A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quarta-feira, dezembro 11, 2013

Quando Soares dos Santos se põe a pensar

Daniel Oliveira

8:00 Quarta feira, 11 de dezembro de 2013



 Não há banqueiro e retalhista que não bote faladura sobre o futuro do país, que não dê conselhos a governantes e que não faça profundas análises socioeconómicas, sempre num tom categórico de quem se dirige a um bando de incapazes. Os jornalistas e os políticos, que têm uma profunda admiração pelos seus extratos bancários e pelas oportunidades de carreira que eles podem oferecer, ou que são apenas deslumbrados, bebem as suas palavras. E muito portugueses, que confundem sucesso com sabedoria, também.

Um dos empresários mais ouvido é Alexandre Soares dos Santos. E é aquele que, sem qualquer dúvida, se atira mais facilmente para fora de pé. É que saber vender iogurtes de pedaços, bacalhau demolhado da Noruega e champôs anticaspa não nos dá obrigatoriamente habilitações culturais e políticas fora do comum. Mesmo quando destinamos parte do dinheiro conseguido com a venda de Oreos e rolos Renova ao financiamento de fundações para propaganda ideológica.
Ultimamente, Soares dos Santos deu mais algumas entrevistas. Uma delas foi ao "Jornal de Negócios". E a sensação do leitor que tenha a escolaridade obrigatória roçará a vergonha alheia. Minto se disser que não aprendi nada. Fiquei a saber que a dieta portuguesa, ao contrário da polaca, é péssima para o negócio, porque "é peixe grelhado, é peixe grelhado, não variamos nada". Lendo o resto da entrevista, percebemos que era sobre isto, e apenas sobre isto, que Soares dos Santos deveria falar. Mas não. O merceeiro, com o mesmíssimo direito que assiste a qualquer cidadão, mas com uma reverência de todos que claramente não lhe é merecida, pelo menos quando fala dos assuntos da governação, vai muito mais longe. Fala da história de Portugal e do seu futuro, da economia, da política, da sociedade. Vou concentrar-me apenas em poucos temas, porque a entrevista de cinco página é exaustiva e duma densidade que merece uma análise mais cuidada.
Como sabemos, Portugal está sem rumo. Há mesmo quem considere que se perdeu. Apesar de reconhecer que está quase tudo melhor do que antes do 25 de novembro (o 25 de abril foi apenas "uma revolução comunista"), Soares dos Santos consegue encontrar a origem de todos os nossos problemas: termos descolonizado Angola. "Devíamos ter descolonizado Cabo Verde, São Tomé, Guiné, Moçambique, talvez, e nunca Angola. Os laços de carinho, de afeto, entre Angola e Portugal eram reais. (...) Devíamos ter feito uma associação qualquer. Uma confederação. Porque não? O que não se estudou foi nada." E Soares dos Santos, do alto do estudo que desenvolveu sobre os assuntos ultramarinos, considera que esta foi "a principal escolha do passado que determinou o presente atual", o que obrigou Portugal a entrar para a União Europeia. Portugal poderia, portanto, continuar orgulhosamente só, com uma colónia em África. Angolanos, vizinhos africanos, europeus, URSS, EUA, ninguém nos maçaria, porque quem não se consegue livrar da troika livra-se, com toda a facilidade, do mundo inteiro. A nossa salvação seria conseguirmos ser hoje o único país do planeta com uma colónia de grande dimensão. Pena que ninguém tenha estudado o suficiente para o perceber.
Da mesma fora que a soberania de Angola nada lhe diz, também dispensaria a nossa. Aliás, acha que "andamos a perder tempo a falar de soberania". "Não me importo de perder a minha soberania se, em troca, me derem alguma coisa melhor", diz o empresário que acha que a soberania é dele e que se troca como um vale de descontos. O seu pensamento sobre a democracia não é muito diferente. "Não vamos a parte nenhuma com eleições. Porque o nosso problema é dinheiro. Somos tesos e estamos falidos. Temos de unir a Nação [a tal que não precisa de soberania para nada] toda dentro do mesmo programa." Explica que o que nos falta é "método, disciplina e uma democracia musculada." É verdade que, um pouco antes, Soares dos Santos queixa-se que Portugal "detesta o debate e não quer discutir nada", mas agora afirma: "Não podemos discutir muito. É assim, é assim, toca para a frente". Venha portanto uma democracia musculada, porque as eleições não nos levam a lado nenhum, que toque para a frente um programa único, discutido mas pouco, para uma Nação que não quer ser soberana mas que ainda devia ter Angola. Perante tanto tema para reflexão, fica apenas um humilde apelo, no que suponho serei acompanhado por muitos portugueses insensíveis aos dramas comerciais de Soares dos Santos: que o programa único não inclua a ilegalização do peixe grelhado.
Uma das poucas utilidades destas entrevistas indigentes é retirar a patine de respeitabilidade democrática e intelectual a uma determinada elite económica. Percebemos como é anacrónica, provinciana e incrivelmente inculta. O drama é que é ela, e não aqueles que criaram empresas inovadoras e baseadas no conhecimento e na investigação, que apostaram na mão de obra qualificada e em acrescentar valor ao que produzem, que mais influência tem junto do poder político e mediático. É esta pequena elite de vendedores a retalho e bancários de luxo que se confunde com o poder político, o influencia e vive a sonhar com um passado perdido. E é este, e não a perda de Angola e o excesso de peixe grelhado, o drama histórico de Portugal: temos uma elite dominante que sempre foi pior do que o resto do país.
Mas a entrevista não acaba aqui. Outro dos problemas detetado por Soares dos Santos é a falta de lideranças e de quadros. Isso nota-se nas empresas e na política. E ele sabe porquê. Por causa do enorme fluxo migratório do passado. O dos anos 60? Não, que disparate. O de 1974 e 1975. "A nossa crise também vem de que em 1974-75 houve uma geração de portugueses que se foi embora. E essa geração de portugueses levou crianças e essas crianças não voltaram. Voltaram os pais, na maioria dos casos, mas as crianças cresceram e ficaram lá fora. Isso dá com que haja um "gap" de uma geração. E, parecendo que não, o "gap" desse geração encontra-se nas empresas, na política - porque na política é notório, não é? (...) Que estão a ser substituídos atualmente por jovens com muito pouca experiência. E isso vem a afetar em muito."
Por acaso os números dizem que a emigração caiu brutalmente do início dos anos 70 (sobretudo depois de 72/73) até ao início dos anos 80 (continuando ainda em queda até ao início dos anos 90). Por razões internas - a qualidade de vida melhorou muito - e por razões externas - começou uma crise petrolífera. Temos, desde os anos 30, o primeiro saldo migratório positivo (largamente positivo) durante a década de 70. Se há problema que não tivemos nesse período, em contraste com a década anterior, foi o da emigração. É por isso difícil acompanhar o raciocínio de Alexandre Soares dos Santos. Mas compreendemos se entrarmos na sua cabeça. E percebemos que o seu olhar sobre Portugal é marcado pelo que observa no seu minúsculo e hermético mundo, onde, de facto, muita gente saiu do país logo depois da "revolução comunista". E percebemos qual é o problema de procurar respostas para a nossa situação junto de pessoas com uma cultura política e uma experiência social tão limitadas. É que nascendo o seu conhecimento político exclusivamente da sua experiência (e não de leituras ou de atividade cívica) e sendo a sua experiência socialmente tão restrita, ele fala dum país onde habitam uns poucos milhares de pessoas. É essa ignorância sobre o país onde vive, que o fez pensar que Portugal tinha ficado deserto em 1974, que o faz hoje acreditar que não há fome, porque as famílias tratam disso. "O problema é grave, mas não é tão grave". Só achamos que sim porque "hoje, em Portugal, tudo é político, tudo vai para a televisão, tudo aparece como uma desgraça completa".
Imagino que Alexandre Soares dos Santos será um génio do retalho. Mas, não há como dizer isto duma forma simpática depois de ler esta entrevista, é um analfabeto político. Não tem mal. Cada um cultiva-se nos assuntos que lhe interessa. O que é preocupante é serem analfabetos políticos a determinarem, em grande parte, a promoção de futuros governantes, de estrelas da academia e de fazedores de opinião. A decidirem, através da pressão que vão exercendo, o futuro do país. Se, como democrata, me oponho à ideia de ver o poder económico a mandar no poder político, isso ainda me assusta mais quando me apercebo do calibre intelectual e cultural de quem detém, em Portugal, esse poder económico. Serei, nesta matéria, um snob. Tentarei corrigir esse defeito. Só que ler as entrevistas de Soares dos Santos não me ajuda nada a encontrar o caminho da virtude.




Quem é Soares dos Santos

Dinheiro

Quem é Soares dos Santos, o milionário discreto

25-09-2013

Após anunciar que ia deixar a presidência da Jerónimo Martins, conheça o perfil do empresário que não usa computador


Por nome do jornalista a bold



Tinha acabado de alugar um apartamento em Londres para onde tencionava mudar-se enquanto não terminassem as sessões de radioterapia. O cancro na próstata estava controlado e Alexandre Soares dos Santos não esperava a nova surpresa: desta vez tinham-lhe descoberto um problema nas artérias, que o obrigava a ser internado e operado ao coração num hospital britânico. Teve de ficar mais tempo. Quando regressou a Portugal, tentou uma fusão com Belmiro de Azevedo: o dono do Continente foi visitá-lo a casa, mas não houve acordo. Não seria o último problema de saúde do presidente de conselho de administração da Jerónimo Martins. 



Em 2005 repetiu a experiência de final dos anos 90: foi internado e operado em Inglaterra, novamente devido a problemas cardíacos. Já em Portugal, dividia o tempo de repouso entre a casa de Lisboa e a Quinta da Parreira, em Ourém – um convento recuperado, com azulejos do século XVII e uma capela, em que é tradição casar os filhos. E tentava entreter-se a ver sessões do Canal Parlamento na televisão de casa. “Ficava horrorizado. Então é para aquilo que se reúnem?”, disse em entrevista ao ‘Jornal de Negócios’. Os problemas de saúde foram uma surpresa: apesar de não dispensar a cozinha tradicional portuguesa (como o bacalhau com couves no Natal) e de gostar de bons vinhos, Soares dos Santos evitava gorduras. Tinha motivos para ser cuidadoso: o pai, Elísio Alexandre dos Santos, teve um ataque cardíaco fulminante no Brasil, em 1967 – morreu num quarto de hotel em São Paulo, durante uma visita ao filho, então director de marketing da filial brasileirada Unilever. Soares dos Santos tinha 33 anos quando decidiu regressar a Portugal para tomar conta dos negócios da família. “Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida” disse, em 2006, à revista interna da empresa ‘A Nossa Gente’. 



Agora, o anúncio da saída de Soares dos Santos da Jerónimo Martins foi feito aos colaboradores precisamente no dia em que o empresário celebrou 79 anos. “A Jerónimo Martins SGPS, S.A. divulga que, em 23 de Setembro de 2013, Elísio Alexandre Soares dos Santos informou que renuncia a partir do dia 1 de Novembro de 2013, por razões pessoais, ao cargo de presidente do conselho de administração da sociedade”, diz o comunicado enviado à CMVM, um documento onde os trabalhadores manifestam a “mais profunda gratidão pela visão estratégica e ousadia com que construiu, ao longo dos últimos 45 anos, o que a Jerónimo Martins é hoje”.



 O filho Pedro, à frente da JM desde 2010, fala polaco



Em 2011 entrou directamente para a 512.ªposição da lista de milionários da ‘Forbes’. De acordo com a revista norte-americana tinha na altura uma fortuna avaliada em 1,63 mil milhões de euros e era o segundo homem mais rico de Portugal, depois de Américo Amorim. Em 2010, o patrão da Jerónimo Martins, dona da cadeia de supermercados Pingo Doce, aumentou a sua fortuna em 52% – mais de metade dos lucros foram conseguidos na Polónia. Mas enquanto não deixa o cargo, continua a chegar às 8h30 à empresa e não gosta de luxos: o único que se lhe conhece é um Jaguar que comprou nos anos 90 e ainda mantém. 



A pontualidade é uma das suas regras. Por isso, na Jerónimo Martins, as reuniões raramente começam à hora marcada. Soares dos Santos faz questão de dar início às conversas 15 minutos antes do previsto. Não tem motivos para se atrasar: vive na Rua das Amoreiras, a 500metros da sede da empresa, na Torre 3 de um dos mais antigos centros comerciais de Lisboa. E vai muitas vezes a pé para o trabalho. Na secretária do seu gabinete, no 9.º piso do edifício, os papéis estão divididos por áreas e organizados por níveis de urgência. O gestor tem um endereço de email, mas não usa computador – é a secretária que lhe entrega os documentos já impressos. Quando precisa de responder escreve à mão ou dita textos às assistentes.

Jardim Gonçalves ajudou a empresa a escapa à falência


Atrás da secretária do seu gabinete há um mapa do Porto, a cidade onde nasceu e estudou nos primeiros anos de escola, no colégio interno Almeida Garrett, onde se repetiam as refeições com feijão. “Nessa altura, o médico dentista Joaquim Sá Carneiro, amigo do seu pai, era uma das pessoas que o visitava”, recorda o amigo Artur Santos Silva. O médico era tio de Francisco Sá Carneiro, colega do jovem Elísio – primeiro nome do gestor, que assina E. Alexandre Soares dos Santos. 



E pelo menos uma coisa mudou na sua vida: durante anos não comeu feijão. Também nunca fumou charutos, foi fã de carros americanos ou deu festas na casa Banzão, como fazia o pai. Pelo contrário, detesta vida social, o seu hobby é a família e faz questão de se manter discreto. Mas frequentou o curso que o pai sempre quis tirar e só não seguiu porque não tinha dinheiro. Alexandre fez os dois primeiros anos de Direito na Universidade de Lisboa mas, no terceiro ano, chumbou à cadeira dada por Marcello Caetano. Foi nessa altura que trocou a faculdade por um estágio na Unilever. 



Meses antes de se casar com Maria Teresa Mendes da Silveira e Castro, mudou-se para um quarto alugado na Alemanha e começou a trabalhar como vendedor– passou cinco meses a vender margarina e teve que carregar caixotes. O pai, que também tinha começado a carreira a importar barras de margarina que vendia em pacotes de quilo, não gostou. Não deixaram de se falar, mas tinham uma relação tensa. Depois da Alemanha, Soares dos Santos trabalhou na Irlanda, em França e em São Paulo. Mas foi no Brasil que teve o primeiro cargo de responsabilidade, como director de marketing– liderou a campanha do Omo, o primeiro detergente a aparecer numa novela brasileira, ‘O Direito de Nascer’, na TVTupi.
Com Sócrates a relação é fria: Soares dos Santos acusou-o de mentir


Cinco anos depois de regressar a Portugal esteve quase a acrescentar um quinto país à sua experiência internacional: no Natal de 1973 discutiu com a mulher a possibilidade de se mudarem para Luanda – Teresa acompanhou-o em todas as viagens e nunca trabalhou. Ficou cá, mas, com a guerra colonial, teve de transferir 100 trabalhadores para a colónia de férias da Praia das Maçãs. Os filhos habituaram-se às mudanças: Teresa, uma das sete filhas, nasceu em São Paulo. Em Portugal, no 25 de Abril de 1974, Soares dos Santos só teve uma ameaça de ocupação: os sindicatos apresentaram um pedido de aumento salarial de dois contos com um prazo de 24 horas para responder. O empresário cedeu. 



Nos anos 80, o império da família multiplicou-se: comprou 170 lojas e criou a cadeia Pingo Doce – o nome foi sugerido por uma funcionária que já se reformou. Mas também teve operações falhadas: entrou no Brasil em 1995 e saiu em 2002, depois de vários anos de resultados negativos – os administradores deixaram de receber bónus e de poder trocar de carro e os salários dos funcionários foram cortados. Nessa altura, Soares dos Santos reuniu a sós no BCP com Jardim Gonçalves, que lhe concedeu um empréstimo e o salvou da falência. O gestor gosta de pessoas ambiciosas. Durante uma entrevista de emprego (encarregava-se directamente de escolher os funcionários e alguns estagiários), perguntou ao candidato qual era a sua ambição na empresa. “A sua cadeira”, apontou o candidato. Foi imediatamente contratado, conta o amigo José Roquette, da Herdade do Esporão. 



Para diversificar os investimentos viajou pela Roménia, “uma bagunça”, pela Rússia, onde “a lei está ao sabor de uns senhores...”, Ucrânia e Polónia, cujos hotéis e restaurantes detestava. Em 1995 abriu uma loja em Poznan e em 1997 comprou a Biedronka, cadeia de minimercados. Estratégia: “A Polónia estava a sair do domínio soviético, as habitações tinham em média 10 metros quadrados por pessoa, não havia despensas e às vezes nem frigoríficos. Por isso, o ritmo de compras era quase diário e as pequenas lojas, espalhadas pelo país, deram resultado”, explica fonte do sector. Hoje, a Jerónimo Martins é o segundo maior empregador da Polónia, depois do Estado. 



Na inauguração da milésima loja no país, um dos quadros da empresa saiu do hospital só para estar presente na inauguração: tinha tido um ataque cardíaco há uma semana e voltou a ser internado depois do evento. Soares dos Santos sabe apenas algumas palavras da língua, mas o filho fala polaco e todos os quadros portugueses no país tiveram quatro meses de aulas. Os primeiros colaboradores a ir para a Polónia parecem ter gostado demais do país: o número de divórcios disparou. E se há coisas de que Soares dos Santos não abdica é dos fins-de-semana com os sete filhos, perto de 20 netos e já alguns bisnetos. Por isso, a segunda vaga a ir para a Polónia passou a ser acompanhada pela família. Não foi o único problema: quando instalaram o sistema informático perderam-se preços, atrasaram-se pagamentos e houve quebras de stocks. Perderam quase um milhão de euros.
Sempre que pode assiste a uma revista à portuguesa


Soares dos Santos não gosta de computadores, mas fala muito ao telemóvel e responde a SMS. Em 2008, durante a paralisação dos camionistas, usou a agenda: “Para ter a GNR a controlar um comboio de 84 camiões tive de deitar mão a tudo o que tinha de conhecimentos”, contou à agência Lusa. Teve 30 carros danificados, um queimado e quatro fábricas paradas. Vinte anos antes tinha sido surpreendido pelo incêndio do Chiado. Foi para a sede da empresa, na RuaIvens, mais cedo do que o normal. Chegou às 7h e distribuiu os produtos que se iam estragar pelos bombeiros, antes de a loja arder.
“Disse para retirarmos tudo o que estivesse nos frigoríficos. Comecei a ver pessoal a sair com caixotes debaixo do braço e a comer gelados, enquanto o Chiado ardia”, contou Vitorino Bandarra, um dos bombeiros presentes. O empresário estava em Portugal, mas podia não estar: Soares dos Santos divide as férias pela Quinta do Lago – duas semanas – e pelas estâncias de esqui da Suíça. Mas, aqui, só acompanha a família, não pratica. E também não tem paciência para passar o dia na praia: quando levava os filhos para uma casa alugada na Ericeira fechava -se numa barraca de praia a ler. Apesar de discreto, não foge a uma boa polémica. 



No início de 2011 disparou contra José Sócrates. “Não vale a pena continuarmos a mentir”, disse ao primeiro-ministro acusando-o de não reconhecer que o País está em recessão. “Truques é para o Sócrates. Aqui [na Jerónimo Martins] há planos, estratégias muito bem definidas e implementadas com muito rigor”, acusou. “Não basta ser rico para ser bem-educado”, respondeu-lhe Sócrates. Soares dos Santos tem exemplos para contra atacar. Em Miami foi surpreendido por um médico que lhe entregou um questionário de avaliação, para dizer se o especialista tinha chegado a horas, estava bem apresentado e explicou bem o diagnóstico. Em declarações ao ‘Diário Económico’ disse: “Isso é totalmente impossível em Portugal.”
http://www.sabado.pt//Multimedia/FOTOS/Dinheiro/Fotogaleria-(113).aspx?id=639520

domingo, dezembro 08, 2013

Soares dos Santos deseja acordo entre PS e PSD para dez anos

 'Patrão' da Jerónimo Martins defende que o bem do país passa por um consenso prolongado pós junho de 2014, data prevista para o fim do programa de ajustamento.
Raquel Pinto



"Daqui a sete meses, o que eu gostaria de ver era um acordo entre o PS e o PSD a dez anos, que nunca mudasse". O desejo é de Alexandre Soares dos Santos, declarado numa entrevista ao programa Estado da Nação da TSF/Diário de Notícias.
Um consenso prolongado "não deve olhar para as próximas eleições", segundo o presidente da Jerónimo Martins, mas ter como meta a "recuperação" do país.
E avisa para o problema das candidaturas independentes, mesmo nas autarquias são "negativas" a médio prazo, tem que existir "disciplina". "Os partidos não estão a ver o problema e não se estão a organizar", afirma.
Soares dos Santos considera ainda "há Estado por todo o lado" e este não é um bom empresário. É tempo de decidir se "queremos uma sociedade baseada na iniciativa privada ou baseada no Estado". "Não podemos andar permanentemente a dizer que precisamos da inicativa privada e criticá-la, castigá-la, e acusá-la de tudo quanto se passa de mau neste país". E acrescenta: "A corrupção em Portugal não vem da iniciativa privada".
O empresário não vislumbra outro posicionamento para Portugal que não seja a Europa face à atual crise financeira e social. "O Brasil não liga nenhuma a Portugal, não precisa de Portugal", defende, e quanto aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, estes vão "viver anos e anos de convulsão".
Deixa críticas à "enorme falta de visão dos políticos europeus" que não conseguem compreender que hoje estão diante de uma "sociedade completamente diferente", com as gerações mais novas mais instruídas. É defensor de que as pessoas de 60 anos têm ainda um "extraordinário" contributo para a sociedade, quando a espetativa de vida está a caminhar para os 90.
"Como é que é possivel mandar gente para casa com 60 anos? Vão estar 30 anos a viver à custa de quem?", questiona. "E são pessoas em absoluto bom estado", conclui.



quinta-feira, março 07, 2013

Pedro Nuno Santos - a fortuna de soares dos santos

Caro Soares dos Santos


Caro Alexandre Soares dos Santos, sou cidadão português e deputado na Assembleia da República. Sou, portanto, um dos destinatários dos inúmeros conselhos que tanto gosta de dar aos políticos, aos jovens e aos portugueses em geral. Mas eu também tenho algumas coisas para lhe dizer. O senhor é um dos poucos vencedores do euro e das taxas de juro baixas – com uma moeda mais forte que o escudo conseguiu passar a importar mais barato, e com taxas de juro historicamente baixas, conseguiu o crédito necessário para, em poucos anos, alargar a todo o país a sua rede de distribuição e investir no estrangeiro. Pelo caminho, contribuiu negativamente para o saldo da nossa balança comercial, “aniquilou” o comércio tradicional e esmagou as margens de lucro dos pequenos produtores agrícolas. Como se isto não fosse suficiente, ainda teve o descaramento de, em plena crise, transferir a domiciliação fiscal do seu grupo económico para outro país. E assim, ironicamente, enquanto o povo português faz das tripas coração para pagar esta crise, o senhor (ao que parece, um dos homens mais ricos do mundo) deixa de pagar em Portugal os impostos que eram devidos pelo lucro obtido cá, para pagar menos na Holanda. Encontrou ainda, apesar de a economia portuguesa estar em recessão, uma oportunidade de negócio em mais um sector protegido da concorrência internacional – depois de o sector da distribuição, o sector da saúde – montando uma rede de clínicas médicas low cost. À luz deste investimento, compreendem-se melhor as críticas que faz à “subsidiodependência”, ou quando afirma que “andamos sempre a mamar na teta do Estado” – quanto menos o Estado investir no Serviço Nacional de Saúde, maior será o número dos seus clientes, correcto? Caro Alexandre Soares dos Santos, permita-me a ousadia de lhe dar um conselho: use parte da fortuna que amealhou neste país para investir na indústria. Desenvolva, por exemplo, uma bicicleta eléctrica: proponha-se entrar no capital de uma empresa portuguesa de bicicletas já existente, contrate uma equipa de jovens engenheiros para conceberem baterias eléctricas, invista no design da bicicleta e na sua promoção e use a rede de distribuição de que dispõe para as lançar no mercado. Arrisque, mostre que também é capaz de produzir coisas e de as exportar; como fazem já os empresários do sector do calçado, que desenvolvem produtos reconhecidos internacionalmente, que correm meio mundo para garantir encomendas e ainda contribuem para o aumento da produção nacional e positivamente para o saldo da nossa balança comercial.
 
(crónica publicada às quartas-feiras no jornal i)
 

segunda-feira, maio 02, 2011

As grandes superfícies e o 1º de Maio


Grupos Jerónimo Martins e Sonae decidiram abrir os supermercados




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Carvalho da Silva acusa Belmiro de Azevedo e Soares dos Santos de "gula do lucro"


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sábado, abril 30, 2011

Soares dos Santos e a «velharia» do 1º de Maio


30/04/11

Soares dos Santos e a «velharia» do 1º de Maio


Pingo quê ? Ou como se compram

consciências e coagem direitos






Hoje, nos supermercados Pingo Doce, cartazes estrategicamente colocados informavam os clientes de que aqueles estabelecimentos estarão abertos amanhã, 1º de Maio, Dia do Trabalhador e feriado nacional. Este anúncio é depois desenvolvido e argumentado com um extenso comunicado do qual o menos que se pode dizer é que é uma hábil mas sinistra mistura de ais e uis sobre a presente situação nacional com um patente vezo antisindical.
O comunicado, intitulado «Portugal precisa de trabalho e de sentido de responsabilidade» dava também conta da excelsa generosidade da empresa, ao informar que «os colaboradores» que se apresentarem ao serviço amanhã receberão uma remuneração de «mais 200% que acrescem à remuneração de um dia normal de trabalho» e beneficiarão da «concessão extraordinária de um dia de folga pelo dia trabalhado». Para quem porventura não o soubesse, fica assim claro como se compram consciências e se exerce uma poderosa coacção sobre o exercício dos seus direitos pelos trabalhadores. De caminho, talvez os leitores possam imaginar qual é a margem de lucro diário desta empresa para se permitir pagar mais 200% de remuneração num dia aos seus trabalhadores.

Não me faz grande falta mas, depois disto, quando pela enésima vez vir nas televisões o patrão da Jerónimo Martins a perorar sobre os males da Pátria e
a ensinar-nos o caminho da redenção nacional, vou-me sempre lembrar deste cartaz e deste comunicado e desabar, mas em português vernáculo, «Fuck you, mister Soares dos Santos !».

(aqui, o comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal)