A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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sexta-feira, julho 23, 2010

Sindicato denuncia saída de seis mil do SNS mas ministério promete resolver problema


Saúde

22.07.2010 - 16:25 Por Romana Borja-Santos
O Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores entregou hoje no Ministério da Saúde uma carta aberta à ministra Ana Jorge onde denuncia que, no dia 31 de Julho, “há seis mil trabalhadores que vão ser despedidos e provocar a ruptura” de muitas unidades do Serviço Nacional de Saúde. De acordo com os representantes dos trabalhadores, os contratos destes profissionais terminam a 31 de Julho e já sofreram todas as adendas possíveis, pelo que não poderão ser prolongados.
A ministra Ana Jorge já garantiu que ninguém sai sem serem abertos concursos 
A ministra Ana Jorge já garantiu que ninguém sai sem serem abertos concursos
 (Foto: Miguel Manso/arquivo)


Contudo, o Ministério da Saúde já garantiu em diferentes alturas que nenhum destes mais de seis mil profissionais irá ser despedido. No âmbito da comissão parlamentar de Saúde de dia 30 de Junho, na qual a ministra Ana Jorge esteve presente, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, explicou que a tutela vai prorrogar os contratos até serem abertos os diferentes concursos que pretendem integrar estes trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde.

Segundo explicou ao PÚBLICO Ana Amaral, do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores, o problema poderia ser resolvido precisamente com a abertura de concursos, “mas estes têm sido sucessivamente adiados”, apesar de estarem previstos na Lei da Execução Orçamental. O sindicato teme que os concursos não abram a tempo de integrar estes profissionais, isto porque, explicou Ana Amaral, no final de 2009 foi aberto um concurso que foi anulado já no início deste ano “com o argumento de que tinha havido um erro na distribuição das quotas”. E a responsável questiona o que acontece em termos jurídicos quando um concurso que chegou a ser aberto não se realiza.

O sindicato já antes tinha enviado um ofício às diferentes administrações regionais de saúde, onde alertava para a necessidade de haver uma “urgente resolução desta situação”. Hoje foram recebidos pelo chefe de gabinete da ministra da Saúde que, segundo a sindicalista, lhes prometeu que o concurso para 4000 profissionais estará para breve e que nenhum dos 6000 ficará sem trabalho até ser regularizada a situação geral. Se o ministério não cumprir o prometido, Ana Amaral assegura que serão encontradas formas de luta com os trabalhadores.

Na carta aberta, a estrutura alerta ainda que “se a percepção dos utentes que recorrem ao SNS é de que os serviços funcionam mal e de que há falta de pessoal, pior será se estes trabalhadores não forem integrados nos serviços e forem despedidos no fim do mês”. Em causa estão vários profissionais de saúde, como administrativos, auxiliares, assistentes operacionais ou mesmo técnicos superiores de saúde (como é o caso dos psicólogos).

Mais recentemente, aquando da apresentação da reforma dos cuidados de saúde primários, Ana Jorge voltou a insistir que o ministério não vai cessar o contrato com nenhum dos profissionais sem haver um concurso. Numa resposta concreta sobre o caso dos mais de 20 psicólogos do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, que terminavam os seus contratos no final deste mês e que nem sequer se podiam candidatar a um novo concurso por nunca terem feito um estágio profissional que não abre quase há dez anos, a titular da pasta da Saúde disse que seria estudada uma “solução jurídica” para que neste tipo de casos seja encontrada uma equivalência ao tal estágio.
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terça-feira, janeiro 12, 2010

A recessão agravou as condições de vida dos jovens




A recessão agravou as condições de vida dos jovens
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A geração que está agora com 16-25 anos estará perdida?

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Público - 10.01.2010 - 08:03 Por Ana Cristina Pereira, com Romana Borja-Santos

Geração perdida. A expressão, amarga, integral, acaba de ser usada no Reino Unido para encaixar quem tem agora entre 16 e 25 anos. Em Portugal há indicadores.
Nelson Garrido
Os empregos de hoje não se escolhem: aceitam-se os que aparecem


Com a recessão, por ser tão difícil encontrar emprego e segurá-lo, uma geração inteira está desesperançada. Se o país não responder, toda ela se perderá, avisam os autores desse estudo encomendado pela organização não governamental Prince"s Trust. Em Portugal, não há qualquer estudo equivalente a este financiado pelo príncipe Carlos - que auscultou 2088 britânicos. Mas há indicadores. A Eurostat acaba de actualizar o fulcral: em Novembro, o desemprego nos jovens até aos 25 anos estava nos 18,8 por cento, abaixo da média da União Europeia (21,4 por cento). Nos extremos, a Holanda (7,5) e a Espanha (43,8).
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O fenómeno é bem conhecido, julga Virgínia Ferreira, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (UC): "Ao lado, em Espanha, chamam-lhes os mileuristas. Aqui, ficamos pela metade, pelos 500 euros." Falar em geração perdida, contudo, parece-lhe um exagero: "Isso é um rótulo, uma máxima usada para simplificar uma ideia complexa".
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Há cada vez menos jovens. Em 1999, segundo o Instituto Nacional de Estatística, eram 3,1 milhões - 48 por cento tinham entre 15 e 24 anos (1,5 milhões). Em 2008, eram menos 327 mil. E o grosso da contracção (295 mil) verificou-se naquela faixa etária. É a geração mais escolarizada de sempre. No ano lectivo 2007-2008, estavam inscritos no ensino superior 377 mil alunos - mais 20 por cento do que em 1995-1996. No final, as universidades mandaram para o mercado mais de 83 mil diplomados - mais 16 por cento do que no ano anterior. Apesar disto, "as gerações anteriores entraram mais facilmente no mercado de trabalho", avalia Carlos Gonçalves, que tem estudado a empregabilidade dos universitários. Agora demora mais. E quem fura, amiúde, fá-lo através de contratos a termo certo ou de recibos verdes. O exemplo típico é o do licenciado no call center.
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Havia, aponta Elísio Estanque, da Faculdade de Economia da UC, "uma empregabilidade relacionada com a aprendizagem". Os alunos tentavam seguir o gosto, a vocação. O ensino "democratizou-se, mercantilizou-se". A garantia esfumou-se. A crise agudizou o fosso. Agora, "a grande preocupação é se o curso tem ou não saída. Perversamente, têm mais dificuldades em obter melhores resultados".

A difícil transição
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Nem só os universitários vivem a calamidade. Os menos qualificados também - todos os dias, empresas a falir, fábricas a fechar portas. A transição do mundo juvenil para o mundo adulto alterou-se. Os jovens deixam-se estar em casa dos pais. Adiam compromissos - como comprar casa ou constituir família, precisa Virgínia Ferreira. Por toda a parte se vê desejar um trabalho precário. Não aquele em vez de outro: aquele porque não há outro. "À minha volta está tudo deprimido por não ter expectativas e por ter de conviver com um emprego insatisfatório", desabafa Sara Gamito, do movimento Precários Inflexíveis. "Ficam com os pés e as mãos atados e vão perdendo o alento."
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"Apesar de não nos definirmos só pelo que fazemos, o trabalho desempenha um papel fundamental na construção do eu", explica Sofia Marques da Silva, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. "E o salário é um elemento essencial para aceder a bens e organizar a transição. Sem salário, há um recuo ligado até à dignidade."
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Recusa o epíteto "perdida", mas está convencida de que "esta geração tem muita dificuldade em ter uma cultura de projecto - em imaginar o que vai fazer num tempo que ainda não existe". Fixa no presente o sentido dos dias e isso parece-lhe "perigoso": "Alguém que não imagina etapas na sua vida, às vezes, só quer usufruir rapidamente momentos, sensações". Não fala em revolta, como se viu noutros países europeus. Fala de ingresso na criminalidade, por exemplo. Elísio Estanque observa alheamento e inquieta-se com a saúde da democracia. Não só por o sistema não funcionar sem uma base de participação eleitoral. Também por ser importante haver associações para o olear. E existir "pouca disponibilidade dos jovens para participar: condiciona-os o medo".
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Não se pode homogeneizar. Há focos de protesto, inclusive através de blogues e movimentos, como lembra Cristina Andrade, da Fartos d"Estes Recibos Verdes. Mas impera "uma docilidade que é assustadora", torna Sofia Marques da Silva. "As empresas olham para estes jovens como dóceis. Aceitam tudo." Ao fazer uma etnografia numa casa de juventude de Matosinhos, ouviu um dizer: "Comem a carne e deixam-nos os ossos". O rapaz que pronunciou aquela frase não aceitava tudo. Tinha 20 anos e já fora cortador de carne, já fora estivador no Porto de Leixões e não aceitou um trabalho na construção - era mal pago, era nocturno e em tempo de chuva.
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Há estratégias de valorização - de sobrevivência mental. Às vezes, basta-lhes uma centelha. Sofia Marques da Silva viu aquele rapaz explicar, por exemplo, como carregar contentores é exigente em termos físicos. Ou uma rapariga que trabalhava numa fábrica gabar-se de saber fazer de tudo: cortar, coser, limpar.
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Factos e números sobre o problema maior de uma geração
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- Entre 1999 e 2009 foram criados 273,3 mil postos de trabalho. Mas destruíram-se 221 mil empregos ocupados por jovens.
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- Na mesma década, foram criados 117 mil postos de trabalho com contratos permanentes. Mas destruíram-se 175 mil empregos com contratos sem termo ocupados pelos jovens e 77 mil ocupados por empregados com idades entre os 25 e os 34 anos.
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- De 1999 a 2009, foram criados 205 mil postos de trabalho com contratos a prazo. Mas destruíram-se nove mil postos de trabalho a prazo ocupados por jovens. Mais de metade dos postos de trabalho criados com contratos a prazo foram ocupados por pessoas com idades entre os 25 e os 34 anos.
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- Nesses dez anos, destruíram-se 48 mil empregos com outro tipo de contratos (incluindo recibos verdes). Três em quatro desses postos de trabalho eram ocupados por jovens.

- Em 1999, cerca de 60 por cento dos jovens tinham um contrato permanente. Dez anos depois, esse grupo desceu para 46 por cento do total.

- Em 1999, cerca de 30 por cento dos jovens tinham um contrato a prazo. Dez anos depois, o seu número representava já 47 por cento do total.

- Em 1999, um em cada quatro desempregados era jovem. Em 2009, passou a ser um em cada seis.
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- Em 1999, três em cada quatro desempregados jovens tinham o ensino básico. Dez anos depois, o seu número baixou para dois em cada quatro.
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- Em 1999, os jovens desempregados licenciados representavam cinco por cento do desemprego juvenil. Dez anos depois, o seu peso era já de 12 por cento.
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- Em 1999, havia nove mil jovens licenciados inactivos (não eram empregados nem desempregados). Dez anos depois, passaram a ser 26 mil. Nesse período, subiu também o número de jovens inactivos com o ensino secundário (de 212 mil para 228 mil).
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