A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quinta-feira, junho 03, 2010

Fidel: O império e a guerra

América Latina

Vermelho  - 2 de Junho de 2010 - 16h00

Fidel: O império e a guerra

Há dois dias, em breves palavras, eu disse que o imperialismo não podia resolver o gravíssimo problema do consumo de drogas que assolam a população do mundo. Hoje desejo abordar outro tema, a meu juízo, de grande transcendência.

Por Fidel Castro

O atual perigo de que a Coreia do Norte seja atacada pelos Estados Unidos, a partir do recente incidente que teve lugar nas águas desse país, talvez possa ser evitado se o presidente da República Popular da China decidir utilizar o direito de veto, prerrogativa que este país não gostaria absolutamente de exercer nos acordos que se discutem no Conselho de Segurança da ONU.

Existe um segundo e mais grave problema para o qual os EUA não têm resposta possível: o conflito criado em torno do Irã. É algo que se via aproximar-se claramente desde que o presidente Barack Obama pronunciou seu discurso no dia 4 de junho de 2009, na Universidade Islâmica de Al-Azhar, no Cairo.

Em uma Reflexão que escrevi então, quatro dias mais tarde, quando dispus de uma cópia oficial do discurso, utilizei numerosas citações para analisar a importância do mesmo. Destacarei um número delas.

“Nos congregamos em um momento de tensão entre os Estados Unidos e muçulmanos ao redor do mundo…”

“… o colonialismo negou direitos e oportunidades a muitos muçulmanos, … a Guerra Fria frequentemente utilizava os países de maioria muçulmana como agentes, sem ter em conta suas aspirações próprias.”

Impressionavam realmente esse e outros raciocínios na boca de um presidente afroamericano, que pareciam verdades evidentes como as contidas na Declaração da Filadélfia, no dia 4 de julho de 1776.

“Vim aqui buscar um novo começo para os Estados Unidos e os muçulmanos ao redor do mundo, que se baseie em interesses mútuos e no respeito mútuo…”

“Como nos disse o Sagrado Alcorão, ‘tenham consciência de Deus e digam sempre a verdade.’”

“… é parte de minha responsabilidade como Presidente dos Estados Unidos lutar contra os estereótipos negativos do Islã onde quer que surjam.”

Continuou, assim, bombardeando temas escabrosos do universo de contradições insolúveis que envolvem a política dos Estados Unidos.

“Em meio à Guerra Fria, os Estados Unidos desempenharam um papel na derrocada de um governo iraniano eleito democraticamente.”

“Desde a Revolução Islâmica, o Irã desempenhou um papel nos sequestros e atos de violência contra militares e civis estadunidenses.”

“Os estreitos vínculos dos Estados Unidos com Israel são muito conhecidos. Este vínculo é indissolúvel.”

“Muitos esperam, em acampamentos para refugiados na Cisjordânia, Gaza e terras circundantes, uma vida de paz e segurança que nunca tiveram.”

Hoje sabemos que sobre a população de Gaza cai, com frequência, uma chuva de fósforo vivo e outros componentes desumanos e cruéis, lançados sobre a Faixa, com fúria verdadeiramente nazi-fascista. Não obstante, as afirmações de Obama pareciam vibrantes e, em ocasiões, sinceras, tanto que as ia repetindo uma e outra vez, em meio de um corre-corre febril pelo mundo, onde quer que, a sua hora programada, chegasse o avião número um da Força Aérea dos Estados Unidos.

No dia 31 de maio, a comunidade internacional foi comovida com o assalto, em águas internacionais, a dezenas de quilômetros da costa de Gaza, de quase uma centena de soldados das forças especiais de Israel, que desceram de helicopteros durante a madrugada, disparando freneticamente contra centenas de pessoas, pacifistas de diversas nacionalidades, causando, segundo a imprensa, não menos de 20 mortos e dezenas de feridos. Entre as pessoas atacadas, que transportavam mercadorias para os palestinos sitiados em sua própria Pátria, havia cidadãos norte-americanos.

Quando Obama falou na Universidade Islâmica de Al-Azha da “derrocada de um governo iraniano eleito democraticamente’ e imediatamente acrescentou que “Desde a Revolução Islâmica, o Irã desempenhou um papel nos sequestros e atos de violência contra militares e civis…”, se referia ao movimento revolucionário promovido pelo Aiatolá Ruhollah Komeini, que, de Paris, sem uma só arma, esmagou as Forças Armadas do mais poderoso gendarme com que os Estados Unidos contavam no Sul da Ásia. Era muito difícil que a mais poderosa potência do mundo resistisse à tentação de instalar ali uma de suas bases militares, ao Sul da URSS.

Há mais de cinco décadas, os Estados Unidos haviam esmagado outra Revolução absolutamente democrática, quando derrotou o governo iraniano de Mohammad Mossadegh. Este foi eleito primeiro-ministro do Irã no dia 24 de abril de 1951. O senado aprovou a nacionalização do petróleo, que havia sido sua bandeira de luta, no dia 1 de maio deste mesmo ano. “Nossos largos anos de negociações com países estrangeiros – declarou – não deram resultado até agora.”

É óbvio que estava se referindo às grandes potências capitalistas, que controlam a economia mundial. O Irã tomou posse das instalações ante a intransigência da British Petroleum, que então se chamava Anglo-Iranian Oil Company.

O país não tinha possibilidade de formar técnicos. A Grã-Bretanha havia retirado seu pessoal qualificado, e respondido com bloqueio de peças e mercados. Enviou sua frota de guerra em ação de combate ao país. Como resultado, a produção petroleira do Irã diminuiu de 241,4 milhões de barris em 1952, a 10,6 em 1953. Nessas condições favoráveis, a CIA organizou o golpe de Estado que derrubou Mossadegh, até sua morte que teve lugar três anos depois. A monarquia foi restabelecida e um poderoso aliado dos Estados Unidos ascendeu ao poder no Irã.

Os Estados Unidos não fizeram outra coisa com os demais países que não seja isto; desde que se criou esta nação nos solos mais ricos do planeta, não respeitou nunca os direitos dos povos indígenas, que ali viveram durante milênios, e de negros, que foram importados como escravos pelos colonizadores ingleses.

Estou seguro, entretanto, de que milhões de norte-americanos inteligentes e honestos compreendem estas verdades.

O presidente Obama pode pronunciar centenas de discursos, tratando de conciliar contradições que são inconciliáveis em detrimento da verdade, sonhar com a magia de suas frases bem articuladas, enquanto faz concessões a personalidades e grupos totalmente carentes de ética, e desenhar mundos de fantasias que só cabem em sua cabeça e que assessores sem escrúpulos, conhecendo suas tendências, plantam em sua mente.

Duas perguntas obrigatórias: poderá Obama desfrutar as emoções de uma segunda eleição presidencial sem que o Pentágono ou o Estado de Israel, que em seu comportamento não acata de forma alguma as decisões dos Estados Unidos, utilizem suas armas nucleares no Irã? Como será a vida em nosso planeta depois disso?

Fonte: Cuba Debate 
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domingo, agosto 30, 2009

Roubini adverte para perigo de nova recessão

Jornal de Negócios - 2009.08.24
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O economista norte-americano, que consolidou a sua reputação por ter sido o que melhor antecipou a crise financeira internacional e as suas consequências, diz que o risco de o mundo regressar de novo a uma recessão está a aumentar.

Eva Gaspar
egaspar@negocios.pt
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O economista norte-americano, que consolidou a sua reputação por ter sido o que melhor antecipou a crise financeira internacional e as suas consequências, diz que o risco de o mundo regressar de novo a uma recessão está a aumentar.
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Ainda assim, precisa Nouriel Roubini, o cenário mais provável é o de uma recuperação “anémica”, com taxas de crescimento abaixo do potencial “durante alguns anos”.
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Em artigo de opinião hoje publicada no “Financial Times”, Nouriel Roubini reconhece que taxas de juro historicamente baixas, associadas a uma fortíssima dose de intervenção dos Estados nas economias, arrisca a gerar tensões inflacionistas no futuro. Mas, acrescenta, neste momento é preciso que bancos centrais e Governos mantenham os estímulos à economia, caso contrário “a recuperação será comprometida” e o mundo desenvolvido poderá regressar à “estagdeflação (recessão e deflação).
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O economista norte-americano sublinha ainda que a subida do preço de vários produtos alimentares de base e do petróleo é outro factor de risco que pode pôr termo à ainda frágil dinâmica de recuperação.
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segunda-feira, junho 29, 2009

Emir Sader: O eixo do caos






A exportação dos seus problemas é uma das características da estratégia imperial dos Estados Unidos. É o complemento indispensável da “missão civilizadora” que se atribui como potência pelo mundo afora. Não houvesse um mundo selvagem fora, não se poderia justificar a ação “civilizatória” que os EUA reivindicam.
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Por Emir Sader, no Blog do Emir*
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Em janeiro de 2002, George W. Bush, então presidente dos EUA, anunciou a existência de um “eixo do mal”, que promoveria o terrorismo, os ajudaria a obter armas de destruição em massa, etc., etc. Três países seriam os membros mais importantes desse eixo: Irã, Iraque e Coréia do Norte. As duas “guerras infinitas” a que se meteu os EUA se fundavam nesse enfoque: invasões do Afeganistão e do Iraque.
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Agora, sem que se tenha fechado esse período, os ideólogos da doutrinas das “guerras preventivas” apontam para um novo eixo: o ''eixo do caos''. É o que anuncia Niall Ferguson, intelectual orgânico da estratégia norte-americana, na edição espanhola do Foreign Policy. Esse novo eixo contaria com “pelo menos nove membros e talvez mais”. Estariam unidos “pela perversidade de suas intenções assim como por sua instabilidade, que a crise financeira só faz piorar a cada dia”.
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Segundo Ferguson, a “turbulência brutal” que caracterizaria o mundo atual teria três causas primárias: a desintegração étnica, a volatilidade econômica e o declínio dos impérios. No Oriente Médio os três fatores estaria fortemente concentrados, justificando, segundo ele, sua situação explosiva.
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A revista seleciona três casos dessa lista “caótica”: Somália (“a anarquia interminável”), Rússia (“o novo estilo agressivo) e México (“as misérias causadas pela guerra do narcotráfico''). São três casos de uma lista de nove membros do suposto eixo do caos.
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Gaza, a partir da frustrada ofensiva militar de Israel, viu piorar suas condições econômicas e sociais, ao mesmo tempo que fortaleceu o Hamas e enfraqueceu as forças consideradas moderadas – como o Fatah e o Egito, ao mesmo tempo que favoreciam a eleição de um governo de direita radical em Israel, dificultando mais ainda qualquer nova iniciativa de paz na região.
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Claro que o Irã faz parte também desta lista, porque apoiaria às forças desestabilizadoras na região – Hezbolah no Libano, Hamas na Palestina -, possuindo armamento nuclear, enquanto sofre os efeitos da crise econômica internacional e da baixa do preço do petróleo.
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O Afeganistão, evidentemente, seria outro pivô do eixo do caos, agora fazendo um casal inseparável com Paquistão. Os governos dos dois países estariam “entre os mais fracos que existem”, envolvidos entre taliban e armamento nuclear.
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Outros membros do eixo seriam a Indonésia, a Turquia e a Tailândia, onde a crise exacerba os conflitos internos. Mas usar estes critérios permite estender a lista muito mais, então se fala da pirataria na Somália, na guerra na República Democrática do Congo, na violência em Darfur e em Zimbabwe. E se ameaça: “Não é arriscado dizer que a lista vai aumentar ainda este ano.” O diagnóstico remeteria a três fatores, que se articulariam entre si: “a volatilidade econômica, mais a desintegração étnica, mais um império em declive: a combinação mais letal que existe em geopolítica.” O que apontaria para o inicio de uma “era do caos”.
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Os casos escolhidos servem como exemplos. A Somália seria “o lugar mais perigoso do mundo”, um “Estado governado pela anarquia, um cemitério de fracassos em política exterior que só conheceu seis meses de paz nos últimos vinte anos”, onde “o caos interminável do país ameaça devorar toda uma região.”
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Na Rússia, “Putin baseou seu apoio popular em um Estado autoritário que fez crescer as rendas mais altas e devolveu à Rússia o orgulho de grande potência. Mas a crise está ameaçando tudo. E o que se avizinha pode ser pior.” Já o México estaria em um “estado de guerra”, em que os narcotraficantes “se converteram em uma autêntica insurgência. Só no ano passado a violência cobrou mais vidas do que estadunidenses mortos no Iraque. E o fim parece próximo.”
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Da mesma forma que ocorria quando se anunciou “o eixo do mal”, nenhum diagnóstico global para definir o que tem a ver a globalização, a dominação imperial estadunidense, os modelos econômicos neoliberais tem a ver com isso. Se naturaliza o caos. Ele não seria uma das conseqüências da “ordem global”, da “ordem imperial”, da “ordem estadunidense” no mundo.
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O terror se combatia com “guerras infinitas”. E esse suposto “caos”, quando os centros do sistema, eles mesmos, geram caos, insegurança, instabilidade, miséria, concentração ainda maior de pode e riqueza, industrias bélicas em crescente expansão? Somente outra ordem, outro mundo, pode diagnosticar e superar o caos – tanto nas periferias, quanto nos centros agonizantes do sistema financeiro global.
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* Fonte: Blog do Emir
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in Vermelho - 28 DE JUNHO DE 2009 - 23h30
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