A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quinta-feira, setembro 27, 2012

Ministério da saúde «pode e deve» racionar o acesso aos tratamentos mais caros


$OMA € $€GU€ - RUA com estes carnic€iro$ e seus v€rdad€iro$ mandant€$. SARGETA COM €£€$ [ELES] !


«Conselhos de falta de ética
27 de Setembro de 2012 por paulogranjo



O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida emitiu um parecer considerando que o Ministério da saúde «pode e deve» racionar o acesso aos tratamentos mais caros para pessoas com cancro, sida e doenças reumáticas, para além do acesso a meios de diagnóstico como TACs, ecografias e ressonâncias magnéticas.



A justificação para tão ético e humano parecer é a «luta contra o desperdício e a ineficiência, que é (sic) enorme em saúde».



A lógica da decisão, para tratar as pessoas ou as deixar morrer (e/ou deixar sofrer e degradar a qualidade do resto da sua vida quando tal é evitável) é um critério resultante de uma criativa reelaboração do Juramento de Hipócrates: a relação custo/benefício.

«Tudo depende do custo dos tratamentos e da avaliação de se prolongam a vida durante tempo suficiente para justificar os gastos.»



Um critério, é verdade, já alegado pelo negócio das seguradoras para evitarem diminuir os lucros – o que não espantará muito, já que o actual Ministro da Saúde foi figura central na instauração de tais empreendedoras actividades em Portugal, e certamente para elas voltará quando o despedirmos das suas actuais funções, ou acabar de desmantelar o SNS.



Supõe-se que se seguirá a definição burocraticamente justificada de a quantos euros temos direito para cada mês de vida que possamos conquistar ou, no caso das doenças reumáticas, por cada intensidade de dor e grau de imobilização que nos possa ser evitado.



Isto para que seja com total racionalidade de gestão financeira que nos venham um dia a anunciar:



«A senhora desculpe, mas a sua esperança de vida não justifica o dinheirão que a gente podia gastar consigo. Olhe… encomende a alma a deus e prepare-se para bater a bota, que a sua vida não vale o que custa.»



Com o expectável acrescento «Mas olhe que há para aí um hospitalzinho privado que, se a senhora tiver como pagar…»»



Que gente é esta, cujas mães certamente não merecem os mesmos insultos que os filhos?


segunda-feira, março 12, 2012

Do nascimento à morte o que mais conta é a classe social



Em Washington D.C. entre o mais rico dos habitantes e o mais pobre há 18 anos de diferença na esperança média de vida
Em Washington D.C. entre o mais rico dos habitantes e o mais pobre há 18 anos de diferença na esperança média de vida (Scott Olson/AFP)


Saúde
04.03.2012 - 18:02 Por Catarina Gomes


 Michael Marmot veio ao Portugal em crise relembrar que por cada 1% na subida da taxa de desemprego, os suicídios crescem 0,8%. A boa notícia é que descem as mortes por acidentes de viação, ironiza. Viagem ao mundo das desigualdades na saúde com muito humor negro

Já não soa a surpreendente dizer que a esperança média de vida de uma mulher no Zimbabwe é de 42 anos e a de uma japonesa é de 80 anos, uma diferença de 38 anos, portanto. Ou que um queniano morre em média aos 47 anos e um sueco pode chegar contar aos 82, enuncia Michael Marmot, professor catedrático em Epidemiologia e Saúde Pública e director do Instituto Internacional para a Sociedade e Saúde na University College de Londres.


Mas e se o universo de que falamos for antes uma das zonas mais ricas de Londres, Westminster? Isso mesmo, o sítio onde fica o Parlamento britânico "e onde vivem muitos políticos e pessoas ricas". Pois nesta área geográfica, a diferença entre o mais rico e o mais pobre dos habitantes é de 17 anos. Não é preciso, por isso, apanhar um avião para África. "Eu faço este percurso de bicicleta em cerca de 25 minutos", disse o inglês Michael Marmot, na semana passada, perante uma plateia de profissionais de saúde no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, em Lisboa. 

"É um mito pensar que a Europa é uma região rica e não tem estes problemas. Há grandes desigualdades entre as pessoas, dentro dos países". E esta não é uma particularidade de Inglaterra, é possível encontrar o mesmo fenómeno, por exemplo, numa simples viagem de metro na capital norte americana, continua. Em Washington D.C. entre o mais rico dos seus habitantes e o mais pobre distam 18 anos de diferença em esperança média de vida, explicita o académico. Este tipo de desigualdades sociais que se reflectem na mortalidade e no estado de saúde das pessoas são tão transversais e tão permanentes que "até na igualitária Suécia há um estudo que mostra que há diferenças entre um detentor de um doutoramento e o de um mestrado, o doutorado tem maior esperança de vida". 

A ideia de que o grupo social a que se pertence é determinante em termos de saúde é uma verdade que Michael Marmot foi encontrar no mais insuspeito dos grupos: os funcionários públicos britânicos, numa investigação que ficou famosa em Inglaterra, publicada na revista científica Lancet em 1991. Falando ao PÚBLICO após a conferência, disse que "não estamos aqui a falar de pobreza, todos eles têm emprego, casa, uma vida com alguma dignidade". Mas ainda assim encontrou maiores taxas de mortalidade entre os funcionários públicos do final da escala comparados com os do topo. 

O que este estudo veio desmentir foi a ideia de senso comum de que as funções de maior responsabilidade trazem consigo mais stress e por isso mais doença cardiovascular, por exemplo, explicou. Pelo contrário, o que se constata é que é determinante o grau de autonomia que se tem no trabalho. 

Nas investigações deste tipo chega-se à conclusão de que "o exemplo típico do trabalho com os níveis mais altos de stress é aquele em que a pessoa tem que fazer sempre as mesmas coisas da mesma forma e não tem qualquer controlo sobre o que faz, só tem que o fazer", ou seja, há mais stress, por exemplo num operário de uma fábrica, "que tem que pedir para ir à casa de banho, só tem que se fazer o que lhe é dito, não tem qualquer controlo sobre o seu trabalho", do que num administrador público de topo. Este "sabe que o que está a fazer é importante, há realização profissional. É um trabalho exigente mas tem mais controlo sobre o seu trabalho".

Marmot, que também esteve na Universidade do Algarve, tem dedicado o seu trabalho de pesquisa dos últimos 35 anos ao tema das desigualdades em saúde. E o que fez perante este auditório cheio de pessoas ligadas à saúde foi transportá-los ao longo de uma espécie de viagem ao mundo das desigualdades na saúde, que começa desde o nascimento e só termina até na morte. Com muito humor negro à mistura.

O pobre burro fica burro

Comece-se então nos primeiros anos de vida. Um estudo britânico de 2003 avaliou o desenvolvimento cognitivo de crianças dos 22 meses aos 10 anos, acompanhando o percurso de quatro tipos de crianças. Imaginemos que estamos a falar apenas de quatro crianças, para que se perceba: há duas que aos 22 meses pontuaram baixo na escala de desenvolvimento cognitivo, uma destas era originária de uma família de baixo estatuto socioeconómico e outra de um alto; e outras duas crianças que, no início de vida, estão nos valores mais altos do desenvolvimento cognitivo, mas uma é de um baixo estrato social e outra de alto. O que acontece a estas quatro crianças quando crescem? A criança com baixo desenvolvimento cognitivo de uma família rica recupera esse atraso, já aquela que tinha tido o mesmo baixo ponto de partida mantém-se ao mesmo nível. Nos dois meninos a quem foi identificado alto nível cognitivo, o da família pobre desce de desempenho intelectual à medida que avança na idade, o que cresceu num lar rico mantém o seu desempenho alto. O professor resume da seguinte forma este estudo: "Se se for pobre e burro fica-se burro, se se for burro e rico recupera-se. É a prova de que os genes não definem o destino e que a envolvência social é determinante e que o social potencia o biológico".Tomando depois como referência apenas dois elementos que afectam o desenvolvimento infantil sai reforçada a ideia da desigualdade social, continuou o académico. Logo à nascença, as crianças que nascem em famílias mais desfavorecidas têm maior probabilidade de terem mães com depressão pós-parto (cerca de 20%), número que não chega aos 10% no caso de famílias de estrato social mais elevado, revelam dados britânicos oficiais do Departamento da Criança, Escolas e Famílias de 2003-04 que citou. Um pouco mais velhinhos, aos três anos, cerca de 75% dos pais de famílias com estatuto socioeconómico mais alto lêem aos seus filhos todos os dias, uma prática que as estimula em termos cognitivos, número que desce para os cerca de 40% nos lares mais desfavorecidos. 

E se estivermos a falar já da vida activa? E aqui Marmot mostrou um gráfico com uma escala que relaciona o grau de saúde mental com o tipo de vínculo laboral que se tem - dos que trabalhavam sem contrato, aos que têm trabalho temporário, aos que têm contrato e termo e os que estão integrados nos quadros. O estado de saúde mental é muito pior entre os que têm formas de trabalho mais precárias e alcança os melhores níveis entre os trabalhadores com estabilidade laboral. A leitura óbvia será a de que a precariedade laboral é causa de piores níveis de saúde mental, verdade?. "Sabem como é que um grupo de economistas a quem mostrei este gráfico o leram? Disseram que era prova que as pessoas com pior saúde mental estavam a entrar para trabalhos mais precários". E neste momento, como em tantos outros, arrancou gargalhadas à plateia.

Ao Portugal em crise, Marmot veio relembrar que "está provado que o aumento em 1% da taxa de desemprego faz subir em 0,8% a taxa de suicídios e 0,8% a de homicídios. O desemprego leva ao suicídio e a matar outras pessoas". Mas, também é verdade, continuou, que as mortes por acidentes de viação descem 1,4%," circula-se menos porque há menos dinheiro para a gasolina", ironizou. "Se fizermos as contas e quisermos ser cínicos podemos chegar à conclusão que a coisa fica quase ela por ela", concluiu Marmot.

Fumar mata

O professor não se limita a trazer números. O seu tom vai além do académico, assume na sua conferência o papel de porta-voz da uma mensagem que quer fazer passar: "Ouve-se os ministros das finanças dizerem que este é o preço para manter a inflação baixa". "E se a frase fosse antes "o preço de manter a inflação baixa é matar pessoas"- "isto devia ser o mais importante do debate, não é só olhar para alguns números". Para Michael Marmot "devíamos avaliar todas as políticas pelo impacto que estas terão na saúde" porque, ao fim ao cabo,"o que é que pode ser mais importante do que a vida que se pode ter?".E na saúde tudo tem a ver com expectativas, disse ao PÚBLICO. Tomemos como exemplo os fumadores. As maiores taxas de fumadores encontram-se entre os mais pobres e esta é uma causa objectiva que está na origem de maior doença, o cancro do pulmão, por exemplo. "Temos que lidar não apenas com as causas da doença, mas com as causas das causas". Por que é que quanto menos educação mais se tende a fumar"? As razões dá-as em forma de um estudo que pensa ser exemplar. "Houve um estudo britânico que foi estudar mães solteiras, viviam em situações de pobreza e quase todas fumavam". A conclusão subjacente ao estudo era a de que "fumar era a única coisa que faziam para si mesmas. Os miúdos gritavam, faziam barulho, o que é que elas faziam? Acendiam um cigarro, era uma estratégia de lidar com a situação".

Pobres e ricos em Glasgow

Marmot fala de outro estudo que diz que na saúde tudo tem a ver com a forma como se olha para o futuro. "Quem valoriza está disposto a fazer sacrifícios para ganhos futuros. Se não se acha que se tem futuro há menos incentivo a fazer sacrifícios hoje para um futuro que não se sabe se tem". Querem outro exemplo? Michael Marmot providencia. Na parte mais pobre da cidade escocesa de Glasgow há uma diferença de esperança de vida de 28 anos entre os homens, comparando os habitantes das partes mais ricas em relação às mais pobres, "a esperança média de vida entre os homens mais pobres é de 54 anos, é menos oito anos do que a média indiana para homens, que é 62".

"Num encontro onde apresentei estes dados veio uma pessoa ter comigo e disse que vivia na parte mais rica de Glasgow mas que tinha um amigo que vivia na parte pobre que lhe tinha dito que não fez absolutamente nada para vir a ter reforma". Porquê? "Porque achava que não ia chegar lá. Porque as pessoas perceberam que vão ter vidas duras por que é que hão-de se chatear com a ideia de deixar de fumar? As expectativas que temos na vida têm impacto na saúde".

Agora que já sabemos tudo isto, que pesam na balança da saúde e da morte as circunstâncias em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem, que temos provas científicas que dão conta destas diferenças por que falta "vontade política"? Em 2008, no relatório encomendado pelo Governo Trabalhista que ficou conhecido como Marmot Review, deixou as áreas principais que podem e devem ser objecto de acção política tendentes a esbater estas diferenças: o desenvolvimento infantil; a educação e formação ao longo da vida; as condições de emprego; o rendimento; a existência de locais saudáveis e sustentáveis na comunidade; e factores como o tabagismo, o consumo de álcool, a obesidade ou o exercício físico. Em Lisboa, Marmot foi ouvido por um auditório cheio de pessoas ligadas à saúde que o aplaudiram de pé. E a sua mensagem foi: "O que é que pode ser mais importante do que a saúde das pessoas?"

Notícia corrigida às 11h02, de 5.03.2012. No primeiro parágrafo "42" foi substituído por "38"

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Jorge Messias ~ Um manual do crime impune

Avante!

N.º 1988 
5.Janeiro.2012 


  • Jorge Messias


Um manual do crime impune
«A Igreja não é uma grande empresa porque a Igreja tem uma desmultiplicação de pessoas jurídicas. Cada uma dessas entidades é uma empresa pequena. O elo entre todas elas é a Igreja como comunhão. Houve outros países que cometeram o erro de concentrar tudo na personalidade jurídica da diocese …» (Cardeal-patriarca, D. José Policarpo em entrevista ao Diário de Notícias, Dezembro de 2011)
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«As Misericórdias, as IPSS, os Centros Sociais, representam uma panóplia muito pesada para nós. Esse tecido empresarial está a actuar já neste momento. São instituições que subsistem porque têm tido um apoio estruturado e negociado com o Ministério da Segurança Social e … bem! O Estado tem consciência de que através das nossas instituições presta um serviço público mais barato com grande qualidade humana e espiritual e, hoje, até técnica. A ajuda do Estado, neste momento, não oferece, quanto a mim, razão de queixa. A única coisa que está a acontecer é que não abre a novas frentes!» (idem, ibidem)
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Passagens da Constituição da República Portuguesa: «É tarefa fundamental do Estado… promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses... mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais – Art. 9.º; as igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado - Art. 41.º; incumbe prioritariamente ao Estado...orientar a sua acção para a socialização dos custos dos cuidados médicos e medicamentosos – Art. 64º »
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Numa recente entrevista do cardeal-patriarca de Lisboa, o mais elevado membro da hierarquia católica reconheceu implicitamente um facto evidente mas até aqui deliberadamente ignorado pelo clero: a Igreja amolda-se aos gostos dos mercados. Como empresa capitalista, entra nos negócios correntes para garantir a ampliação dos seus lucros e uma maior penetração na sociedade; sob diferentes capas instala em todos os sectores sociais redes de malha fina cada vez mais extensas e diversificadas que obedecem cegamente às orientações centrais do Vaticano.
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Pelo menos, bispos e cardeais esperam que assim seja. Para se justificarem, defendem a tese de que apoiar os ricos é beneficiar os pobres. Mesmo sabendo que é caricatural a noção de caridade que a Igreja propõe como substituto das funções do Estado social.
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Portugal tem 89 mil quilómetro de superfície, 11 milhões de habitantes e 20 dioceses que albergam 4364 paróquias. As IPSS são mais de 3000. Lares e pontos de abrigo, para lá dos 2000. As Misericórdias gerem cerca 400 hospitais e centros de Saúde. Mas não é só em Portugal que isto acontece. Se quisessem falar, os multimilionários de Bilderberg muito teriam para contar. E se o discurso papal fosse «sim, sim; não, não», então o povo veria claro nas trevas das concordatas, das sociedades secretas e dos off-shores...
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No plano social, com um governo português como este, a Igreja parece imparável mas não é tanto assim. Há IPSS que funcionam só no papel e também muita corrupção no meio de tudo isto. As instituições «não lucrativas» associam-se a «lobies» lucrativos e a breve trecho já ninguém sabe onde «a terra acaba e o mar começa». As tais «empresas pequenas» de que se gaba D. José infiltram-se no SNS com as suasparapúblicas destinadas a criar e a sonegar novos lucros mas os resultados são insuficientes. A nível administrativo – onde as instituições privadas preferencialmente se instalam – na Saúde aumentam os défices, os dinheiros mal parados e a luta pelo poder. Com «cortes sobre cortes» e com a crescente exploração do trabalho, escasseia o pessoal médico e paramédico e degrada-se a qualidade anteriormente reconhecia ao sector. Há hospitais que encerram enquanto outros aguardam a sua vez ou são «oferecidos» à Igreja por um governo para o qual a Constituição não existe. As «taxas» agora estabelecidas para a prestação de serviços do SNS rivalizam com os das clínicas privadas quando, constitucionalmente, seria dever do Estado pagá-los com o dinheiro das contribuições normais dos cidadãos.
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Cá fora, nos hospitais estatais que restam, vão acumular-se os jovens, os velhos e os pobres. Como gado. Como nos tempos de Salazar. Como quando a vida dos indefesos dependia dos caprichos da Virgem de Fátima.
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A situação social dos portugueses é já uma ruína. Miséria crescente. Até que os pobres deixem de consentir nestes jogos de salão e façam escutar a sua voz.
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Mesmo que outros a não queiram ouvir.

quarta-feira, maio 25, 2011

A Saúde e a Indústria farmacêutica

Globedia Noticias  de España

"El fármaco que cura del todo no es rentable"


El premio Nobel de Medicina de 1993 Richard Roberts, en una entrevista publicada en el diario La Vanguardia, denuncia que las farmacéuticas se dedican a desarrollar medicinas que no curan del todo, sino que cronifican la enfermedad.
El Premio Nobel de medicina Richard J.Roberts pone de manifiesto en una entrevista en La Vanguardia que muchas de las enfermedades que hoy son crónicas tienen cura, pero para los laboratoriosfarmacéuticos no es rentable curarlas del todo, los poderes políticos lo saben, pero los laboratorios compran su silencio financiando sus campañas electorales.
- ¿Qué modelo de investigación le parece más eficaz, el estadounidense o el europeo?
- Es obvio que el estadounidense, en el que toma parte activa el capital privado, es mucho más eficiente. Tómese por ejemplo el espectacular avance de la industria informática, donde es el dinero privado el que financia la investigación básica y aplicada, pero respecto a la industria de la salud... Tengo mis reservas.
- Le escucho.
- La investigación en la salud humana no puede depender tan sólo de su rentabilidad económica. Lo que es bueno para los dividendos de las empresas no siempre es bueno para las personas.
- Explíquese.
- La industria farmacéutica quiere servir a los mercados de capital...
- Como cualquier otra industria.
- Es que no es cualquier otra industria: estamos hablando de nuestra salud y nuestras vidas y las de nuestros hijos y millones de seres humanos.
- Pero si son rentables, investigarán mejor.
- Si sólo piensas en los beneficios, dejas de preocuparte por servir a los seres humanos.
- Por ejemplo...
- He comprobado como en algunos casos los investigadores dependientes de fondos privados hubieran descubierto medicinas muy eficaces que hubieran acabado por completo con una enfermedad...
- ¿Y por qué dejan de investigar?
- Porque las farmacéuticas a menudo no están tan interesadas en curarle a usted como en sacarle dinero, así que esa investigación, de repente, es desviada hacia el descubrimiento de medicinas que no curan del todo, sino que cronifican la enfermedad y le hacen experimentar una mejoría que desaparece cuando deja de tomar el medicamento.
- Es una grave acusación.
- Pues es habitual que las farmacéuticas estén interesadas en líneas de investigación no para curar sino sólo para cronificar dolencias con medicamentos cronificadores mucho más rentables que los que curan del todo y de una vez para siempre. Y no tiene más que seguir el análisis financiero de la industria farmacológica y comprobará lo que digo.
- Hay dividendos que matan.
- Por eso le decía que la salud no puede ser un mercado más ni puede entenderse tan sólo como un medio para ganar dinero. Y por eso creo que el modelo europeo mixto de capital público y privado es menos fácil que propicie ese tipo de abusos.
- ¿Un ejemplo de esos abusos?
- Se han dejado de investigar antibióticos porque son demasiado efectivos y curaban del todo. Como no se han desarrollado nuevos antibióticos, los microorganismos infecciosos se han vuelto resistentes y hoy la tuberculosis, que en mi niñez había sido derrotada, está resurgiendo y ha matado este año pasado a un millón de personas.
- ¿No me habla usted del Tercer Mundo?
- Ése es otro triste capítulo: apenas se investigan las enfermedades tercermundistas, porque los medicamentos que las combatirían no serían rentables. Pero yo le estoy hablando de nuestro Primer Mundo: la medicina que cura del todo no es rentable y por eso no investigan en ella.
- ¿Los políticos no intervienen?
- No se haga ilusiones: en nuestro sistema, los políticos son meros empleados de los grandes capitales, que invierten lo necesario para que salgan elegidos sus chicos, y si no salen, compran a los que son elegidos.
- De todo habrá.
- Al capital sólo le interesa multiplicarse. Casi todos los políticos - y sé de lo que hablo- dependen descaradamente de esas multinacionales farmacéuticas que financian sus campañas. Lo demás son palabras...

http://es.globedia.com/farmaco-cura-rentable

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

PCP - Propostas para responder aos problemas do país


Sessão de Abertura
I
As visitas realizadas no âmbito destas Jornadas Parlamentares permitiram confirmar no terreno as principais preocupações que o PCP tem manifestado quanto à situação económica e social do distrito de Santarém.
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A grave situação económica e social do distrito acompanha os problemas do país: destruição aparelho produtivo nacional, desemprego, precariedade, baixos salários, emprego não qualificado, recurso generalizado a empresas de subcontratação de mão-de-obra. O número de desempregados registados é de 19 000 trabalhadores, sendo que 27% não tem qualquer apoio em situação de desemprego. A falta de investimento público no distrito tem tido consequências graves no encerramento e falência de empresas de construção civil. 
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Os trabalhadores estão confrontados com a perda de direitos individuais e colectivos: imposição do banco de horas em sectores onde não está consagrado na contratação colectiva; tabela salarial abaixo do salário mínimo nacional, como no sector da construção e madeiras onde são praticados salários de 459€; boicote do patronato à actualização salarial e caducidade dos contratos colectivos de trabalho; medidas repressivas e autoritárias sobre os trabalhadores; boicote e desrespeito pelos direitos sindicais; ineficácia acção ACT; dificuldade de acesso à justiça por parte dos trabalhadores e das suas organizações representativas e aumento das custas judiciais. Subsiste ainda e apesar do compromisso do Governo e das Associações Patronais o incumprimento do acordo de fim da discriminação salarial na cortiça. 
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A destruição do aparelho produtivo, manifestou-se no distrito de Santarém com particular gravidade, nomeadamente com os processos de insolvências de inúmeras empresas, entre as quais, só no sector das madeiras, a João Salvador, Manuel Freitas Lopes e IFM-Platex, que colocaram no desemprego cerca de 620 trabalhadores, e na agricultura, com o fim da produção e transformação da beterraba sacarina no Vale do Sorraia. 
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O encontro com a Associação dos Agricultores dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, permitiu confirmar os inúmeros estrangulamentos e obstáculos à prevenção estrutural na floresta. Foram feitas referências ao PRODER (baixo nível dos incentivos, desadequação da legislação para a pequena agricultura, burocracia), ao Fundo Florestal Permanente, com o desvio das verbas para o suporte dos gabinetes florestais dos municípios e à descredibilização das ZIF, que em geral não passaram do papel, “abandonadas” pelo Governo. Não é aceitável que numa região que possui dos solos mais férteis do país, a agricultura não seja considerada como um factor central para o desenvolvimento económico da região e do país.
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Por outro lado, acentuou-se o processo de encerramento de serviços públicos no distrito, pondo em causa direitos sociais fundamentais. Assumem a este respeito particular gravidade, o encerramento de serviços de saúde e a falta de médicos de família e outros profissionais de saúde em inúmeras localidades, prejudicando especialmente as populações mais idosas e de menores recursos.
No início do presente ano lectivo, encerraram no distrito de Santarém, 46 escolas do ensino básico, dificultando o acesso à escolaridade por parte de largas centenas de crianças.
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Foram ainda encerrados recentemente vários balcões da segurança social, numa altura em que mais são precisos, sendo previsível o encerramento de muitos outros a curto prazo.
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Esta política economicista de encerramento de serviços públicos acentua a desertificação do país, aumenta as assimetrias regionais, afecta gravemente a economia da região, condenando muitas localidades ao envelhecimento e ao declínio, e põe em causa direitos fundamentais das populações. 
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O ataque aos serviços públicos com o objectivo de privatização de serviços essenciais traduz-se na falta de trabalhadores e no recurso à subcontratação da mão-de-obra, nomeadamente médicos, enfermeiros, auxiliares de acção educativa sem formação profissional; no congelamento das admissões na administração pública; no não pagamento horas extraordinárias; na utilização de transporte próprio dos trabalhadores para garantir serviço público; na falta de trabalhadores nos serviços de finanças e consequente aumento ritmos de trabalho levando a situações de ruptura que culminam no encerramento e redução do atendimento, como é o caso dos serviços de segurança social na Golegã.
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As dificuldades também são sentidas no sector das IPSS’s com a diminuição da comparticipação do Estado e consequente aumento das prestações das famílias. 
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A freguesia do Couço, concelho de Coruche, é neste momento um caso paradigmático de exemplo daquilo que é o encerramento de serviços públicos um pouco por este país fora. A constituição da Unidade de Saúde Familiar veio criar problemas na freguesia uma vez que os profissionais de saúde que aí trabalham têm de reforçar as equipas que funcionam na sede de concelho. Os serviços da Segurança Social encerraram. Em matéria de educação, foi criado um mega agrupamento no concelho, no qual se fundiu o agrupamento de escolas do Couço, sem o parecer positivo deste. 
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À semelhança do que se passa nas unidades hospitalares do país, no Hospital de Tomar também se sentem as consequências das políticas de desinvestimento na saúde, nomeadamente os elevados tempos de espera no serviço de urgência, resultado da insuficiente acessibilidade aos cuidados primários de saúde e da carência de meios humanos. 
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Em reunião com a Comissão de Utentes da Ponte de Constância, o Grupo Parlamentar do PCP teve oportunidade de ouvir de viva voz as preocupações das populações que ficaram, desde 20 de Julho, privadas daquela infra-estrutura e de confirmar a urgência de garantir uma alternativa. Tendo em consideração que o encerramento desta ponte causa enormes incómodos e avultados prejuízos às populações e às autarquias de Constância e Vila Nova da Barquinha, tendo impactos muito significativos em toda a vida económica e social da região. 
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Considerando para além disso, que a ligação encerrada tem uma importância estratégica para a região, tendo em conta os perímetros militares de Santa Margarida e de Tancos, os acessos a importantes unidades industriais e o acesso aos CIRVER situados no concelho da Chamusca, torna-se indispensável encontrar uma solução rápida e eficaz para restabelecer a normalidade da circulação rodoviária na ponte de Constância.
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Assim, o GP do PCP vai apresentar ainda esta semana um projecto de resolução com o objectivo de garantir a celeridade na adopção de medidas urgentes com vista à reabertura da Ponte sobre o Tejo em Constância e a adopção de medidas de cooperação técnico-financeira destinados a compensar esse município dos prejuízos decorrentes do encerramento dessa infra-estrutura rodoviária, previstas na Lei das Finanças Locais.
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Ao nível das acessibilidades, a somar ao problema já referido da ponte de Constância, assumem particular gravidade, o sistemático adiamento da construção de acessibilidades de há muito prometidas, como sejam, as novas travessias do Tejo a norte do distrito, sendo certo que há mais de um século que não se constrói qualquer ponte sobre o Tejo a norte da cidade de Santarém, bem como a conclusão dos troços do IC 3 e do IC 9. Porém, em vez de resolver estes problemas, o Governo tenciona acrescentar um novo problema para as populações, com a absurda e injusta introdução de portagens na A23.
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Esta medida, numa via estruturante para a vida e a economia da região e que não possui qualquer alternativa viável, viria lesar de forma drástica uma população já sacrificada por inúmeros problemas sociais. O GP do PCP assume por isso o compromisso de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a imposição desta medida. 
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II
O país está confrontado com uma das mais graves crises das últimas décadas. O grave défice que enfrentamos é o défice de produção, bem reflectido no crescente endividamento externo da economia portuguesa.
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A persistência numa política vinculada aos interesses dos grupos económicos e financeiros, de abdicação dos interesses nacionais, de desaproveitamento dos seus recursos e potencialidades está, não só na origem dos gravíssimos problemas que o país enfrenta – estagnação e recessão económica, aumento da dependência externa, desemprego e défices estruturais (alimentar, energético, industrial, tecnológico) – como é um factor de agravamento da actual situação e de condicionamento do futuro do país.
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Portugal não é um país pobre. A defesa da produção e do aparelho produtivo nacional são uma incontornável resposta ao actual processo de declínio económico.
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É fundamental inverter este rumo de destruição do aparelho produtivo, e de ataque ao emprego e aos direitos, e combater decididamente este quadro de dependência e fragilidade da economia nacional.
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Estas Jornadas incluíram uma visita ao Parque Oficinal do Entroncamento da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, pertencente à CP). Aqui pudemos confirmar as enormes potencialidades deste importante pólo ferroviário, não só na manutenção e reparação de material circulante mas também no fabrico e exportação, designadamente de vagões de mercadorias. Esta empresa tem provas dadas pela sua qualidade e capacidade instalada, pela elevada qualificação e especialização dos seus trabalhadores, pelo potencial de produção e desenvolvimento que têm dado – e devem continuar a dar ao País.
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Estamos perante um sector de importância fundamental para a nossa economia, cuja privatização (já anunciada pelo actual Governo) tem de ser travada e combatida. Pelo contrário, a EMEF tem de ser defendida e valorizada, numa estratégia de modernização e procura de novos mercados. E isso implica investimento público de qualidade, para dotar o país de infra-estruturas e garantir uma substancial e efectiva incorporação da indústria nacional em todas as vertentes. É preciso defender este sector, ultrapassando as fragilidades causadas pelo desmantelamento de indústrias de base que concorrem a montante para a sua cadeia produtiva (de que são exemplos a siderurgia e a laminagem, onde a dependência do exterior se traduz já na importação de todo o aço e dos componentes utilizados para a produção). 
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Essa dependência é muito nítida no caso da Mitsubishi, multinacional de capital maioritariamente alemão a funcionar no Tramagal e que assume grande importância para a região e para a economia nacional. Esta empresa, dotada com elevada capacidade tecnológica, funciona presentemente num único turno, muito abaixo das suas possibilidades. A empresa tem todas as condições para aumentar muito significativamente a produção, com a correspondente criação de postos de trabalho e criação de riqueza, estando porém esse aumento dependente de decisões tomadas fora de Portugal. 
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O Grupo Parlamentar visitou ainda a Martifer, empresa portuguesa, cujas áreas de negócio passam pelas energias renováveis, pela construção naval, pela produção agrícola de cereais, mas também pela metalomecânica, tem a sua área de produção desta última vertente no concelho de Benavente. Porém, o valor dos salários pagos aos trabalhadores, o facto de não ter havido aumentos em 2009 e de os aumentos de 2010 terem apenas chegado a metade dos trabalhadores, com critérios que não são claros, levou à revolta dos trabalhadores.
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Decidimos assim propor a realização de um debate temático em Plenário sobre a questão da produção nacional, onde possamos confrontar o Governo com a necessidade de uma política económica que ponha em primeiro plano o aumento da capacidade produtiva do país, diminuindo os défices externos e criando emprego.
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Apresentaremos também um Projecto de Resolução com vista à tomada de medidas para reduzir os acidentes mortais no meio rural, designadamente a sinistralidade com tractores.
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III
Portugal não pode aceitar o espartilho de regras contra a economia portuguesa e contra os direitos do nosso povo que sistematicamente a União Europeia pretende impor, para proteger os interesses dos maiores países e dos grandes grupos económicos. Não pode aceitar absurdos critérios de redução do défice totalmente incompatíveis com as necessidades de desenvolvimento da economia nacional. Não pode estar sujeita a uma política de corte sistemático no investimento e designadamente nas áreas produtivas, que desperdiça até os fundos comunitários e adia o crescimento económico. Não pode submeter-se às inaceitáveis orientações de destruição dos serviços públicos. Não pode tolerar que tendo perdido o Banco de Portugal competências para o BCE, este esteja impedido de emprestar dinheiros aos Estados, mas empreste dinheiro a baixos juros aos grandes bancos, que depois emprestam aos Estados a juros altíssimos.
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As medidas anunciadas e aprovadas não acalmam os especuladores. A prova é que quanto mais o Governo aprova mais a especulação exige como bem se viu nos últimos dias.
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O Governo, o PSD e também o CDS subscrevem e aplicam esta política. São autores e cúmplices do ataque às prestações sociais, aos salários e às reformas e pensões. E com isso agravam a desigualdade social, aprofundam a crise económica e tornam certa a recessão. E com ela mais dificuldades haverá para equilibrar as contas públicas. É o défice a matar a economia em vez de ser a economia a matar o défice.
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Um orçamento do Estado com a continuação e aprofundamento desta política não resolve, antes agrava os problemas do país. Essa é a questão fundamental que está em decisão no próximo orçamento e que nem o Governo nem o PSD querem abordar, porque na realidade convergem nas questões essenciais e querem ambos a continuidade da política de direita. Querem ambos uma política de corte drástico nas políticas sociais e de redução efectiva dos salários, seja no sector público, seja no privado. 
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Bem pode agora o PSD encenar profundas divergências com a política do PS. É caso para perguntar, de que discorda o PSD? O PSD está ou não de acordo com os privilégios fiscais da banca? Com os cortes salariais? Com a destruição da administração pública e dos serviços públicos? Com as sucessivas tesouradas no investimento público? Está.
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Foi ou não o PSD, que tanto fala de PPP, a lançar as parcerias público privadas da saúde, aliás continuadas pelo PS, que custarão ao Estado mais de 7500 milhões de euros, isto é, um valor equivalente ao valor de 15 dos 100 submarinos de que fala Passos Coelho. 
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O PSD, que aprovou o actual Orçamento, o PEC e várias outras medidas adicionais, vem agora dizer que se não houvesse eleições presidenciais apresentaria uma moção de censura. É preciso lembrar ao PSD que já houve uma moção de censura nesta legislatura e que o PSD não a votou. O PSD chumba a censura quando ela existe e ameaça com ela quando a Assembleia da República já não pode ser dissolvida. É o estilo conhecido popularmente como “agarrem-me senão eu mato-o” aplicado à política nacional. 
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Do que precisamos no próximo Orçamento do Estado é de um aumento real dos salários, das reformas e pensões, que reponha uma parte da perda de rendimento dos últimos anos e que seja também um instrumento de combate à pobreza e de dinamização do crescimento económico. Precisamos de um orçamento que aumente o investimento público com vista ao crescimento económico.
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Precisamos de um Orçamento que aumente os impostos onde isso é justo e indispensável e que corte na despesa onde isso é útil e justificável.
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Relativamente à receita fiscal, o PCP insiste que é possível, (sem aumentar a carga fiscal já muito pesada sobre os trabalhadores ou os reformados, e sobre as micro e pequenas empresas), obter níveis de receita fiscal significativamente superiores, seja através do alargamento da base de incidência – começando finalmente a tributar rendimentos e lucros que hoje nada pagam -, seja através da aplicação de taxas mais justas e equitativas a rendimentos cujo nível de tributação é inaceitavelmente pequena, seja através da eliminação de benefícios fiscais injustos e injustificados.
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Assim, no que respeita ao aumento da receita fiscal, o PCP propõe 5 medidas:
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1. A criação de um novo imposto, (o Imposto sobre as Transacções e Transferências Financeiras, ITTB), que taxa em 0,2% todas as transacções bolsistas realizadas no mercado regulamentado e não regulamentado e que taxa em 20% as transferências financeiras para os paraísos fiscais. (receita adicional mínima de, respectivamente 260 milhões de euros e 1500 milhões de euros;
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2. A tributação extraordinária do património imobiliário de luxo, através da introdução temporária de uma taxa de 10% de IMT (Imposto Municipal sobre Transacções Onerosas), e de uma taxa de 1% de IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), onerando a aquisição e a detenção de imóveis e propriedades de valor superior a um milhão de euros (receita não definida); 
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3. A tributação agravada sobre a aquisição ou posse de bens de luxo, (em sede de ISV, Imposto sobre Veículos, e de IUC, Imposto Único de Circulação), incidindo sobre aviões particulares, iates de recreio e veículos de custo superior a 100 000 euros (receita não definida);
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4. A tributação das mais-valias bolsistas, alargando a sua incidência a rendimentos do património mobiliário obtidos por Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS), entidades residentes no estrangeiro e fundos de investimentos. (receita adicional mínima de 250 milhões, equivalente à que o Governo estima obter com a tributação em IRS de rendimentos individuais de mais-valias mobiliárias, não entrando naturalmente em linha de conta com a receita da tributação das mais-valias obtidas pela PT pela venda da VIVO); 
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5. A aplicação de uma taxa efectiva de IRC de 25% ao sector bancário e grandes grupos económicos com lucros superiores a 50 milhões de euros, eliminando os benefícios fiscais que actualmente usufruem, e alargando este regime ao sector financeiro que opera na Zona Franca da Madeira. (receita estimada 700 milhões de euros, cerca de 350 para a banca, o restante para os grupos económicos).
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O PCP propõe igualmente 5 medidas de redução da despesa fiscal:
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1. Suspensão temporária do regime fiscal de isenção plena de IRS e IRC, ou de quase isenção em sede de IRC (taxa máxima de 5%), aplicável na Zona Franca da Madeira a empresas não financeiras, passando a ser aí aplicável pelo menos a taxa de IRC de 12,5% que incide sobre empresas localizadas no interior do País; (diminuição de despesa fiscal não inferior a 400 milhões de euros, face ao total de 1090 milhões de euros estimado no Relatório do OE de 2010);
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2. Redução, de quatro para três anos, do período máximo durante o qual são permitidas deduções de prejuízos fiscais aos lucros tributáveis (diminuição de despesa não definida);
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3. Eliminação dos benefícios fiscais, (por exemplo, de IMT e de imposto de selo), aplicáveis a operações de reestruturação empresarial (fusões e cisões empresariais); (diminuição de despesa não definida);
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4. Revogação dos benefícios fiscais concedidos a PPR (corte na despesa fiscal de 100 milhões de euros);
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5. O fim dos benefícios fiscais para os seguros de saúde – 100 milhões de euros
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No que respeita à despesa, o PCP propõe 5 medidas de corte na despesa: 
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1. A participação das Forças Armadas em todas as operações no estrangeiro - 75 milhões de euros;
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2. Abonos variáveis /indemnizações por cessão de funções - cortar 20% – 16 m€;
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3. Aquisição de bens e serviços correntes – 1515 m€ , dos quais 396 em estudos, pareceres e outros trabalhos especializados e outros serviços dos quais propomos cortar 50% - cerca de 200 milhões de euros;
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4. O fim da transferência de verbas da ADSE para os hospitais privados, cujo montante, certamente de dezenas de milhões de euros, continua a não ser divulgado pelo Ministério das Finanças;
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5. O fim definitivo do escandaloso negócio do terminal de Alcântara com a Liscont, que agora avança para um Tribunal Arbitral por proposta da APL, figurino altamente favorável aos grupos privados, como o exemplo do hospital Amadora – Sintra demonstrou.
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Para além destas propostas imediatas e concretas, o PCP apresenta ainda 5 medidas contra o desperdício de dinheiros públicos no futuro:
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1. A redução para um máximo até cinco membros, de todos os Conselhos de Administração de Empresas Públicas e Entidades Públicas Empresariais, e para um número máximo até três membros dos Conselhos Directivos de Institutos Públicos, não podendo as suas remunerações serem superiores à do Presidente da República; 
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2. A redução para metade do número do pessoal dos gabinetes dos membros do Governo e de todos os altos cargos do Estado cujos titulares tenham direito a gabinetes idênticos aos de ministros e idêntica redução, para metade, do número do pessoal dos gabinetes dos Conselhos de Administração das empresas públicas; 
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3. O não estabelecimento de qualquer nova Parceria Público Privada, como forma de concretizar infra-estruturas ou realizar investimentos, a extinção das entidades reguladoras e a reintegração das suas funções na Administração Central, de onde foram retiradas; A não transferência de funções do Estado para empresas públicas em substituição de serviços da administração pública, como acontece com a transferência para uma empresa pública (GERAP) das contratações para o Estado assumindo que é para contratar privados para o desenvolvimento dessas funções;
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4. Elaboração urgente, pelo Tribunal de Contas, de uma auditoria completa a todos os fenómenos de desorçamentação no Estado, incluindo as situações de migração para o direito privado e, ainda, para a determinação completa do nível de endividamento do Estado, incluindo o (designado) endividamento oculto;
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5. O fim das injustificadas e milionárias contratações de software proprietário na Informática do Estando, cujos custos totais o próprio Governo afirma desconhecer e a efectiva opção pelo software livre.
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O PCP vai ainda propor, como forma de melhorar os instrumentos para o combate ao crime fiscal, e na sequência de anteriores iniciativas sobre a eliminação do sigilo bancário que vieram a ter a aceitação parcial na Lei 37/2020, de 2 de Setembro, a eliminação do efeito suspensivo de qualquer recurso judicial sobre decisões tributárias para aceder a informação bancária.
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IV
A entrada em vigor a 1 de Agosto de 2010 do Decreto-Lei n.º 70/2010, provocou graves e preocupantes situações de perdas brutais de rendimentos a famílias que, para sobreviver, recorrem às prestações sociais de combate à pobreza, apoio à família, entre outras. Prestações como subsídio social de desemprego, abono de família, bolsas de estudo, comparticipação de medicamentos, rendimento social de inserção, entre outras sofreram cortes significativos, levando a população que menos pode e menos tem a situações de maior pobreza e exclusão social. 
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São demasiados os exemplos chocantes de como o Governo, através da alteração das regras de atribuição – alteração da fórmula de cálculo dos rendimentos do agregado e alargamento deste, inclusão das próprias prestações sociais nos rendimentos considerados – causou o empobrecimento imediato de centenas de pessoas: pessoas que com o corte no rendimento social de inserção passam a viver com 98 euros por mês; ou o exemplo concreto de uma pessoa com deficiência, que recebendo pouco mais de 150 euros de pensão de invalidez perdeu 50 euros da pensão por morte do seu pai ou mesmo a suspensão de prestações sociais como o subsídio social de desemprego para efeitos de reavaliação, deixando os desempregados sem qualquer rendimento.
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A tudo isto, junta-se um burocrático e maquiavélico processo de prova de recursos via internet, ao qual os serviços não dão resposta, ficando milhares de pessoas sem as suas prestações sob a filosofia, corta-se agora, provem se conseguirem.
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O Governo faz pagar os mais pobres e os mais necessitados uma crise pela qual não são responsáveis, cometendo um verdadeiro crime social ao negar o direito a viver com dignidade. Assim, o PCP irá apresentar um projecto de lei que visa revogar este Decreto-Lei repondo as anteriores regras de atribuição, com o compromisso de continuar a lutar pela melhoria das prestações sociais e pelo seu reconhecimento como direitos.
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Sob pretexto do equilíbrio das contas públicas, o Governo aprofunda o desinvestimento na saúde, transferindo cada vez mais os custos com a saúde para os utentes. Tem sido esta a matriz que caracteriza a política do medicamento. As sucessivas medidas do Governo nesta matéria vão no sentido de atacar o direito à saúde, colocando em causa o princípio constitucional, que se consubstancia no acesso e à prestação de cuidados de saúde. 
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Um conjunto de medidas recentemente aprovadas pelo Governo impõe mais sacrifícios ao povo português através da diminuição do preço de referência dos medicamentos, da diminuição nas comparticipações dos medicamentos nos pensionistas, passando de 100% para 95%, o que significa que os pensionistas passarão a assumir um acréscimo de cerca de 5 milhões de euros e a diminuição da comparticipação nos medicamentos do escalão A de 95% para 90%, o que acresce o custo de cerca de 13 milhões de euros para os utentes. Outra das medidas reside na alteração da comparticipação dos medicamentos antiulcerosos/antiácidos e anti-inflamatórios não esteróides que se transferem do escalão B para o escalão C, mas também na impossibilidade de invocar o regime especial para os medicamentos antidepressores, passando a comparticipação de 69% para 37%, o que para os utentes se traduz num aumento dos encargos com medicamentos em mais de 100 milhões de euros.
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É inadmissível que através destas medidas milhares de portugueses abandonem os tratamentos iniciados por dificuldades económicas na aquisição dos medicamentos. Não só discordamos destas políticas, como consideramos que o Governo tem de garantir o direito à saúde a todos os portugueses, onde a política do medicamento assume uma centralidade nesta área. Neste sentido, o PCP irá requerer a apreciação parlamentar do Decreto-Lei nº 106-A/2010, de 1 de Outubro. 
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No passado dia 10 de Outubro assinalou-se o Dia mundial da Saúde Mental, mas o Governo em vez de melhorar a resposta dos cuidados públicos de saúde mental, diminui a comparticipação nos medicamentos antidepressores, passando de escalão B para escalão C. Ou seja, quando cerca de 20% da população portuguesa sofre de perturbações mentais, a resposta do Governo é diminuir o apoio.
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O Código Contributivo, cuja entrada em vigor foi adiada, contém aspectos negativos que importa corrigir. O Governo PS, durante todo este tempo não apresentou nenhuma proposta para corrigir os aspectos mais gravosos deste código. Aspectos como a redução em 1% da taxa contributiva para todos os contratos sem termo, cujos impactos financeiros o Governo nunca quantificou (que de acordo com cálculos da CGTP, por cada 1% de redução da Taxa Social Única em 2009 levou a uma diminuição de 378 milhões de euros de contribuições) e que podem resultar em sérios riscos para a sustentabilidade financeira da segurança social; o agravamento das taxas contributivas dos pescadores, agricultores, IPSS´s, colectividades e sector cooperativo; a possibilidade de alteração das taxas contributivas por mero despacho de um membro do Governo ou a aplicação de 5% de taxa contributiva para os recibos verdes (que, em vez de combater os falsos recibos verdes, irá incentivá-los) são algumas das normas que urge alterar.
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Por outro lado o Código Contributivo não melhora nem inova os mecanismos de obtenção de receitas para a segurança social. Hoje, as contribuições não podem apenas ter como base os salários dos trabalhadores importa ter em conta a riqueza criada, as mais-valias, no cálculo das contribuições das entidades patronais para a Segurança Social. 
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O PCP assume as suas responsabilidades e o compromisso de apresentação de propostas de alteração ao Código Contributivo que o tornem mais justo e num instrumento capaz de responder aos desafios que a Segurança Social enfrenta, garantindo o seu carácter público, universal e solidário e a sua sustentabilidade.
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