorado. Mas a realidade no terreno, como hoje quase todos reconhecem (mesmo que a contragosto), foi outra.
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Francisco Lopes é o único candidato que afirma que não é de maneira nenhuma um candidato dos interesses de todos os portugueses. O único que declara, preto no branco, que não assume de maneira nenhuma os interesses da exploração, da especulação, da decadência e da corrupção.
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O único que comprova que o declínio nacional, a descaracterização do regime democrático e o ataque à soberania e independência nacionais marcam hoje a realidade do País. E que demonstra que há responsáveis: o PS e o PSD, com ou sem o CDS, que durante mais de três décadas partilharam alternadamente a governação em confronto com os valores de Abril.
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O único candidato que pode afiançar que não tem responsabilidades ou quaisquer compromissos com as políticas que estão na base da actual situação. O único que protagoniza uma ruptura com a destruição da produção nacional, a exploração dos trabalhadores, a abdicação nacional, as injustiças sociais. O único que denunciou e combateu um Orçamento do Estado destinado a impor mais sacrifícios, mais dificuldades e mais pobreza.
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Francisco Lopes é o único candidato que sublinha que este caminho de retrocesso e desigualdades sociais a que assistimos em Portugal contrasta com a escandalosa protecção e apoio dados ao grande capital e ao aumento dos seus colossais lucros. Que esta situação exprime as contradições do sistema capitalista mundial e o peso cada vez mais negativo do processo de integração europeia. E que este é um caminho inaceitável.
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O único candidato que sustenta que existem na sociedade portuguesa dois campos. De um lado, os que erguem os valores da solidariedade e da dignidade humana inseparáveis do direito ao emprego, de uma mais justa distribuição do rendimento, da valorização dos salários e pensões de reforma. Do outro, os que, refugiados em discursos caritativos e encenada comiseração, exploram a pobreza que eles próprios promovem, instrumentalizando os sentimentos de solidariedade, iludindo as razões e responsabilidades pelo aumento sem fim do número de pobres. Francisco Lopes opta de forma inequívoca pelos primeiros.
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Francisco Lopes é o único candidato que se dirige a todos os que sentem vontade de desistir. E diz-lhes que não desistam, que vale a pena acreditar, que vale a pena confiar em quem tem palavra e está consigo nas suas lutas e inquietações. E diz-lhes que a melhor resposta que têm para dar é juntarem-se a ele com o seu voto para condenar os que, no Governo e na Presidência, há muito desistiram de Portugal.
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Por tudo isto, e muito mais, é que o voto em Francisco Lopes é um voto diferente de todos os outros: porque é o único que conta para a mudança.
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Nota final: Aldrabice pura e dura é o único qualificativo que me ocorre. A sondagem da Marktest para a TSF e o Diário Económico sobre presidenciais ontem divulgada é um verdadeiro "caso de estudo". Consegue a proeza de não cumprir NENHUM dos parâmetros elementares de credibilidade. Nem quanto ao critério das amostras consideradas. Nem quanto à fiabilidade dos métodos de inquirição. Nem quanto aos procedimentos complementares de estimação. Nem finalmente quanto à forma como foram apresentadas por quase todos os meios de comunicação social (será que a maioria dos "especialistas" que a comentou leu a ficha técnica?...).
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Que credibilidade merece uma sondagem onde, só um exemplo, o Litoral Norte (que, sublinhe-se, não inclui o Grande Porto) teve 155 inquiridos, quase os mesmos que a Grande Lisboa (onde existem 2,5 milhões de eleitores)? E onde o Interior Norte teve 181, ou seja mais 25 (!!!) que a Grande Lisboa?
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Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In jornal "Público" - Edição de 21 de Janeiro de 2011

segunda-feira, julho 14, 2008

Os “terroristas” – de Nelson Mandela às FARC


TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE» E A CDU «UM PROJECTO DE FUTURO, UMA PRESENÇA DE LUTA POR UMA VIDA MELHOR»
Segunda-feira, 14 de Julho de 2008
Os “terroristas” – de Nelson Mandela às FARC

1. Quando foi preso pela última vez em 1962, Nelson Mandela era o comandante do braço armado do ANC, «Umkhonto we Sizwe», a «Lança da Nação». Tal prisão só foi possível por informações passadas pela CIA à polícia política do regime do apartheid na África do Sul. Mandela era considerado um perigoso terrorista e comunista. O «Umkhonto we Sizwe» manteve-se activo até ao fim do apartheid, desenvolvendo acções de sabotagem e de guerrilha, algumas das quais atingiram civis inocentes. Durante os 27 anos de prisão Nelson Mandela sempre recusou a sua liberdade condicional em troca de uma declaração de renúncia à luta armada.

A história depois da sua libertação em 1990 é por demais conhecida. O que poucos leitores deviam saber é que Mandela e o seu partido, o ANC, estiveram na lista negra do «terrorismo» americano até bem recentemente (ver o PÚBLICO de 6/7). Segundo uma lei aprovada no mandato de Ronald Reagan, poderiam deslocar-se à sede das Nações Unidas, mas não estavam autorizados a viajar no resto do território americano. Finalmente a 1 de Julho de 2008 (!!!) o Presidente Bush promulgou a lei aprovada pelo Senado a 27 de Junho.

2. A comunicação social dominante em Portugal nada disse nestes dias sobre o facto do Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, enfrentar uma crise política grave. Sessenta parlamentares da sua base de apoio estão incriminados num escândalo de corrupção, ligações com o narcotráfico e os paramilitares. Tem um primo e conselheiro político, Mário Uribe, preso pelos mesmos motivos. O Supremo Tribunal contesta a legalidade de sua reeleição em 2006, obtida mediante a compra de votos confirmado pela confissão da ex-parlamentar Ydis Medina. Não possui uma base política sólida e nem um sucessor de confiança, o que o leva à tentação de mudar de novo as regras do jogo e tentar um terceiro mandato.

Dizer que o governo Uribe é o mais à direita da América Latina dá apenas uma pálida imagem do seu posicionamento político e ideológico. Ele e sua base de classe são com frequência comparados aos regimes nazi-fascistas. Sobretudo depois de a oligarquia colombiana ter entrado no ramo das drogas e ter criado os paramilitares. A Colômbia não é apenas o único país das Américas que vive uma experiência guerrilheira. É também campeã do mundo em assassinatos de sindicalistas e de jornalistas: mais de metade dos sindicalistas assassinados em todo o mundo.

Mais de 11.200 colombianos foram assassinados desde que Uribe foi «eleito» (não inclui os mortos em combate entre as guerrilhas e as Forças Armadas). O número de desaparecidos ronda os 30 mil. São homens e mulheres, novos e velhos, com nome. Mas a comunicação social dominante cala-se, ou refere friamente os números. Não são mediáticos. Não podem aparecer nas televisões. Jazem sob sete palmos de terra.

Aparentemente quem fala e escreve sob a Colômbia ignora também que as forças democráticas de esquerda deste país (socialistas, sociais-democratas e comunistas) estão aglutinadas no seio do Pólo Democrático Alternativo (PDA). Em 2007 o PDA elegeu 9 deputados em 166 e 11 senadores em 100. Destes 1 senador e 1 deputado são membros do PCC. O candidato do PDA às últimas eleições presidenciais na Colômbia, Carlos Gaviria Díaz, foi o 2º mais votado com 22,04% dos votos. Em 2008 o PDA conquistou, entre outros, o município de Bogotá.

Notas finais: Para quem não sabe, na Colômbia há várias organizações que se reclamam do marxismo-leninismo: o PCC, as FARC, um PCC clandestino criado pelas FARC, o PC da C (m-l), o PCC-M, o PPS.

Já por três vezes, a propósito das mentiras das sucessivas administrações americanas, indiquei nesta coluna o sítio do National Security Archive da George Washington University. Vão lá e revisitem o inqualificável passado e presente de Álvaro Uribe e dos seus mais próximos colaboradores. Talvez revejam algumas ideias feitas…

Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação

In jornal "Público" - Edição de 11 de Julho de 2008

sinto-me:
publicado por António Vilarigues às 00:03
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sábado, janeiro 12, 2008

O Estado da Nação





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A Nova Demonstracia do Mercher, Marchar (2) - António Barreto - Porque ri a hiena?
A Nova Demonstracia do Mercher, Marchar (1) - António Barreto - Eles estão doidos !!!
Socialismo Reaccionário - Marcelo Alves
Sócrates e a liberdade - António Barreto
Défice Democrático - António Vilarigues

Défice Democrático


* António Vilarigues

Duas histórias (que não são estórias) à laia de intróito.

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Nos dias 25 e 26 de Abril de 1974 uma das preocupações centrais da polícia política do regime fascista foi destruir a lista nominal dos bufos. Aliás esse foi dos poucos documentos que a PIDE/DGS queimou. Eram mais de 25.000 os informadores espalhados pelo país. Como o fascismo apenas reconhecia a existência de cerca de 1 milhão e meio de eleitores (sim, é verdade), dava qualquer coisa como um bufo para cada 50 cidadãos “politicamente activos”. Bufos esses de que a PIDE mantinha um arquivo com as suas actividades descritas ao pormenor. Mas onde apenas constavam os seus pseudónimos. Daí o queimar apressado. Bufos que apenas eram conhecidos dos respectivos chefes. Cada chefe de brigada, sub-inspector ou inspector tinha a sua própria rede, desconhecida dos demais.

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Passado poucos anos muitos ex-PIDEs e ex-bufos eram chamados pelo regime democrático a integrar serviços da República onde poderiam aplicar as suas conhecidas “competências”. E os relatórios elaborados por esses serviços eram (e são) remetidos diária, semanal e mensalmente a quem nos governa. Ano após ano. E aí voltou a surgir o conceito de “inimigo interno”. Do que se tratava (trata)? De comunistas e seus aliados, sindicatos, associações de estudantes, comissões de trabalhadores, organizações sociais as mais diversas. Explicitamente referidos como tal. E não consta que qualquer governante tenha mandado corrigir esta situação.

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Este caldo de cultura ajuda a explicar muita coisa.

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Assistimos de há muito a uma ofensiva que crescentemente põe em causa direitos, liberdades e garantias que são conquistas inalienáveis de Abril. Mas que ganhou novas formas e conteúdos nestes mais de 2 anos de governo PS de José Sócrates. Com a implementação de formas meticulosamente elaboradas de condicionamento e paralisia da acção e intervenção social e laboral, mas também política. O simples enunciado de medidas basta para nos facultar uma pálida visão do que está em causa.

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Desde logo, nas novas leis ditas de “reforma do sistema político”. Nos processos de governamentalização e concentração de poderes nas áreas da segurança interna. No processo de reorganização das forças de segurança. Nos novos projectos de governamentalização da justiça. No cartão único. Nas anunciadas alterações às leis eleitorais.

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Mas também, nas crescentes limitações ao direito de propaganda política. Nas múltiplas acções visando iniciativas de divulgação e afirmação política. Nas exigências ilegítimas de licenciamento. Na imposição excessiva de limitações quanto a espaços (quando a lei, e só ela, claramente tipifica os locais e regras a que deve obedecer). Na pretensão da obrigação de informação ou autorização prévia. Na invocação de abusivos regulamentos de publicidade para impedir iniciativas de propaganda. Na retirada de propaganda visual e das estruturas que lhe dão suporte. No impedimento de distribuição de documentos escritos em locais públicos, invocando a natureza privada da propriedade dos espaços e locais. Na aprovação dos chamados regulamentos municipais de propaganda e publicidade. Na identificação de membros do PCP e da JCP, de activistas e dirigentes sindicais e associativos por parte das forças de segurança. No levantamento de processos no sentido de criminalizar essas actividades.

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Outra vertente corporiza-se nas medidas visando a alteração da correlação de forças nas relações de trabalho. Que se traduzem em retrocessos graves no plano da democracia participativa. Em retrocessos nos direitos de organização e acção sindical. Na proibição da actividade sindical e das comissões de trabalhadores nas empresas. Na perseguição e na repressão aos dirigentes sindicais e activistas e a todos aqueles que assumem a defesa dos interesses dos trabalhadores. No refinamento dos mecanismos de pressão e repressivos limitativos do simples direito à sindicalização e do direito à greve. No Código do Trabalho. Na ofensiva contra os trabalhadores da Administração Pública. Na degradação das relações laborais dos profissionais da comunicação social. Na tentativa de imposição da Lei do Estatuto do Jornalista ou da chamada flexigurança.

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O mesmo se passa na escola com a desvalorização da participação dos estudantes nas suas estruturas associativas. Nas crescentes limitações nos processos eleitorais. Na negação do direito à propaganda. Nas pressões inadmissíveis para fazer abortar as suas formas de luta. Na anunciada reforma do ensino superior.

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Onde estão as medidas visando uma sempre maior e mais consciente participação dos cidadãos na vida política, económica, social e cultural do país?

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A comunicação social dominante tem ao longo destes anos desempenhado um papel crescente na legitimação destas políticas. Bem espelhado na defesa de valores e concepções retrógradas para a nossa sociedade. Na imposição do pensamento único. Com o conjunto de efeitos que são conhecidos na formação de opiniões, no desenvolvimento da consciência política e social, no quadro de valores dominantes e na cultura democrática.

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Há muito que os grupos económicos perceberam que a comunicação social, para além de um grande negócio, é também um instrumento de pressão sobre o poder político e de dominação das opiniões e das consciências.

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É transparente que se pretende naturalizar a exploração e eternizá-la. Impondo novos conceitos que não são mais que construções ideológicas e instrumentos de alienação do real. E inculcá-las com o duplo objectivo de legitimar o apagamento de direitos duramente conquistados e anunciar falsas inevitabilidades.

Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação


In jornal "Público" - Edição de 8 de Julho de 2007