A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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segunda-feira, março 12, 2012

Geração à rasca: um ano depois para onde foi a indignação?


"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet
"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet (Foto: Paulo Pimenta)

Um ano depois da grande manifestação

11.03.2012 - 22:40 Por Natália Faria



Nesta segunda-feira faz um ano que milhares de portugueses saíram à rua. E depois? Para onde foi a indignação? Uma historiadora, um sociólogo, um psicanalista e um activista arriscam respostas


Há um ano, o país levou uma bofetada. Milhares de pessoas (cerca de 300 mil, segundo a polícia; mais de 500 mil, diz a organização) saíram à rua para protestar contra a precariedade que lhes foi imposta. O apelo à mobilização correu célere no Facebook, com alguns jovens até então anónimos a conseguirem aquilo que nenhum sindicato e nenhum partido haviam conseguido. Um ano depois, para onde foi tanta indignação? "Está paralisada pelo medo e pela estupefacção", responde Joaquin Estefanía, ex-director do diário espanhol El País, para quem o medo foi transformado numa arma de controlo social (ver entrevista na página ao lado). 


Dizendo-se "atónita com tanta passividade" portuguesa, a historiadora Irene Flunsel Pimentel concorda que as pessoas estão "amedrontadas, aterrorizadas e desorientadas, sobretudo porque não vêem nenhuma luz ao fundo do túnel". "As que ainda têm emprego têm medo de o perder mas também não sabem muito bem o que fazer", explica, para, no jogo das diferenças com as reacções à crise nos outros países, atirar culpas à herança deixada por Salazar. "A Espanha e a Grécia tiveram tremendas guerras civis, com milhares de mortos, e isso acaba por se inscrever no código genético das populações. Nós tivemos um ditador que viveu sempre com o apoio de uma parte da população, não se pode dizer que subsistiu apenas através da repressão. Não havia liberdade, mas havia aquela pessoa que zelava pela nossa segurança, que não nos deixava cair na miséria total e que nos habituou a pensar que os outros é que mandam em nós". 



O psicanalista Coimbra de Matos também alude à sensação de que nada se pode contra o que está a acontecer para explicar o que tem mantido a indignação portuguesa no reduto doméstico. "Somos um povo passivo, sem aquilo a que os ingleses chamam empowerment, de pessoas habituadas a não ter poder nas suas mãos, e suponho que isso deva algo à ditadura. Esta, sendo relativamente suave - não era como em Espanha, que matava muito mais -, apelava à capacidade de conformação dos portugueses e usava métodos que não suscitavam uma reacção tão maciça e tão discordante". Temos assim todo um país mergulhado numa "depressão patológica, que ?? uma reacção à perda e a um sentimento de injustiça, mas que, no caso português, não comporta a revolta e até acredita que a culpa é um bocado nossa, porque vivemos acima das nossas posses". 



Numa leitura diferente, o sociólogo e político Augusto Santos Silva sustenta que a indignação se domesticou porque perdeu o alvo directo. "A actuação política em Portugal tornou-se exógena. Com a celebração do pacote de ajuda financeira, a capacidade de actuação autónoma do Governo diminuiu radicalmente aos olhos da opinião pública; logo, as acções reivindicativas deixaram de ter tantas condições de atingir os seus objectivos". 



Inquestionável é que se a revolta que há um ano saiu à rua não assumiu entretanto contornos de violência, não é porque as perspectivas tenham melhorado. Ao contrário. O desemprego galgou entretanto até aos 14%: 770 mil pessoas sem trabalho. Se olharmos só para os sub-25, são 30,7% os desempregados. É a terceira maior taxa da UE. O resto é o que se sabe. A perpetuação dos contratos a prazo a assumir letra de lei, os estágios sem remuneração, a instabilidade dos recibos verdes a adiar o futuro. Mas os jovens não estão mais à rasca que os outros. A manifestação de há um ano, porque mobilizadora de todas as idades, mostrou-o. Havia pensionistas de pensões congeladas, logo sem dinheiro para a conta dos medicamentos. Havia famílias sobretaxadas, nomeadamente pelo medo de deixarem de conseguir pagar a casa. Sublinhem-se, a propósito, as 670.637 famílias que chegaram ao fim de 2011 a não conseguir pagar os empréstimos aos bancos. 



Para Irene Pimentel, a heterogeneidade dos manifestantes foi a força mas também a fraqueza daquela manifestação e uma das razões para que, a seguir, nada de extraordinário tenha acontecido. "Aquilo englobou desde a extrema-esquerda, à extrema-direita. Até neonazis. E criou-se em torno dessa manifestação um unanimismo que englobava todas as opções políticas contra um fenómeno muito complicado que era a precariedade. Mas aquilo vivia de uma falsa solidariedade e de um falso corporativismo, porque muitas pessoas estavam lá para derrubar o Governo". O sociólogo e ex-ministro do anterior executivo Augusto Santos Silva também sustenta que foi o contexto político que ditou que o protesto tivesse há um ano uma expressão que não viria a repetir-se. "Naquela manifestação confluíram os interesses do BE, do PCP e do PSD, que criaram uma lógica de tenaz para derrubar o Governo socialista, liderado por um ministro muito enérgico, José Sócrates, que concentrava em si todo o amor e todo ódio político possível. Hoje, Portugal vive uma situação de tutela e isso levou a uma mudança do horizonte de expectativas, isto é, as pessoas assimilaram a ideia de que as perdas que sentem decorrem de uma imposição externa mais do que de uma posição autónoma do Governo de Passos Coelho, e, portanto, sentem que as condições de obtenção dos objectivos diminuíram radicalmente a partir do momento em que a troika passou a regular o funcionamento do país". 



A tensão existe. Rebenta? "A explosão da revolta social pode acontecer, mas tem vindo a ser contrariada pela actuação muito prudente do PCP e da CGTP, que entretanto recuperaram a liderança do protesto", contextualiza Santos Silva, para recordar que, "ao longo da História, os movimentos mais propícios às revoluções nunca foram os momentos de máxima privação mas aqueles em que a exequibilidade de mudança se tornou mais real". Ora, João Labrincha, um dos desempregados que apareciam a assinar o manifesto que apelou à manif de 12 de Março, acredita que a mudança já começou. "As dinâmicas sociais criadas neste momento em Portugal mostram que as pessoas estão a fazer acontecer como nunca antes na nossa democracia. Há movimentos a aparecer um pouco por todo o lado, estão é a fazer um trabalho de formiguinha que não é visível porque tem muita dificuldade em disputar o espaço mediático com os partidos políticos", defende, para reforçar: "Quando aconteceram o Maio de 1968 e a contestação à guerra do Vietname, era muito difícil na altura perceber o que é que aquilo ia mudar. Só muito mais tarde se teve noção das enormes mudanças que aqueles movimentos geraram". Para Labrincha, "o sistema baseado no petróleo e na ganância vai ruir, como já está a ruir, e, ao mesmo tempo, vai aparecer um novo paradigma, como já está a aparecer, sem que seja preciso um crash". De resto, "é visível que as pessoas se estão a desidentificar com as estruturas tradicionais do Estado e a procurar caminhos alternativos". E essa foi, diz, "a grande conquista da manifestação de há um ano".


"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet
Milhares saíram à rua em diversas cidades, como no PortoFoto: Paulo Pimenta
"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet
Cartazes do protesto foram espalhados por todo o ladoFoto: Nélson Garrido
"Manif" foi um protesto contra a classe política mobilizado com a ajuda da Internet
A rua encheu-se de gente indignada. A pergunta é: o que lhes aconteceu?Foto: Daniel Rocha

domingo, maio 01, 2011

21,3% dos jovens sem emprego


Lisboa
Tiago Sousa Dias
ex-secretário de Estado das Comunidades e deputado do PSD, José Cesário, afirma que a dimensão da nova emigração portuguesa atingiu níveis “impressionantes”
Crise

21,3% dos jovens sem emprego

Um em cada cinco atingido por flagelo social.
  • 30 Abril 2011
  • Nº de votos (3)
Por:Raquel Oliveira


O desemprego é a consequência mais dramática da crise económica. Em Portugal os números oficiais apontam para 11,1% em Março, contra 10,7% em igual período do ano anterior, segundo dados revelados ontem pelo gabinete europeu de estatísticas, o Eurostat. E a geração mais ‘à rasca’ é a dos jovens à procura de emprego, onde a taxa de desemprego sobe para 21,3%. Ou seja, mais de um em cada cinco não consegue encontrar trabalho. 
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O flagelo atinge quase toda a Europa. As últimas contas ao desemprego na União Europeia revelam um universo de mais de 22,8 milhões de cidadãos sem trabalho, correspondente a uma taxa de 9,5%. 
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A taxa de desemprego nacional representa cerca de 650 mil de-sempregados, 294 mil dos quais encontram-se ainda a receber o subsídio. Ou seja, a maioria dos desempregados não recebe apoio estatal. 
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O secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, Valter Lemos, classificou ontem como positiva a estabilização da taxa de desemprego nos 11,1 por cento no primeiro trimestre deste ano, realçando a recuperação de alguns sectores económicos. 
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Valter Lemos realçou que há sectores que estão "a recuperar muito bem, nomeadamente o da exportação, como o calçado e o têxtil, duas áreas de grande volume de emprego", mas admitiu que outros, como o da construção civil, "continuam em crise grave". 
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Espanha apresenta a taxa de desemprego mais elevada entre os 27 países da União Europeia, com 20,7 por cento, o que representa perto de cinco milhões de desempregados. O Instituto Espanhol de Estatística também divulgou ontem dados sobre o desemprego, tendo revelado que existem já 1,3 milhões de lares em que todos os membros estão sem trabalho. 
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Também entre os jovens as estatísticas revelam que a taxa se situa acima dos 44 por cento, colocando Espanha no primeiro lugar da ‘lista negra’ do desemprego juvenil.
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Na União Europeia a taxa de desemprego manteve-se estável relativamente a Fevereiro, situando-se nos 9,5%. A Holanda (4,2 por cento), Áustria (4,3 por cento) e Luxemburgo (4,5 por cento) registam as taxas mais baixas. 
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EMIGRAÇÃO SURGE COMO ALTERNATIVA
O ex-secretário de Estado das Comunidades e deputado do PSD, José Cesário, afirmou ontem que a dimensão da nova emigração portuguesa atingiu níveis"impressionantes",principalmente na Europa e em África. "Esse fluxo é mais evidente de alguns anos a esta parte, em 4-5 anos agudizou-se bastante", sublinha José Cesário, recordando que fora da Europa destaca-se o caso de Angola como destino de emigração.

terça-feira, dezembro 21, 2010

Socorro Gomes: Políticas imperialistas prejudicam jovens do mundo

Movimentos

Vermelho - 19 de Dezembro de 2010 - 18h43

Os jovens do mundo são vítimas das políticas imperialistas dos Estados Unidos e das potências europeias, declarou neste domingo (19) a presidente do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, condenando severamente o sistema que ameaça a paz mundial e a sobrevivência da humanidade.

Festival da Juventude na Africa do Sul Jovens de todo o mundo se reúnem na África do Sul
Socorro participa em Pretória, África do Sul, do 17º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, promovido pela Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), à frente da delegação do CMP.

“Há fome, desemprego, saque dos recursos naturais e intervenções bélicas em muitos países”, disse a dirigente brasileira. O evento, que terminará na próxima terça-feira (21) reúne desde 13 de dezembro 15 mil delegados de mais de 140 países, sob o lema “Por um Mundo de Paz, Solidariedade e Transformações Sociais, Derrotemos o Imperialismo”.

Entrevistada pela agência Prensa Latina e outros órgãos da imprensa cubana, Socorro Gomes ressaltou que o imperialismo representa uma ameaçao a todas as pessoas, sem distinção de idade, sexo ou raça.

“Basta dizer", agregou, "que os Estados Unidos têm mais de 800 bases militares no mundo, suas forças da marinha de guerra navegam em todos os mares e oceanos e são amplos e numerosos também seus meios aéreos de agressão.”

A dirigente do CMP denunciou que o imperialismo norte-americano domina o terreno, as águas e o espaço aéreo. Ela enfatizou os crimes cometidos pelos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão e o apoio da Casa Branca a Israel contra o povo palestino.

Diante de tal situação, a dirigente brasileira do movimento pela paz disse que a juventude tem plena razão de se indignar e constata com satisfação que a juventude está consciente. Por isso, diz, “este encontro universal é muito importante para ampliar os espaços de luta pela paz mundial”.

A presidente CMP defendeu ainda a destruição das máquinas de guerra do imperialismo e pregou a extinção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), braço armado do imperialismo estadunidense e das potências imperialistas europeias.

Socorro Gomes destacou que é necessário lutar por um outro sistema, de paz, justiça e soberania, pois sem elas não é possível assegurar a felicidade da humanidade.

Acompanhe os principais trechos da intervenção de Socorro Gomes, presidente do CMP,  no Tribunal Anti-imperialista do 17º Festival Mundial da Juventuide e dos estudantes da FMJD

Libelo acusatório

Em todo o mundo erguem-se vozes de protesto contra a política belicista do imperialismo norte-americano e eleva-se o clamor pela paz e a soberania dos povos. A primeira década do século 21 foi marcada por brutais agressões aos povos.

Por outro lado, cresceu a luta anti-imperialista. Tribunais como este foram realizados em Portugal, França, Turquia, Venezuela, Brasil, Espanha,Bélgica, Dinamarca, Itália, Japão, Reino Unido, Índia, Estados Unidos, Coreia do Sul, Suecia, Tunísia e Alemanha,entre ouros países. Em todos, os imperialistas estadunidenses foram condenados moralmente por crimes de guerra, por violações dos direitos humanos, por atentados à liberdade, à democracia, à soberania nacional, aos direitos dos povos, à segurança internacional.

Desde a África do Sul, nos marcos do 17º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes também acusamos e condenamos esse imperialismo por crimes contra a humanidade.

Em nome dos que constituem o amplo movimento pela paz organizados no âmbito do Conselho Mundial da Paz, acusamos o imperialismo norte-americano e propomos a sua condenação:

Primeiro - Por ter sido o primeiro e único país a explodir a bomba atômica contra populações indefesas, em agosto de 1945. Do ato bárbaro resultou a morte, em Hiroxima, de 140 mil pessoas, e, em Nagasaqui, de 80 mil. O número de mortos cresce consideravelmente quando se contabilizam as mortes e mutilações congênitas posteriores, devidas à exposição à radiação. Até a atualidade, nenhum episódio ocorreu que fosse comparável a tanto terror.

Segundo – Pela guerra de agressão e genocídio no Vietnã, entre as décadas de 1960 e 1970. Os EUA despejaram sobre o Vietnã milhões de toneladas de napalm e chegaram a manter na região 550 mil soldados. Na guerra, aproximadamente três a quatro milhões de vietnamitas, laosianos e cambojanos morreram.. Ao longo de dez anos, entre 1961 e 1971, o exército dos EUA despejou cerca de 80 milhões de litros de herbicidas sobre as selvas e plantações do Vietnã. Entre eles, o mais utilizado devido à sua terrível eficácia foi o conhecido como "agente laranja". Ao todo, 24 mil quilômetros quadrados foram borrifados com o veneno, o que deixou uma cicatriz que ainda pode ser vista nos corpos de muitos vietnamitas, três gerações depois. Milhares de crianças nasceram com problemas de pais que não foram expostos ao herbicida durante a guerra, mas que podem ter consumido alimentos contaminados.

Terceiro - Pelas inúmeras intervenções militares, golpes de Estado, massacre de populações, magnicídios praticados ao redor do mundo ao longo de todo o século 20, sobretudo na América Latina, desde a ocupação de Cuba e Porto Rico, em 1898, até os nossos dias.

Quarto – Pela destruição da Iugoslávia e o massacre de suas populações, sobretudo nas guerras da Bósnia e do Kossovo, na década de 1990. Esta acusação e a condenação por este crime se estende às potências europeias que se acumpliciaram com os Estados Unidos e agrediram o país do sudeste europeu com as tropas da Otan. Em 1995 a Otan bombardeou os arredores de Saraievo e em 1999 atacou a Sérvia, na guerra do Kossovo.

Durante 78 dias a Otan realizou bombardeios sobre o solo sérvio, assassinando mais de 3 mil e 500 civis e ferindo mais de 10 mil. Usou armas de altíssima letalidade como as bombas de fragmentação e projéteis com urânio empobrecido, cujos efeitos, mais de dez anos depois, ainda se fazem sentir e se farão sentir por muito tempo.Tais crimes não podem ficar impunes!

Quinto – Acusamos o imperialismo norte-americano pelo crime de genocídio contra o Afeganistão e o Iraque, este último em duas guerras e, no intervalo entre uma e outra o bloqueio.

Em 17 de janeiro de 1991 começou a intervenção militar no Iraque por uma coalizão de países mobilizada pelos Estados Unidos. A guerra propriamente dita durou 42 dias, terminando em 28 de fevereiro, com o estabelecimento do cessar-fogo. Mas, a guerra de 1991 contra o Iraque nunca terminou. Os Estados Unidos acordaram um cessar-fogo em 28 de fevereiro de 1991, acordo que não significou o advento da paz. A guerra foi transformada num longo bloqueio, com bombardeios intermitentes durante 11 anos. As forças militares dos Estados Unidos impuseram o mais duro bloqueio econômico contra um país na história humana. O sítio ao Iraque acarretou a morte de milhões de civis inocentes – principalmente crianças e idosos. Foi a partir da primeira guerra contra o Iraque que o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, pai, proclamou a fundação da chamada nova ordem mundial.

Em 20 de março de 2003, através de bombardeios fulminantes e da invasão de 180 mil soldados, os Estados Unidos iniciaram a segunda guerra contra o Iraque. Ao longo desses quase oito anos o país árabe foi ocupado e devastado.

Dois anos antes, no dia 7 de outubro de 2001, sob o pretexto de caçar o suposto mandante dos atentados contra as torres gêmeas em Nova Iorque, os Estados Unidos iniciaram a guerra de ocupação no Afeganistão, que se estende até hoje. Quase uma década!

A invasão e a ocupação do Iraque e do Afeganistão foram e são ilegais. As razões invocadas pelo governo dos EUA são comprovadamente falsas. Um grande número de provas leva à conclusão de que o principal motivo para a guerra foi obter controle e domínio sobre o Oriente Médio e a Ásia Central e suas vastas reservas de petróleo e gás, como parte do esforço organizado dos EUA para exercer o domínio do mundo.

Os Estados Unidos e seus aliados devem ser condenados por terem planejado, preparado e executado o crime supremo de uma guerra de agressão, violando a Carta das Nações Unidas.

São culpados também pelo uso de bombas de fragmentação, bombas incendiárias, urânio empobrecido e armas químicas.

As tropas de ocupação praticaram torturas contra prisioneiros nos cárceres de Abu Ghraib, Mossul, Camp Bucca e Baçorá.

São culpados também por terem permitido o saque de museus e sítios arqueológicos, contribuindo para a destruição de importante patrimônio cultural da humanidade.

Os Estados Unidos e seus aliados cometeram nas guerras do Iraque e do Afeganistão crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Violaram o direito internacional, destacadamente os seguintes documentos:


- Convenção de Haia IV, respeitante às Leis e Costumes de Guerra em Terra (1907)
- Protocolo para a Proibição do uso em Guerra de Gás Asfixiante, Venenoso ou outros, e de Métodos Bacteriológicos (1925)
- Tratado Geral ('Pacto de Paris') para a Renúncia à Guerra como Instrumento de Política Nacional (1928)
- Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
- Convenções de Genebra (I-IV) sobre Direito Internacional Humanitário (1949)
- Princípios de Nuremberg reconhecidos na Carta do Tribunal e no Julgamento de Nuremberg (1950)
- Convenção Europeia sobre Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais (1950)
- Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (1948)
- Convenção sobre Direitos Políticos das Mulheres (1953)
- Código de Conduta para as Forças Armadas dos EUA (1963)
- Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial (1965)
- Convênio Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966)
- Convênio Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966)
- Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969)
- Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Armazenamento de Armas Biológicas e Tóxicas (1972)
- Declaração Universal dos Direitos dos Povos (1976)
- Princípios de Cooperação na Detecção, Prisão, Extradição e Punição de Culpados de Crimes de Guerra ou Crimes contra a Humanidade (1973)
- Protocolo Adicional (I-II) às Convenções de Genebra de 1949 (1977)
- Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979)
- Carta Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos (1981)
- Convenção contra a Tortura e outro Tratamento ou Punição Cruel, Desumano ou Degradante (1984)
- Convenção Internacional contra o Recrutamento, Uso, Financiamento e Treino de Mercenários (1989)
- Convenção sobre os Direitos da Criança (1989)
- Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenamento e Uso de Armas Químicas (1992)
- Declaração para a Proteção de Vítimas de Guerra (1993)
- Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (1998)

Sexto – Acusamos, inculpamos e condenamos o imperialismo norte-americano pelo criminoso bloqueio a Cuba, ao longo de cinco décadas, que provoca prejuízos econômicos ao país,que é obrigado a enfrentar com enormes sacrifícios a tarefa de assegurar o bem-estar de seu povo. Igualmente o condenamos por manter encarcerados há mais de 10 anos os cinco patriotas que abnegadamente lutaram contra o terrorismo e se empenharam na defesa do seu país contra os grupos subversivos que atuam no território dos Estados Unidos.

Sétimo - Condenamos o imperialismo estadunidense também por ser partícipe direto do genocídio do povo palestino e violação dos direitos dos demais povos árabes, pelo invariável apoio econômico e militar que brinda aos sionistas israelenses. Os Estados Unidos e Israel são cúmplices nos massacres que foram perpetrados contra o povo palestino durante mais de seis décadas.

Igualmente, o imperialismo norte-americano merece ser condenado por tumultuar a vida internacional e comprometer a segurança dos povos e nações, ao fazer ameaças de agressão contra a Coréia do Norte e o Irã.

Oitavo – O imperialismo e os seus aliados são culpados de ameaçar a paz mundial por erguer e alimentar uma colossal máquina de guerra, com a Otan, as armas nucleares, as frotas marítimas de guerra, as mais de 800 bases militares e os colossais gastos voltados para a devastação.


Nono- Condenamos o imperialismo estadunidense por seu afã de saquear as riquezas dos povos e nações e sua ambição de dominar o mundo. A prova disso é que o fazem, apesar dos falsos pretextos que alegam, com base em teorias e doutrinas elaboradas no Pentágono, no Departamento de Estado e na Casa Branca.O ponto de partida fundamental dessas doutrinas é o conceito da primazia dos interesses do imperialismo norte-americano. Não se trata dos interesses do povo estadunidense, mas dos interesses dos monopólios capitalistas que se desdobram em interesses políticos e militares, além dos econômicos. Orientadas para o saque das riquezas dos povos e para a conquista do domínio do mundo, essas doutrinas têm como fulcro assegurar a primazia militar do imperialismo norte-americano, através da construção de um superpoder bélico, que inclui a garantia de sua superioridade no terreno convencional e no nuclear.

 
Com informações da agência Prensa Latina e do Cebrapaz, direto de Pretória, África do Sul
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sábado, novembro 20, 2010

Esta espécie de conformação social que nos move... - Elísio Estanque

por Ana Albuquerque a Sábado, 20 de Novembro de 2010 às 1:05

Se os jovens que saem das universidades continuarem a defrontar-se com a precariedade laboral, marcada pelos contratos a termo e pelos recibos verdes, o mais certo é que protestos como a recente invasão do call center do BES, em Lisboa, se propaguem e radicalizem. Quem avisa é o sociólogo Elísio Estanque - co-autor da investigação Do activismo à indiferença - Movimentos estudantis em Coimbra - a propósito da manifestação dos estudantes universitários portugueses que protestam hoje, em Lisboa, contra as alterações nos critérios de atribuição das bolsas de estudo. Os universitários alegam que, por causa dos cortes, milhares de estudantes vão ser forçados a abandonar a universidade. O sociólogo lembra a propósito que as questões financeiras foram o gatilho para a onda de protestos dos anos 1990 e sustenta que podemos estar na antecâmara de um novo ciclo de insurreição da juventude. Apesar disso, não antevê que se repitam em Portugal rebeliões de massa ou sequer a violência que, noutros países europeus, colocou os jovens na dianteira dos protestos contra as medidas de austeridade dos governos. 

Por que é que, em Portugal, os protestos dos estudantes são tão ordeiros, sem a violência que vimos ainda há dias em Inglaterra, França e Grécia?

 Uma das explicações tem que ver com o crescimento muito acelerado do sistema de ensino em Portugal, que levou a que, num período curto, tivessem entrado na universidade jovens oriundos das classes trabalhadoras e das classes média e média baixa. Um estudo que fizemos há pouco tempo em Coimbra mostrou que à volta de 30 por cento dos jovens universitários eram filhos da classe trabalhadora. Os constrangimentos económicos e também culturais das famílias de onde os jovens são oriundos levantam barreiras à compreensão do que se passa no mundo, porque, quanto maior a escassez de recursos, maior é a pressão familiar para que os estudantes aproveitem o tempo em que estão deslocados e, portanto, a pagar rendas e a contribuir para aumentar as despesas do orçamento familiar. Isso, associado a um panorama mais geral de um certo desinteresse das camadas mais jovens pelas questões públicas, contribui para reduzir os níveis de participação pública da nossa juventude.

Haverá também algum fenómeno de contaminação? Esta espécie de conformação social não é exclusiva dos jovens.

Não é exclusiva dos jovens mas, se pensarmos nas grandes viragens políticas do mundo ocidental a partir dos anos 60, foi a juventude que apareceu em pleno como grande protagonista, uma espécie de super sujeito quase a querer substituir o velho operariado enquanto protagonista das viragens político-culturais. Aí, a juventude afirmou-se como uma espécie de vanguarda capaz de tomar a dianteira e de impor uma vontade colectiva no sentido de obrigar à abertura das instituições e de promover o aprofundamento da democracia. Os movimentos dos anos 60 e do Maio de 68 em França simbolizam essa pressão enorme por parte da juventude e foram a apoteose para a afirmação de um novo actor colectivo: a juventude escolarizada.

Em França continua a ser a juventude a liderar os protestos, mesmo quando o que está em causa são medidas como o adiamento da idade da reforma, que não os toca de forma imediata.Em França, onde há quatro ou cinco anos houve aquele ciclo de violência urbana com jovens dos bairros periféricos e das minorias étnicas, os protestos também decorrem do contexto cultural e das tensões de índole racial e étnica que são delicadas de gerir. O povo português tende a ser mais passivo e a estar sob influência de uma certa cultura de resignação e de aceitação das dificuldades. Isso é algo que é ancestral e que foi inculcado através dos séculos por acção de uma lógica muito patriarcal, tutelar e paternalista, em que a própria Igreja Católica teve alguma influência, já para não falar do Estado Novo, que levou esta situação até ao extremo. Portanto, o facto de os jovens portugueses habitualmente não se rebelarem de forma tão intensa e tão radical, como acontece noutros países mais desenvolvidos, terá porventura que ver com a dimensão da escolarização no nível superior que, em França, é muito maior, começou muito mais cedo e, portanto, a familiarização da juventude com as questões científicas, culturais e políticas está muito mais consolidada. Em Portugal, apenas 11 a 12 por cento da população em idade activa tem formação superior, e, mesmo nas faixas etárias abaixo dos 34 anos, os nossos valores de presença de jovens na universidade são ainda dos mais baixos da Europa. Por outro lado, ao contrário do que aconteceu com a geração rebelde nos anos 60, os apelos do consumo, das actividades lúdicas e das ocupações do tempo livre são muito mais despolitizados, muito mais fora de uma certa cultura de irreverência que existia na época em que a universidade era bem mais elitista do que hoje.

As ferramentas que, como o Facebook, estão largamente disseminadas não ajudam a mobilizar os jovens para as causas?

As redes sociais e a Internet não podem de maneira nenhuma ser ignoradas porque têm e vão continuar a ter um papel decisivo na construção de redes de insurreição da juventude. A questão é que os jovens continuam numa fase de grande desinteresse e cepticismo relativamente à vida pública e à vida política. Agora, isso não quer dizer que os jovens fiquem indiferentes quando se sentem directamente atingidos. Viu-se, por exemplo, que a última onda de contestação nas universidades portuguesas deu-se nos anos 90, quando foram introduzidas as propinas. Portanto, quando a questão económica se torna mais patente, os jovens acabam por participar mais. As manifestações de hoje também têm que ver com as alterações nos critérios de atribuição das bolsas de estudo, portanto, mais uma vez são as questões económicas, só que agora num enquadramento de crise e num momento em que a própria indiferença e o próprio individualismo e o próprio consumismo atingiram um ponto de exaustão. Daqui para a frente não se pode ir mais fundo e, como a sociedade funciona por ciclos e os movimentos sociais também funcionam por ciclos, acredito que poderemos assistir nos próximos anos a um revigoramento das formas de participação juvenil em diversas dimensões da vida pública.

Estamos à beira de um momento de viragem?

As viragens na época que estamos a viver nunca são repentinas. Penso é que poderá haver vários momentos, várias situações que até podem ser passageiras e que não serão certamente linearmente cumulativas, no sentido de se esperar que venha a haver uma grande rebelião de massas, como nos anos 60. Hoje tudo se dilui muito rapidamente, e os protestos tendem a ser muito mais momentâneos. Há dias, aqueles jovens dos precários [Precários Inflexíveis] invadiram simbolicamente o call center do BES, em Lisboa, e eu acredito que iniciativas deste tipo vão começar a propagar-se e a ter um impacto maior, porque os jovens começam a ficar desesperados e, se não virem uma luz ao fundo do túnel, vão começar a insurgir-se. Os que entraram no mercado de trabalho na última década estão, na sua larga maioria, em situação precária, com contratos a termo certo, em regime de recibos verdes, numa relação muito pontual com o mercado de emprego, o que revela uma situação de autoritarismo, por um lado, e de grande dependência por parte de quem necessita de um emprego, seja ele qual for, e que tem que estar disponível para tudo, até para aceitar estágios e trabalhos praticamente a custo zero, na esperança de que isso venha a entreabrir uma porta para o emprego. Se este panorama geral não for invertido, acredito que situações como a invasão do call center do BES vão propagar-se.

Acredita que esse extravasar de raiva possa acontecer mesmo num país em que uma greve geral se convoca com um mês e meio de antecedência?

Somos ordeiros e - a não ser em períodos extraordinários como o 25 de Abril e, antes disso, a 1.ª República - pouco dados a revoltas espontâneas radicais, mas não acho que seja de excluir que elas possam acontecer. Não sabemos ainda o que é que poderá seguir-se em termos do efeito que esta greve geral pode ter. A agitação e a instabilidade ainda não se propagaram muito para o campo social e, não querendo ser alarmista, há um certo recalcamento do descontentamento social que tem que se manifestar de alguma maneira. Sobre isto queria lembrar que estas manifestações de descontentamento mais ou menos programadas a prazo, se vierem a ter uma boa adesão, o natural é que inibam outro tipo de reacções mais violentas e mais radicais. Habitualmente, alguns comentadores exageram nos juízos que fazem relativamente a iniciativas deste tipo e acusam os sindicatos de todas as coisas maléficas. Enquanto sociólogo, quero sublinhar que as sociedades, sistemas onde a ordem e o caos convivem permanentemente, têm necessidade de se fazer ouvir. Quando os partidos, os governos, os parlamentos não cumprem aquilo que deveriam cumprir em termos do mandato que recebem dos cidadãos, é natural que o descontentamento venha ao de cima e, numa sociedade democrática, esse descontentamento tem todo o direito de se fazer ouvir.

(Elísio Estanque - Sociólogo e Professor de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra)
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Juventude e Contestação !


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sexta-feira, agosto 13, 2010

Desemprego é o futuro mais provável dos jovens sob o capitalismo

Economia

Vermelho - 12 de Agosto de 2010 - 19h44

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou nesta quinta (12) um relatório preocupante acerca do avanço do desemprego entre os jovens no mundo. A taxa de desocupados na faixa etária compreendida entre 15 a 24 aos subiu 7% desde o início da crise global, em dezembro de 2007, atingindo 21% nos países com dados disponíveis.

O número de desempregados foi estimado em 81 milhões de pessoas no final de 2009 (o mais alto da história), enquanto a população de jovens economicamente ativos soma 620 milhões, segundo a organização no documento intitulado Crise de trabalho para jovens. A juventude responde por 22% do aumento do desemprego. O estudo traz uma revelação surpreendente: 25% dos jovens empregados vivem abaixo da linha da pobreza.

"Um em cada três jovens entre 15 e 24 anos procura trabalho sem sucesso, abandonou a busca totalmente ou está empregado mas vive com menos de US$ 2 por dia", disse José María Salazar, diretor da divisão de Emprego da OIT, durante a apresentação do relatório.

Os indicadores devem ser interpretados como uma denúncia contundente da barbárie social do capitalismo, que a crise apenas acirra e realça. A falta de perspectiva para os jovens não constitui propriamente uma novidade. É o resultado lógico do desenvolvimento do capitalismo, assim como a tendência ao retrocesso social e ao aumento do desemprego.

Geração perdida

A taxa de desemprego em longo prazo entre jovens já começou a crescer em quase todos os países, principalmente na Espanha e nos Estados Unidos. O motivo é a contínua piora do mercado de trabalho.

O impacto desse cenário, de acordo com a agência, pode ser longo e devastador. Aqueles sem educação geral, vocacional e sem experiência são os mais vulneráveis. Outro problema é que muitos jovens empregados são super qualificados para as vagas. A Organização Internacional do Trabalho cita a sensação de desânimo e precariedade entre essas pessoas.

"Os jovens já não sabem onde ou como procurar emprego", constatou Steven Kapsos, economista da Unidade de Tendências de Emprego da OIT em Genebra, onde foi apresentado o relatório sobre Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2010, com o lançamento do Ano Internacional da Juventude das Nações Unidas.

Entre os jovens, são as mulheres que encontram mais dificuldades na hora de procurar emprego; em 2009, a taxa de desemprego entre elas foi de 13,2%, enquanto entre os homens foi de 12,9%, fenômeno que reflete a persistência de uma odiosa discriminação nas empresas capitalistas.

O cenário desanimador faz com que já se fale em "geração perdida", nome dado a um "grupo de jovens desanimado que, após uma longa e frustrada busca de emprego, se exclui do mundo do trabalho", explicou Sara Elder, economista da OIT.

Mais vulneráveis

O avanço do desemprego e os riscos sociais ligados a inatividade prolongada, como o recrutamento de jovens pelo narcotráfico, são consequências da crise mundial do capitalismo, que tem forte impacto nas economias desenvolvidas e em algumas emergentes.

Segundo o estudo, a juventude é mais vulnerável ao desemprego e à pobreza nas economias em desenvolvimento, onde vivem 90% dos jovens afetados. Por isso, a crise se traduz em menor quantidade de horas trabalhadas e na redução de salários para os poucos que podem manter um emprego formal.

A OIT registra aumento de 13,2%, para 1,023 bilhão de pessoas, da população juvenil entre 1995 e 2005, período no qual a disponibilidade de empregos para os jovens subiu apenas 3,8%, para 548 milhões vagas.

Por esse motivo, as chances que os jovens têm hoje de estarem desempregados são três vezes maiores que as dos adultos, já que o desemprego desses últimos era de 4,6% em 2005, contra a taxa de 13,5% referente aos menores de 25 anos.

Dessa forma, 44% de todos os desempregados no mundo têm menos de 25 anos, embora estes representem apenas 25% da população mundial, segundo a OIT.

Problema maior para os pobres


O Oriente Médio e o norte da África registram a taxa de desemprego juvenil mais elevada, de 25,7%. Logo atrás aparecem a Europa Central, o Leste Europeu e Comunidade dos Estados Independentes (CEI), com um taxa de 19,9%.

Na África Subsaariana, a taxa é de 18,1%; na América Latina e no Caribe, de 16,6%; no Sudeste Asiático e no Pacífico, de 15,8%; na Ásia Meridional, de 10%; e no Leste da Ásia, de 7,8%.

A região formada pelas economias industrializadas e pela União Européia (UE) é a única onde uma queda considerável do desemprego juvenil na última decáda foi registrada, de 17,5% para 13,1%, informou a OIT.

No entanto, a queda "se deve mais à falta de interesse dos jovens por entrar no mundo do trabalho antes dos 25 anos que à aplicação de estratégias bem-sucedidas para reduzir o desemprego juvenil", explicou Salazar.

Já a brecha entre homens e mulheres jovens em sua participação no mundo trabalhista é maior nos países em desenvolvimento, devido às "tradições culturais, à falta de oportunidades para que as mulheres possam trabalhar e realizar as tarefas domésticas e à tendência de elas serem demitidas antes dos homens".

300 milhões abaixo do nível de pobreza

"No entanto, o desemprego não é o principal problema de âmbito trabalhista que os jovens do mundo enfrentam, já que cerca de 300 milhões de trabalhadores de entre 15 e 24 anos vivem abaixo do nível de pobreza", afirmou.

Esse número representa cerca de 56,3% dos jovens empregados no mundo todo (25% de toda a população juvenil), os quais, além disso, costumam enfrentar "longas jornadas, contratos temporários ou informais, salários baixos, poucos benefícios sociais, quando estes existem, capacitação mínima e falta de voz no trabalho", acrescenta o relatório.

Outro aspecto que preocupa os responsáveis da OIT é que cada vez mais jovens não estudam nem trabalham, situação de 34% dos jovens da Europa Central e do Leste Europeu, de 27% dos da África Subsaariana, de 21% dos da América Latina e de 13% dos das economias industrializadas e EUA.

"Os jovens dos países em desenvolvimento se empregam em atividades pouco ou nada remuneradas e se tornam cada vez mais vulneráveis", destacou Elder. Em consequência, 152 milhões de jovens - quase 28% de todos os jovens trabalhadores no mundo - trabalharam em 2008, mas permaneceram na pobreza extrema, ganhando menos de US$ 1,25 por dia.

A União Europeia (UE) registrou um aumento de 4,6% no desemprego de jovens em 2009, a maior alta da história, ainda mais acentuada em países como Espanha e Reino Unido, onde a crise afetou de forma especial aos jovens. "Os jovens são o motor do desenvolvimento econômico. Não aproveitar este potencial é um desperdício econômico que pode prejudicar a estabilidade social", concluiu Kapsos.

Da redação, Umberto Martins, com agências
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  • COLAPSO DA CRIAÇÃO DE VALOR

    13/08/2010 11h38
    A análise que Marx faz no O Capital responde a questão do desemprego de forma impressionante: não tem solução capitalista. E isto por uma observação que deveria ser óbvia, se não fosse as ilusões fetichistas decorrentes do processo de produção. É que o avanço tecnológico produz inarredavelmente mais capital invertido em meios de produção, como a maquinaria (trabalho morto) do que capital invertido em força de trabalho (trabalho vivo). O próprio socialismo não poderá subverter essa equação, mas ajustar o processo produtivo em direção ao comunismo,mediante uma transição com o Estado no seu núcleo, pois a causa do desemprego é, no fundo, o colapso da criação de valor de troca. Modestamente, penso que essa transição deve ter em mira a clareza de que o avanço tecnológico impede a sobrevida de qualquer produção mercantil. É possível, portanto, vislumbrar que a própria transição ao comunismo, no futuro, será cada vez mais acelerada, pois o trabalho criador de valor está condenado
    adir claudio campos
    uberlândia - MG
  • A Morte do Neocapitalismo

    13/08/2010 11h22 Sempre digo que não é preciso um ser estar morto fisicamente para considerá-lo como tal. Por vezes a morte é em vida. O Sistema Capitalista já morreu, esqueceram de enterrar e já surgiu o Neocapitalismo que ratifica, pelo seu surgimento e existência da falência do primeiro. Fazendo uma analogia, é como se alguém que não entende de relógios resolvesse desmontar um e montá-lo novamente. O que está ocorrendo é o prenuncio de fatos piores devido ao esgotamento das possibilidades de cooperação e colaboração entre a humanidade. Desta forma, só nos resta sonhar com um "novo mundo" e com uma "nova humanidade".
    Robson Vasconcellos de Oliveira
    Colatina - ES
  • Acelerar ou retardar o ingresso do jovem no mundo do trabalho???

    12/08/2010 22h17 Esta matéria nos trás dados alarmantes, e que neste momento das eleições devem ser refletidos com maior atenção ainda. Pois podemos criar propostas a candidatos realmente coprometidos com o futuro de nosso país e de toda população. E porque não??? Começarmos a discutir a criação de programas que incentivem a qualificação e o ensino dos jovens, para que possam adentrar mais tarde no mercado de terabalho. Mas com condições de adentrar ao mundo do trabalho com chances de disputar de igual pra igual com quem chega nas universidades e ocupam os melhores cargos e os mais rentaveis, por terem tido chance de s qualificar mais e melhor. Gerar empregos é muito importante, mas despertar o jovem para o mundo do conhecimento, das artes, dos esportes é fundamental. Dispertar o senso critico nas escolas e nas universidades e não apenas propiciar um exécito de reserva para que o capitalismo e suas engrenagens triturem o nosso futuro. Nossa juventude! Viva a vida!! Viva nossa juventude!!
    Marcisio Mendes de Moura
    Osasco - SP
  • Acelerar ou retardar o ingresso do jovem no mundo do trabalho???

    12/08/2010 22h16
    Esta matéria nos trás dados alarmantes, e que neste momento das eleições devem ser refletidos com maior atenção ainda. Pois podemos criar propostas a candidatos realmente coprometidos com o futuro de nosso país e de toda população. E porque não??? Começarmos a discutir a criação de programas que incentivem a qualificação e o ensino dos jovens, para que possam adentrar mais tarde no mercado de terabalho. Mas com condições de adentrar ao mundo do trabalho com chances de disputar de igual pra igual com quem chega nas universidades e ocupam os melhores cargos e os mais rentaveis, por terem tido chance de s qualificar mais e melhor. Gerar empregos é muito importante, mas despertar o jovem para o mundo do conhecimento, das artes, dos esportes é fundamental. Dispertar o senso critico nas escolas e nas universidades e não apenas propiciar um exécito de reserva para que o capitalismo e suas engrenagens triturem o nosso futuro. Nossa juventude! Viva a vida!! Viva nossa juventude!!
    Marcisio Mendes de Moura
    Osasco - SP
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sábado, julho 31, 2010

Trabalho: Taxa de desemprego em Portugal fixou-se nos 10,8 por cento

Luís Duarte
Jovens continuam a não conseguir um emprego



Trabalho: Taxa de desemprego em Portugal fixou-se nos 10,8 por cento

Dois em dez jovens no desemprego

Desemprego no País recua uma décima, mas continua em máximos históricos. Portugueses com menos de 25 anos são os mais afectados.
  • 0h30 Correio da Manhã 2010 07 31
Por:Pedro H. Gonçalves
Portugal continua com uma taxa de desemprego acima da média da União Europeia e, entre os jovens, o cenário continua negro. Dois em cada dez portugueses com menos de 25 anos não tem trabalho.
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Os números do Eurostat ontem revelados apontam para uma taxa de desemprego em Portugal, em Junho, de 10,8 por cento, uma diminuição aplaudida pelo Governo de 0,1 por cento face ao mês anterior. Mas em termos homólogos, ou seja, no mesmo mês de 2009, os dados revelam uma subida da taxa de desemprego de 9,7 para 10,8 por cento. A média da UE a 27 fixa-se nos 9,6 por cento.

Os jovens continuam a ser os mais castigados com a falta de emprego. A taxa fixou-se nos 21,5 por cento no mês de Junho. Apesar de ser um recuo de quatro décimas face a Maio, o Eurostat revela que, em Junho de 2009, a taxa de desemprego entre os jovens era mais baixa: 19,6 por cento. A tendência revelada pelos números do Instituto Nacional de Estatística mostra que há cada vez mais jovens licenciados no desemprego.
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Para o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, 'a questão do desemprego não traz muita novidade. Como sabe, o desemprego tem efeitos sazonais que são perfeitamente antecipáveis. Nós sabemos que, durante o Verão, o desemprego tende sempre a ser mais baixo e o emprego sazonal a ser um pouco mais elevado'.
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Para o PCP, o emprego temporário de Verão é a causa para esta 'descida insignificante' na taxa de desemprego do País.
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'BOA NOTÍCIA', DIZ O GOVERNO
O secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, considerou ontem que a inversão da tendência da taxa de desemprego é uma 'boa notícia' para Portugal. 
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'Naturalmente, ainda continuamos com taxas de desemprego elevadas, mas, neste caso, o sentido da tendência é o que importa referir', disse o secretário de Estado. O recuo de 0,1 por cento dá 'bons sinais' ao País, porque Portugal 'deixa, assim, de estar a subir para estar a descer' em termos de desemprego estimado pelo Eurostat. 
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quinta-feira, julho 29, 2010

Brasil - Juventude rural segue exemplo dos pais e luta por reforma agrária


Movimentos

28 de Julho de 2010 - 15h09
Ag. Brasil
Juventude rural
O festival da juventude rural é comparado ao Grito de Terra e a Marcha das Margaridas


Os filhos têm as mesmas reivindicações dos pais. Comparado ao Grito da Terra e a Marcha das Margaridas, o 2º Festival Nacional da Juventude Rural (FNJR), que acontece essa semana em Brasília, reúne milhares de jovens do campo que reivindicam dos poderes públicos: reforma agrária e trabalho. Nesta quarta-feira (28), eles fizeram uma caminhada pela Esplanada dos Ministérios como parte da programação do evento promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

A primeira parada dos manifestantes foi no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Na seqüência, realizaram atos políticos em frente aos ministérios da Educação e do Trabalho. Também pararam em frente ao Congresso Nacional. O tema central do evento - "Sucessão Rural com Terra, Meio Ambiente Sustentável, Trabalho e Renda", fez parte das palestras, dos discursos e palavras de ordem.

O secretário de Política Agrária, Willian Clementino, afirma que a expectativa da direção da Contag com a caminhada é dar visibilidade às bandeiras de luta da juventude rural. “Queremos deixar uma mensagem para o governo federal sobre a necessidade de resolver as questões estruturantes e de priorizar a educação do campo”, esclareceu.

Os jovens que engrossaram a enorme fila “verde” – todos vestiam camisas verdes da Contag e carregavam bandeiras da entidade – também demonstraram confiança no sucesso do evento. Rérisson Leite, do município de Alto Floresta (MT) disse que “a minha expectativa é que a nossa mobilização tenha progresso. Queremos alcançar um poder maior e conseguir todas as propostas colocadas no plenário do Festival.”

Sílvia Soares, de Fundão (ES), também demonstra otimismo. “O meu desejo é que as nossas reivindicações, que estão na Carta Proposta, sejam atendidas pelo governo.” Adriana Dias Almeida veio de Araçuaí, em Minas Gerais, revelou que “estamos nos organizando há três meses para chegar aqui hoje. Esperamos que o festival contribua para avançar a nossa luta”, disse.

Mundo melhor

Ao abrir o evento, na terça-feira (27), o presidente da Contag, Alberto Broch, cobrou dos representantes do governo que estavam presentes mais comprometimento com as necessidades da juventude rural. Segundo Broch, eventos como este traduzem o mais puro sentimento de um mundo melhor. “A juventude está mostrando para o País a garra que o campo tem na discussão de temas importantes como a sucessão rural e a soberania alimentar”, declarou.

Ele também defendeu um investimento do governo federal na educação do campo. “Vamos formar engenheiros, médicos, advogados para ficar na roça e fortalecer a agricultura familiar”, lançou o desafio.

O tom da cobrança também foi adotado pela secretária de Jovens da Contag. “A evasão da juventude do campo é resultado da falta de políticas públicas capazes de garantir qualidade de vida no campo. É preciso estender para os jovens do campo a mesma atenção e valor que é dado a outros segmentos da sociedade brasileira”, cobrou Elenice Anastácio.

Também presente ao evento de abertura, o secretário nacional de Juventude da CTB, Paulo Vinicius, destacou o protagonismo do Sistema Contag. “Para ter um futuro que queremos, temos que ter muita massa organizada. E quando a Contag realiza esse festival, ela se mantém na vanguarda desse movimento”, concluiu.

Após a abertura política do festival, os jovens participaram de debates sobre assuntos de interesse da juventude, como reforma agrária, Política Nacional de Crédito Fundiário, a relação entre a juventude rural e as políticas de desenvolvimento territorial e de fomento da agricultura familiar. O Festival é também um espaço para a prática de esportes e acesso à cultura.

De Brasília
Márcia Xavier
Com informações da Contag
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domingo, maio 30, 2010

Portugal: 300 mil saem às ruas contra políticas antitrabalhistas

Mundo..

Vermelho -  30 de Maio de 2010 - 9h11


Mais de 300 mil pessoas ocuparam o centro de Lisboa contra a política de desastre nacional do Partido Socialista (PS) e do Partido Social Democrata (PSD) que compõem o núcleo da aliança governista portuguesa e que juntamente com o Partido do Centro Democrático e Social (CDS) estão promovendo uma série de medidas antitrabalhistas para tentar responder à crise econômica que ameaça seriamente o país.


Com as avenidas do centro da capital tomadas por uma verdadeira multidão, uma massa imensa de indignação, protesto e luta, respondeu ao apelo da principal central sindical do país, a CGTP. Milhares de funcionários públicos e assalariados do setor privado protestarm contra as medidas de austeridade anunciadas pelo governo português. "Basta!", "Que o desemprego deixe de subir!", "Não à austeridade!" e "Por uma estabilidade do emprego!" eram algumas das inscrições nas faixas exibidas entre diversas bandeiras sindicais.

Esta é, segundo os organizadores do protesto, a maior manifestação dos últimos anos, superando os 200.000 manifestantes que tomaram as ruas de Lisboa no dia 13 de março de 2009 para pedir melhores condições de trabalho. Para os comunistas portugueses, que participam com destaque das entidades sindicais, esta foi a maior manifestação das últimas décadas, uma clara demonstração da força, unidade e determinação da classe operária e de todos os trabalhadores.

"Esta impressionante jornada de luta reforçou a convicção de que é possível derrotar a política de desastre nacional, de abdicação dos interesses do país, de agravamento da exploração que o PS, o PSD e CDS querem impor aos trabalhadores e ao Povo", diz a direção do PCP (Partido Comunista Português).

"Perante a escalada de medidas contra os trabalhadores, o Povo e o país decididas nos últimos meses, esta foi a resposta do Povo português, às pretensões dos grupos econômicos e financeiros, uma clara exigência de ruptura com a política de direita, de mudança na vida nacional", reforçam os comunistas.




Desemprego

Empolgado com a multidão de manifestantes, o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, indicou que ali estavam dadas as condições para a convocação de uma greve geral. E que esta decisão é apenas uma questão de tempo.

Os líderes sindicais exortaram os manifestantes para estarem "disponíveis para todas as formas de luta num curto período de tempo".

O líder da CGTP desafiou o Governo a revogar as medidas consagradas no PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento), as quais, na sua opinião, "são falsas soluções para a crise" econômica que afeta a Europa, porque vão apenas penalizar os trabalhadores e fomentar o desemprego.

E, neste capítulo, Carvalho da Silva fez questão de salientar o problema do desemprego nos mais jovens. "A juventude tem de estar sempre presente nas grandes transformações da sociedade", declarou, elencando os aumentos de impostos e diminuição dos benefícios sociais como medidas que penalizam os mais jovens.

O governo do PS, que se comprometeu a reduzir seu déficit de 9,4% do PIB em 2009 para 4,6% em 2011, justificou as novas medidas de austeridade com a necessidade urgente de sanear as finanças públicas frente ao risco de contágio da crise grega e à explosão das taxas de juros da dívida.

Como contrapropostas às enunciadas pelo Governo, o líder da CGTP apontou como caminhos para superar a crise econômica os "cortes nas parcerias público- -privadas e o combate à fraude e à evasão fiscal como medidas para sair da crise, o estímulo à economia interna e o combate à economia paralela e à corrupção".




Presidente vaiado


Depois de apontar baterias contra o governo do primeiro-ministro José Sócrates, as atenções de Carvalho da Silva viraram-se para o Palácio de Belém, sede da Presidência da República Portuguesa, ocupada atualmente por Aníbal Cavaco Silva (PSD): "O Presidente da República assiste a tudo numa atitude de apoio implícito e, para compor a participação no cenário, vai fazendo discursos moralistas. Não é isto que precisamos. Precisamos de um Presidente que trate dos problemas com rigor e transparência", declarou o dirigente sindical. Os manifestantes responderam com uma monumental vaia ao Presidente da República.

Apesar da mobilização, o dia também ficou marcado pelas declarações do secretário-geral da UGT, João Proença, que considerou que o protesto levado a cabo pela CGTP colocava em causa a imagem de Portugal nos mercados internacionais. Carvalho da Silva classificou-as de ofensivas. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, foi mais longe: "É a posição de um vencido, de um conformado. Mesmo no seio da UGT há muita gente indignada." O líder do PCP declarou ainda que a adesão à manifestação mostra a disponibilidade dos portugueses para lutar. Já Francisco Louçã, dirigente do Bloco de Esquerda que também aderiu ao protesto, disse que "quando há crise o Governo retira medidas como a do apoio a 187 mil desempregados".




Ainda neste sábado, o gabinete de Imprensa do PCP emitiu nota reafirmando suas críticas às políticas de direita adotadas pelo atual governo. No documento, os comunistas portugueses reiteram que "para o grande capital, para os grupos econômicos e financeiros, para as potências da União Europeia, para aqueles a quem os sacrifícios nunca tocam, ficam os lucros e privilégios. É preciso agir! É urgente dizer basta!"

O PCP já marcou para os próximos dias 17, 18 e 19 de Junho três grandes protestos nos centros das cidades de Lisboa, Évora e Porto, respectivamente.

Da redação, Cláudio Gonzalez, com agências
Fotos: Arquivo PCP ( http://pcp.pt/fotografias )
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  • Partidos Comunistas

    30/05/2010 20h10 Quando as grandes tormentas vem aparecem os homens de coragem, quando os trabalhadores são atacados em seus direitos a voz dos comunistas se fas ouvir. Admiro os Partidos Comunistas, principalmente o Grego e o Português.Que estão na vanguarda destas lutas.

    victor miguel nobre
    rio grande - RS

  • Não há confusão nenhuma

    30/05/2010 19h06 Creio que os leitores familiarizados minimamente com o contexto político europeu sabem que as denominações "socialista" e "social-democrata" já não guardam nenhuma identificação com o socialismo. Tanto que aqui mesmo no Brasil temos um partido que tem os termos "Social Democracia" (PSDB) no nome e outro que tem "Popular Socialista" (PPS) e são dois partidos que defendem idéias neoliberais. Portanto, não há razão para achar que só porque o Partido Socialista está no poder em Portugal o regime de governo é socialista. Precisa ser muito desinformado para acreditar nisso.

    Edgar Martins
    Guaratinguetá - SP

  • Socialista?

    30/05/2010 15h51 Entendo as colocaçoes e preocupações do leitor Antonio Levino, mas acho que vem ficando claro para os leitores do vermelho que vem acompanhando as lutas sociais, e também tem noção do processo da revolução dos cravos- muito bem abordado por Augusto Buonicore em artigo citado-qual tgem sido o papel dos partidos sociais democratas e também dos partidos socialistas na Europa, a partir do final dos anos oitenta e principlamente com a crise dos socialismo real. E pensar que na Constituição Portuguesa apos a revolução havia o objetivo de contruir uma sociedade sem classes. A efetivação deste projeto e o avanço da revolução foi claramente boicotado pelas posturas do PS ainda nos anos setenta e este partido vem a aca dia se desmascarando definitavente ao cofirmar, sem os retoques anteriores, sua adesão ao neoliberalismo. Todo apoio a luta dos trabalhadores portugueses e ao PCP

    Luis Eduardo Mergulhao Ruas
    Rio de Janeiro - RJ

  • Que governo socialista é esse?

    30/05/2010 13h18
    É no mínimo Estranho uma matéria como essa abordar a reação popular à crise portuguesa e criticar as medidas neoliberais de um governo que é chamado de socialista. Deveria ser explicado alguma coisa sobre o sistema de govero daquele país e o papel desempenhado por Mário Soares, lider do Partido Socialista Português. Recentemente, Augusto Buonicore escreveu um brilhante artigo sobre a "Revolução dos Cravos" relembrando a data de 25 de Abril de 1975. A complexidade do processo político português está descrita ali, com maesria e detalhamento. Ao contrário do artigo de Buinicore, matéria do Cláudio Gonzales, publicada hoje parece querer informar "simplesmente" e termina por atrapalhar. Tenho a impressão que a um leitor desavisado fica a impressão de que estamos a assistir a crise do "socialismo portugês" e não a quebra de um país destroçado pelo neoliberalismo e dirigido por uma coalizão de direita ou seja lá o que for. Socialista é o que não é mesmo. Estaria eu errado? Acho que não.
    Antonio Levino
    Manaus - AM
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sábado, março 27, 2010

Grande manifestação dos jovens trabalhadores em Lisboa


Sexta, 26 Março 2010
Grande manifestação dos jovens trabalhadoresRealizou-se, hoje, em Lisboa uma grandiosa manifestação que contou com a participação de milhares de jovens trabalhadores de todo o país. Valter Lóios, dirigente da Interjovem, salientou as reivindicações dos jovens trabalhadores: pela estabilidade laboral, contra o desemprego e os baixos salários.O dirigente sindical garantiu, ainda, que tudo o que forem propostas e medidas contras os interesses dos jovens trabalhadores,  estes reponderam com a luta.

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Fotos

Valter Lóios, dirigente da Interjovem
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terça-feira, janeiro 12, 2010

A recessão agravou as condições de vida dos jovens




A recessão agravou as condições de vida dos jovens
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A geração que está agora com 16-25 anos estará perdida?

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Público - 10.01.2010 - 08:03 Por Ana Cristina Pereira, com Romana Borja-Santos

Geração perdida. A expressão, amarga, integral, acaba de ser usada no Reino Unido para encaixar quem tem agora entre 16 e 25 anos. Em Portugal há indicadores.
Nelson Garrido
Os empregos de hoje não se escolhem: aceitam-se os que aparecem


Com a recessão, por ser tão difícil encontrar emprego e segurá-lo, uma geração inteira está desesperançada. Se o país não responder, toda ela se perderá, avisam os autores desse estudo encomendado pela organização não governamental Prince"s Trust. Em Portugal, não há qualquer estudo equivalente a este financiado pelo príncipe Carlos - que auscultou 2088 britânicos. Mas há indicadores. A Eurostat acaba de actualizar o fulcral: em Novembro, o desemprego nos jovens até aos 25 anos estava nos 18,8 por cento, abaixo da média da União Europeia (21,4 por cento). Nos extremos, a Holanda (7,5) e a Espanha (43,8).
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O fenómeno é bem conhecido, julga Virgínia Ferreira, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (UC): "Ao lado, em Espanha, chamam-lhes os mileuristas. Aqui, ficamos pela metade, pelos 500 euros." Falar em geração perdida, contudo, parece-lhe um exagero: "Isso é um rótulo, uma máxima usada para simplificar uma ideia complexa".
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Há cada vez menos jovens. Em 1999, segundo o Instituto Nacional de Estatística, eram 3,1 milhões - 48 por cento tinham entre 15 e 24 anos (1,5 milhões). Em 2008, eram menos 327 mil. E o grosso da contracção (295 mil) verificou-se naquela faixa etária. É a geração mais escolarizada de sempre. No ano lectivo 2007-2008, estavam inscritos no ensino superior 377 mil alunos - mais 20 por cento do que em 1995-1996. No final, as universidades mandaram para o mercado mais de 83 mil diplomados - mais 16 por cento do que no ano anterior. Apesar disto, "as gerações anteriores entraram mais facilmente no mercado de trabalho", avalia Carlos Gonçalves, que tem estudado a empregabilidade dos universitários. Agora demora mais. E quem fura, amiúde, fá-lo através de contratos a termo certo ou de recibos verdes. O exemplo típico é o do licenciado no call center.
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Havia, aponta Elísio Estanque, da Faculdade de Economia da UC, "uma empregabilidade relacionada com a aprendizagem". Os alunos tentavam seguir o gosto, a vocação. O ensino "democratizou-se, mercantilizou-se". A garantia esfumou-se. A crise agudizou o fosso. Agora, "a grande preocupação é se o curso tem ou não saída. Perversamente, têm mais dificuldades em obter melhores resultados".

A difícil transição
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Nem só os universitários vivem a calamidade. Os menos qualificados também - todos os dias, empresas a falir, fábricas a fechar portas. A transição do mundo juvenil para o mundo adulto alterou-se. Os jovens deixam-se estar em casa dos pais. Adiam compromissos - como comprar casa ou constituir família, precisa Virgínia Ferreira. Por toda a parte se vê desejar um trabalho precário. Não aquele em vez de outro: aquele porque não há outro. "À minha volta está tudo deprimido por não ter expectativas e por ter de conviver com um emprego insatisfatório", desabafa Sara Gamito, do movimento Precários Inflexíveis. "Ficam com os pés e as mãos atados e vão perdendo o alento."
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"Apesar de não nos definirmos só pelo que fazemos, o trabalho desempenha um papel fundamental na construção do eu", explica Sofia Marques da Silva, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. "E o salário é um elemento essencial para aceder a bens e organizar a transição. Sem salário, há um recuo ligado até à dignidade."
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Recusa o epíteto "perdida", mas está convencida de que "esta geração tem muita dificuldade em ter uma cultura de projecto - em imaginar o que vai fazer num tempo que ainda não existe". Fixa no presente o sentido dos dias e isso parece-lhe "perigoso": "Alguém que não imagina etapas na sua vida, às vezes, só quer usufruir rapidamente momentos, sensações". Não fala em revolta, como se viu noutros países europeus. Fala de ingresso na criminalidade, por exemplo. Elísio Estanque observa alheamento e inquieta-se com a saúde da democracia. Não só por o sistema não funcionar sem uma base de participação eleitoral. Também por ser importante haver associações para o olear. E existir "pouca disponibilidade dos jovens para participar: condiciona-os o medo".
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Não se pode homogeneizar. Há focos de protesto, inclusive através de blogues e movimentos, como lembra Cristina Andrade, da Fartos d"Estes Recibos Verdes. Mas impera "uma docilidade que é assustadora", torna Sofia Marques da Silva. "As empresas olham para estes jovens como dóceis. Aceitam tudo." Ao fazer uma etnografia numa casa de juventude de Matosinhos, ouviu um dizer: "Comem a carne e deixam-nos os ossos". O rapaz que pronunciou aquela frase não aceitava tudo. Tinha 20 anos e já fora cortador de carne, já fora estivador no Porto de Leixões e não aceitou um trabalho na construção - era mal pago, era nocturno e em tempo de chuva.
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Há estratégias de valorização - de sobrevivência mental. Às vezes, basta-lhes uma centelha. Sofia Marques da Silva viu aquele rapaz explicar, por exemplo, como carregar contentores é exigente em termos físicos. Ou uma rapariga que trabalhava numa fábrica gabar-se de saber fazer de tudo: cortar, coser, limpar.
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Factos e números sobre o problema maior de uma geração
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- Entre 1999 e 2009 foram criados 273,3 mil postos de trabalho. Mas destruíram-se 221 mil empregos ocupados por jovens.
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- Na mesma década, foram criados 117 mil postos de trabalho com contratos permanentes. Mas destruíram-se 175 mil empregos com contratos sem termo ocupados pelos jovens e 77 mil ocupados por empregados com idades entre os 25 e os 34 anos.
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- De 1999 a 2009, foram criados 205 mil postos de trabalho com contratos a prazo. Mas destruíram-se nove mil postos de trabalho a prazo ocupados por jovens. Mais de metade dos postos de trabalho criados com contratos a prazo foram ocupados por pessoas com idades entre os 25 e os 34 anos.
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- Nesses dez anos, destruíram-se 48 mil empregos com outro tipo de contratos (incluindo recibos verdes). Três em quatro desses postos de trabalho eram ocupados por jovens.

- Em 1999, cerca de 60 por cento dos jovens tinham um contrato permanente. Dez anos depois, esse grupo desceu para 46 por cento do total.

- Em 1999, cerca de 30 por cento dos jovens tinham um contrato a prazo. Dez anos depois, o seu número representava já 47 por cento do total.

- Em 1999, um em cada quatro desempregados era jovem. Em 2009, passou a ser um em cada seis.
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- Em 1999, três em cada quatro desempregados jovens tinham o ensino básico. Dez anos depois, o seu número baixou para dois em cada quatro.
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- Em 1999, os jovens desempregados licenciados representavam cinco por cento do desemprego juvenil. Dez anos depois, o seu peso era já de 12 por cento.
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- Em 1999, havia nove mil jovens licenciados inactivos (não eram empregados nem desempregados). Dez anos depois, passaram a ser 26 mil. Nesse período, subiu também o número de jovens inactivos com o ensino secundário (de 212 mil para 228 mil).
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