A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quarta-feira, março 24, 2010

Soma, sume e segue ou a saga até ...ou é fartar, vilanagem !



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Media

Governo admite privatização da RTP mas só quando der lucros

Público - 23.03.2010 - 18:11 Por Lusa
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O ministro das Finanças admitiu hoje a possibilidade de a RTP ser privatizada mas garantiu que a estação pública não integra a lista das privatizações do Plano de Estabilidade e Crescimento porque tem resultados negativos
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Segundo afirmou Teixeira dos Santos na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, o Governo não vê qualquer razão de fundo para que haja um canal público de televisão, mas a RTP não consta na lista de privatizações porque é necessário que “primeiro se reequilibre financeiramente a empresa, antes de se por essa hipótese de privatização”.
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A posição do ministro das Finanças foi avançada após uma pergunta do deputado socialista João Galamba sobre a razão pela qual a REN integra a lista de privatizações e a RTP não.

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“Temos aqui um desequilíbrio financeiro significativo que recomenda um trabalho prolongado de saneamento e de reequilíbrio financeiro da empresa antes de, eventualmente, se pôr qualquer cenário dessa natureza”, respondeu Teixeira dos Santos.
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No Programa de Estabilidade e Crescimento consta uma lista de 17 empresas públicas a privatizar, operações com as quais o Governo estima encaixar 6 mil milhões de euros até 2013.
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A privatização da RTP foi defendida em Fevereiro pelo candidato à liderança do PSD Pedro Passos Coelho.
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Segundo disse então, a privatização de empresas de comunicação social públicas como a RTP e a Lusa irá avançar caso se torne primeiro-ministro nas próximas legislativas.
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“Se for primeiro-ministro, apresentarei uma proposta de retirada do Estado das empresas de comunicação social”, afirmou o candidato à liderança do PSD numa entrevista à Reuters.

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“O serviço público pode ser perfeitamente contratualizado entre os operadores privados e não custará seguramente uma média de 400 milhões de euros por ano entre indemnizações compensatórias e taxas de televisão”, acrescentou.
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  1. Anónimo , Rio de Mouro. 23.03.2010 22:49

    Viva a Democracia

    A RTP vai ser privatizada? Como é que depois fazem propaganda dos ministros e programas do governo? À já entendi...vendem a algum grupo económico próximo do PS e depois têm propaganda à sua disposição, quer estejam ou não no poder. Estava a ficar muito preocupado, o PSD já tem a SIC, agora o PS fica com a RTP fica tudo em família do Centrão. Já arranjaram forma de se perpetuarem no poder, também com este povo há-de ser muito fácil enganá-los. O CDS tem de se aproximar mais do José Eduardo dos Santos e talvez consiga influenciar a linha editorial da TVI.



  2. Gonçalves , Portugal. 23.03.2010 20:40

    Um verdadeiro regabofe

    O que acaba por afirmar o Ministro das finanças vem comfirmar tudo o que se tem afirmado sobre este, e outros governos que o precederam, entregar aos amigos tudo o que der lucro, e o que não for rentavel que o paguem os contribuintes. Um verdadeiro regabofe. até quando os portugueses podem aguentar com estes demagogos sem escruplos?



  3. Anónimo , Portugal. 23.03.2010 19:47

    jotabe

    Acho que não li direito. A RTP dá prejuizo? Então o que fazem os milhões que são carreados pra ela nas contas de Luz que pagamos.? Alguem já contabilizou e informou quanto é que todos os portugueses pagam para essa estação pública? Mas todos estes valores arrecadados, com certeza que não chegam para remunerar os altos salários e bônus que essa estação paga aos "filhinhos do PS". A sua gestão nada tem a ver com dificuldades. Se não tem dinheiro é so pedir ao governo que ele dá. Se o bom senso prevalecesse, a receita da publicidade deveria ser suficiente para equilibrar o seu orçamento, como fazem as Tvs privadas. O Sr. Presidente relativo do conselho, deveria há muito tempo ter tomado providências para corrigir essa anomalia.



  4. João , Lisboa. 23.03.2010 19:34

    Que raio!

    Não sei se estou a ler bem. Vamos recuperar a RTP e quando tiver a dar lucros vendê-la? Teixeira e que tal vendê-la como está? Ahh mas ninguém a quer assim? Então ou fechas a estação ou se é para investir e consolidar contas é para continuar a ser da malta. Agora tapar um buraco para depois vender uma empresa saudável é um verdadeiro insulto a todos os contribuintes.



  5. S. Ferreira , Lisboa, Portugal. 23.03.2010 18:36

    Tristes !!

    Quer dizer, uma empresa publica quando dá prejuizo, pagam os contribuintes, quando dá lucro dá-se aos amigos. Isto é triste !! Que governo é este ? Vendam o que é vosso, não o que é do estado e é claro que tem que existir um canal publico independente de Televisão. Os Privados estão condicionados ao dono e às suas ideias.


  6. André Alves , Lisboa. 23.03.2010 18:22

    óbvio

    É óbvio que só será privatizada quando der lucro, senão vejamos: se dá prejuízo, os tolos que pagam impostos, que paguem a RTP; quando der lucro, já os "boys" estão interessados em ficar com a vaca leiteira por dois tostões. Mas qual é a novidade????
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sábado, setembro 12, 2009


As propostas da CDU para a reforma da política fiscal PDF Imprimir EMail
Quinta, 10 Setembro 2009
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euros2.jpgJerónimo de Sousa participou hoje numa Conferência sobre Perspectivas Fiscais para a Legislatura e a Recuperação Económica no CCB, organizada pela TSF e pela Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, onde apresentou as propostas da CDU para a reforma da política fiscal, propostas orientadas no sentido da superação da situação de injustiça fiscal hoje existente no país, capazes de dar um novo impulso a um desenvolvimento económico mais sustentado e com mais justiça social.

Senhoras e senhores
Caros ouvintes da TSF



Solicitaram-nos uma intervenção sobre as Perspectivas Fiscais para a Legislatura e a Recuperação Económica, mas como irão verificar tomámos a liberdade de acrescentar ao tema mais três palavras: com justiça social.


De facto, não podemos tratar desta matéria sem ter como pano de fundo esse objectivo. Isto é, os encargos públicos que a sociedade deve suportar, global e solidariamente, deverão ser repartidos entre os cidadãos e instituições que prosseguem fins lucrativos na proporção mais equilibrada possível, em função das respectivas capacidades contributivas.


O objectivo primeiro prosseguido por qualquer sistema fiscal, da cobrança de impostos em geral, é o de fornecer ao Estado os recursos financeiros necessários para fazer face às despesas em que este incorre com a realização das funções que lhe estão atribuídas.


Em Portugal verifica-se, por um lado que o volume de impostos arrecadados pelo Estado é insuficiente para corresponder às despesas necessárias, daí decorre a problemática do nível dos défices orçamentais.


Por outro lado, igualmente se regista no nosso país uma arrecadação de receitas de forma injusta, sem ter em conta as capacidades contributivas de cada um.


Mostram-no quer o enorme peso relativo dos impostos indirectos no total das receitas fiscais, 58%, quer o facto incontestável de os rendimentos do trabalho serem excessivamente tributados quando comparados com os rendimentos de capital e com o património.


As forças políticas de direita defendem a ultrapassagem do desnível entre receitas e despesas através da redução do papel do Estado na sociedade a um mínimo de subsistência. É uma opção de natureza ideológica. Uma opção que se ilude ao sabor dos interesses eleitorais, como é o caso do PSD, que, por exemplo, em relação ao Pagamento Especial por Conta, muda de posição conforme é governo ou oposição.


Mas há igualmente forças políticas que ideologicamente dizem defender um Estado social forte mas que, quando no Governo, praticam uma política orçamental conduzindo ao objectivo prosseguido por aquelas mesmas forças políticas.
É este o caso do actual Governo do PS, que estabeleceu a redução do défice orçamental como objectivo estratégico e reduziu o défice orçamental com base, essencialmente no corte das despesas com pessoal, na redução substancial das novas reformas dos trabalhadores, na desprotecção dos desempregados, no aumento das taxas moderadoras e na redução das comparticipações em medicamentos no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, no estrangulamento financeiro do sector do ensino e na diminuição nominal do investimento público.


A nossa perspectiva sobre o controlo do défice orçamental é necessariamente outra, completamente diferente.
Sem prejuízo dos exigíveis rigor e eficácia da despesa pública, o défice orçamental deve ser contido em limites adequados e sustentados na perspectiva macroeconómica através de um aumento das receitas do Estado.


E para que isso seja possível, sem esbulho dos que já hoje pagam bastante, impõe-se o alargamento da base tributária e a reorientação dos recursos resultantes da actual floresta de benefícios fiscais que aproveitam aos grandes rendimentos de capital e aos mais elevados rendimentos singulares, para as tarefas da promoção do desenvolvimento económico geral, particularmente para o desenvolvimento dos sectores produtivos nacionais e para apoiar a dinamização da alteração do perfil de especialização produtiva do país, com mais inovação e desenvolvimento tecnológico.


A superação das actuais injustiças e iniquidades fiscais e as necessidades de promover a modernização e o desenvolvimento do país exigem a tributação de todos os tipos de rendimentos e de acréscimos patrimoniais e a repartição mais equilibrada dos impostos sobre os rendimentos do trabalho e os da propriedade.


Nesta perspectiva elencámos aquelas que são as principais linhas de força que devem sustentar a reforma fiscal que defendemos para a próxima legislatura e que entendemos permitirá viabilizar financeiramente um Estado social forte, impor a justiça e equidades fiscais e permitir a recuperação económica, a pensar particularmente no universo das micro, pequenas e médias empresas que são, sem dúvida, as que enfrentam as maiores dificuldades face à crise e as que dão uma contribuição decisiva no plano do emprego e da criação de riqueza.


Permitam-me que comece pelos impostos indirectos, por razões sociais e por razões económicas.


Já afirmei o peso excessivo dos impostos indirectos, cerca de 58%, das receitas fiscais arrecadas pelo Estado e dentro destes, o peso do imposto sobre bens de consumo (IVA), cerca de 33% do total da receita fiscal.


Os impostos indirectos são pela sua natureza impostos cegos, pelo que tanto os pagam os ricos como os pobres, com uma agravante a de que é muito maior a percentagem dos orçamentos familiares das famílias com mais baixos rendimentos que são gastos em despesa de consumo e como tal sujeitas a este imposto.


Por outro lado, quer o aumento do IVA, quer o diferencial das taxas praticadas no nosso país, nomeadamente a nossa vizinha Espanha não só cria dificuldades acrescidas a uma parte significativa do nosso território transfronteiriço, como é mais um contributo para a retracção na procura.


Neste sentido defendemos aliás na nossa proposta de política fiscal a redução das taxas do IVA, designadamente da taxa normal de 20% para 19%, a eliminação da dupla tributação que hoje se verifica com o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) e com o Imposto Sobre Veículos (ISV) e da mesma forma que do lado das empresas defendemos a redução dos prazos do seu reembolso.


Quanto à tributação do rendimento das pessoas singulares (IRS), o chamado imposto sobre o rendimento das famílias, ele é hoje um imposto que praticamente só incide sobre os rendimentos do trabalho, sendo necessário transformá-lo, de facto, num imposto único sobre todos os rendimentos auferidos pelas pessoas singulares (famílias).


Isso passa, para lá da tributação das mais-valias, pelo englobamento da totalidade dos rendimentos de capitais e consequentemente eliminação de todas as taxas liberatórias, que deveriam restringir-se aos rendimentos auferidos por não residentes e aos prémios de jogos.


Em contrapartida, como forma de baixar o IRS sobre os rendimentos do trabalho mais baixos, defendemos o aumento da dedução específica sobre os rendimentos do trabalho, dos 72% do salário mínimo nacional actuais, para os 80% já em 2010 e de forma a se atingir os 100% do salário mínimo nacional até 2013.


Medidas de justiça social, mas também contributo para reforçar a capacidade aquisitiva das camadas populares de menores rendimentos.


No âmbito do imposto sobre o rendimento de pessoas colectivas (IRC), o imposto sobre o rendimento das empresas, as nossas propostas vão no sentido de melhorar a situação fiscal das micro e pequenas empresas e melhores condições para enfrentar a crise e garantir que as actividades com mais elevados resultados e rentabilidade, como é o caso do sector financeiro e das empresas dos grandes grupos económicos assumam uma efectiva participação nas receitas do Estado.
Assim, consideramos necessárias as seguintes alterações:


- diminuição em 10% da taxa geral do IRC passando de 25% para 22,5% aplicável às micro empresas (volume de negócios inferior a 10 milhões de euros), em contrapartida agravamento em 10% da taxa de IRC passando de 25% para 27,5% na parte dos lucros empresariais superiores a 50 milhões de euros;


- garantia de uma taxa efectiva mínima de IRC na Banca de 20%;


- taxa de IRC de 40% sobre os dividendos distribuídos;


- Eliminação do Pagamento Especial por Conta para as Micro e Pequenas Empresas


No que se refere aos benefícios fiscais, o seu montante financeiro e consequentemente a despesa fiscal anualmente suportada pelo país é imoral e insustentável.


Só no ano passado o montante desses benefícios fiscais acendeu a 1 300 milhões de euros e se juntarmos a esses os benefícios fiscais atribuídos pela Zona Franca da Madeira, mais 1 796 milhões de euros, chegamos aos 3 096 milhões de euros.


Isto é, o total destes benefícios fiscais de que beneficiaram fundamentalmente os grandes grupos económicos e financeiros representaram cerca de 7,6% das receitas fiscais totais arrecadadas em 2008.


Consideramos necessária uma profunda revisão do Estatuto dos Benefícios Fiscais, visando a eliminação da generalidade dos benefícios concedidos a rendimentos e operações financeiras e que conduzem a que na prática as empresas paguem uma taxa efectiva de IRC bastante inferior à taxa nominal, em favor de empresas e actividades produtivas, sempre com carácter provisório, que contribuam efectivamente para o crescimento e desenvolvimento económico e social do país através da inovação, investigação, formação profissional, grandes projectos de investimento estruturantes e desenvolvimento das zonas interiores e os decorrentes de acordos internacionais.


Defendemos assim que deve ser posto fim aos benefícios concedidos às zonas francas da Madeira e da Ilha de Santa Maria nos Açores.


Da mesma forma consideramos indispensável acabar com todos os paraísos fiscais existentes no mundo e que mais não servem do que ser fundamentalmente espaços financeiros onde é feita a lavagem dos capitais resultantes de actividades económicas ilícitas.


Vale a pena lembrar aqui, que só nos últimos 6 meses o Banco de Portugal registou a saída do país de 5 mil milhões de euros para paraísos fiscais e de que essa saída de capitais foi de 9,3 mil milhões de euros em 2008, 12,2 mil milhões em 2007 e 13,2 mil milhões de euros em 2006.


A não taxação destes capitais constitui para o nosso país uma quebra nas suas receitas fiscais de muitas centenas de milhões de euros.


Quanto às contribuições efectivas para a Segurança Social, do nosso ponto de vista é errada a ideia espalhada pelo actual Governo e vista com bons olhos pela direita, de que a redução das contribuições sociais para a segurança social, a redução da chamada taxa social única, constitui uma medida eficaz de estímulo ao emprego.


Esta medida sustenta-se na convicção ideológica de que o desemprego resulta essencialmente dos elevados custos do trabalho, o que não é verdade já que o trabalho representa pouco mais de 20% dos custos totais das empresas.
Enquanto os custos financeiros que as empresas suportam, os custos com a energia, com os transportes, com as comunicações, pesam hoje em muito casos mais do que os custos com o trabalho.


Para além de tudo isto todos sabemos que o desemprego depende fundamentalmente da escassez da procura.
Quando a procura se reduz, as empresas deixam de vender, param de produzir e encerram, e não é a redução da taxa social única defendidas pelo PS, PSD e CDS, que as levará a reabrir as portas.


O que a Segurança Social necessita é do aumento das contribuições sociais, de forma a assegurar pensões e reformas dignas para todos os pensionistas e reformados e não a redução cega da taxa social única.


Por essa razão defendemos a diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social, deixando as contribuições sociais para a Segurança Social de depender apenas dos salários pagos e passando a incidir também, de forma integrada e ponderada, sobre o valor acrescentado gerado nas empresas.


Desta forma seria possível reduzir a carga contributiva sobre as empresas que geram mais emprego e fazer com que as empresas capital-intensivas contribuam, mais adequadamente, para o financiamento solidário do sistema da segurança social, garantindo em permanência, a sustentabilidade do sistema.


Por fim, no que à tributação do património diz respeito, ela é insustentavelmente ineficiente e iníqua.


Hoje, a maior e mais gorda parcela do património não é tributada, pois as principais formas de constituição dos patrimónios individuais privilegiam a acumulação de bens mobiliários (como acções, obrigações, títulos de dívida pública, etc.).


Um imposto geral sobre o património é um elemento essencial num sistema fiscal que se pretenda baseado no princípio da capacidade contributiva.


Como característica determinante desse imposto, é essencial que ele incida sobre o património mobiliário e imobiliário.


A actual exclusão de tributação da riqueza mobiliária significa a opção por uma política de benefício, ilegítimo e escandaloso, da riqueza, dos rendimentos e das aplicações e actividades financeiras.


Porque, nos dias de hoje, os detentores de grandes fortunas não as têm aplicadas em prédios, mas sim em acções, em títulos e em participações em fundos da mais diversa natureza ou em obras de arte.


Em conclusão as nossas propostas de política fiscal para a próxima legislatura que atrás aflorei e que entendemos poderem contribuir para a recuperação económica, procuram dar resposta às cinco principais e mais graves injustiças do nosso sistema fiscal:


1. Combater o crescente peso dos impostos indirectos (Imposto sobre o valor acrescentado (IVA), Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), Imposto de Selo (IS), etc..) face aos impostos directos sobre o rendimento (IRS e IRC) e sobre o património, que em 2008 era de 58% e 42%.


2. Combater o peso excessivo do IVA na receita fiscal total. Constitui o principal imposto e representa 33% da receita fiscal total.


3. Combater a crescente desproporção que se verifica entre o imposto sobre os rendimentos das famílias (IRS) e o imposto sobre os rendimentos das empresas (IRC), que em 2008 correspondiam respectivamente a 23% e 15% da receita fiscal total.


4. Taxar de forma eficaz o património mobiliário das famílias;


5. Combater o peso que no imposto sobre o rendimento das famílias (IRS) tem o imposto pago pelos trabalhadores por conta de outrem, cerca de 80%


Estas nossas propostas têm impacto orçamental muito positivo já que para além de contribuírem para uma muito maior justiça fiscal, e desta forma contribuírem para um menor desequilíbrio na distribuição dos rendimentos, pondo a pagar mais impostos quem mais pode, permitirão ao Estado aumentar consideravelmente a arrecadação das suas receitas fiscais e garantir também recursos para apoiar as tarefas do desenvolvimento económico.


Se nuns casos se verifica a redução da receita fiscal arrecadada, como acontece com a redução do IRS a pagar pelos trabalhadores com rendimentos mais baixos e com a redução do IVA e do IRC das Micro, Pequenas e Médias Empresas, noutros a receita fiscal arrecadada aumentará consideravelmente, como é o caso do IRC sobre a Banca, o IRC sobre lucros superiores a 50 milhões de euros, o IRC sobre dividendos distribuídos e a redução dos benefícios fiscais.


A nossa contribuição para a reforma da política fiscal aqui fica em síntese, abertos que estamos à consideração de todas as contribuições alheias que visem superar a actual situação de injustiça fiscal no país e dar um novo impulso a um desenvolvimento económico mais sustentado e com mais justiça social.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Gripe é o maior problema da Humanidade ou haverá outros muito mais graves e silenciados?


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Segunda-feira, Agosto 17

Irresponsabilidades sociais

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A aventura e a trajectória da Gripe A (H1N1) conduz-nos à recordação do livro de Bjorn Lomborg "COOL IT" e às diferentes abordagens sobre o aquecimento do planeta...
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Num "Mundo Globalizado" é necessário manter abertas todas as pontes que conduzam a um diálogo sensato.
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Não é isso que verificamos neste domínio.

Cada vez mais, somos menos sensibilizados por situações situações endémicas como o HIV/SIDA, malária, má nutrição, saneamento e disponibilidade aquífera potável, etc., que perduram há dezenas de anos, por exemplo, em África.
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Enfim, num Mundo conturbado pela intervenção humana, pouco regulada ou, mesmo, não regulada, a agenda é ditada por um conjunto de factores que nos escapam.
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A gripe aviária (H1N5) causou, em 10 anos, cerca de 250 mortes e ocupou, durante largo tempo, as parangonas dos media.
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A gripe A segue o mesmo trilho...
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Entretanto, calcula-se que, em toda a Europa, morram cerca de 200.000 pessoas devido a insolações o que alimenta o medo do aquecimento global.
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Por outro lado ocultamos cerca de 1.500.000 europeus que sucubem por excesso de frio.
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O facto de nos afundarmos - ao nível de preocupações - na pandemia A e esquecermos o mundo real que nos rodeia mostra um terrível colapso da nossa sanidade discriminativa.
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Na realidade, perdemos a noção de proporcionalidade.
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E, infelizmente, estas circunstâncias conduzem, irremediavelmente, a todo o tipo de irresponsabilidades...sociais, técnicas, orçamentais e comportamentais!
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Será isso?
e-pá!
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posted by xavier at 10:24 PM
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domingo, agosto 16, 2009

O crime vende

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in Correio da Manhã - 16 Agosto 2009 - 00h30
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Sentinela

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* Padre José Maia
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Foi notícia nos últimos dias: o crime vende, merece o interesse, sobretudo por parte dos leitores de imprensa escrita e de telespectadores e, consequentemente, quem vende mais é isco para mais publicidade e é com a publicidade que se pagam despesas e se geram lucros!


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Bem ou mal…é assim que a coisa funciona! Apetece perguntar: qual a razão para tanta gente se interessar por crimes? Será que mais gente do que imaginamos anda precisada de consultas psiquiátricas onde vai buscar sabe-se lá o quê nas emoções fortes que a leitura ou visionamento do crime lhe faz sentir?!

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Aparentemente, muita gente que passa a vida a mandar vir contra a insegurança e a criminalidade acaba por seguir com a maior atenção sobretudo a criminalidade mais violenta!

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Se, por um lado, andamos à busca de políticos que nos governem…por outro, fica a impressão de que sociólogos, antropólogos, psiquiatras deveriam substituir com urgência "sempre os mesmos" analistas políticos que dizem sempre mais do mesmo, falando cada vez menos do que cada vez mais deveria ser falado: conhecer e compreender os portugueses!

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Ver no Mu(n)do Phonógrapho
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Comunicação Social e Crime

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Comunicação Social e Crime

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16 Agosto 2009 - 00h30
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Sentir o Direito

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* Fernanda Palma, Professora Catedrática de Direito Penal


Comunicação Social e Crime

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Em jeito de comemoração, vários órgãos de comunicação social assinalaram o aniversário do assalto ao BES e de outros crimes violentos. Tal linha de informação é discutível, pois não traz consigo uma análise das questões que interessa debater, mas apenas a recordação dos factos na sua máxima crueldade, gerando sentimentos de insegurança e angústia que se reflectem no futuro.

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Quando as notícias se desligam de qualquer análise explícita, acabam por favorecer as distorções da realidade. Nos assaltos ocorridos em Portugal, no Verão passado, houve uma mediatização da violência que colocou o crime no centro da discussão política e social. Ora, apesar de tudo, os fenómenos criminais não ultrapassaram os níveis comuns europeus e não desregularam a nossa vida social.

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Com efeito, na maioria das metrópoles europeias há mais ocorrências graves do que nas nossas cidades e, no entanto, é popular dizer que, entre nós, existe insegurança. Nas televisões de vários países europeus, o crime passa pouco e não é tema central do debate político. Mas, em época de férias políticas, o crime tornou-se tema obsessivo: trate-se do tradicional crime passional, trate-se do assalto mais moderno.

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O problema do crime nas sociedades contemporâneas deve constituir uma preocupação efectiva das políticas públicas. O objectivo é controlar e reduzir o mais possível a criminalidade. Mas, por muito que custe ouvir, não é legítimo manipular o problema criminal como argumento partidário ou atracção mediática. Essas vias contribuem apenas para desregular o funcionamento das instituições.

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O exemplo mais repugnante de uma lógica de utilização do crime como isco mediático é o caso de um apresentador de programas no Brasil, que terá instigado à prática de crimes graves para obter notícias espectaculares. Se isto for verdade – e não só mais uma 'notícia' de Verão – as relações entre a comunicação social e o crime atingiram o ponto máximo de reprodução autopoiética.

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Na verdade, estaremos perante um sistema que se reproduz a si mesmo, sem apresentar nenhuma funcionalidade útil ou contribuir para qualquer objectivo externo. Ocorre-nos a comparação com o filme de Kubrick ‘2001 Odisseia no Espaço’, em que o computador, que deveria servir os seres humanos que o criaram, começou a funcionar em benefício próprio, para garantir a sua subsistência.

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A comunicação social tem um papel essencial a desempenhar: descrever a criminalidade na sua exacta dimensão, dando voz às vítimas, analisar as causas dos crimes e avaliar as políticas de segurança com dados objectivos e respeito pelo contraditório. A imprensa livre, nesta matéria, é sempre a que ajuda a pensar e não a que manipula sentimentos de medo ou até promove o aumento da criminalidade.

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NOTA VN - Pois ... mas o Correio da Manhã cada vez dá mais notícias de crimes, violações, assaltos, pedofilia, como se Portugal fosse um País onde não se pode andar na rua, atemorizando as pessoas para mais facilmente levá-las a aceitar restrições aos seus direitos e a instauração dum verdadeiro regime repressivo, em nome da segurança, não das populações e dos trabalhadores, mas sim ... do patronato.

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sexta-feira, agosto 14, 2009

Today on the WSWS - 2009.08.13

New Today -- 13 August 2009


Perspective

Obama's Abu Ghraib solution

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Attorney General Holder has reportedly determined that only so-called rogue interrogators who went beyond the criminal methods approved by the Justice Department will be investigated for the systematic torture directed from the Bush White House.

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News & Analysis

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Pentagon to Obama: Send more troops or lose war in Afghanistan

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US Labor Department data released yesterday showed labor productivity up 6.4 percent in the second quarter, the largest gain since 2003. Over the same period, workers' compensation fell at an annual rate of 2.2 percent.

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Maneuvers continue in GM-Opel takeover

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IG Metall sanctioning destruction of thousands of jobs

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Swine flu infections spread to 160 countries

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Prison riot in California

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Budget crisis to make inhumane conditions worse

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US Marine Corps renews ban on social networking sites

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Australia: Media buries fake email scandal


Science & Technology

domingo, agosto 02, 2009

Gore Vida -: EUA são o maior estado policial do mundo

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Muitos dentre nós esperaram que o governo Obama nos presenteasse com um renascimento da velha república tão brutalmente apagada há poucos anos por aquela gangue de detonadores do sistema judicial, Bush & Gonzales, que levou, por sua vez, a um recente incidente em Cambridge, Massachussets [1], o qual provocou em muitos norte-americanos certo grau de alarme.

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Por Gore Vidal*, no Blog Truthdig – Reports


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Mas a evidência realmente alarmante é que nem o presidente nem um "estúpido" policial local parecem estar entendendo as novas regras de comportamento dos novos EUA, onde nos sentimos, nós mesmos, tanto como náufragos abandonados em ilha deserta, quanto guardados (será esse o verbo?) por guardas armados instruídos para agirem como se fossem, uma vez armados, a própria lei; e para não aceitarem crítica nem verbal nem de qualquer tipo; e os quais, com certeza, não são obrigados a respeitar qualquer limite imposto por quem eles prendam ou metam-se a atormentar quando lhes dê na telha.

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É muito pior do que qualquer previsão. Mas, verdade seja dita, os sinais já apareciam bem claros há alguns anos: os EUA são hoje nação proto-fascista e, parece, sem volta; e não se viu nem se vê, a verdade é essa, nenhum sinal de que nossa imprensa sempre alerta esteja vendo alguma coisa. Perdõem-me se a ironia lhes parecer pesada demais, mas cansei, de vez, dessa conversa de "a maior nação do país", como dizia Spiro Agnew.

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Percebi os primeiros sinais do que estava por vir, em 1946. Mancava eu pela cidade de New York, em uniforme do Exército, e vi que a polícia local (detestada por todos) já começava a agir com selvageria, possivelmente porque quase todos os jovens fisicamente capazes, como eu, por exemplo, passáramos anos longe, em terra estrangeira, servindo o Exército. Lembro que havia algum tipo de desfile, e o que parecia ser uns mil, dois mil cidadãos tentavam sem sucesso atravessar a 5ª Avenida.

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Esperei durante uma hora, fardado, parado numa esquina, manco –, porque voltei manco, da guerra. Depois de quase uma hora de espera, parei um policial que andava para lá e para cá, e perguntei-lhe, polidamente, quando eu poderia atravessar a 5ª Avenida. Ele zurrou "Pergunte p'rô prefeito!" Respondi que "Oh, sim, sim, vou perguntar." Eu conhecia o prefeito. Mas dificilmente o localizaria, naquele feriado. Limitei-me a protestar como veterano de guerra ferido em combate e com sequelas que me acompanhariam para sempre, mas nada disso comoveu o policial; ele riu de mim. Foi minha primeira experiência com os policiais nazistóides da Polícia de Nova York, cidade que sempre foi a minha cidade, desde criança.

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Os anos passaram, e muitas e muitas vezes soube de amigos meus espancados em calçadas de bares chamados "de viados". Ao mesmo tempo, a Polícia jamais parou de repetir lamúrias sobre os terríveis perigos aos quais está exposta enquanto galantemente protege nossa grande cidade, sempre sem receber nem os salários nem os elogios que policiais supõem merecer. Eu pensava, desde então, que o bando inteiro deveria ser mandado para Camp Lejeune. Para verificar se sobreviveriam ao treinamento básico dos marinheiros do Marine Corps.

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Cheguei a propor essa solução para o problema que ainda nos aflige, não só na 5ª Avenida, mas também em Harvard Yard, onde um jovem policial destacou-se do batalhão ao responder com grosseria ao presidente, dizendo, naquele tom lamuriento de fala de policial, que ele e o presidente teriam dificuldades semelhantes, mas a imprensa só fala mal do policial; de fato, disse que "bem-vindo ao clube", ao presidente. E depois, já que eram parceiros de dificuldades, o que os tornaria, do ponto de vista do policial, parceiros de grosseria, o policial deixou falar alto a inveja: "O gramado dele é maior que o meu" – o que comprova que muitos acalentam o sonho de chegar à presidência; questão de aumentar o tamanho do gramado.

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A verdade é que o verdadeiro significado da confusão em Cambridge não foi noticiado; foi, isso sim, cuidadosamente ocultado por uma imprensa que jamais cuida de noticiar o verdadeiro significado de coisa alguma, desde que possa, com espalhafato, falar e escrever sobre qualquer coisa que jamais aconteceu. Agora, então, já temos definido um elenco de personagens: o próprio presidente, um intelectual conhecido e um jovem policial sem qualquer noção de sua função pública e que, ao ser perguntado por um repórter de rádio por que agira de modo tão agressivo contra o "velho" professor, respondeu: "porque o velho xingou minha mãe". Eu não ouvia essa, desde o jardim de infância no St. Alban, em 1935!

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Um dos efeitos daquele trágico negócio em Cambridge – dêem-me licença, leitores; é trágico – foi que o presidente foi obrigado, de repente, a falar por voz própria, pessoal, sua melhor voz, sem poder refugiar-se na autoridade do cargo; falou simplesmente, como cidadão, num comentário adequado, sobre um policial joão-ninguém. Sim.

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Escrevi "joão-ninguém", e é "joão-ninguém", literalmente –, embora eu saiba que os seres humanos, quando acontece de nascerem norte-americanos, têm sempre ser louvados, de fato, têm de ser cultuados, como os mais maravilhosamente perfeitos bons sujeitos do mundo. Digo-o com ironia, sim, como parece, e é. Afinal de contas, por que o policial estava armado? Evidentemente, porque é cidadão de qualidade excelsa, eleito por outros excelsos iguais para guiar o rebanho na luta contra turbas de delinquentes. O policial não andaria armado se não fosse comprovadamente homem hiper virtuoso, a ponto de poder andar legalmente armado... a tal ponto que só a arma basta para elevar o policial acima de nós, resto da humanidade.

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Mas o presidente só disse que o negócio todo foi estúpido. Não berrou "Como você se atreveu a atacar um velho de 58 anos e um dos mais importantes intelectuais do país? Está pensando que se safará dessa, assim, de cara limpa, sossegado?" Desgraçadamente, essa resposta parece jamais ter passado pela mente presidencial, nessa crise para a qual se espera que a mesma mente presidencial encontre alguma saída.

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Eu sei que a porção que coube ao presidente está dura de mastigar, como se diz, mas ante o que aconteceu em Cambridge, deveríamos reunir uma comissão de especialistas e envolver todas as regiões do país. Em todas as cidades, das maiores às menores, os prefeitos reclamam da violência policial, da selvageria. E ninguém faz nada?

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E nossos líderes armam-se até os dentes e parecem mais rápidos ao disparar contra nós do que contra os bandidos. Não conheço nenhum país civilizado que admita tal coisa. Qualquer pessoa que tenha a cabeça no lugar baterá o olho nesses brucutus 'guardiões da paz' e proibirá que andem armados: nem um estilingue, um bodoque, nada, nenhuma arma.

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Assim aconteceu que nos tornamos cidadania monstruosamente militarizada governada pelos piores elementos que há nos EUA; estamos a ponto de explodir e voar pelos ares, nós também – sensação que me acompanha sempre, nos últimos tempos.

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Em minhas andanças pelos EUA, converso com americanos sem dinheiro, sem poder, meros eleitores comuns, tanto quanto, ultimamente, também tenho conversado com mutilados pela guerra, pelo tempo, pela própria vida, por tantas violências, e estou convencido cada vez mais de que somos um país perverso, no qual a polícia é livre para atormentar a vida de pessoas normais, sem prestar contas a ninguém, motivo pelo qual, de tempos em tempos, policiais assassinos são absolvidos. Agora, aconteceu apenas que alguém percebeu que há rugas na face considerada perfeitamente lisa e homogênea de nossos atormentados EUA. É raro que policiais sejam julgados por seus crimes; só muito raramente são, pelo menos, considerados responsáveis pelo que fazem – perturbar a paz da vida e infernizar o dia-a-dia de cidadãos ordeiros.

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Sugiro que o presidente, se quiser ser realmente útil – o que poucos presidentes algum dia desejaram ser, como ensina a minha longa experiência –, institua uma comissão para ouvir os cidadãos de todas as principais vilas e cidades nos EUA que tenham o que reclamar sobre ação das forças policiais que já não obedecem a qualquer tipo de controle.

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Ninguém parece ter coragem para reagir, porque todos sabem que os policiais dirão: "Reclamam da polícia porque algo tem a esconder. Somos bons cidadãos. Os policiais salvam gatinhos presos em árvores altas e somos amados por todos os homens e mulheres honestas e decentes do mundo."

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O que a polícia, em sua ignorância, ainda não entendeu é que todas as polícias perderam toda a confiabilidade e a credibilidade, desde o fim da II Guerra Mundial. São espécie que parasita as franjas da sociedade, sem prestar nenhum bom serviço a quem quer que seja, exceto talvez aos próprios policiais e seus amigos. Claro que haverá reclamações.

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Não há como os policiais para reclamarem de o quanto são injustiçados, quando acham que alguém os desafia ou tenta passar-lhes a perna! Para eles, é como se toda a humanidade lhes devesse a vida; como se o policial fosse sempre o melhor e mais valente dentre todos os que andam pelo quarteirão (qualquer quarteirão; todos os quarteirões).

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Um dos aspectos do que houve em Cambridge é que o presidente poderia ter sido mas não foi brilhantíssimo nesse assunto, como foi em tantos outros assuntos associados a mandar cidadãos à guerra (é presidente útil, como outros, nesse sentido); e a mídia, sempre condicionada a não mostrar o que importa, tratou logo de fugir do que interessava no caso de Cambridge! Não falaram da violência policial. Falaram – adivinhem! – de RAÇA!

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Bem... a raça pode ser responsabilizada por várias coisas, por erro nas Santas Escrituras, pelas marés e o movimento lunar e tal e tal e tudo; pode-se dizer que a raça seria causa de qualquer coisa. Mas é coincidência, puro acaso, que o presidente e o professor preso sejam ambos negros, hoje. Essa coincidência enlouqueceu a mídia. Que o presidente e o professor sejam negros nada significa.

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Mas era o que havia, e a mídia agarrou-se à raça, porque a raça nada tinha a ver com aquele policialeco irado que andava entediado e achou por bem divertir-se um pouco à custa de um velho sem meios físicos para se defender. O trabalho de policial é tédio só. Claro. O policial estava armado. Podia matar quem quisesse e dificilmente seria condenado. Ah! Que tentação!

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O caso é que o presidente não fez o que deveria ter feito: lembrar os EUA que a Inglaterra – nação muito mais amigável, para viver, do que os EUA, permitam que eu diga, que conheço bem lá e cá – desarmou seus policiais. Não há mais sujeitos zangados andando de lá para cá nas calçadas, carregando armas engatilhadas nos coldres. É lição que os EUA deveriam aprender. Mas já armamos praticamente até as granjas de criar galinhas dos EUA, porque por todos os lados há policiais armados, loucos para puxar briga com alguém.

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Chega a ser engraçado um dos adjetivos que nossos novos mestres usam para descrever os cidadãos pervertidos que deliberadamente fazem pouco caso da Polícia, como o professor Gates e eu na 5ª Avenida e, talvez, também o presidente, se o presidente não andasse sempre cercado por aqueles agentes do Serviço Secreto, inabordável e inalcançável pelos policiais de rua. Para a Polícia de New York, paisano que critique policial sempre é "arrogante". Arrogante é a Polícia de New York, pai e mãe da arrogância, arrogantes, maus cidadãos, mal-intencionados.

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Encaremos, então, os fatos que saltam aí, aos nossos olhos: é evidente que os EUA já não são república. Já não somos governados por leis. Somos governados por homens armados, somos governados pela violência e pela força. Voltamos aos tempos de Billy the Kid. Autoridade é qualquer homem uniformizado e armado em qualquer beco. Assim chegamos ao ponto em que estamos.

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Nem os simples mortais nem o presidente dos EUA fizeram qualquer esforço para pôr os pingos nos ii, no caso de Cambridge. E, se algum dia a mídia decidir noticiar eventos e fatos, terá de começar por dar fim à eterna repetição de que tudo que aconteça de ruim, nas ruas dos EUA, em espaço público ou privado, explicar-se-á, sempre, pelo ódio racial.

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Claro que há aspectos raciais em vários conflitos e que houve também, nesse caso. É verdade que há aspectos raciais em vários conflitos; mas não houve, no caso de Cambridge. É importante corrigir o policial armado: o que ele diz é ouvido e será como lição ensinada a outros como ele, para que continuem a agredir gente desarmada; em seguida, bastará 'explicar' que a coisa teve motivação racial... 'porque' o presidente e o professor são negros. Estou sendo claro? Tratar o problema de haver policiais armados pelas ruas como se fosse 'questão racial' é erro grave e perigoso, em país como os EUA.

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Ouvindo o que se dizia sobre esses terríveis eventos, ocorreu-me que seja boa hora para a mídia auto-reformar-se e começar a dedicar-se a eventos realmente ocorridos e a notícias verdadeiras; é claro que a questão não será sempre "racial", cada vez que houver um bate boca entre 'notáveis', ou entre policiais e 'notáveis'. Seria ótimo que a mídia percebesse o quanto pode haver de perigo grave cada vez que se inventam motivos ou falsificam-se motivos que – sejamos claros – nenhuma mídia tem autoridade nem para inventar, menos ainda para falsificar.

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Cada vez que um negro se mete em briga, seja que briga for, sempre seria reação a atitude racista; ou, se um branco enlouquece, teria sido movido por sentimentos racistas. Não há interpretação que mais vezes esteja errada, do que essa (nos dois casos). É pista falsa, coisa inventada que, não se entende por quê, nunca desaparece das páginas e noticiários policiais.

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Tratemos então, afinal, da questão de que realmente interessa tratar: o caso de Cambridge é questão de classe.

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Nos EUA, a distância entre os muito ricos e os muito pobres é a maior de todo o planeta, maior que na França. Essa divisão só aumentou, depois dos desastres das altas finanças que se abateram sobre nós. Os EUA já mal se sustentavam sobre as pernas antes de o mundo vir abaixo, há um ou dois anos. Temos de reconhecer que o que sempre se fez por aqui, atos jamais muito decentes ou recomendáveis, passou de repente a ser tratado como pecado mortal; e a polícia parece ter resolvido que, ela sozinha e armada, vingará todos os pobres, contra um professor de Harvard e o salário que recebe (insultantemente alto, do ponto de vista do policial).

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Os dias de ganância e cobiça pelos quais passamos só nos fizeram mal, nada nos ensinaram, mas é impossível sobreviver para sempre com tantas divisões, que, na opinião de alguém que, como eu, observa de fora os EUA, já nos transformaram em uma nação de mentirosos absolutos.

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Todos mentem. A televisão mente. Os candidatos mentem. E todos repetem que "É, mas... sempre foi assim!" Essa desculpa é um espanto! É claro que nem sempre foi assim! Muitas vezes acontece de mentir demais, para muitos, ser erro muito grave. Verdade, sob o sol, só conheço uma: os ricos mentem sempre, a qualquer custo, quando se trata de não pagar impostos.

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Recentemente tive oportunidade de ver o que me parece que seja o fundo do poço. Aconteceu quando eu passeava pelo bosque que há no campus, junto ao prédio principal da Duke University, e vi uma ponte semidemolida, sobre um pequeno córrego. Dei uns passos em direção ao que me pareceu que fosse um fazendeiro da região, que percebera que eu olhava, desconfiado, a enorme pilha de materiais de construção, sacos de cimento etc., porque ele já explicava antes mesmo de eu perguntar: "Vão construir outra ponte – farão outra, muito, muito, muito maior. Enorme" – disse ele. "Mas para quê, aqui, no meio do bosque? Pois se aqui não há estradas" – disse eu. "É", ele concordou, "Estradas não há. Só uma trilha." E eu: "Mas então? Para que uma ponte enorme, se viveram felizes por tanto tempo com a ponte pequena?" Ele explicou: "O que nos disseram é que os Federais temem que aconteçam insurreições civis. Querem estar preparados para o caso de levante popular. Precisam de uma ponte maior, para cruzar o córrego, em caso de emergência."

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Desnecessário dizer que fiquei sem palavras. Mas ele parecia querer conversar, e eu perguntei "E antes, o que havia aqui?" E ele: "Uma ponte pequena, para um caminhão pequeno que circula aqui." E eu: "Mas quem falou a vocês, sobre 'levante popular'? E ele: "Bom... todos falaram. Explicaram o tamanho da ponte e o pessoal aqui concordou que melhor uma ponte grande que nenhuma ponte. Agora, o material está aí. É isso."

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Voltei para continuar a palestra que eu fazia na Duke University, e conversei com várias pessoas sobre o bosque, a ponte. Ninguém pareceu interessado, nem haviam visto ponte alguma. Perguntei a um professor politicamente engajado, e ele disse que "É, é um problema. Há alguma coisa no ar. O governo está se preparando para alguma coisa; não sabemos o que seja, mas não há dúvidas de que há alguma coisa martelando a cabeça deles." E eu: "O quê? Digamos, talvez... a revolução?" "Oh, não", ele riu. "Aqui é a Carolina do Norte. Nenhuma revolução jamais acontecerá na Carolina do Norte, não se preocupe. Mas, seja o que for, já gastaram muito dinheiro nessa ponte."

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Dois anos depois, voltei ao mesmo bosque. Lá está a ponte, enorme, de cimento, já completamente pronta. Encontrei outro cavalheiro da floresta e perguntei-lhe "O senhor vê alguma utilidade para essa ponte, tão cara e enorme?" E ele: "Cara, sim. Ponte cara, mesmo." Tinha o ar satisfeito de alguém para quem a despesa gerara benefícios. Conversamos mais um pouco sobre o governo, sobre o que andariam fazendo, e havia um certo mal-estar, algum não-dito, na nossa conversa. Os dois parecíamos intrigados; algo inesperado e surpreendente acontecera, algo realmente além de qualquer imaginação –, como se uma construção enorme ali estivesse erguida, contra iminentes horrores. Ainda perguntei um pouco, insisti, coisa ou outra. Não arranquei dele nem mais uma sílaba.

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* Sobre o autor, ver http://en.wikipedia.org/wiki/Gore_Vidal

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[1] Um professor universitário negro foi preso por desacato, por um policial branco do comissariado de Cambridge, Massachussetts.

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O artigo original pode ser lido em: http://www.truthdig.com/report/item/20090728_america_the_great_police_state/

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Blog Vi o Mundo
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in Vermelho - 31 DE JULHO DE 2009 - 20h22
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ver
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Racismo nos Estados Unidos: O professor mudará de tom?


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quinta-feira, julho 23, 2009

O Irão é muito independente e desobediente, ironiza Chomsky

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Em entrevista a Kourosh Ziabari, do site Foreign Policy Journal, o acadêmico e ativista americano Noam Chomsky critica a política de dois pesos, duas medidas contra o Estado do Irã e sua política nuclear, demonstrando que, durante o regime do Xá Reza Pahlevi, os EUA defendiam o desenvolvimento de tecnologia nuclear pelo país, na época submetido aos interesses americanos.


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Leia abaixo a íntegra da entrevista, traduzida por João Manuel Pinheiro para o site O Diário.info.

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Noam Chomsky não precisa de apresentação. De acordo com o The Guardian, trata-se, indiscutivelmente, do catedrático e analista sócio-político mais importante da era contemporânea e está considerado junto a Marx, Shakespeare e a Bíblia, como uma das dez fontes mais citadas das humanidades, e é também o único escritor, entre eles, que ainda está vivo.

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Em referência ao livro Hegemonia e Sobrevivência de Chomsky, o presidente da Venezuela, Hugo Chavez, dirigindo-se à Nações Unidas, disse: "Convido-os, com todo o respeito, a quem ainda não tenha lido o livro, a que o façam."

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Em resposta à pergunta formulada numa entrevista em 2006 sobre que ações tomaria se fosse presidente, Chomsky respondeu: "Instauraria um Tribunal de Crimes de Guerra para os meus próprios crimes pois caso tivesse assumido essa posição teria que tratar com a estrutura institucional e com a cultura, a cultura intelectual. A cultura deve ser curada".

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Nesta entrevista, conversei com o professor Chomsky sobre o Irã, os assuntos nucleares, as relações entre Washington e Teerã e o impacto global dos lobbies sionistas. Um resumo desta conversa foi primeiramente publicado no diário iraniano de língua inglesa "Teheran Times".

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Kourosh Ziabari: Professor Chomsky, o senhor tem reiterado em numerosas ocasiões que a maior parte dos países do mundo, incluindo os membros do Movimento dos Países Não Alinhados, apoia o programa nuclear iraniano, no entanto, os neoconservadores dos Estados Unidos continuam a proclamar o seu lema agressivo.

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Noam Chomsky: O Movimento dos Países Não Alinhados, mas também a grande maioria dos americanos pensa que o Irã tem o direito de desenvolver energia nuclear. Todavia, quase ninguém nos Estados Unidos tem consciência disso. Isto inclui todos aqueles que são inquiridos e que provavelmente acreditam que são os únicos que pensam assim. Nunca se publica nada sobre este tema. O que aparece constantemente nas mídias é que a comunidade internacional exige que o Irã suspenda o enriquecimento de urânio. Em quase nenhum meio se explica que a designação "comunidade internacional" é utilizada convencionalmente para se referir a Washington e a quem estiver de acordo, não só sobre este assunto mas em geral.

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Kourosh Ziabari: A maioria dos analistas de assuntos internacionais ainda não pôde assimilar o duplo critério nuclear do governo dos Estados Unidos. Apesar de apoiar o arsenal atômico de Israel continua a pressionar o Irã para que suspenda os seus programas nucleares. Quais são as razões? Possui a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) autoridade suficiente para investigar os casos de armamento nuclear em Israel?

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Noam Chomsky: O ponto fundamental foi explicado com franqueza por Henry Kissinger. O Washington Post perguntou-lhe por que razão ele agora afirma que o Irã não necessita da energia nuclear e que, por conseguinte, deve estar a trabalhar para construir uma bomba, enquanto em 1970 insistiu que o Irã necessitava de ter energia nuclear e que os Estados Unidos deviam prover o xá com os meios necessários para o conseguir. Foi uma resposta típica à Kissinger. Era um país aliado e, por isso, precisava de energia nuclear. Agora, que já não era um país aliado, não necessitava de energia nuclear. Israel, pelo seu lado, é um país aliado, mais precisamente um estado-cliente. Por isso, herda do amo o direito a fazer o que quer.

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A AIEA possui a autoridade, contudo os Estados Unidos nunca permitiriam que a exerça. A nova administração dos Estados Unidos não tem dado provas de nenhuma alteração nesse sentido."

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Kourosh Ziabari: Existem quatro estados soberanos que ainda não ratificaram o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e que desenvolvem livremente bombas atômicas. Será o Irã libertado das pressões constantes; deve obter a sua ratificação e abandonar o tratado?

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Noam Chomsky: Não, isso só faria aumentar as pressões. Excluindo a Coreia do Norte, todos esses países recebem apoio extensivo dos Estados Unidos. O governo de Reagan, fingia ignorar que o seu aliado Paquistão desenvolvia armas nucleares, para que a ditadura recebesse ajuda massiva dos Estados Unidos. Também os Estados Unidos, aceitaram ajudar a Índia a desenvolver as suas instalações nucleares; Israel é um caso especial.

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Kourosh Ziabari: Que prováveis fatores poderiam dificultar a realização de conversações diretas entre o Irã e os Estados Unidos? É maior a influência do lobby judaico do que a dos sistemas empresariais dos Estados Unidos?

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Noam Chomsky: O lobby judaico tem alguma influência mas é limitada. Isto foi demonstrado, uma vez mais, no caso do Irã no verão passado, durante a campanha presidencial, quando a influência dos lobbies se encontrava no seu apogeu. O lobby israelita pretendia que o Congresso aprovasse uma legislação que se aproximasse de um ato de bloqueio ao Irã, um ato de guerra. A medida obteve um apoio considerável, mas desapareceu de imediato, provavelmente devido à Casa Branca deixar bem claro, discretamente, que se opunha.

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Quanto aos verdadeiros fatores, ainda não temos registros suficientes, de modo que é necessário especular. Sabemos que a grande maioria dos americanos quer ter uma relação normal com o Irã, mas a opinião pública raramente influencia a política. As grandes companhias dos Estados Unidos, incluindo as poderosas empresas de energia, gostariam de explorar os recursos petrolíferos do Irã. Contudo, o Estado insiste no contrário. Suponho que a razão principal, é que o Irã é demasiado independente e desobediente. As grandes potências não toleram aquilo que eles consideram ser parte dos seus domínios e as regiões de maior produção de energia do mundo há muito que são consideradas domínio da aliança anglo-americana, agora com o Reino Unido reduzido a sócio subalterno.

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Kourosh Ziabari: Haverá uma transformação táctica ou sistemática na aproximação dos principais meios de comunicação social ao Irã durante a presidência de Obama? Podemos esperar uma redução da propaganda anti-Irã?

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Noam Chomsky: Em geral, as mídias aderem ao sistema geral da política de estado embora algumas vezes os programas políticos sejam criticados com fundamentos tácticos. Muito irá depender, portanto, da postura que assuma o governo de Obama.

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Kourosh Ziabari : Finalmente, acredita que o presidente dos Estados Unidos deveria seguir a proposta do Irã e pedir desculpa, pelos seus crimes históricos contra o Irã?

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Noam Chomsky: Creio que os poderosos sempre devem reconhecer os seus crimes e pedir desculpa às vítimas e ainda reparar os danos causados. Infelizmente, o mundo rege-se maioritariamente pela máxima de Tucidides: os fortes fazem o que querem e os fracos sofrem como lhes é devido. Lentamente, a pouco e pouco, o mundo, em geral, torna-se mais civilizado. Mas ainda tem muito caminho a percorrer.

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O original foi publicado em www.foreignpolicyjournal.com.

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O Diário.info
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in Vermelho - 27 DE MAIO DE 2009 - 16h49
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