"e como que a experiência é a madre das cousas, por ela soubemos radicalmente a verdade" (Duarte Pacheco Pereira)
A Internacional
__ dementesim
.
.
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.
.
_____
.
Quem luta pelo comunismo
Deve saber lutar e não lutar,
Dizer a verdade e não dizer a verdade,
Prestar serviços e recusar serviços,
Ter fé e não ter fé,
Expor-se ao perigo e evitá-lo,
Ser reconhecido e não ser reconhecido.
Quem luta pelo comunismo
.
.
Só tem uma verdade:
A de lutar pelo comunismo.
.
.
Bertold Brecht
A Google registou lucros de 1,840 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros ao câmbio actual) no segundo trimestre deste ano, mas acções caíram 4,5 por cento.
Durante o segundo trimestre do ano, a Google aumentou os gastos em aquisições de pessoal, empregando mais 1200 pessoas para se lançar em novos mercados
(Robert Galbraith/Reuters)
A Google viu as suas acções caírem 4,5 por cento entre Abril e Junho deste ano, mas mesmo assim conseguiu fechar o segundo trimestre com um lucro líquido de 1,4 mil milhões de euros, 24 por cento mais que em igual período do ano passado. Cada acção situa-se agora nos 5,71 dólares (4,4 euros).
A sua facturação subiu também 24 por cento, para os 6,820 mil milhões de dólares (5,2 mil milhões de euros).
Apesar dos dados favoráveis, o lucro das acções foi ligeiramente inferior ao esperado pelos analistas - 6,45 dólares (20 por cento mais que em 2009), em vez dos 6,52 dólares previstos.
“A Google teve um segundo trimestre forte”, diz Eric Schmidt, director-geral da Google Inc., na edição de hoje do jornal espanhol El País.
Segundo o director, “Mais e mais marcas tradicionais têm aderido à publicidade online”, o que contribui ainda mais para os resultados. Schmidt adianta ainda que a empresa pretende continuar a investir nas áreas mais estratégicas.
Durante o segundo trimestre do ano, a Google aumentou os gastos em aquisições de pessoal, empregando mais 1200 pessoas para se lançar em novos mercados. A compra da empresa de publicidade móvel AbMob, veio também contribuir para o aumento.
Contratações na área da engenharia, vendas, telefónica e aplicações foram as principais apostas. A empresa emprega agora um total de 21805 pessoas.
As despesas aumentaram 22 por cento no período em causa, um gasto mais acentuado relativamente ao primeiro trimestre, onde foram de apenas 18 por cento.
A Google analisou também o comportamento dos “clicks” em anúncios através do seu site, recorrendo a um identificador que avalia os investimentos em publicidade na Web. Neste domínio, a empresa registou melhorias de quatro por cento em relação ao mesmo período do ano anterior e manteve-se estável quando comparado com o primeiro trimestre deste ano, mantendo-se nos dois por cento.
O mercado chinês
Quanto aos seus negócios na China, os representantes da Google dizem que se trata de “um rendimento digno” mas que tais valores não são significativos para os ganhos totais da empresa.
Depois de negociações, a China autorizou finalmente, no Domingo passado, a renovação da licença de operação da Google naquele que é o maior mercado internauta no mundo.
A licença tinha acabado em Junho e da parte do governo chinês parecia não haver interesse na renovação, visto que já por algumas vezes censurara os resultados do motor de busca. A Google na China tinha também sido alvo de ataques cibernéticos.
A Google comprou uma das maiores empresas de software de aviação, a ITA Software, por 700 milhões de dólares (cerca de 559 milhões de euros) e prepara-se para concorrer com gigantes como a Amadeus e a Travelport. O objetivo é disponibilizar aos utilizadores um portal onde possam obter informação sobre bilhetes de avião.
A integração da ITA, criada em 1996 por cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), é crucial, uma vez que a empresa é especializada no tratamento e cruzamento de dados relativos a preços e disponibilidade de voos.
Apesar de não estar ao alcance dos clientes, é dela que se socorrem as agências de viagens, portais de comparação de preços e até companhias de aviação, entre as quais a TAP, quando precisam de informação para calcular o valor dos bilhetes.
Citado pelo jornal britânico The Guardian, Eric Schmidt, presidente executivo da Google, disse que "a ITA abre oportunidades extraordinárias, criando uma nova forma para os utilizadores encontrarem informação de voo mais facilmente".
A empresa norte-americana acredita que há espaço no mercado para crescer, porque, de acordo com as suas estimativas, "metade dos bilhetes de avião já são comprados pela Internet".
Os portais de viagens ganham assim um concorrente de peso, com acesso privilegiado à informação que estes utilizam diariamente para interagir com os consumidores.
As apreensões persistem, apesar da Google já ter assegurado que não pondera vender diretamente bilhetes de avião aos consumidores.
As entidades reguladoras norte-americanas deverão agora pronunciar-se sobre os impactos deste negócio no mercado. Só o aval das autoridades permitirá à Google entrar no setor da aviação.
Tecnológica norte-americana comprou empresa que presta serviços a agências de viagens e transportadoras aéreas por 599 milhões de euros.
Guerra com a Microsoft intensifica-se (PEDRO MELIM)
A Google vai estrear-se no negócio da aviação. Comprou uma das maiores empresas de prestação de serviços do sector, a ITA Software, por 700 milhões de dólares (cerca de 559 milhões de euros) e prepara-se para concorrer com gigantes como a Amadeus, a Expedia e a Travelport, noticiou o Guardian.
A ideia é disponibilizar aos utilizadores um portal de viagens, onde possam obter informação sobre bilhetes de avião. A integração da ITA, criada em 1996 por cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) é crucial, uma vez que a empresa é especializada no tratamento e cruzamento de dados relativos a preços e disponibilidade de voos, entre outros.
Apesar de não ser conhecida pelos consumidores, é a ela que recorrem agências de viagens, portais de comparação de preços e até companhias de aviação, de entre as quais a portuguesa TAP, quando precisam de informação para fixar o valor dos bilhetes, por exemplo.
Esta compra pressupõe um investimento de 700 milhões de dólares (o equivalente a 559 milhões de euros) e significa uma expansão dos serviços prestados pela Google, que descreveu este novo passo como "pró-competitivo" e "pró-consumidor".
Eric Schmidt, presidente executivo da tecnológica norte-americana, afirmou que "a ITA abre oportunidades extraordinárias [para a Google], criando uma nova forma para os utilizadores encontrarem informação de voo mais facilmente".
Este negócio vai colocar a Google e a Microsoft novamente em confronto, uma vez que o rival já se antecipou, com a criação do portal Bing Travel, que também presta informação e possibilita a reserva de voos.
Ainda assim, a empresa norte-americana acredita que há espaço no mercado para crescer, porque, de acordo com as suas estimativas, "metade dos bilhetes de avião já são comprados pela Internet".
Quem se tem mostrado mais apreensivo com esta aquisição são os portais de viagens, que ganham um novo concorrente de peso, que terá acesso privilegiado à informação que utilizam diariamente para interagir com os consumidores.
No entanto, a Google já assegurou que, para já, não pondera vender directamente bilhetes de avião aos consumidores.
Os reguladores norte-americanos deverão agora pronunciar-se sobre os impactos deste negócio no mercado, avaliando se poderá influenciar negativamente a livre concorrência. Só o aval das autoridades permitirá à tecnológica entrar no sector da aviação.
Nove distritos do norte do país estão em aviso amarelo durante o dia de hoje por aumento da intensidade do vento, segundo o Instituto de Meteorologia (IM)..
Um destacado membro do Departamento de Estado norte-americano pediu na quinta-feira «explicações» a diplomatas chineses sobre o caso Google, no decorrer de um encontro em Washington, informou o porta-voz da instituição..
O Ministério da Educação (ME) vai apresentar aos sindicatos de professores, até ao início de Fevereiro, a proposta de texto que dará forma legal ao acordo assinado há uma semana, disse fonte da tutela..
Os corpos de vítimas do sismo de terça-feira no Haiti começaram a ser enterrados na quinta-feira em valas comuns, depois de mais de 48 horas após o mortífero tremor de terra..
A Federação Internacional da Cruz Vermelha estima que entre 40 mil e as 50 mil pessoas perderam a vida no sismo registado na terça-feira no Haiti, afirmou na quinta-feira o porta-voz daquela instituição no Panamá..
A Espanha vai procurar uma maior aproximação da União Europeia (UE) com o Brasil e com a América Latina durante este semestre, em que detém a presidência rotativa da UE, afirmou hoje o embaixador espanhol no Brasil, Carlos Alonso Zaldívar..
O ministro de Estado e das Finanças considerou hoje que «não há qualquer justificação» para aumentos reais dos salários da Função Pública em 2010, e admitiu recorrer a privatizações como forma de reduzir o défice..
O governo angolano apresentou hoje uma nota de protesto às autoridades francesas por não terem detido o autor do atentado em Cabinda contra o autocarro da selecção de futebol do Togo, noticiou a agência Angop..
A líder do PSD classificou hoje como «correcta e frutuosa» a primeira reunião com o Governo para negociar a viabilização do Orçamento do Estado para 2010, na qual não discutiu medidas concretas mas apenas «princípios e objectivos»..
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), reafirmou hoje que o montante solicitado para a Red Bull Air Race é «idêntico» ao do ano passado, quando se realizou com o apoio das autarquias do Porto e de Gaia..
Os principais mercados accionistas da Europa iniciaram a sessão de sexta-feira compondo um cenário misto, devido ao arranque negativo em Londres e Frankfurt, contra subidas nas restantes bolsas..
A 15ª edição dos Critics Choice Movie Awards realiza-se esta sexta-feira, no Hollywood Palladium, em Los Angeles, e será transmitida pelo VH1. Este ano, as categorias passaram de 17 para 25. .
O Teatro Nacional Dona Maria II (TNDMII) vai estrear esta quinta-feira, na Sala Estúdio, «Blackbird», de David Harrower, com tradução e encenação de Tiago Guedes, protagonizada por Miguel Guilherme, Isabel Abreu, Constança Rosado, Filipa Rebelo e Margarida Lopes. .
Dos 12 portugueses que se encontravam no Haiti no momento do sismo que fustigou, terça-feira, a ilha, sete foram já localizados, enquanto outros cinco continuam por encontrar..
As reuniões entre Governo e oposição para um acordo que viabilize o Orçamento do Estado para 2010 iniciam-se hoje às 16h no Ministério das Finanças, em audiências separadas que começam com PCP e terminam com PSD..
Um jornal oficial chinês considerou esta quinta-feira «um retrocesso para a China» a eventual saída da Google do país, enquanto outros comentadores encaram a ameaça daquela empresa norte-americana como uma «táctica negocial»..
Investigadores identificaram moléculas capazes de reverter a doença de Parkinson, segundo um estudo que envolve o português Tiago Outeiro, na altura a trabalhar no Instituto de Whitehead de Investigação Médica, em Cambridge (EUA)..
Pelo menos 40 pessoas morreram e 18 foram hospitalizadas na Papua Nova Guiné depois de dois autocarros terem colidido no nordeste do país, indicaram hoje fontes policiais..
O Instituto de Meteorologia (IM) colocou hoje 10 distritos do Norte de Portugal sob aviso amarelo devido às previsões de vento forte que irão assolar parte do país..
A entrada em funcionamento da alta velocidade portuguesa poderá gerar 3.725 novos empregos no turismo e aumentar o valor acrescentado gerado pelo sector em 57 milhões de euros em 2015, data em que as linhas deverão estar construídas..
O processo de corrupção «Paquetes da Expo» começa hoje a ser julgado em Lisboa, num caso relacionado com o fretamento de navios para alojar supostos visitantes da Expo-98, ocorrido há mais de uma década..
O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, é ouvido «informalmente e à porta fechada» hoje, em Bruxelas, na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu (PE) sobre a sua candidatura à vice-presidência do Banco Central Europeu..
O Governo aprova hoje um conjunto de medidas para promover o emprego que incluem o pagamento de bolsas a estagiários e a isenção ou redução de contribuições à segurança social para os empregadores que contratem desempregados..
O México vai enviar para o Haiti três aviões e um navio-hospital com 70 toneladas de alimentos, bem como uma centena socorristas, médicos e técnicos, anunciou quarta-feira o presidente mexicano Felipe Calderon..
Os mercados accionistas da Europa subiam no arranque da sessão desta quinta-feira, beneficiando do fecho positivo de Nova Iorque (na véspera) e dos ganhos evidenciados hoje em mercados asiáticos..
O mercado petrolífero apresentava tendência de subida, quinta-feira, sinalizando correcção face à descida do dia anterior quando foi pressionado por dados estatísticos indicando aumento de stocks da matéria-prima nos EUA..
Shahryar Mazgani actua esta quinta-feira na abertura do Festival Eurosonic, em Groningen, na Holanda. O músico, que acaba de lançar «Ladies and Gentlemen introducing... Mazgani» sobe ao palco do espaço Shadrak..
Extremistas de direita utilizam portais como o YouTube para difundir ideias racistas e xenófobas entre jovens. Controle é difícil, afirmam empresas e autoridades.
O extremismo de direita alemão tem uma presença cada vez mais agressiva na internet. Especialistas afirmam que há cerca de 1.800 sites em língua alemã administrados por neonazistas, com destaque crescente para o uso de plataformas da Web 2.0.
.
Um exemplo é o portal de vídeos YouTube. Quem fizer uma busca usando típicas palavras-chave da cena neonazista alemã encontrará centenas de vídeos – muitos são de Horst Mahler, conhecido ideólogo da cena neonazista.
.
Mahler foi condenado pela Justiça alemã por incitação popular (Volksverhetzung) e cumpriu pena de prisão. Mas as suas ideias continuam circulando livremente no YouTube. Num dos vídeos, Mahler, um antissemita assumido, nega a existência do Holocausto.
.
Sites bem elaborados
.
De acordo com Stefan Glaser, da iniciativa Jugenschutz.net, os radicais de direita estão cada vez mais audaciosos. Segundo ele, os sites de conteúdo racista e xenófobo são cada vez mais bem elaborados, com frases de efeito, música e animações.
.
"Eles não se apresentam mais como antiquados sites nazistas, mas se mantêm dentro da lei, sem cometerem qualquer infração. Nada de suásticas e coisas assim, mas símbolos simpáticos. E slogans como 'Nós agitamos o sistema – junte-se a nós!'. Nossa experiência mostra que, quando jovens acessam sites como esses, num primeiro momento dizem 'Ok, vamos continuar clicando'", relata Glaser.
.
Jugendschutz.net é uma iniciativa de governos estaduais alemães. Cerca de 20 funcionários tentam identificar quais servidores armazenam propaganda extremista. Quando encontram algo, exigem que provedores e empresas de comunicação responsáveis bloqueiem as páginas.
.
Segundo Glaser, em geral os pedidos são prontamente atendidos. "Isso porque é prejudicial aos negócios ser associado a neonazistas e conteúdos ofensivos à dignidade humana. Claro que se teme perder clientes caso isso se torne público."
.
Web 2.0
.
Segundo os observadores do Jugendschutz.net, os extremistas usam cada vez mais plataformas da Web 2.0, como o Facebook e o YouTube. O objetivo é atingir o público jovem da forma mais ampla possível.
.
Um dos principais alvos de críticas na Alemanha é o YouTube. Entre outros motivos por causa de um vídeo neonazista que difama o ex-presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha Paul Spiegel, já falecido. Por causa do vídeo, a viúva de Spiegel entrou na Justiça contra o portal.
.
O YouTube, que pertence à empresa de software Google, eliminou o filme de sua plataforma, ainda que com atraso. Mas se nega a dar garantias de que o vídeo nunca mais será disponibilizado.
.
A Google da Alemanha argumenta que não é responsável pelo conteúdo posto no site pelos usuários. A empresa diz que age quando é alertada, mas alega que um controle prévio não é possível.
.
Um porta-voz da empresa não quis se manifestar sobre o processo nem sobre o número de vídeos denunciados ou de funcionários que trabalham no controle do que é divulgado no portal.
.
Difícil controle
.
Os grupos que lutam contra o extremismo de direita exigem que os portais e provedores invistam mais no controle do conteúdo disponibilizado e ajam com maior agilidade em caso de denúncia.
.
Muitos observadores se dizem frustrados, alegando que o trabalho de cooperação com os portais demanda muito tempo. Pior do que isso: cada vez mais os agitadores da cena de direita optam por colocar sua propaganda em portais fora da Alemanha.
.
Segundo os especialistas, o problema é de difícil solução: basta um site ser bloqueado para ele logo reaparecer em algum outro ponto da internet.
Attorney General Holder has reportedly determined that only so-called rogue interrogators who went beyond the criminal methods approved by the Justice Department will be investigated for the systematic torture directed from the Bush White House.
US Labor Department data released yesterday showed labor productivity up 6.4 percent in the second quarter, the largest gain since 2003. Over the same period, workers' compensation fell at an annual rate of 2.2 percent.
US Labor Department data released yesterday showed labor productivity up 6.4 percent in the second quarter, the largest gain since 2003. Over the same period, workers' compensation fell at an annual rate of 2.2 percent.
Foi ontem noticiada a “Declaração de Hamburgo” — um comboio em que a locomotiva é o Dr. Francisco Pinto Balsemão e as carruagens “a maioria dos principais grupos de media”, sendo o destino fazer com que a empresa Google pague pela “utilização” dos conteúdos. É um beco sem saída. A Google, Inc. teria de deixar de ser a Google, Inc., o que é pouco crível que venha a acontecer, digamos assim.
.
Nutro ternura e admiração pela figura de Pinto Balsemão, que já foi meu patrão e para cuja estrutura continuei a fornecer serviços de jornalismo, regular ou ocasionalmente, depois de me despedir do quadro do Expresso a meio da década de 90.
.
Entendo-o.
.
O apelido Balsemão confunde-se com o jornalismo português na segunda metade do século passado. Impregna-o. Marca-o. Francisco Pinto Balsemão deu a melhor continuidade à obra iniciada pelo seu tio e construiu o único império de media digno desse nome (falar da “maioria” dos “principais” “grupos de media” é simplesmente ser bem educado e polido para com 2 das 3 empresas por que se dispersam uma trintena ou duas de títulos que fazem 98% da actividade mediática nacional).
.
Foram bons tempos, excelentes tempos. Foram os tempos do “venha a máquina, nós cá estamos”, uma frase que Pinto Balsemão recordará. A ligação emotiva a esta frase une-nos algures nessa história romântica dos jornais, do jornalismo “heróico” e da modernização dos media.
.
Esses tempos, caracterizados por lucros fáceis e confortáveis que davam para (quase) tudo, terminaram.
.
Não voltarão, ou pelo menos não se vislumbra como podem voltar uma vez que se estão a evaporar os seus alicerces. A começar pela quebra de barreiras geográficas naturais, iniciada pelo cabo e completada pela Internet, e a pulverização das barreiras artificiais.
.
Balsemão é o último imperador de uma indústria que se viu subitamente virada de pernas para o ar, manietada por duas crises: a crise geral do “sistema financeiro” em pirâmide, que afectou tudo mas é epidérmica, e a crise da mudança de paradigma da indústria mediática, que afecta apenas os capitães dela e os seus dependentes, sendo endógena e profunda.
.
Procurar a resposta para a crise nos bolsos da Google não dará resultado. Não vai resolver nada. A saída para a crise — para qualquer delas, aliás — não passa pela porta da Google, isso posso eu garantir com um razoável grau de certeza, alicerçada na leitura de quem a acompanha em todos os seus detalhes.
.
A Google responderá sempre o mesmo: “não obrigamos ninguém a ser indexado por nós”. Pelo contrário, a Google explica, minuciosa e pacientemente, o que fazer para evitar ser indexado. É simples. Não exige, sequer, comprar empresas tecnológicas. Qualquer pessoa é capaz de editar um ficheiro de texto e copiar a linha que a Google, simpaticamente, fornece — e se pode encontrar em milhares de sites e até enciclopédias.
.
Uma linha que diz: Google, não quero ser indexado. Duas palavras bastam para tirar dos resultados do Google milhões de páginas de uma só vez (aqui).
.
Não existindo, da parte da Google, a mínima pretensão a obrigar, ou sequer forçar, ou mesmo levar os editores de conteúdo a deixarem-se indexar, fica um pouco difícil pedir dinheiro à empresa por uma actividade comercial que ela, em primeiro lugar, não pretende ter, não reivindica e diz, clara e repetidamente, não desejar, informando prontamente como evitar a indexação pelos seus robôs e só faltando gritar aos impertinentes que o façam e desamparem a loja de uma vez por todas (a atenção tem um preço).
.
Posto de outro modo talvez fique mais fácil de perceber. Suponha o leitor que é o CEO da Google e eu sou o seu accionista. Explique-me muito claramente, sob pena de eu convocar uma assembleia geral para correr consigo por gestão irresponsável, qual é a lógica de dividir o MEU quinhão com uns fulanos do século passado, meio anacrónicos, e sem nada na mão para oferecer. É que eu, accionista, não ganho nada com esse “negócio”. Os media não têm nada para dar à Google em troca de uma percentagem do que supõem ser os lucros por indexar os conteúdos deles (só pensar isto mostra o quão distantes estão da realidade de hoje os donos dos impérios de media do século passado).
.
As marcas de media valeram muito numa economia de escassez e fronteiras, naturais e artificiais, criadas para maximizar o lucro, mas valem pouco numa economia de abundância, aberta, e onde as fronteiras ou não existem, ou são, graças ao extraordinário poder dos microprocessadores e da rede, ridicularizadas por um adolescente medianamente formado e com três tardes por semana livres.
.
Não se espantem pelo encolher de ombros da Google, pouco ou nada impressionada com os prefixos e sufixos dos cartões intitulados “Declaração de Hamburgo”. A Google vive neste paradigma: por cada Expresso, SIC ou Blitz que se desindexe, surgem dez TMZ, Huffington e Techcrunch a ocuparem — com a clara vantagem dos nativos deste meio — o seu lugar.
.
[ Quem diz Google, diz qualquer outro buscador ou agregador. A mesma regra aplica-se. ]
.
Há outro aspecto para o qual chamo a atenção. A abordagem é feita pelo lado errado. Pelo lado dos direitos de propriedade industrial, ou de autor.
.
Locomotiva e carruagens do comboio chamado “Declaração de Hamburgo” parecem ingenuamente pensar que basta invocar direitos para que os juízes, impressionados pelo peso das suas marcas, resolvam que é disso que se trata. Qualquer advogado estagiário terá no entanto a delicadeza de fazer notar que não, nã há violação, os direitos de propriedade estão respeitados por um título e um excerto de duas linhas, conteúdos promocionais estes aliás distribuídos pelos publishers na esperança de alguma publicidade feita por aí, sem pagar um cêntimo, diz a lei preto no branco, mas — ei! — passamos a mostrar só título, se tanto insistem.
.
[ E no fim sempre o argumento indestrutível, as duas palavras redentoras,
.
Utilizador-Agente: Googlebot Não permitir: / ]
.
Na realidade, nem é disso que se trata. Directo ao metal? Cá vai: o Google não é uma redacção, o Google não copia, publica ou republica. O Google não é um blog nem uma rede social nem uma cena marada de P2P para a malta trocar ficheiros com as páginas dos jornais. O Google distribui links para os conteúdos dos outros. O Google também fornece, a título pessoal, tecnologias de distribuição, agregação, e partilha a quem as desejar, grátis ou a pagar.
.
[ O Google tanto distribui A Alta Qualidade como a baixaria -- e adivinhem o que a gorda maioria dos seus clientes lá vai pesquisar. ]
.
Onde o Google toca é no equivalente, no meio ambiente reticular, da indústria da distribuição. Não na indústria da edição e publicação! Logo, não faz sentido algum atacá-la com os argumentos da propriedade industrial. O problema de Pinto Balsemão é que, como dono da cadeia de valor dos media de uma ponta (criação) à outra (venda) passando pelo meio (edição e distribuição), se habituou a não distinguir as parcelas. Para ele, o negócio é um todo. E como tal usa a marreta que considera mais indicada e neste caso achou que podia martelar pelo lado “sensível” dos “direitos de propriedade”.
.
Mas na realidade não é um todo, nunca foi — e muito menos numa altura de desconstrução. A Google, que é o novo quiosque, telecomando e carrinha distribuidora, não é pressionável pelo lado da “propriedade industrial”, pois não produz, emite, copia, uu republica um único todo coerente. Mesmo o que distribui (links relevantes) não está apresentado com o cuidado de fazer sentido, ou sequer ser legível. Aliás, quem decide o que é apresentado pelo Google é o editor da página. No meu caso, faço o que posso para que o título seja apelativo e o pequeno excerto descreva honestamente o que cada uma das minhas páginas contem.
.
[ Ainda eu, accionista, para o CEO da Google: qué quê, eles deviam PAGAR para estarem indexados, nós é que lhes levamos clientes. (E não me espantaria de ver algo parecido com esta tirada aparecer nas negociações mais tarde, isto se vierem a existir negociações, uma alternativa é a Google fazer uns agregadores para os jornais, para cada um ter o seu "news.google.zbr", e cobrar uma percentagem indeterminada e leonina para mostrar anúncios seus nas propriedades dos jornais. Mais do mesmo, com outro nome.) ]
.
O valor que o motor de pesquisa Google gera é fabricado a partir da sua própria actividade — encontrar o mais relevante resultado para cada pesquisa — e não depende um milímetro, ou fracção, do valor dos conteúdos de que são proprietários legítimos e reconhecidos os ocupantes do comboio “Declaração de Hamburgo”. Fica difícil estender a mão e exigir contrapartidas (João Palmeiro que me desculpe).
.
O Google é cego — ou, para os correctos, neutral. O Google não se alcandorou à tarefa de tornar os conteúdos existentes mais interessantes e promover novos conteúdos — o que poderia envolver negociações com publishers reputados para o bem estar comum — mas atribuiu-se a si próprio a incumbência de indexar o maior número possível deles e aplicar-lhes valor através de um algoritmo. Este algoritmo não mede o valor intrínseco de uma página ou conteúdo (paradigma old media) mas sim o seu valor exógeno — isto é, como é percepcionado e “avaliado” pelos pares (peering) do meio que o enquadra (paradigma new media).
.
O Google não quer saber — não quer mesmo, é um conceito alienígena para ele — o que pensam os produtores de conteúdos do que produzem, e uns dos outros.
.
A maior parte do lucro dos media resultou das fronteiras naturais, geográficas e tecnológicas.
.
Numa frase: a indústria dos media foi verdadeiramente uma indústria de transportes, e não uma indústria cultural (quem desejar meta-lhe as aspas), na medida em que o lucro vinha não da produção do bem cultural, mas da sua distribuição ou exibição.
.
A história comprova: ao longo dos tempos o valor deslocou-se da cadeia produtiva, com quedas consecutivas dos preços da matéria prima, seus artífices e suas ferramentas de moldagem, para a cadeia distribuidora (jornais, quiosques, distribuidoras, licenças de rádio, licenças de televisão, salas de cinema, prateleiras de livrarias e supermercados).
.
Pressionar o Google pelo lado da produção (a propriedade industrial) é absurdo e inconsequente. Talvez o Google seja pressionável pelo lado da distribuição. Mas não com ameaças frontais. O que se consegue, indo por aí, é continuar a deslocalizar o valor da indústria dos media, desta vez das montras para os tribunais. Os chefes da indústria musical lançaram-na por esse caminho autodestruidor — e os lamentáveis resultados aí estão, a gritar aos ouvidos do comboio “Declaração de Hamburgo”, não repitam a gracinha, não repitam a gracinha.
.
A pressão, isto digo eu, deve ser exercida no terreno do Google. Não no campo técnico da pesquisa — duvido que esteja ao alcance de uma Impresa, nem sequer de uma New York Times Company. Mas estes conglomerados de media têm as armas todas necessárias para tirar clientela à pesquisa. Torná-la menos relevante. Ajudar a encontrar a agulha — ou pelo menos famílias de agulhas — no imenso palheiro que é a rede. É uma questão de organização. De agregação. De links. De páginas de entrada. Nem estou a falar de redes sociais, envolvência dos leitores, jornalismo cidadão e bla bla bla socialmente correcto. Ou de jornalismo melhor feito e modernizado (fica para outra vez). Apenas do que interessa aqui: levar olhos aos nossos conteúdos, sejam monetizáveis pela publicidade ou pelo pagamento directo (assinaturas) e indirecto (serviços e produtos a cavalo na marca, as usual).
.
O Facebook e o Twitter não são repetíveis, mas a sua é uma lição valiosa para os media. E não só. A lição: é possível tirar pessoas ao Google. É possível fornecer alternativas, algumas com vantagem, à pesquisa. Mais que possível — é fácil tirar as pessoas ao Google. Há 1 ano, 99% das minhas pesquisas dependiam do Google; hoje estimo em menos de 25% essa dependência — e considero-me melhor informado. Esta é a lição das redes sociais e do peering. Dei o meu exemplo mas perguntem às pessoas, terão milhares de testemunhos idênticos ou parecidos.
.
As “primeiras páginas alternativas” experimentadas pelos grandes jornais americanos e pelas agências mundiais são exemplos mais próximos. Representam o tipo de criatividade reconhecível por qualquer elemento de uma redacção, jornalista ou gráfico.
.
O baixo custo de produção de páginas de entrada, agregadores temáticos, automáticos, filtros e personalização, aplicações para aparelhos (iPhone), etc, é um aliado dos media — assim se decidam orientar para o lado positivo do ambiente reticular.
.
Os links. Cada link interno dentro de uma publicação representa menos uma pesquisa no Google. Se for um link relevante, no contexto da narrativa, no contexto temático, ou no contexto do instante, representa MENOS CINCO consultas no Google.
.
O objectivo, digo eu, não deve ser pretender que o Google pague, coisa que a empresa nunca fará sob pena de comprometer a sua identidade irremediavelmente (hum… ná, não tou nada a ver), mas sim tirar o valor ao Google.
.
Um é irrealista, imaterializável e inconsequente: nem sequer tem valor estratégico uma vez que a Google não se atrasará por causa dessa batalha legal.
.
O outro não passa de um desafio capaz de empolgar (de novo) uma estrutura empresarial.
.
A escolha parece-me simples. Se eu fosse accionista, pedia que o meu dinheiro fosse aplicado no objectivo possível de alcançar e não gasto num ou dois anos de salários do staff jurídico e task forces, por muito nobre que o gesto possa ser.
.
Disclaimer: sou um pequeno prestador de serviços para a Impresa, através da sua participada Sojornal, S.A. O texto acima é da minha autoria, está publicado no meu endereço pessoal ao abrigo de uma licença que me garante a protecção que entendo adequada, e está disponível para indexação em motores de pesquisa, agregadores — e até mesmo para reprodução, nos termos da licença publicitada nesta página, ou pergunte-me como.