A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Juntos pela mudança ~Vozes pelo 12 de Março

27 Fevereiro 2013


Jumtos pela mudança

Vozes pelo 2 de Março


Onde pára a democracia?Para onde quer que se olhe, os sinais que avançam e nos cercam são os de um país que empobrece e se afunda, enquanto uma caixa negra nos nega as mais nítidas evidências do imenso desastre que para nós preparam.

1. A Dívida, quê?
A dívida, quê? A dívida Soberana é como se chama a uma dívida assumida e garantida por um ser ou uma entidade soberana (um estado ou o seu banco central). Este par (nome + adjectivo) joga, com a gramática, um jogo que te leva à certa. Só compreenderás o que ele significa, se compreenderes que, no fim de qualquer passo de dança, a dívida deixou de ser uma propriedade ou uma qualidade do estado. O que ela exprime é que é ela que é soberana. Quem manda na política sou eu, a dívida. Tal como quem manda nisto tudo são os bancos (privados).

2. Soberania
Que Europa é esta que nos atou ao pescoço o BPN, em cujo buraco o estado enterrou vai para sete mil milhões de euros, e não nos autoriza o investimento de 1300 milhões de euros para o saneamento financeiro da TAP, o maior exportador do país e uma empresa estratégica para o nosso desenvolvimento soberano? É certamente a mesma Europa que fica sentada à espera que o governo português manobre de forma a tornar aceitável o inaceitável, a destruição dos estaleiros de Viana do Castelo.

3. Incomensurável, inaceitável hipocrisia.
As manifestações como aquela a que se assistiu nas instalações do ISCTE, em que um grupo de estudantes calou essa figura inenarrável de licenciado-com-emprego (Miguel Relvas), equiparado a governante, «suscitam necessariamente», disseram eles, os da sua pandilha, «o repúdio da parte de todos quantos prezam e defendem as liberdades individuais, designadamente o direito à livre expressão no respeito pelas regras democráticas». E, coisa espantosa, eis que se lhe juntam alguns outros, de outra pandilha, mas da mesma troika, usando os mesmos argumentos e tiques de quem se prepara para criminalizar o protesto.

4. O desemprego
Em Portugal, 51 % dos jovens licenciados estão no desemprego. É uma violência que lhes é feita, assim como ao país que se vê por essa via impedido de utilizar o seu trabalho qualificado. A dor humana do desemprego jovem é a dor causada por uma amputação social de perspectivas de vida. Entretanto cresce também o desemprego de longa duração. Às suas vítimas cabe agora o sofrimento de verem desqualificada e ofendida a sua experiência de vida. Jogar uns contra os outros é uma jogada miserável contra o trabalho. Torna-se cada vez mais claro que esta ofensiva contra direitos individuais e colectivos é uma révanche do grande capital, que quer arrancar aos trabalhadores assalariados tudo o que foi obrigado a ceder-lhes ao longo do último século e que constitui uma plataforma civilizacional avançada.

5. Saúde pública
Ela entrou na nossa sala, como se fosse uma pequena ventania que se libertasse e disse: «eu e o Óscar, foi já demasiado tarde que nos apercebemos que ela não aviava na farmácia as receitas por inteiro. Agora sei que deitá-los de lá abaixo já não é só um objectivo político, tornou-se uma necessidade urgente de saúde pública».

6. A organização da nossa legítima defesa
Tendo perdido o medo ou a repugnância que lhe provocavam certas palavras e frases que usamos, sobretudo em circunstâncias em que se trata de atribuir intenções a certos gestos ou modos de agir, chegou um dia em que a ouvimos dizer, muito calma e cheia de fúria: «mas eles estão a matar-nos; eles querem matar-nos». A nota de espanto que soava na sua voz indicava que ela já estava preparada para compreender que se tratava de pôr na ordem do dia a organização da nossa legítima defesa.

7. Quem somos nós?

Nós somos «a esperança que não fica à espera».

Quem pode ser no mundo tão quieto
Que o não movem nem o clamor do dia
Nem a cólera dos homens desabitados
Nem o diamante da noite que se estilhaça e voa
Nem a ira, o grito ininterrupto e suspenso
Que golpeia aqueles a quem a voz cegaram
Quem pode ser no mundo tão quieto
Que o não mova o próprio mundo nele.

domingo, dezembro 09, 2012

Vitor Dias - Louçã e a palavra de Belmiro


Aquela irresistível tentação

Louçã e a palavra de Belmiro

Em entrevista hoje ao PúblicoFrancisco Louçã, embora referindo que vários partidos têm uma capacidade de actuação  que não é vulnerável à captação pelos sistema financeiro, não resiste a afirmar logo de seguida  (sublinhado meu): «Tenho muito orgulho em lembrar que Belmiro de Azevedo em entrevistas que deu dizia que já tinha financiado todos os partidos, excepto o BE».

Face a isto, cumpre-me  registar a grande devoção de Louçã pela palavra de Belmiro de Azevedo que, neste caso, é obviamente caluniosa para o PCP, ainda por cima numa matéria em que está na cara que o conhecido empresário tinha todo o interesse em não se ficar pelo financiamento do PS, do PSD e do CDS.

Passado tanto tempo, confesso que já não me lembro se na altura o PCP desmentiu a afirmação de Belmiro ou se lhe pagou justamente em desprezo. Mas lembro-me de, na Soeiro Pereira Gomes, em conversa de corredor ou em mesa de reunião, ter desabafado: «lá vamos ficar com a fama e nem sequer vimos a côr do dinheiro».




http://pt.scribd.com/doc/116124078/Francisco-Louca-%E2%80%9CA-estrutura-de-alternancia%E2%80%9D-partidaria-nos-governos-%E2%80%9Ce-uma-forma-de-corrupcao-politica%E2%80%9D

segunda-feira, abril 09, 2012

Dois títulos hoje


o tempo das cerejas 2

Dois títulos hoje
Santa Páscoa ou reina a paz nas
consciências e a ordem nas ruas


CM


DN

sábado, abril 07, 2012

Sobre uma foto na Revista do Expresso



Sobre uma foto na Revista do Expresso
Melhorando a legenda


Assinalando os 40 anos do jornal, a revista do Expresso é hoje dedicada à década (?) 1973-1982 e inclui naturalmente um vasto conjunto de fotos (quanto aos textos falarei talvez noutra altura) que são de êxito e sensibilidade seguras para uma certa geração. Uma das fotos publicadas é a de presos políticos falando na manhã de dia 26 de Abril em Caxias com um militar. Ora a legenda da foto acima reza o seguinte : «Alguns dos detidos pertenciam à Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR), como Hermínio da Palma Inácio (líder da organização, o primeiro à esquerda)- Seguem-se - numa identificação feita por ex-membros da organização - José Casimiro Ribeiro (também da LUAR), Eugénio Manuel Ruivo (PCP), desconhecido, desconhecido (este meio encoberto),  e Ramiro Raimundo (da LUAR, de bigode). A última pessoa identificada é António Vieira Pinto (segundo à direita, da LUAR).».

Tivesse ao menos o Expresso perguntado ao José Pedro Castanheira e poderia então ter dito que o «desconhecido» [que eu assinalo com um quadrado branco] é o meu querido amigo e camarada, o jornalista Fernando Correia (por detrás dele,   ajudou-me o José Araújo, está o também amigo, camarada e jornalista Albano Lima).


P.S: É claro que ninguém é perfeito mas, tendo em conta que o Expresso começou a 6 de Janeiro de 1973, não compreendo que a primeira entrada fotográfica sobre a Oposição Democrática seja a farsa eleitoral de Outubro de 1973, com omissão do 3º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro no início de Abril de 1973.

sábado, abril 30, 2011

Soares dos Santos e a «velharia» do 1º de Maio


30/04/11

Soares dos Santos e a «velharia» do 1º de Maio


Pingo quê ? Ou como se compram

consciências e coagem direitos






Hoje, nos supermercados Pingo Doce, cartazes estrategicamente colocados informavam os clientes de que aqueles estabelecimentos estarão abertos amanhã, 1º de Maio, Dia do Trabalhador e feriado nacional. Este anúncio é depois desenvolvido e argumentado com um extenso comunicado do qual o menos que se pode dizer é que é uma hábil mas sinistra mistura de ais e uis sobre a presente situação nacional com um patente vezo antisindical.
O comunicado, intitulado «Portugal precisa de trabalho e de sentido de responsabilidade» dava também conta da excelsa generosidade da empresa, ao informar que «os colaboradores» que se apresentarem ao serviço amanhã receberão uma remuneração de «mais 200% que acrescem à remuneração de um dia normal de trabalho» e beneficiarão da «concessão extraordinária de um dia de folga pelo dia trabalhado». Para quem porventura não o soubesse, fica assim claro como se compram consciências e se exerce uma poderosa coacção sobre o exercício dos seus direitos pelos trabalhadores. De caminho, talvez os leitores possam imaginar qual é a margem de lucro diário desta empresa para se permitir pagar mais 200% de remuneração num dia aos seus trabalhadores.

Não me faz grande falta mas, depois disto, quando pela enésima vez vir nas televisões o patrão da Jerónimo Martins a perorar sobre os males da Pátria e
a ensinar-nos o caminho da redenção nacional, vou-me sempre lembrar deste cartaz e deste comunicado e desabar, mas em português vernáculo, «Fuck you, mister Soares dos Santos !».

(aqui, o comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal)

terça-feira, abril 05, 2011

As eleições mais "aprisionadas" de sempre ? - Vítor Dias

um blogue de esquerda em homenagem à Comuna de Paris



04/04/11


Desculpem a extensão mas o assunto é sério



As eleições mais


"aprisionadas" de sempre ?

Já me tinha, por várias vezes, aproximado deste tema embora de forma relativamente subtil (ver 2º § desta «carta aberta»), mas agora é tempo de o abordar com a maior clareza possível. O que quero avançar é que, com a ressalva de que a memória é traiçoeira, julgo estar em marcha um nunca visto (e de contornos absolutamente asfixiantes) movimento de opinião publicada no sentido de expropriar as próximas eleições de conteúdos que, por definição, lhe deviam ser intrinsecamente inerentes, e de amarrar e formatar, em cínico nome do «pragmatismo» e de um suposto «estado de necessidade», as opções dos eleitores a um limitado quadro de escolhas de voto, alegadamente sustentado ou ancorado no ponto a que, em diversos domínios, o país chegou. Assim, a este respeito:

O que é muito triste de verificar é que esta poderosa e perigosa operação, vindo sobretudo de políticos, comentadores e bloggers próximos do PS, do PSD e do CDS, está também sendo servida, naturalmente com nuances próprias e diferentes celofanes, por pessoas que pertencem àquele esquerda que agora descobriu (Cavaco Silva não diria melhor) os encantos de adjectivos como «credível» e «exequível» (ver aqui). No primeiro grupo, pode dar-se o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa ontem na TVI a querer circunscrever o debate eleitoral à questão de saber quem é que tem soluções para que em Abril e em Junho se possam pagar as tranches da dívida externa, matéria que naturalmente limitou ao PS, PSD e CDS, depois de ter deixado claro que discussões sobre culpas não interessam nem ao menino Jesus. Quanto a mim, só certamente por falta de memória ou inspiração, é que não repetiu a cena de Mário Soares em 83 ou 84 virando-se na AR para a bancada do PCP para perguntar se, por acaso, na caixa da Soeiro Pereira Gomes não haveria cacau bastante que o PCP pudesse emprestar para que o país honrasse urgentes compromissos financeiros externos.

Quanto ao segundo grupo, o da «esquerda» razoável ou pragmática (parte da qual parece-me estar a ir para qualquer parte), pode valer por todos a crónica queDaniel Oliveira hoje publicou no Expresso online onde prevê as tácticas dos diversos partidos e depois enuncia o que, segundo ele, os eleitores realmente esperam de cada um na actual situação. Neste âmbito, vale a pena reter que Daniel Oliveira enquanto ao PS só pode moderadamente que « esclareça se, para além de adiar a intervenção do FMI e queixar-se da oposição, tem soluções a médio prazo, que passem por uma coordenação europeia para a inevitável e urgente renegociação da dívida. E se, entretanto, pretende começar a distribuir os sacrifícios com alguma decência.», depois de prever quanto ao PCP e BE que « vão gritar, julgando que basta ser o eco da irritação geral. Só que se é para acumular forças com a desgraça alheia, os desgraçados vão percebem que não é dali que virá a solução», o que vem exclusivamente reclamar do PCP e do BE é que « digam as suas condições para participar numa alternativa ao bloco central. ».

Como se vê, para este esclarecido teclado, aí está de novo a ideia peregrina e absurda de que as campanhas eleitorais são o terreno ideal para negociações entre partidos a um ponto tal que parece que a defesa dos suas próprias orientações, políticas e projectos deveriam ficar para segundo plano. Depois, segue-se a infantilidade ou genética diletância de supôr que isso das «condições» é coisa fácil de formular antes de terem sido contados os votos. De caminho, esquecem-se várias outras coisas: é que se as «condições» fossem cerradas e extensas, logo viria quem dissesse que só foram enunciadas para serem rejeitadas; se forem escassas, «mínimas» ou «credíveis» esquece-se que quem as apresentasse passaria a ter como campanha tudo o resto (bem maior e mais grave certamente) que teria revelado estar disposta a aceitar, tolerar ou engolir. E, por fim, esquece-se que a qualquer coisa medianamente decente (e que honestamente, no estado actual das artes, não sei o que seja) o PS logo responderia que não, nem pensar, o que só criaria para quem tivesse apresentado as tais «condições» o fortalecimento da imagem pública da sua marginalização em termos de futuras soluções governativas e definições de política.

Agora atenção: eu não sou nem tão estúpido, nem tão inexperiente nem tão distraído que não pressinta ou saiba que esta poderosa ofensiva ideológica e política de conformação e formatação do pensamento e atitudes dos eleitores não tenha pernas para andar. A diferença está em que eu não me submeto nem me rendo a ela, não lhe confiro nem inocência nem naturalidade, antes a procuro denunciar e combater com o limitado vigor intelectual e político que me resta.


Não, prezados cidadãos e cidadãs: não há nada que ateste melhor a força e a vitalidade da democracia e a soberania dos eleitores do que votarem de acordo com as suas convicções de fundo e em coerência com as indignações, protestos e lutas em que participaram nos últimos anos de desgraça, crise, atraso e retrocesso social. Sim, estimados eleitores e eleitoras: o que vos estão a pedir e vos vão pedir cada vez mais intensamente até ao dia de voto é que se esqueçam e assim absolvam as políticas que nos conduziram aqui e quem partidariamente tem indisfarçáveis culpas e responsabilidades, é que circunscrevam o leque das vossas opções de voto precisamente às forças cujas políticas e medidas tanto vos agrediram, indignaram e irritaram. Sim, caros compatriotas, o que mais pesará, no pós-eleições, sobre as soluções governativas e respectivas políticas não é um voto aprisionado naquilo que alguns, por conveniência e interesse próprio, baptizam de «credível», «possível» ou «exequível» mas oconvicto, confiante reforçado apoio em votos a uma nova política e aos que, contra ventos de falsas inevitabilidades e marés de alegadas fatalidades, coerentemente a defendem e propõem.

domingo, março 20, 2011

19 de Março - Duas horas e meia de desfile - Vítor Dias



19/03/11

Pelas minhas contas



Duas horas e meia de desfile

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A manifestação arrancou do Marquês de Pombal às 16 hs. Às 18.1o, dos Restaudores ainda não se avistava na Avenida o fim do desfile. Pode ser que já hoje alguns blogues e amanhã alguma imprensa escrita lhe dêem muitas voltas. Mas não há volta a dar-lhe: hoje em Lisboa desfilou uma imensa, impressionante e poderosa manifestação que reafirma, como tão necessário é, uma combativa disposição de luta dos trabalhadores portugueses e uma forte aspiração de mudança de políticas.



quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Glórias do jornalismo português - Vitor Dias


Um pouco de rigor, s.f.f.

Repetindo uma trafulhice interpretativa de todo o tamanho cometida por Marcelo Rebelo de Sousa na TVI no domingo, o Público de hoje arranca assim uma página inteira dedicada à questão «o PCP e a moção de censura» (sublinhado meu): «Jerónimo de Sousa deu o passo que faltava para colocar na agenda política o cenário do derrube do governo de José Sócrates, admitindo pela primeira vez o apoio do PCP a uma moção de censura aprovada pela direita». Ora, para já não falar que, ontem à noite na SIC Notícias, Bernardino Soares foi de uma clareza cristalina a colocar as coisas nos seus devidos termos, a verdade é que o próprio Público faz hoje diversas citações da entrevista de Jerónimo de Sousa e nenhuma autoriza as linhas iniciais que as jornalistas do «Público» escreveram. E quem tiver dúvidas pode ouvir aqui na integra a entrevista em questão.
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E face a comentários do PS e do BE às declarações de Jerónimo de Sousa, em estilos diferentes mas convergindo substantivamente na ideia de que o PCP se estaria a candidatar a «muleta da direita», talvez seja bom que se entenda, primeiro que, em política, há matérias, em que é perfeitamente justificado e necessário que um político se fique pelo que disse e sublinhe que mais não disse, não tendo obrigação de comentar cenários alheios que lhe coloquem; e segundo que, no caso de um partido como o PCP, o instrumento parlamentar moção de censura não é separável dos seus fundamentos políticos e da mudança de políticas por que se luta.
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Dito isto, não posso deixar de achar verdadeiramente espantoso que o líder parlamentar do Bloco de Esquerda declare hoje ao Público que «derrubar este governo para introduzir a revisão constitucional do PSD não é aceitável». Julgava eu que a aprovação de uma revisão constitucional exigia 2/3 de votos, que não há qualquer revisão constitucional se o PS a não quiser e que, portanto, está nas mãos do PS afastar os pesadelos e medos que, pelos vistos, sobressaltam as noites de José Manuel Pureza.
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Passos Coelho e o passe social - Vitor Dias

o tempo das cerejas*


um blogue de esquerda em homenagem à Comuna de Paris

08/02/11


Passos Coelho e o passe social



Mea culpa, mea maxima culpa

Segundo leio aqui, parece que Pedro Passos Coelho «acha estranho que as pessoas possam aceder ao passe social sem apresentarem uma declaração de rendimentos», o que, confesso, é um assunto premente pois, ainda no passado dia 31, me encontrei com Ricardo Salgado numa fila da CP para compra do passe social.
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Mas quero começar por dizer que não perdoo ao Daniel Oliveira ter-me estragado o dia com esta notícia. Eu explico: por volta de 1992, portanto ainda nos finais do cavaquismo, eu escrevi um artigo para um número da revista POLITIKA que já não chegou a sair, onde comentava, tanto em vertente séria como em vertente irónica, as já então impetuosas teorias que sustentavam que a gratuitidade ou tendencial gratuidade de todo um conjunto de serviços sociais (saúde, educação e outros) devia ficar dependente do nível de rendimentos de cada. E, aqui há uns bons anos, recuperei ideias e observações desse artigo para uma crónica no Avante! ou no Semanário de que não encontro cópia ou ficheiro. Para além da vertente séria, em que com tanta actualidade como hoje explicava caridosamente que é em sede de impostos que esta questão deve ser resolvida e não mutilando a universalidade de certos serviços sociais, o que tinha mais graça era a vertente irónica. Com efeito, eu escrevia então que, um dia destes, estes tipos ainda vão descobrir que os ricos também podem comprar passes sociais e ter os filhos na primária (era assim que eu escrevia) à borliu. E depois sugeria que, não sendo viável, por tenebrosas ressonâncias históricas, ressuscitar o sistema das estrelas de diversas cores cozidas nas lapelas, talvez o Ministério das Finanças pudesse emitir para cada um de nós um cartão plastificado apenas com as letras A, B, C, D e E, ou vá lá um selo sobre o cartão de cidadão, assim sinalizando de forma oficial, prática e portátil o escalão de rendimentos a que pertencemos.
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Moral da história: tendo escrito isto a gozar e havendo a probabilidade, ainda que ínfima, de Passos Coelho me ter lido, só me resta fazer um mea culpa, mea maxima culpa por o líder do PSD vir agora levantar a questão dos passes sociais. Já não me vai servir de muito, mas fica a lição: nunca brinques com coisas sérias pois o rídiculo ou impensável numa época pode sempre tornar-se em realidade uns anos depois, ao menos nas meninges neo-liberais de certos protagonistas políticos.
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sexta-feira, fevereiro 04, 2011

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Primeiras páginas sobre o Egipto - A força das imagens

 

 

02/02/11


Primeiras páginas sobre o Egipto


A força das imagens


O Los Angeles Times destoando
da maioria da imprensa norte-americana


quarta-feira, fevereiro 02, 2011

O dr. Lacão falando certamente (*) em nome do engenheiro eleitoral


01/02/11


Um nojo é a expressão certa


O dr. Lacão falando certamente (*)
em nome do engenheiro eleitoral


Vem no Público online que o ministro Jorge Lacão, falando certamente com o acordo de Sócrates, sustentou hoje que « a redução do número de deputados de 230 para 180 não deve ser mais adiada e que o exemplo de austeridade deve partir do Estado».

Face a isto, só venho aqui lembrar de passagem que, quando o número de deputados passou de 250 para 230, o PCP foi o partido que teve uma redução percentual de deputados muito superior aos outros e com o método de Hondt (que é uma forma de redução da proporcionalidade e não a sua garantia) ainda inscrito na Constituição, não há reduções de deputados sem essa desigual repartição de efeitos.

E poderia também lembrar que outro efeito dessa redução é reduzir o número de deputados desses partidos a um valor muito abaixo daquele número que permite assegurar com um mínimo de dignidade e eficácia as principais responsabilidades parlamentares, ficando no fundo a actividade parlamentar totalmente dominada pelo PS e pelo PSD.

E também poderia sobretudo dizer que estas declarações de Lacão e projectos do governo são um óbvio sinal de um indisfarçável desespero de um governo que aposta na carta do «populismo» e da «cultura» antiparlamentar e antipoliticos na esperança de que muitos cidadãos se esqueçam do mal que está fazendo às suas vidas e ao país.

Quanto ao mais, não tenho tempo para isso mas espero que em alguma redacção alguém se lembre durante quantos anos e anos e com quantas centenas de declarações o PS (e o próprio Jorge Lacão) rejeitaram indignadamente a proposta do PSD de reduzir o número de deputados para 180.

Entretanto, há de facto em Portugal um problema com o número de deputados mas é outro: é que há partidos com deputados a mais para o pouco que fazem e há partidos com deputados a menos para o muito que fazem. Mas esse é um problema que só os eleitores podem resolver.

(*)
A imprensa desta manhã salienta que estas declarações de Jorge Lacão foram feitas «a título pessoal» e dá conta de reacções de hostilidade da bancada parlamentar do PS. Apesar disso não vejo nenhum motivo para ir, um pouco à sorrelfa alterar o título do «post» e o seu teor. Na verdade, Lacão na entrevista não esclareceu esse aspecto e não seria suposto que um ministro, ainda por cima dos Assuntos Parlamentares, viesse emitir opiniões pessoais sobre uma matéria deste melindre e gravidade. E, além do mais, na política também há uma coisa chamada «atirar o barro à parede».

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quarta-feira, janeiro 26, 2011

De vez em quando... ... gosto tanto de os citar ! - Vitor Dias



24/01/11

De vez em quando...



... gosto tanto de os citar !
É mesmo, de vez em quando, não resisto a, mesmo sem grandes comentários, trazer aqui citações de certo pessoal que não consegue disfarçar o seu ódio visceral, mesquinhez política e raquitismo intelectual. O blogger universitário e coimbrão da terceira (ou quarta ou talvez quinta) noite mal dormida acaba de chamar a Francisco Lopes «funcionário cansado». Do «funcionário» já tratei aqui (deputado 30 e tal anos como Alegre já é outra loiça). Do «cansado» não é preciso dizer nada porque toda a gente viu, ao vivo na rua, nos debates televisivos e nos telejornais. Muito curioso este truque de alguns (atenção, é só alguns) apoiantes de Manuel Alegre: parece que, em vez de lamberem mais ou menos recatadamente as suas feridas e desgostos ou afagarem mansamente a sua respeitável dor pelo fracasso da aposta que fizeram, precisam como de pão para a boca de amesquinhar a candidatura que, quanto mais não fosse por comparação, não se saiu nada mal. Bem vistas as coisas talvez um Xanaxzinho lhes fizesse melhor.
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Blogger Joana Lopes disse...
Vítor, Eu sei de quem está a falar. Mas leu o quê e onde? «Acaba de...»
25 de Janeiro de 2011 11:36
Blogger VÍTOR DIAS disse...
Joana Lopes: Li onde a Joana sabe que li. Assim em «frio polar» (maiúsculas minhas): « Na minha insana sanha anticavaquista, lá depositei então o voto na urna. Não, não foi naquele senhor doutor médico que é todo ele boa pessoa, não foi no chefe da oposição na Madeira, não foi no FUNCIONÁRIO CANSADO, mas sim no outro, aquele do verbo retumbante que o Sr. Lello detesta.»
25 de Janeiro de 2011 13:13
 

04/01/11

Não é tarde nem cedo


Varrendo a testada


Agora, a propósito de Francisco Lopes ser desde há trinta e poucos anos funcionário do PCP, voltaram os remoques, as piadas e as sobrancerias mal disfarçadamente classistas que aquela qualidade estimula em algumas meninges doentias e preconceituosas.


36 anos depois do 25 de Abril que permitiu a criação e/ou legalização de partidos políticos, ser ou ter sido estavel e prolongadamente funcionário de um partido político (especialmente se se tratar do PCP) continua a ser apresentado como sendo quase uma espécie de capitis diminutio ou como um pegajosa e deslustrante etiqueta.

Não quero nada saber se quem assim fala ou escreve é de direita ou de esquerda ou assim-assim, só sei, e é a única coisa que me importa, que o fundo destes juízos é estruturalmente reaccionário.


Pode ser-se empregado de escritório, engenheiro, professor, médico ou advogado toda a vida, mas funcionário de partido (mesmo que sendo também licenciado) ai que horror, possívelmente porque quem assim suspira ou debita acha que a política é uma coisa impura ou mesmo porca onde o profissionalismo e a acumulação de experiência e competências deviam estar proibidos e onde, quando muito, se deviam fazer umas perninhas.


Curiosamente, ou antes por alguma razão, este preconceito só se aplica a funcionários de partido e nunca ou raramente, por exemplo, a cidadãos e cidadãs que tenham sido quase toda a vida deputados ou deputadas.


Dirão alguns que falo em causa própria porque fui funcionário do PCP durante cerca de 29 anos. E é por o ter sido que não me custa reconhecer que um tal opção de vida comporta riscos e limitações mas logo acrescento: como todas as outras opções de vida, profissões ou estatutos sociais, ora deixem-se lá de tretas. E que ninguém baralhe as coisas: não reclamo nenhum estatuto de superioridade, estou só a sacudir um estatuto de inferioridade.


Pois é, se Francisco Lopes, eu e tantos outros tivessemos escolhido «tratar da vidinha» (não confundir com o legítimo tratar da vida segundo um natural critério de interesse e realização pessoais), lá escaparíamos aos dichotes e labéus de opinion makers e bloggers de vistas curtas e almas pequeninas.


Esses podem todos assoar-se ao seguinte guardanapo: é que há compromissos de vida que não amesquinha quem quer.

3 comments:

Graciete Rietsch disse...
Os funcionários do PCP, e falo do PCP porque é o meu PARTIDO de que conheço muitos funcionários, merecem-me toda a consideração. São homens e mulheres que, não desitindo da sua própria vida, ocupam-na a construir uma vida melhor para todos os seres humanos. Deixo aqui a minha homenagem a todos os funcionários do PCP. Um beijo.
José Rodrigues disse...
Diz o povo que quem desdenha quer comprar...porque lhes falta autoridade moral para abdicar de privilégios,mesuras e sinecuras conseguidos à custa do esmagamento de direitos humanos fundamentais.Honra aos revolucionários profissiionais do PCP,do passado,do presente e do futuro! Abraço
Anónimo disse...
Pelo menos no que respeita ao estatuto de revolucionarios profissionais do PCP (incluindo equiparados, apenas no mais elevado sentido da palavra de compromisso com a Causa)estou de plenamente de acordo com o Vitor Dias.
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