A Internacional

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segunda-feira, janeiro 07, 2013

serafim lobato . EUA: DE DECADÊNCIA EM DECADÊNCIA

TABANCA DO GANDURÉ


sábado, 5 de janeiro de 2013




Ruínas de fábricas em Detroit

1 - Desde 2008, que se fala, abertamente, em bancarrota do sistema económico norte-americano, que, necessariamente, a ocorrer levará a um descalabro político naquele país e, por tabela, atingirá a grande maioria dos Estados do mundo.

Nos últimos dias, os dois partidos da oligarquia política capitalista norte-americana -democratas e republicanos - passaram  o tempo a negociar para evitar uma ruptura imediata orçamental, que evitasse uma entrada na sociedade norte-americana num processo repentino e galopante de impostos e cortes de prestações sociais, que colocaria na ordem do dia o pânico generalizado no país. 

Lançaram para os grandes meios propagandísticos do regime - imprensa, rádio e televisão - que o país estaria em risco de um "colapso fiscal", se não houvesse um consenso quanto às medidas imediatas de evitar a aplicação textual do processo de aplicação de subidas brutais de impostos e cortes de prestações sociais. O paradigma do medo.

Os legisladores do país e o Presidente dos Estados Unidos fizeram uma grande operação de "marketing", com a existência de um acordo conseguido no princípio deste ano, anúncio este logo aproveitado pelos especuladores financeiros de Wall Street para fazerem subir os valores da acções, como se se estivesse no melhor dos mundos. A gestão típica da especulação capitalista.

As realidades continuam, todavia, além da operação de cosmética, que, verdadeiramente, pôs em marcha, o que terá de ser aprovado daqui a dois meses: impostos, empobrecimento populacional, redução drástica das prestações sociais, privatizações de auto-estradas, de serviços públicos essenciais na saúde e educação, por exemplo, pela cáfila de vendilhões do capital, que são os senadores e os membros da Câmara dos Representantes norte-americanos. Os factos do dia a dia.


Daqui a dois meses a situação será a mesma: há uma dívida norte-americana, que, oficialmente, já ultrapassa os 2,1 biliões de dólares; há uma militarização crescente do sistema político norte-americano (em Abril de 2012, o Senado norte-americano aprovou, por  unanimidade, - veja-se, pasme-se, como são iguais os vendilhões...- o Orçamento de Defesa Nacional para 2013, que contempla mais de 631 mil milhões - 481 mil milhões de euros) para o financiamento da máquina de guerra; há uma défice actual de um bilião de dólares (a correspondência desajustada entre receita e despesa); há uma percentagem de desemprego - oficial - de cerca de 8 por cento; há um espectro real de recessão, (pelo menos -0,5 % do PIB) que o acordo de última hora não fez recuar. 

O acordo do fim do ano suspendeu a aplicação feroz de cortes indiscriminados, mas manteve o rumo da austeridade: para já, não existem aumentos salariais em 2013 para os trabalhadores dependentes. 

E uma realidade seguinte que está já programada - irá haver, para já, aumentos generalizados de impostos da ordem dos 2.200 dólares anuais. Outros se devem seguir. 

2 - Com esta "mise-en-scène", o que se pretende fazer distrair o contribuinte norte-americano (e naturalmente europeu, no nosso caso) não esclarecido é de uma realidade maior: a situação real catastrófica dos quatro maiores bancos norte-americanos, ameaçados da falência, que os dois partidos querem evitar, preparando neles, com o aumento de impostos, uma injecção monumental de dinheiro público.  

Uma situação que já ocorreu em 2008 e elevou, na realidade, a dívida pública, mas que é privada, pois pertence aos bancos, incorporada, forçadamente, pelo poder político na primeira.
E quem faz o aviso do que está na forja é um homem de dentro do sistema: Paul Craig Roberts, que foi secretário do Tesouro, adjunto para a Política Económica, actualmente editor contratado do Wall Street Journal, que sustenta: "Eu refiro (a tradução literal é minha) que, de acordo com o Departamento do Responsável do Relatório sobre a Moeda, relativo ao quatro trimestre de 2011, cerca de 95 % dos 230 biliões de dólares dos EUA estão em exposição especulativa em mercados de derivados através de quatro instituições financeiras norte-americanas - JP Morgan Chase Bank, Bank of America, Citibank e Goldmam Sachs". 

Quer isto dizer que estes valores, que não são reais assentes na produção, mas na especulação, por isso podem rebentar de um momento para o outro,  ultrapassam, exponencialmente, várias vezes o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos!!!

Ou seja, segundo Roberts, toda a economia norte-americana está subordinada aos ditames de evitar a derrocada desses quatro bancos, que continuam na especulação desclassificada e desregulamentada, apesar de intervenções estatais anteriores.

Aí é que surge o tempo útil, e se situa o verdadeiro busílis do chamado "abismo" ou "colapso" da economia dos EUA.

Roberts assinala que "actualmente somente quatro bancos norte-americanos se encontram numa exposição especulativa (no chamado mercado de derivados. N.M.) igual a 3,3 vezes o Produto Interno Bruto mundial".

Como se pode actuar tão irresponsavelmente na condução da política económica mundial?

Em primeiro lugar, porque o capital financeiro especulativo mais desclassificado - o lumpem capitalismo - se tornou em fracção dominante, sem rivais, do poder político nos principais Estados burgueses do Mundo, com especial ênfase para os Estados Unidos e a Inglaterra, do lado do capital liberal, e para a China, do lado do Capitalismo de Estado.

Os governantes e toda a superestrutura política e de justiça estão subordinados e agem como simples vassalos e intermediários. 

Ou seja, eles têm a sua "armadura", que faz as suas leis, enquadra os seus "homens" no aparelho de Estado, distribui as migalhas, nessa chusma de "inúteis" que se sentam no Executivo, na maioria parlamentar, nas instituições de decisão política e judiciária.

A dívida do Estado tem sido, desde sempre, mas desde a crise de 2008 de maneira evidente, o principal fonte de rendimento do capital financeiro especulativo.

E assim aconteceu desta vez, a olho nú, com toda a nudez e desfaçatez. 

Porque o "afundamento" financeiro do Estado - e neste caso do principal Estado capitalista - foi o verdadeiro objectivo que esteve por detrás de toda a especulação.

Parece uma contradição. 

Mas é a realidade de um processo histórico. 

O mundo capitalista actual, especialmente o capitalismo dito ocidental, atingiu um tal estádio de evolução que está a entrar em choque com as relações de produção actualmente existentes. 

Verifica-se, com a continuada sucessão de crises, desde 1973, sem saídas de progresso, estão a ser, justamente, uma barreira a  um novo desenvolvimento das forças produtivas que cresceram e se educaram a um nível superior. 

São indícios, ainda que ténues e incipientes, que se está a forjar uma nova era.

É uma pescadinha de rabo na boca. O capital está no seu labirinto, porque os centros do mesmo estão a ser ultrapassados, precisamente, nas suas relações de produção.

Foi, justamente, nos Estados Unidos, cerca de 15 dias depois do anúncio da crise, que a Administração Obama, seguindo os ditames de Wall Street, em conluio com o Senado, que foi autorizado ao Secretário do Tesouro que se pudesse gastar do erário público até 700 mil milhões de dólares para "estabilizar" o sistema financeiro especulativo, aparentemente, em descalabro. 

O executivo norte-americano, dias depois, tornou público que 250 milhões de dólares (mais de 1/3 do valor estipulado) seria destinado imediatamente, a custo zero, para "salvar" as principais instituições financeiras em bancarrota, como a seguradora AIG (85 mil milhões de dólares directos do Banco Central, FED) ou o Citigroup, que detinha o Citibank (um pormenor deste roubo organizado, do dinheiro do Tesouro foram 25 mil milhões para aquele último e o governo comprou acções que avaliou em 20 mil milhões. Aquele banco tinha perdas contabilizadas de 306 mil milhões de dólares em activos de alto risco).

Ora, este dinheiro foi utilizado para a nova fase especulativa pelos próprios fautores da crise, com empréstimos a juros elevados, incluindo ao próprio Estado.

Quatro anos depois, os principais agentes do sistema financeiro especulativo norte-americano, depois de sacarem os juros e o "empréstimo" a custo zero, já estão, novamente, na corda bamba, com a uma nova derrocada a aproximar-se.   

A preocupação central dos vassalos dos banqueiros no governo e no Senado e Câmara de Representantes não são os reformados, a classe média ou o aumento do desemprego, é, pois, a "salvação" dos bancos. 

O "colapso fiscal" é uma nuvem de poeira para amedrontar o contribuinte para vir a financiar a voragem de ganhos do capital financeiro.
   
A Inglaterra segue o mesmo caminho e a UE - mais concretamente a zona euro - fez uma aplicação severa de medidas de austeridade, também, centrada na salvação dos bancos, que provocou uma recessão económica profunda, de que não se sabe qual vai ser a evolução futura.

Mas, acossados pelas movimentações populares e pela eventual subida ao poder de partidos que colocam nos seus programas medidas anti-capitalistas, estão a tentar a "blindagem" do euro, antes que se coloque na ordem do dia na Europa a nacionalização do sistema financeiro. 

Isto pressupõe um avanço para a concentração bancária sob a supervisão do Banco Central Europeu e avanço para a unidade política, que para ter alguma capacidade política para ser efectuada, terá de ser feita com uma "remodelação" dita de esquerda na governação política, para atenuar eventuais efeitos de uma convulsão de cariz revolucionário.

Exige, acima de tudo, um aumento da reindustrialização, das produções harmónicas europeias, diminuição do desemprego, aumentos salariais, e melhorias sociais. 

No fundo, inverter a actual orientação política para uma gestão de desenvolvimento dos serviços públicos.

A margem é mínima, pois as movimentações das classes laboriosas trazem no bojo uma outra dinâmica. 

3 - Como é que os Estados Unidos conseguirão amenizar o caminho do colapso económico?

O buraco da agulha é curto. 

Porta-aviões chinês

frota russa do Mar Negro

Somente uma inversão rápida da recessão dará alguma folga ao poder económico e político. Um crescimento económico acentuado, possivelmente três a quatro por cento em 2013, contra as previsões de descer para -0,5% este ano. Teria de haver uma aposta grande no sector público. Um controlo férreo estatal do sistema financeiro especulativo.

Ora, quer os republicanos, quer os democratas, não querem, nem podem, porque são gerentes políticos do Capital, actuar sobre aquele, retirando-lhe uma parte substancial do seu sustentáculo: as mais valias exorbitantes.

Nenhum dos partidos dominantes nos Estados Unidos quer equilibrar o Orçamento, impondo uma carga fiscal pesada aos grandes financeiros e industriais. E, de maneira evidente, um ataque organizado ao poderoso complexo industrial militar.

Então, sem um Orçamento que coloque o dedo na ferida, não será possível inverter o caminho da austeridade, e, estará aberto, com mais ou menos delongas, a continuidade da recessão. 

Os impostos irão recair, em grande, sobre quem trabalha, os cortes atingirão os pensionistas.


A economia dos Estados Unidos é ainda a principal estrutura económica do mundo capitalista, mas está ferida de morte.

Desde que nos anos 80, se inverteu a sua posição dominante exclusiva, em que era o maior credor e hoje está sendo o maior devedor mundial, com um desenvolvimento extraordinário de outras economias em várias partes do globo, principalmente, as consideradas emergentes, que o poder norte-americano teve vindo a decair.

Essa economia, aliás, já estaria em pleno colapso, principalmente, o seu sistema financeiro, se o papel do dólar   estivesse mais desgastado.

Em grande parte, a economia dos EUA já está a viver artificialmente, com a injecção acelerada de papel-moeda não correspondendo - os chamados *greenbacks* - ao valor comparativo em ouro, nem a emissão constante - na realidade fictícia - de títulos de Tesouro para cobrir os enormes déficits, referidos acima.

A questão que se está a colocar, com acuidade, desde a Guerra do Iraque, é se este sistema artificial pode ser mantido por muito mais tempo.

Com a crise económica interna norte-americana, uma depreciação acentuada do valor do dólar - a desconfiança grande que se está a gerar no mundo, se os Estados Unidos têm reservas em ouro suficientes, como eles afirmam - e o vencimento dentro de breves anos da maioria dos títulos de Tesouro, irão trazer preocupações acrescidas na sociedade norte-americana.  

A geo-estratégia e a geo-política mundial, certamente, irão mudar-se profundamente, quando alguns países, com projectos ou em fase de substituição do dólar como moeda privilegiada nas trocas internacionais, começarem a agir concertadamente.

Desde os anos 70, sempre que surge uma crise - e elas estão a nascer umas em cima das outras - está a verificar-se o estalar de um poderio norte-americano que era incontestado.



http://tabancadeganture.blogspot.pt/2013/01/eua-de-decadencia-em-decadencia_5.html

quinta-feira, outubro 11, 2012

Serafim Lobato - UNIDADE NA EUROPA, DESAGREGAÇÃO NOS EUA?


TABANCA DE GANTURÉ



domingo, 26 de agosto de 2012


UNIDADE NA EUROPA, DESAGREGAÇÃO NOS EUA?






1 - A crise financeira de 2008 veio demonstrar, pouco a pouco, ano após ano, que a sua profundidade está a atingir as raízes do próprio capitalismo, tal como o conhecemos até aqui.



Analisando todo o processo de "austeridade" nos principais centros do capitalismo internacional, como a União Europeia e e os Estados Unidos, os processos de evolução rápida da produção industrial e tecnológica super-capitalista na China, sem trazer riqueza para o povo, a recomposição da mesma estrutura, dita de Estado para liberal, na Rússia, as revoltas surgidas em muitos países árabes, a recomposição colectiva do mercado capitalista *independente* no Mercosul (América Latina), os ferozes conflitos regionais, as fomes que atravessam países e regiões ricas em matérias-primas, traz para a superfície da vida social a destruição produtiva, por um lado, e, por outro, um impasse na ultrapassagem da mesma crise, dos fundamentos históricos da própria evolução capitalista.



E o que é grave é que esta crise está a ser gerida e programada, desde há dezenas de anos, pelo capital financeiro especulativo, que lançou agora a sua fase mais obsessiva e violenta, que é a destrutiva, e sem uma veleidade orientadora de criar ou construir algo que lhe seja sucedâneo ou, pelo menos, assente em termos considerados paliativos.



Tudo o que retiramos da crise é que nestes cinco anos, nos principais centros capitalistas, UE e EUA, nunca existiu um ano de crescimento (quer na produção, quer no emprego, quer no Produto Interno Bruto, quer na evolução do bem-estar relativo), e os aparentes sucessos de gestão capitalista acelerada, como a China, a Rússia,a Índia e o Brasil, entraram em processos de estagnação e mesmo de retrocesso económico.



Quer a Rússia, que a China, o reconhecem na recente cimeira da APEC (Cimeira Ásia/Pacífico).



A omnipotência do capital financeiro especulativo - o único a tirar dividendos - reproduziu por todos Estados do Globo os mesmos programas: destruição acelerada dos regimes sociais ditos sociais democratas (os chamados Estados Providências) , sem apresentar, até agora, qualquer estimulo ou pressuposto de criar o que quer se seja, que relance o desenvolvimento. 



Esta perda real do poder aquisitivo das classes laboriosas, e por tabela, das classe médias inferiores, está a fazer crescer o empobrecimento real dos povos, fazendo vir ao de cima o estrangulamento do sistema anterior, com um carácter de desespero quase mundial, criando uma barreira efervescente entre os trabalhadores, que vão caindo cada vez mais no desemprego, e uma mínima classe ociosa capitalista especulativa, sem que se vislumbre qualquer espécie de incremento ou reviravolta capitalista produtiva.



2 - A chamada crise do petróleo cujo ano marcante foi 1973 colocou no centro da economia capitalista o capital financeiro especulativo.



Entre aquela data e os inícios dos anos 2000, o segredo de polichinelo da propaganda da ideologia burguesia liberal, de que a política comandava a economia, foi desmascarado pela realidade: os grandes banqueiros começaram a deixar a discrição, que até aí os mantivera, e fizeram soar trombetas, sem cinismos, através de mensagens directas dos seus pares como, Alan Greenspan (Presidente da Reserva Federal dos EUA, entre 1987 e 2006), Georges Soros e Buffet, entre outros, sublinhando que eles, os banqueiros, são os donos reais de todo o poder, incluindo o político.



Em 1980, a antiga União Soviética parecia estar a empreender uma nova política económica dentro do sistema de capitalismo de Estado, recuperando de uma estagnação que se seguiu a um salto produtivo enorme no pós guerra. Naquele ano, os dirigentes da ex-URSS procuraram descentralizar, politicamente, o poder, principalmente com a grandes Repúblicas associadas, lançando ao mesmo tempo um novo processo de industrialização e na agro-indústria.



Todavia, o recomeço imperialista expansionista da ex-URSS em direcção a Sul, em particular ao Afeganistão, abriu um período intenso e improdutivo de fomento, em grande escala, com os encargos militares, o que inverteu, total e fatalmente, a evolução incipiente que estava em marcha.



Em grande medida, esse afã expansionista militarista contribuiu para o colapso, que já vinha, todavia, de dezenas de anos atrás da antiga URSS, e a sua desagregação final em 1991.



(Não estamos aqui a analisar a  Revolução Soviética de 1917, que forjou, posteriormente, a formação estatal URSS, sob a dominação e consolidação, ao longos dos anos, do chamado capitalismo de Estado, que partiu de uma revolução verdadeira, mas foi progressivamente, em poucos anos, trucidada e instituída de forma contra-revolucionária, mas este assunto merece outra ponderação e análise que procuraremos fazer numa apreciação mais aprofundada e interligadas com os acontecimentos políticos e as condições económicas deficientes da época na Rússia czarista e no seu seguimento revolucionário).



Com esta desagregação do Império soviético, o imperialismo norte-americano tornou-se a principal potência dominante no mundo e julgou poder "reformular" toda a História Mundial desde a Revolução de Outubro de 1917.



Eles pensaram que poderiam fazer obscurecer que toda a evolução humana dois últimos 200 anos esteve centrada nas erupções revolucionárias, que nasceram na Europa, e se foram alastrando à América Latina, mudando radicalmente o sistema económico medieval e imponto o sistema capitalista, certo, sob o domínio da burguesia, mas marchando na realidade sob a batuta das reivindicações proletárias e operárias, que, por vezes, sem grandes orientações programáticas, iam impondo formas de governação, que geravam programas políticos que continham as reivindicações que obrigavam o modelo económico capitalista a aceitar as propostas proletárias, como as oito horas de trabalho, os apoios à saúde pública para todos, entre outros itens.



Tentou o imperialismo norte-americano alastrar a sua supremacia, impulsionando, a níveis nunca vistos, os encargos militares, sustentando-os no argumento que era desse modo que se imporia em todo o mundo o domínio da democracia e das chamadas liberdades individuais, da organização livre dos mercados.



Claro que esta orientação ideológica foi posta em prática, em larga escala, durante cerca de 20 anos, por uma estrutura político-militar estribada na violência.



O descalabro da ex-URSS deu alento aos financeiros e militaristas norte-americanos para intervirem, descaradamente, nos assuntos internos da Europa e da sua unidade, com a cumplicidade dos dirigentes vendidos dos Estados europeus, como a Inglaterra, a Itália, a Suécia, a Noruega, a Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha e Portugal, fosse o governo do país das forças direitistas conservadoras ou sociais democratas pró-capitalistas.



 



De certo modo e em certo sentido, foi um ataque concentrado quer à tentativa de unificação europeia, por um lado, quer ao próprio sentimento nacional dos povos.



Assim desde 1991 foi retalhada, a ferro e fogo, a Jugoslávia, submetida a vexames a Polónia, Roménia, Bulgária, Lituânia, Letónia e Estónia e Hungria, tornadas colónias norte-americanas no seio da UE, através de injecção de dinheiro "encoberto" - numa política de divisão da União em velha Europa e nova Europa, que conduziu, na prática, em linha directa ao presente ataque e desnorte, sem freio, à unidade monetária da UE.



Mas, também se deu nesse período, as acções mais selvagens no Continente africano, como na tentativa de divisão da República Popular do Congo e nas guerra fratricidas que ainda ocorrem no Ruanda, Uganda e Quénia, e em escala mais localizada na Nigéria. Que começaram com a Presidência de Bill Clinton.



Não se pode esquecer a intromissão brutal e espezinhadora dos direitos dos povos que ocorreu nos últimos dois a três anos em todo o Magrebe e Médio-Oriente, onde a cabeça de víbora foi uma pró-nazi, antiga democrata, chamada Hillary Clinton.



Naturalmente, esta situação não pode, todavia, prosseguir em larga escala. Embora hoje, os EUA sejam o imperialista moderno que substituiu o antigo imperialismo teutónico nazi-fascista. Naturalmente, noutras condições e situações diferenciadas no tempo e no modelo político formal.



A meu ver por duas ordens de razões:



A) Com este frenesim imperialista norte-americano fez despoletar um "monstro" a nível global.



Os Estados Unidos, no topo, lançaram-se numa corrida aos armamentos e à criação e constituição de stoques de armas, cada vez mais caras e sofisticadas.



Ora, isto, catadupejou o sistema de indústria castrense para um nivelamento em progresso contínuo. 



Mas, essta corrida trouxe uma evolução armamentista, não só nos Estados Unidos, mas em todos os outros Estados, em particular aqueles que se estão a desenvolver economicamente a ritmos elevados e concorrenciais.



Quer isto dizer que o armamento traz encargos, que são cada vez mais insuportáveis ao bolso dos contribuintes. 



Na prática, em primeiro lugar os EUA, mas também a China, a Rússia, a América Latina e a própria UE, estão a endividar-se em progressão geométrica, levando que a maior fatia do Orçamento de Estado se destinem a fins militares, em detrimento do próprio progresso produtivo interno.



E, na realidade, os Estados Unidos estão a ser trucidados pelo domínio do sector do complexo industrial militar, o que contribui para a sua própria decadência produtiva interna.



Mas a nível político, os EUA são um centro mundial de prática de tortura, de violações internas e externas dos direitos humanos, com uma discriminação racial acentuada sobretudo tudo o que "não é branco", actuam, em todas as partes do globo, sem olhar a meios, incitam a intromissão descarada e eles próprios se organizam clandestinamente ou através de "mercenários" que lhe pagam principescamente, ocupam, fora de toda e qualquer estrutura internacional decisória, em países e zonas limitadas. 



Prendem os seus próprios cidadãos sem julgamento ou a cesso a advogados, muitas das vezes baseados em simples suspeitas. Expandiram, unilateralmente, a todo o Mundo as escutas telefónicas e as manipulações via internet. 



A oposição interna é reprimida violentamente, à mínima suspeita de que possa estar em causa "a segurança nacional". O assassinato, colectivo e selectivo, adquiriu a legalidade de acção em qualquer zona do planeta.



E esta situação é grave, porque pode trazer no bojo uma guerra geral contra povos e diferentes nações, que se sentem ameaçadas e feridas nos seus sentimentos nacionais ou interesses estratégicos.



B) Todavia, esta voragem imperialista imperialista norte-americana, com o apoio directo da Inglaterra, da Holanda, da Suécia, Dinamarca e Noruega, parece estar a entrar num descalabro e a obrigar os EUA a fazer marcha atrás, por um lado, com o espectro de um movimento reivindicativo internacional -e em certos aspectos de carácter insurrecional - que se estão a forjar no horizonte; por outro pela reacção de parcerias de grupos de países e de incremento armamentista de resposta de outros Estados ou grupos de Estados coligados (como O grupo de Xangai, o Mercosul, a aliança temporária Rússia, China Síria e Irão).



Mas acima de tudo, porque a economia capitalista dentro dos Estados Unidos está a colapsar.



A dívida pública norte-americana atinge, actualmente, os 16 biliões de dólares, que ultrapassa deste modo os cerca de 14 biliões do ano passado. 



Apesar da injecção forçada de capital circulante - ou seja a emissão de notas "sem cobertura real" do Banco Central - A Reserva Federal -, a economia está estagnada e o desemprego não baixou.



(As realidades são realidades, na América, como noutras partes do Mundo: as grandes cidades norte-americanas estão endividadas:  mais de dois triliões de dólares e uma centena de entre elas estão mesmo na insolvência. 



O número de norte-americanos a viver da sopa dos pobres cresceu assustadoramente, como se multiplicaram as chamadas "cidades-tendas" nas ruas de grandes cidades como Nova Iorque, São Francisco ou Los Angeles).




 

          



Um facto novo, ainda sem efeitos visíveis evidentes, é o afastamento crescente dos naturais do interior e das periferias do centro de poder, em Washington, o que pode implicar, com um maior agravamento de crise nos Estados federais - Alabama, Califórnia, Colorado, entre outros - estejam a surgir tendências centrífugas para escapar ao poder de Washington, considerado um sorvedouro de dinheiro por muitos norte-americanos, principalmente da classe média. 



O problema nacional federal pode tornar-se um assunto sério nos Estados Unidos da América, com o aprofundamento da crise.


3 - Desde 2008, foi planeado, a partir de Wall Street, e em particular do lobby judaico, que domina o poder económico financeiro norte-americano ( e em grande medida mundial, 40 por cento dos deputados russos são judeus, 35 a 40 por cento dos Congressos e Deputado das Câmara dos Representantes dão o seu apoio directo ao sistema judeu financeiro e a Israel), um ataque feroz e concentrado contra o euro e a unidade política da Europa.



(Os seus representantes em Portugal estão concentrados directamente no governo e no sistema bancário: Carlos Moedas, Pedro Passos Coelho, Vitor Gaspar, António Borges, Fernando Ulrich, Ricardo Espírito Santo, entre outros).



Esta "guerra" económica concentrada dos Estados Unidos contra a Europa, que se deixou corromper e vender aos financeiros norte-americanos, e por associação estreita aos interesses do Vaticano, apesar de tudo, está em vias de terminar em retrocesso para Washington.



Eles não perceberam que, por um lado historicamente, desde a decadência medieval, o avanço histórico - que tem séculos, é certo -é um avanço para a unidade europeia. 



(E esta tendência não foi uma acto de mágica criada pela dupla Schuman/ Monet). 



O avanço para os grandes Estados nacionais na Europa, desde o século XV, estão ligados ao aparecimento da burguesia como força política dominante na Europa, e na necessidade económica, para ela, de esbater barreiras de fronteiras e fazer circular as mercadorias com maior barateza e celeridade.



A burguesia teve a percepção - e agudeza, então, como classe social - que a cooperação supracional só poderia trazer vantagens se as fronteiras fosse minimizadas.



Ora, este avanço no século XX foi sentido, com maior agudeza, porque foram as particularidades nacionais que contribuíram para a desarticulação e catástrofes em toda a Europa, desde Portugal aos Urais, fomentadas pelas guerras de conquistas.



Quando nasceu a Comunidade Europeia, as classes trabalhadoras sentiram a evolução do seu bem-estar com o desenvolvimento da indústria e do comércio sem limites de tributações alfandegárias.



Apesar da crise económica, financeira e social, actualmente existente, essas classes têm a percepção que a União da Europa criará condições para a criação de uma maior consciência de que é possível, com essa unidade, fazer das reivindicações nacionais reivindicações gerais europeias.



Essa é a lição que a crise grega deu à UE. 



E essa foi a reivindicação central dos sectores mais avançados dos partidos gregos nas suas mais recentes lutas e eleições.



A questão que deve ser analisada é a de buscar a razão porque os partidários de uma nova ordem social de progresso ainda não a fizeram propagandear na União Europeia.



Ora, esta questão está em cima da mesa.