A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, abril 30, 2012

Ernesto Cartaxo - Significado e dimensão históricos do 1.º de Maio e a luta dos trabalhadores na actualidade


INTERVENÇÃO DE JOSÉ ERNESTO CARTAXO, CASA DO ALENTEJO, LISBOA, 120 ANOS DO 1º DE MAIO


 A história do movimento operário internacional está recheada de acontecimentos e datas extremamente importantes. O 1º de Maio assume, indiscutivelmente, particular relevo e o mais profundo significado histórico.
 
A este dia estão intimamente ligadas muitas das maiores e mais exaltantes jornadas e movimentações de luta da classe operária, que, com sofrimento, coragem e determinação, demonstrou claramente o quanto é capaz a vontade colectiva dos trabalhadores para melhorar as suas condições de vida e de trabalho, vencer injustiças e desigualdades sociais, mudar mentalidades, transformar as sociedades e pôr fim à exploração do homem pelo homem.
   
- AS ORIGENS DO 1º DE MAIO
     
   Pesem embora algumas deturpações e desvirtuamentos produzidos pelo arsenal ideológico do capital, é generalizadamente reconhecido que as origens do 1.º de Maio estão associadas aos trágicos acontecimentos que ocorreram em 1 de Maio de 1886, na cidade norte-americana de Chicago.
    
    Todavia, para se ter uma visão dialéctica do seu significado histórico, importa assinalar que, na sequência da Revolução Industrial, verificada nos finais do século XVIII, o operariado era objecto de uma intensíssima e desumana exploração, que se traduzia em imensas privações e brutalidades, sendo forçado a trabalhar 12, 14, 16 e mais horas por dia, na indústria e no comércio e, de sol a sol, na agricultura.

A exploração desmedida, sem qualquer tipo de escrúpulos, do trabalho infantil e do trabalho feminino era uma fonte suplementar de lucro para o empresário capitalista.
    
     Passada a revolta inicial contra as máquinas, por considerarem serem elas as causadoras dos seus sofrimentos, a classe operária, nascente, e os trabalhadores, em geral, encontram nas ideias contidas no Manifesto Comunista de Marx e Engels, publicado em 1848, as respostas sobre as verdadeiras causas que estão na origem de tão desumana e feroz exploração e sobre os caminhos a trilhar.
    As causas estavam no sistema capitalista, cujo modo de produção se baseia na apropriação privada dos meios de produção e na exploração desenfreada de quem neles trabalha, para a obtenção do máximo lucro, e o caminho apontado era a unidade, a organização e a luta. A palavra de ordem era: PROLETÁRIOS DE TODO O MUNDO, UNI-VOS!

Animado e estimulado por estas ideias, o operariado empreende lutas constantes centradas na redução da jornada de trabalho, por melhores salários e contra a exploração, procurando pôr termo a esta desumana e intolerável situação.
   
    É assim que, em 1866, o Congresso de Genebra da 1ª Internacional estabelece como objectivo a limitação da jornada de trabalho em 8 horas como “condição indispensável ao êxito de qualquer outro esforço emancipador” e adopta, como divisão racional do tempo diário de trabalho, 8 horas de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas para a cultura e a educação, que se converte em exigência iniludível para a protecção do trabalhador como ser humano.   
    
    É neste contexto que a Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá, numa conferência anual, que teve lugar em Dezembro de 1885, convoca uma greve geral para o dia 1 de Maio de 1886, pelas 8 horas.

       No âmbito desta greve, a que aderiram muitos milhares de trabalhadores, realizaram-se diversas e grandiosas manifestações.  
   
   Foi num comício de massas, realizado no dia 4 de Maio, na Praça Haymarket (Mercado do Feno), em Chicago, que foi montada uma manobra provocatória, que constou do rebentamento de uma bomba, colocada de propósito para justificar uma feroz e sangrenta repressão que se abateu sobre os manifestantes, que provocou várias mortes e centenas de feridos e levou à prisão de centenas de militantes sindicais, sendo de distinguir a de oito destacados dirigentes, mais tarde conhecidos como os “oito mártires de Chicago”, sete dos quais condenados à pena de morte e o outro a 15 anos de prisão.

    Mas esta heróica luta não foi em vão, porque 50.000 dos operários em greve conquistaram imediatamente o dia de 8 horas de trabalho, enquanto outros 200.000 conseguiram uma certa redução do horário de trabalho.
        Os trágicos acontecimentos de Chicago tiveram um grande significado, não só para os operários norte-americanos, mas também para todo o proletariado mundial, tendo merecido da parte deste a mais viva solidariedade e enérgica condenação.

De tal modo que, em 1889, os representantes dos movimentos socialistas de diversos países se reúnem em Paris e resolvem internacionalizar o 1.º de Maio, declarando-o dia de luta do proletariado, pela jornada de oito horas, e marcando para o 1.º de Maio seguinte, 1890, manifestações simultâneas em todos os países.
  Nascia, assim, há 120 anos, o Dia Internacional do Trabalhador e estava dado um novo e importante passo na luta do Trabalho contra o Capital.
- O 1.º DE MAIO EM PORTUGAL
 Desde o primeiro ano das comemorações do 1.º de Maio, em 1890, até aos dias de hoje, passando pela monarquia, pela 1.ª República e durante a ditadura fascista, o operariado português sempre comemorou activamente o Dia Internacional do Trabalhador, em unidade e luta e com solidariedade internacionalista, reclamando junto do patronato e das autoridades portuguesas o estabelecimento das 8 horas de trabalho diário e a melhoria das suas condições de vida e de trabalho.
        
         Neste percurso histórico, os ecos da Revolução de Outubro de 1917, na Rússia, chegam a Portugal e suscitam um grande entusiasmo nos trabalhadores portugueses.
    
  Em 1919, após um 1.º de Maio grandioso, é conquistada e consagrada, em Lei, a jornada das 8 horas diárias e 6 dias de trabalho por semana, ainda que só para os trabalhadores da indústria e do comércio.
          
   A 6 de Março de 1921, forma-se o Partido Comunista Português e a classe operária inicia a construção da sua vanguarda revolucionária.
           
    Na ditadura fascista - que suprimiu as liberdades fundamentais, fascizou os sindicatos e oprimiu o nosso povo durante 48 anos – o regime, desde cedo, procurou impedir as comemorações do 1.º de Maio. Em vão, porque, de acordo com a situação concreta em cada momento, o proletariado português, sob a orientação do PCP, soube sempre encontrar as formas mais apropriadas à sua comemoração, não obstante a repressão de que era alvo.
          
        As lutas do 1.º de Maio de 1962, nas quais se empenham mais de 150 mil trabalhadores agrícolas do Sul, do Ribatejo e do Alentejo, acabam por impor o reconhecimento das 8 horas de trabalho diário, pondo termo ao feudal sol a sol.

           Assinalam-se, ainda, importantes manifestações nos 1.º de Maio que se seguiram até 1973 e que, em articulação com as inúmeras lutas que se travavam ao nível das empresas e dos locais de trabalho e na frente sindical, forjaram as condições que viriam a tornar possível a vitoriosa madrugada libertadora do 25 de Abril, desencadeada pelo glorioso Movimento das Forças Armadas.
        Apenas 6 dias após a manhã da liberdade, o povo português comemorou o mais espantoso 1.ºde Maio, organizado pela Intersindical, criada em 1970. Era a alegria incontida de um povo que enterrava 48 anos de terror, de miséria, de obscurantismo. Era a consagração popular do 25 de Abril.
         Pela primeira vez, dando satisfação a uma reivindicação da Intersindical, o 1.º de Maio era consagrado feriado nacional.
          A arrancada do 1.º de Maio de 1974 vai dar início a uma série de conquistas que correspondem a prementes reivindicações e anseios das classes trabalhadoras e das massas populares. A determinação e a energia criadora das massas populares em movimento impulsionam a evolução do processo de democratização da vida e da sociedade portuguesa. Conseguem-se profundas transformações económicas e sociais com as nacionalizações, a reforma agrária e o controlo operário. Conquistam-se liberdades e direitos fundamentais.
         É em 1996, na sequência da luta travada e de várias iniciativas parlamentares do PCP, nomeadamente a apresentação de um projecto de Lei, em 17 de Janeiro deste ano, que o governo de Guterres é forçado a consagrar, na lei, as 40 horas semanais com dois dias de descanso semanal.
- A IMPORTÂNCIA E ACTUALIDADE  DA LUTA
 Como se comprova, ainda que de forma muito sintética, o movimento operário e sindical, através da luta, dura, difícil e perseverante que desenvolveu, escreveu algumas das páginas mais exaltantes da sua história contra a exploração capitalista, o que permitiu alcançar conquistas e avanços civilizacionais que em muito contribuíram para a melhoria das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores e das suas famílias.
  Contudo, o capital não dorme nem desarma. A partir de 1976, com as políticas de direita seguidas pelos sucessivos governos, a contra-revolução desencadeia-se e de novo se abate sobre os trabalhadores a exploração, a repressão e a tentativa de destruição das conquistas alcançadas.
A prová-lo está a ofensiva neoliberal em curso de que é exemplo a postura do governo PS/Sócrates, que, ao rever para pior o já negativo Código do Trabalho do PSD/CDS, deu alento à ofensiva patronal, no sentido de o desregular e de impor como jornada de trabalho “normal” as 10, 12 ou mesmo 14 horas por dia, sem o pagamento de qualquer compensação pelo trabalho extraordinário, o que constitui um regresso ao século XIX e às condições de trabalho que estiveram na origem do 1.º de Maio e da sua internacionalização.
É em honra da memória dos “mártires de Chicago”e da luta de gerações e gerações de revolucionários, muitos deles com o sacrifício da própria vida, e contra a exploração capitalista que temos o dever e a obrigação de tudo fazer para que se desenvolva e intensifique a luta de massas por uma ruptura com as políticas de direita e para que as comemorações do 1.º de Maio, constituam uma imponente jornada internacionalista de unidade e luta por uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, sem exploradores nem explorados.

O 1.º de Maio de 1962 nas colunas do DIÁRIO DE NOTÍCIAS


Memórias do PREC, da resistência anti-salazarista e outras crónicas históricas

Sexta-feira, 1 de Maio de 2009

O 1.º de Maio de 1962 nas colunas do DIÁRIO DE NOTÍCIAS

O ano de 1962 culmina a grave crise política do regime de Salazar, mais atanazado das pulgas, iniciada com o terramoto de Humberto Delgado em 1958, umas nuvens negras a marcar a ronceira agonia do salazarismo. Aquele ano inicia-se com o assalto ao Quartel de Beja, logo na madrugada de 1 de Janeiro de 1962 sob mando do capitão João Varela Gomes, coadjuvado por um grupo civil liderado por Manuel Serra.

Toda esta agitação de massas originada a partir da campanha eleitoral de Humberto Delgado, leva, em si, à reorganização do Partido Comunista Português e a um crescendo de influência dos comunistas, que culminou em Janeiro de 1960 com a espectacular fuga de Peniche empreendida por vários dirigentes do partido, à cabeça dos quais estava Álvaro Cunhal
[1].

O ano de 1962 marca de sobremaneira um pico da radicalização da luta antifascista, em especial junto das camadas mais politizadas dos operários, trabalhadores agrícolas e dos estudantes das zonas urbanas.

A 8 de Março desse ano a polícia reprime uma manifestação popular no Porto, e, a 24 de Março a proibição da comemoração do Dia do Estudante vai despertar a“crise académica de 1962”, marcada por uma série de lutas estudantis nas Universidades de Lisboa e Coimbra, em permanência de Março até Junho, sucessivas manifestações de rua e recontros com a polícia, suscitando mais uma onda repressiva de prisões.

Em plena maré da luta estudantil, ocorrem as grandiosas manifestações populares do 1.º de Maio em Lisboa, Almada e no Barreiro. As artérias da Baixa de Lisboa, entre o Martim Moniz e o Terreiro do Paço, encheram-se de povo, naquela que foi a maior manifestação de rua contra o regime desde 1958, com a presença de 100.000 manifestantes, segundo a propaganda do PCP.

A ferocidade repressiva foi enorme, e da mesma se fizeram eco os jornais da época, uma cantilena melada
[2]. Uma imensa multidão a vozear bem alto contra a repressão fascista, em sucessivas vagas, aproveitando as actividades quotidianas, em especial a hora do almoço e o princípio da noite.

«O dia 1.º de Maio foi assinalado em Lisboa por desagradáveis acontecimentos», noticiava então a imprensa, salientando as loucas «correrias e muito alarido» «lançando a confusão». O articulista chamava particular atenção para o facto dos «elementos subversivos» terem escolhido as horas de ponta da circulação diária da populaça, aquele «constante vaivém», a fim de manifestarem «os seus criminosos fins e também com o propósito de suscitar entre o povo sentimentos de hostilidade» contra as «forças encarregadas de zelar pela ordem pública». Para o jornal não havia falso nem verdadeiro.

A organização da manifestação utilizara, dizia enfaticamente, «uma intensa propaganda por meio de panfletos clandestinos espalhados pela cidade e distribuídos de formas ilícitas», acicatando «as classes trabalhadoras a concentrarem-se» para apresentarem «certas reivindicações» contra a falta de liberdade, a miséria e a guerra colonial emergente e instigando também «a faltar ao trabalho». Um estendal de agravos.

No intuito de manter o povoléu «na ordem, na paz e no trabalho», pois claro,«as entidades governativas», sempre a “bem da Nação”«ordenaram medidas especiais de segurança», e, devido a «aconselháveis precauções», até os«automóveis das brigadas móveis» de choque foram colocados de alerta e bastão em punho, para além de serem «montados serviços de vigilância» nas estações ferroviárias e fluviais, não fosse o diabo tecê-las…

O pormenor dessa sanha repressora era de truz. Para facilitar «o serviço de vigilância da polícia» – porém decerto complicar a vida aos trabalhadores que regressavam ao domicílio depois duma jornada de trabalho – foram «mudadas várias paragens de eléctricos e de autocarros».

Na oportunidade de malhar nos assalariados, o regime duro e impiedoso que não professava grande estima pela arraia-miúda, nada deixava ao acaso. Até na ordem para impedir «paragens e ajuntamentos», havendo o necessário recurso a umas traulitadas para convencer os «recalcitrantes», e calabouço para «três desobedientes».

Quando «tudo parecia decorrer na devida ordem», estas prisões na Praça do Comércio, assegura o noticiário que seguimos par e passo, deram origem ao«pretexto» de diversos «grupos de indivíduos», em alta grita a «injuriaram e vaiaram a Polícia, tentando rodear um carro patrulha». Do pé para a mão,«os grupos de desordeiros engrossavam», enquanto «a força policial tentou afastar a multidão que então se formara num ápice». Toque-se a rebate!

Como «as pessoas ordeiras» entraram em horda de franca «desobediência» e até resistiam à intimação dos «potentes altifalantes portáteis» no sentido de se afastarem, foi usada a dialéctica da força bruta e espancamento para afastar a canalha e «fazer evacuar a praça». Assim, a autoridade, certamente pouco contrariada, e zás, «viu-se obrigada a carregar de bastão em riste, no meio de gritaria e insultos dos manifestantes, sucedendo-se as correrias», ofensa gravíssima.

A confusão e as cargas policiais alastraram às ruas Augusta, do Ouro, da Prata, dos Fanqueiros, da Madalena, ao Largo da Sé, ao Rossio e Restauradores, e os manifestantes recebiam tratamento diferenciado de «díscolos»«desordeiros»,«provocadores» e outros mimos na pena servil do redactor, e, claro, bordoada e remetidas dos cívicos, naquela missão patriótica de rachar cabeças à bastonada, mais um crivo de pontapés e coronhadas.

A polícia, coitada, botava-se de corrida e lá «teve de carregar novamente» sobre «os desordeiros, muito aumentados» no número, que«fugiam dum lado, para logo aparecerem e se reagruparem noutro», desalmados desconformes que não ficavam quietos a levar pancada de criar bicho como mandava a lei…

A coisa foi de tal monta, imaginem, «em dada altura a situação piorou por motivo de alguns amotinados começarem a apedrejar os agentes da autoridade», e assim, os «motins aumentaram» de intensidade. Para pôr fim a tal despautério, e mais a meia dúzia de pedradas, «agressão praticada pelos desordeiros», a polícia «viu-se na necessidade de empunhar armas de fogo para impor respeito e intimidar».

Aqui se prova que o povo português é dos mais altos do mundo – ou tinha a polícia pouca pontaria –, pois tão-somente atirou umas «descargas» de «armas automáticas», dando «alguns tiros para o ar», as balas a uivar, mesmo assim, cortavam a carne, num banho de sangue e rasto de vítimas.

Apesar do tiroteio à carga cerrada, «durante algum tempo», os elementos«provocadores não cessaram» a actividade, sendo necessário recorrer a frenéticas cargas de «um esquadrão de cavalaria da GNR». O jornal, narração feito para crédulos e tolos, realçava uns parágrafos à frente, que «a despeito de a Polícia haver feito as descargas para o ar, com a preocupação de não atirar para a multidão, alguns projécteis» atingiram «seis dos manifestantes». A ordem salazarista, assim pintada, parecia alma dócil e piedade cristã.

«Dos desordeiros atingidos, um deles teve morte imediata, pois um projéctil atravessou-lhe o crânio», relatava dando um ar cândido à tirânica morte de Estêvão José Dangue Giro, caiu cerce aos 25 anos, servente de tipografia, natural e residente em Alcochete. Os maltratados, afinal veio a constatar-se serem muitos mais, foram transportados para o banco de urgência do Hospital de S. José e o posto de socorros do Terreiro do Paço.

Entrementes, o teatro das operações mudava-se para o Rossio, onde a polícia utilizou «o chamado carro de água», e com «fortes jactos» de «água colorida de azul» lá «dispersou os desordeiros», tingindo também «paredes, portas e o pavimento». Dias de muita bicheza!

O resto, para não saturar a moleirinha, vai o relato do tamanho dum mantéu, foi respingo de violência, com a «força pública» a «agir com energia» na Praça da Figueira e no Martim Moniz. Mais cacetadas da polícia na Rua da Palma, uso de«bombas lacrimogéneas» por todo o lado, açoitando além, rompendo adiante, desde o Rossio ao Largo do Duque de Cadaval, intercalados por galopes de quadrúpedes da cavalaria e «tiros de advertência» para o ar.

E ainda outras «desordens» de «menor importância» nas zonas do Largo do Carmo, Chiado e Escola de Veiga Beirão, «facilmente dominadas pela GNR e pela Polícia». Os tumultos com os «grupos de desordeiros» reacenderam-se à noite «depois de terminarem os espectáculos», levando a lesta e desembaraçadas intervenções dos pelotões da PSP e GNR no Rossio, Largo de D. João da Câmara, Praça da Figueira, S. Domingos e ruas do Ouro e Augusta. Nova carga de disparos e rajadas de metralhadora sobre a multidão, a turbamulta em carne viva, os pimpões a calcar em pé de guerra.

Nessa ocasião a polícia mandou «encerrar os cafés e as casas de pasto» entre o Rossio e o Terreiro do Paço. A situação amainou lá para a 1h30, altura em que a «cidade voltou à normalidade», embora debaixo de «intenso patrulhamento» das forças policiais, dormitando com um olho, o trabuco aperrado para a fuzilaria, o bastão da vergalhada à mão de semear.

No decorrer dos «acontecimentos da tarde e da noite» foram detidos na esquadra vizinha ao Teatro Nacional cerca de 150 indivíduos, «entregues à PIDE» para «apurar as responsabilidades que lhes competem». Entre as detenções, a notícia faz relevo para duas senhoras por «injuriaram e ameaçaram a Polícia», um perigo público eminente, certamente.

Um dos trincafiados, lata suprema, fora detido pela lesa-nação de atirar «pedras a um esquadrão de cavalaria» que espezinhava os manifestantes, e ao mesmo tempo «foram-lhe apreendidos numerosos panfletos de propaganda subversiva».

Dos feridos, a rebolarem pelo chão, seis ficaram hospitalizados no Hospital de S. José, cinco dos quais «feridos a tiro»
[3]. Entre eles, um elemento da polícia[4]atingido por “fogo amigo” das próprias forças repressivas.

Na sua santa indignação de virgem melindrada o jornal destacava que, para além do cívico baleado, ficaram feridos mais um guarda da PSP
[5], um agente da PIDE[6], um guarda prisional[7] e um oficial do Exército[8]. Os restantes 28 indivíduos feridos receberam tratamento hospitalar e passaram de imediato para o calabouço do Governo Civil, detidos à ordem da PIDE, velhaca e traiçoeira.

No dia seguinte, a 2 de Maio de 1962, o ministro do Interior, o finório dr. Santos Júnior
[9], percorreu as ruas de Lisboa onde se deram os«lamentáveis acontecimentos da alteração da ordem pública», certamente com ar consternado, dada a dimensão dos estragos, mas soberbo da sua força.

Para outra oportunidade ficará o relato que o AVANTE! fez dos mesmos acontecimentos, assim como as demais manifestações que ocorreram no Porto, Setúbal, Alentejo e de novo em Lisboa. Aqui e agora, fica a exposição duma jornada antifascista que o regime salazarista, gente desvairada, tentou esmagar por entre clamores, tiros e bordoadas de partir tudo. Tudo, menos a vontade dum povo em grito de revolta a sair do peito.


[1] Do Forte de Peniche fugiram os seguintes elementos, numa das fugas mais espectaculares: Álvaro Barreirinhas CunhalJoaquim Gomes dos Santos, Jaimedos Santos SerraCarlos Campos Rodrigues da CostaFrancisco Miguel Duarte (“Chico Sapateiro”), José CarlosPedro dos Santos SoaresGuilherme da Costa CarvalhoRogério Rodrigues de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues (“Chico Martins”). A comissão de fuga do interior era composta por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes, e do exterior organizaram a fuga Joaquim Pires Jorge, António Dias Lourenço, Octávio Pato e Rogério Paulo.
[2] Cf. DIÁRIO DE NOTÍCIAS, de 3 de Maio de 1962. Todas citações são tiradas deste periódico.
[3] Ficaram internados e detidos no Hospital de São José: Eugénio Baptista, 64 anos, carpinteiro; José Augusto Rosendo, 42 anos, marinheiro; António José Mendes de Andrade, 16 anos, empregado de livraria; Armando Correia de Carvalho, 30 anos, maleiro; António Bernardino Poças Lopes, 27 anos, torneiro mecânico.
[4] Manuel Antunes Jacinto, de 22 anos, guarda da PSP, no quartel da Parede.
[5] António Maia de Morais, 25 anos, agente da PSP do quartel da Parede.
[6] Luís Martins Ferreira, 46 anos, agente da PIDE, morador na Amadora.
[7] José da Costa Quebrada, 37 anos, guarda dos Serviços Prisionais do Reduto Sul de Caxias.
[8] Jorge Marques Ferreira, tenente do Exército, de 49 anos.
[9] Alfredo Rodrigues do Santos Júnior (1908+1990), formado em Medicina pela Universidade de Coimbra, foi presidente do Centro Académico de Democracia Cristã (1933-1934), médico do Hospital de Gouveia, director do posto médico da Caixa de Previdência dos Lanifícios de Gouveia, presidente da Câmara Municipal de Gouveia (1946-1959), subdelegado regional da Mocidade Portuguesa em Gouveia, presidente da Comissão Distrital da Guarda da União Nacional (1952), deputado da Nação pelo distrito da Guarda (1957-1960), governador civil do distrito da Guarda (1960-1961) e Ministro do Interior (1961-1968). Foi condecorado como oficial da Ordem de Cristo. A sua actuação no Ministério do Interior ficou marcada pelo notório reforço da acção repressiva do regime.

domingo, abril 29, 2012

Miguel Urbano Rodrigues e Khadafi


Khadafi morreu combatendo com dignidade e coerência

Miguel Urbano Rodrigues
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A foto divulgada pelos contrarrevolucionários do CNT elimina dúvidas: Muamar Khadafi morreu em Sirte.
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Notícias contraditórias sobre as circunstâncias da sua morte correm o mundo, semeando confusão. Mas das próprias declarações daqueles que exibem o cadáver do líder líbio transparece uma evidência: Khadafi foi assassinado.
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No momento em que escrevo, a Resistência líbia ainda não tornou pública uma nota sobre o combate final de Khadafi. Mas desde já se pode afirmar que caiu lutando.
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Os media a serviço do imperialismo principiaram imediatamente a transformar o acontecimento numa vitória da democracia, e os governantes dos EUA e da União Europeia e a intelectualidade neoliberal festejam o crime, derramando insultos sobre o último chefe de Estado legitimo da Líbia.
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Essa atitude não surpreende, mas o seu efeito é oposto ao pretendido: o imperialismo exibe para a humanidade o seu rosto medonho.
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A agressão ao povo da Líbia, concebida e montada com muita antecedência, levada adiante com a cumplicidade do Conselho de Segurança da ONU e executada militarmente pelos EUA, a França e a Grã-Bretanha deixará na Historia a memória de uma das mais abjetas guerras neocoloniais do inicio do século XXI.
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Quando a NATO começou a bombardear as cidades e aldeias da Líbia, violando a Resolução aprovada sobre a chamada Zona de Exclusão aérea, Obama, Sarkozy e Cameron afirmaram que a guerra, mascarada de «intervenção humanitária», terminaria dentro de poucos dias. Mas a destruição do país e a matança de civis duraram mais de sete meses.
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Os senhores do capital foram desmentidos pela Resistência do povo da Líbia. Os «rebeldes», de Benghazi, treinados e armados por oficiais europeus e pela CIA, pela Mossad e pelos serviços secretos britânicos e franceses fugiam em debandada, como coelhos, sempre que enfrentavam aqueles que defendiam a Líbia da agressão estrangeira.
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Foram os devastadores bombardeamentos da NATO que lhes permitiram entrar nas cidades que haviam sido incapazes de tomar. Mas, ocupada Tripoli, foram durante semanas derrotados em Bani Walid e Sirte, baluartes da Resistência.
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Nesta hora em que o imperialismo discute já, com gula, a partilha do petróleo e do gás líbios, é para Muamar Khadafi e não para os responsáveis pela sua morte que se dirige em todo o mundo o respeito de milhões de homens e mulheres que acreditam nos valores e princípios invocados, mas violados, pelos seus assassinos.
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Khadafi afirmou desde o primeiro dia da agressão que resistiria e lutaria com o seu povo ate à morte.
Honrou a palavra empenhada. Caiu combatendo.
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Que imagem dele ficará na Historia? Uma resposta breve à pergunta é hoje desaconselhável, precisamente porque Muamar Khadafi foi como homem e estadista uma personalidade complexa, cuja vida refletiu as suas contradições.
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Três Khadafis diferentes, quase incompatíveis, são identificáveis nos 42 anos em que dirigiu com mão de ferro a Líbia.
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O jovem oficial que em 1969 derrubou a corrupta monarquia Senussita, inventada pelos ingleses, agiu durante anos como um revolucionário. Transformou uma sociedade tribal paupérrima, onde o analfabetismo superava os 90% e os recursos naturais estavam nas mãos de transnacionais americanas e britânicas, num dos países mais ricos do mundo muçulmano. Mas das monarquias do Golfo se diferenciou por uma política progressista. Nacionalizou os hidrocarbonetos, erradicou praticamente o analfabetismo, construiu universidades e hospitais; proporcionou habitação condigna aos trabalhadores e camponeses e recuperou para uma agricultura moderna milhões de hectares do deserto graças à captação de águas subterrâneas.
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Essas conquistas valeram-lhe uma grande popularidade e a adesão da maioria dos líbios. Mas não foram acompanhadas de medidas que abrissem a porta à participação popular. O regime tornou-se, pelo contrário, cada vez mais autocrático. Exercendo um poder absoluto, o líder distanciou-se progressivamente nos últimos anos da política de independência que levara os EUA a incluir a Líbia na lista negra dos estados a abater porque não se submetiam. Bombardeada Tripoli numa agressão imperial, o país foi atingido por duras sanções e qualificado de «estado terrorista».
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Numa estranha metamorfose surgiu então um segundo Khadafi. Negociou o levantamento das sanções, privatizou empresas, abriu sectores da economia ao imperialismo. Passou então a ser recebido como um amigo nas capitais europeias. Berlusconi, Blair, Sarkozy, Obama, Sócrates receberam-no com abraços hipócritas e muitos assinaram acordos milionários, enquanto ele multiplicava as excentricidades, acampando na sua tenda em capitais europeias.
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Na última metamorfose emergiu com a agressão imperial o Khadafi que recuperou a dignidade.
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Li algures que ele admirava Salvador Allende e desprezava os dirigentes que nas horas decisivas capitulam e fogem para o exílio.
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Qualquer paralelo entre ele e Allende seria descabido. Mas tal como o presidente da Unidade Popular chilena, Khadafi, coerente com o compromisso assumido, morreu combatendo. Com coragem e dignidade. 
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Independentemente do julgamento futuro da Historia, Muamar Khadafi será pelo tempo afora recordado como um herói pelos líbios que amam a independência e liberdade. E também por muitos milhões de muçulmanos.
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A Resistência, aliás, prossegue, estimulada pelo seu exemplo.
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Vila Nova de GAIA, no dia da morte de Muamar Khadafi
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Esta página encontra-se em www.cecac.org.br

Só a luta operária e popular pode reverter a regressão social!


1º de Maio
Viva os proletários de todos os países!
Só a luta operária e popular pode reverter a regressão social!
Em todos os continentes a classe operária e os povos resistem à deterioração das suas condições de trabalho e de vida e lutam contra a ofensiva capitalista e imperialista. Greves, manifestações, guerras populares, com vitórias e derrotas vêm ocorrendo em todo o mundo. Mas vivemos um período da história da humanidade marcado pela regressão social, que pode ser verificada em todas as dimensões da vida.
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Consideramos que o fator fundamental nesse processo de regressão foi o predomínio do oportunismo, do reformismo e da conciliação de classe, particularmente nas últimas décadas, no movimento comunista e operário mundial, nos partidos comunistas e revolucionários. Esse recuo ideológico e político na luta de classes internacional levou a erros e desvios na construção do socialismo, com a derrota da União Soviética e do bloco socialista do leste europeu, e à vitória da burguesia e da contrarrevolução mundial. Em países como a China, onde formalmente prevalece um regime socialista, observamos um processo de restauração capitalista. A burguesia nacional se fortalece não só porque explora brutalmente o proletariado chinês, com altas taxas de mais-valia, como também porque expande essa exploração sobre os trabalhadores em outros países onde suas empresas se instalam. Desde então, o retorno ao capitalismo nessa região do planeta, bem como sua intensificação nas regiões anteriormente dominadas, como América Latina e África, desencadearam uma contínua reversão das conquistas sociais que estavam em curso em todo o mundo, desde a Revolução de Outubro de 1917.
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Esse recuo das posições revolucionárias deixou a classe operária e os povos no mundo desarmados para enfrentar a política do capitalismo de intensificar a exploração e a opressão. E, no contexto desse recuo, a burguesia em nível mundial, com a reestruturação produtiva e a “liberalização” da economia (o chamado “neoliberalismo”), conseguiu vergar o proletariado ameaçando-o com o desemprego, o fechamento de fábricas e a não realização de investimentos, caso não aceitassem as reformas regressivas que retiravam direitos. 
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O resultado de todo esse processo é que o direito a uma vida digna, consubstanciado na universalização do acesso a trabalho regulamentado, alimentação, moradia, saúde, cultura e lazer, que era uma realidade para uma parte considerável dos povos e que ao menos parcialmente estava ao alcance das populações dos países capitalistas dominantes e, em menor medida, também nos países dominados, foi interrompido.
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A contrarrevolução burguesa em curso, para favorecer a possibilidade do emprego de capitais que não conseguem aplicação lucrativa na esfera produtiva, tratou de destruir os serviços públicos de educação, saúde, entre outros, forçando os setores médios da sociedade a pagarem por estes serviços em escolas e convênios particulares, condenando os setores mais empobrecidos a um precário atendimento público. Esses capitais também são aplicados na especulação financeira envolvendo até os alimentos, encarecendo seu preço e aumentando a fome em vários países do mundo.
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O desenvolvimento científico e tecnológico, colocado a serviço do capital, leva o desemprego, a fome e a miséria a milhões de pessoas, que sobrevivem em condições sub-humanas nas ruas e favelas. A quantidade de alimentos produzidos hoje daria para alimentar o equivalente a três vezes a população mundial. Porém, milhões de pessoas no mundo se alimentam mal, vivem na subnutrição crônica ou morrem de fome, pois se reforça a lógica da acumulação capitalista, de obter lucros, na produção de alimentos. Outra parcela dos trabalhadores, para manter um padrão de vida minimamente decente, se submete à intensificação da exploração, laborando extensas horas e com ritmos acelerados de trabalho.
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Para levar adiante essa política, a burguesia conseguiu a adesão de vários partidos e organizações sindicais e populares que, anteriormente, defenderam projetos emancipatórios, mas que se converteram aos dogmas burgueses e reduziram suas propostas a meras reformas superficiais, na forma de políticas compensatórias, do tipo bolsa-família. Esses partidos e organizações contribuíram para a situação de regressão social atualmente em curso, ao negociarem com a burguesia a aplicação de políticas que retiram direitos.
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As formas de regressão social impostas em todo o mundo pelo imperialismo ao proletariado incluem as ameaças de novas guerras, inclusive as nucleares, como o possível bombardeio ao Irã. Em busca de manter fontes de matéria-prima, o imperialismo incrementa guerras e busca se imiscuir nos assuntos internos de certos países, como foi o caso da Líbia e agora a Síria. O aprofundamento da crise e a regressão social vivida pelo proletariado, especialmente na Europa, geram uma revivescência do fascismo em escala mundial e de formas de autoritarismo civil.
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O Brasil, apesar da propaganda oficial que afirma ter surgido no país uma nova classe média, não está imune a esse processo de regressão social. O aumento no consumo de eletroeletrônicos e de automóveis por meio do endividamento familiar pode dar a impressão de certa melhoria nas condições de vida, mas não apaga problemas como a intensificação da exploração, os salários baixos, as longas jornadas de trabalho, o aumento nas denúncias de trabalho escravo mesmo em atividades urbanas e a deterioração dos serviços públicos, como a saúde e a educação, o transporte público caótico, e a falta de moradia, etc. As obras da Copa e das Olimpíadas, além de novos empreendimentos industriais como portos, usinas e estaleiros, atiçaram a ganância do capital imobiliário. Este promove em várias cidades, com apoio do judiciário e da polícia, remoções violentas de comunidades inteiras. Há uma remodelação de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, onde se expulsam moradores de comunidades pobres visando entregar essas áreas para a especulação imobiliária.
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Contra tudo isso o proletariado brasileiro tem resistido com lutas e greves. Destacam-se as lutas dos operários dos canteiros de obras nos estádios de futebol, do PAC na construção das Usinas de Jirau e Santo Antônio, a greve dos bombeiros no Rio de Janeiro, a luta dos professores por todo o país. A resposta do Estado capitalista brasileiro a todas essas demandas tem sido a repressão e criminalização dessas lutas, com o envio de tropas da Força Nacional de Segurança para reprimir a greve dos operários nas obras do PAC e o violento despejo que sofreram os moradores do Pinheirinho em São José dos Campos/SP.
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Em nossa opinião, só a luta operária e popular pode reverter esse processo de regressão social. Os trabalhadores, se quiserem melhores dias para si e seus filhos, devem aceitar o desafio de lutar revolucionariamente pela destruição das relações sociais capitalistas e, consequentemente, pela edificação de uma sociedade socialista, em transição para o comunismo.
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No imediato, devemos generalizar e unificar as lutas de cada categoria profissional, junto aos demais setores explorados, na resistência à retirada de direitos sociais e trabalhistas e contra a privatização e precarização dos serviços públicos. No plano internacional, devemos nos solidarizar com os trabalhadores em luta e nos opor resolutamente contra todas as formas de intervenção e guerras patrocinadas pelo imperialismo, garantindo aos povos o direito a sua autodeterminação.
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Viva o 1º de Maio classista e de luta!
Viva os proletários de todos os países!
Jornal Arma da Crítica
1º de maio de 2012
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27/abril/2012

sexta-feira, abril 27, 2012

1º DE MAIO DE 2012 -- CGTP-IN





Publicado em 27/04/2012 por 
TEMPO DE ANTENA DE DIVULGAÇÃO DAS COMEMORAÇÕES DO 1º DE MAIO DE 2012 PROMOVIDAS PELA CGTP-IN EM TODO O PAÍS

cgtp - 1º de Maio de 2012




Publicado em 27/04/2012 por 
Apelo à participação na Manifestação em Lisboa (Marquês de Pombal - Restauradores) pelas 14h30


Sarkozy Se um comunista me chama fascista, é uma honra!


expresso.sapo.pt
Presidente e recandidato ao Eliseu, Nicolas Sarkozy, atacou hoje duramente a imprensa e confirmou a sua polémica estratégia de caça ao voto do eleitorado da extrema direita para a segunda volta das presidenciais.
 ·  ·  ·  · Ontem às 14:42
  • Gloria Oliveira gosta disto.
    • Santana Maria Estúpio!!!
      Ontem às 15:13 ·  ·  1
    • Victor Nogueira Cá como lá já se julgam tão seguros que tiram a máscara, os herdeiros do IIII Reich
      Ontem às 15:28 ·  ·  2
    • Filipe Pi-Egas Santos ‎" (...) Voici ce qu’écrivait un journaliste juif bien avant l’élection de Sarkozy :
      "Du côté paternel, Nicolas Sarkozy est allié à la vieille noblesse hongroise. Cela est assez connu.
      Toutefois, l'origine de la branche maternelle est moins connue.
      Son grand-père maternel, Benedict Mallah, Israélite, était né à Salonique, ville contrôlée à l'époque par l'Empire Ottoman. Il avait immigré en France au début du 20e siècle, et s'était "immédiatement" converti au Catholicisme.
      Selon Joseph Nehama, éminent historien, qui a écrit un livre sur "L'Histoire des Israélites de Salonique", la famille Mallah était originaire de Provence. Haïm Joseph Mallah, qui fut rabbin à Salonique, avait activement répandu les doctrines de Shabbatai Zevi en Ukraine et en Pologne (donc en même temps que Jacob Frank). Ce rabbin était membre des Donmeh de Thessaloniki (Salonique). Il appartenait à la secte des Karakash, groupe qui avait des relations avec Jacob Frank. Cela signifie que M. Nicolas Sarkozy a des liens familiaux avec les Donmeh de Turquie.”
      Ce même journaliste mettait en garde contre la probable ascencion politique de Nicolas Sarkozy!
      Un autre journaliste d'investigation, Thierry Messan, réalise une enquête complète qu'il publie sous le titre: "Opération Sarkozy: comment la CIA a placé un de ses agents à la ´présidence de la république Française". Cet article a été censuré plusieurs fois, repris et réintégré par d'autres blogs, dont parfois les commentaires ont été complètement supprimés à leur insu... pour redevenir accessible sur le site de Thierry Messan, voici l'article que les français ne doivent pas lire: (...)"
      http://pasdesecretentrenous.blogspot.pt/2011/09/qui-est-reellement-nicolas-sarkozy.html
      há 42 minutos ·