A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
Mostrar mensagens com a etiqueta Dw-World. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Dw-World. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Berlusconi será julgado por prostituição de menores e abuso de poder

 

União Europeia | 15.02.2011

 

Juíza decide que há indícios suficientes do envolvimento do primeiro-ministro italiano com uma jovem marroquina menor de idade e marca início do julgamento para 6 de abril.

 
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, de 74 anos, terá que responder na Justiça por sua suposta relação com uma jovem marroquina menor de idade. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (15/02) pela juíza de instrução Cristina Di Censo, de Milão, atendendo ao pedido da promotoria pública local.
.
O julgamento terá início em 6 de abril, determinou a juíza. Berlusconi é acusado de abuso de poder e envolvimento com prostituição de menores de idade. A primeira acusação se refere à suposta intervenção pessoal do primeiro-ministro, em maio de 2010, para tirar da cadeia a marroquina Ruby, então com 17 anos, acusada de furto. A segunda se baseia em escutas telefônicas.
.
A juíza considerou haver indícios suficientes que embasam as duas acusações e por isso decidiu iniciar o processo. Há suspeitas de que Ruby e outras mulheres tenham recebido dinheiro para participar de festas sexuais na Villa Arcore, uma propriedade de Berlusconi perto de Milão.
.
Em caso de condenação, o primeiro-ministro pode ser sentenciado a até 15 anos de cadeia. Berlusconi nega as acusações. Após o anúncio da Justiça, os advogados do primeiro-ministro disseram que não esperavam outra decisão da juíza.
.
AS/dpa/afp
Revisão: Nádia Pontes
.

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

"O Ocidente esquece seus vizinhos árabes", diz escritor sírio


Mundo | 13.02.2011

O escritor sírio Rafik Schami vive na Alemanha desde 1971. Em entrevista à Deutsche Welle, ele comenta a onda de protestos no mundo árabe e critica as posturas hesistantes da UE e dos EUA em relação à região.

Deutsche Welle: Em seu romance Die dunkle Seite der Liebe (O obscuro lado do amor), de teor parcialmente autobiográfico, o protagonista Farid luta contra represálias de um regime autocrático, mas sem sucesso. Por que essa consciência da necessidade de justiça, liberdade e democracia envolve as sociedades do Oriente Médio como um todo exatamente agora, de tal forma que surgem até movimentos de massa a partir daí?

Rafik Schami: Muita coisa aconteceu. Por um lado, os governantes ficaram, de fato, 30, 40 anos sem fazer nada. Isso foi se acumulando e as mentiras perderam, com o tempo, sua credibilidade perante a maioria da população. No início, apenas cidadãos críticos – intelectuais talvez, professores universitários e jornalistas – percebiam que tudo era mentira. Mas a maioria é sempre lenta. Até que entendam, é preciso de tempo.

Por outro lado, os meios de comunicação de massa sofreram uma revolução. O intercâmbio crescente de informação levou a uma concentração do ódio. A pobreza, a humilhação e a postura fraca dos soberanos frente à nação – que pensam, acima de tudo e de forma brutal, no enriquecimento próprio – contribuíram. Reunindo tudo isso, poderia-se explicar por que isso tudo está acontecendo agora e não aconteceu há 10 ou 20 anos. 

Em sua obra, você denuncia o profundo marasmo cultural e as incongruências tanto em sua terra natal, a Síria, quanto em outros países árabes. A mudança política, que observamos ali no momento, é uma mudança de toda a sociedade ou apenas fogo de palha, que vai se apagar daqui a pouco?

Para não ser ingênuo, é preciso cogitar as duas possibilidades. Há sempre a possibilidade de um retrocesso. Sempre houve revoluções que se autodevoraram e se transformaram em ditaduras sangrentas. Mas os egípcios criaram uma nova alternativa. Como povo antiquíssimo, eles conduziram, pela primeira vez na história da humanidade, uma revolução pacífica, com o apoio de oito a nove milhões de cidadãos, que agora reconhecem o quanto são capazes de agir.

Esses cidadãos carregam agora as flores que brotam, como na primavera, dessas novas conclusões. Mas para que daí surjam frutos, é necessário abelhas, como sabemos em analogia ao universo das plantas. E é preciso haver ajuda de fora e situações favoráveis. Esses jovens não só deixaram para trás os intelectuais, como também ignoraram todos os partidos.

Jovens egípcios tomaram a frente em prol de mudançasBildunterschrift: Jovens egípcios tomaram a frente em prol de mudanças
.
Se os partidos fossem sinceros, eles precisariam admitir que estão ficando defasados. Quais serão os efeitos disso na consciência da população? Ainda não se pode dizer. Só é possível esperar que tudo não acabe em uma guerra civil. Para um povo que destituiu um ditador de forma pacífica, o conceito da "paz" é muito fértil.

Acabamos de ver que o impulso da revolução veio diretamente do povo, dos jovens. Os países ocidentais não intervieram. Como você vê o papel do Ocidente na região depois dos últimos acontecimentos?

Para ser sincero, acho o papel do Ocidente vergonhoso, principalmente essa hipocrisia dos EUA. De súbito, eles ficam preocupados com a liberdade e tal. E eles nos repreendem diante da possibilidade de que a Irmandade Muçulmana possa assumir o poder. É tudo mentira. A Irmandade Muçulmana representa uma força política de aproximadamente 10%. Ou seja, eu não iria agora questionar a democracia porque um partido mais à direita governa.

No Egito, há uma ampla gama de todas as forças políticas: religiosas, nacionalistas, liberais, socialistas, independentes, mentes absolutamente livres, talvez também anarquistas. Esses são os egípcios e o Ocidente fica olhando. Há três semanas, as pessoas lutam por meio do bem mais precioso da democracia, ou seja, através das manifestações pacíficas. E ninguém lhes ajuda. As pessoas percebem que se o Ocidente quisesse ajudar, reagiria de outra forma.

Na sua opinião, o Ocidente passou tempo demais observando e apoiando Estados árabes autocráticos?

Sim, mas acredito que nem tenha sido com más intenções. Acho que o Ocidente confia rápido demais nos governantes; confia demais no silêncio tumular, que impera nesses países; confia rápido demais que o consumo poderia mudar alguma coisa. Isso é um lado, mas o Ocidente – e me refiro aqui, em primeira linha, à Europa – esquece muito rapidamente que os países do Mediterrâneo são seus vizinhos.

Nicolas Sarkozy e Ben Ali, em 2008: 'apoio constrangedor', diz Schami 
.
A Itália está localizada em frente à Tunísia e ao Norte da África. Aqui ainda não se tem de forma alguma a consciência, de que aquilo que acontece lá, também diz respeito ao Ocidente. Quando se vê como os governantes em todos os países europeus, não somente na Alemanha, reagem, e quando se vê como a França apoiou Ben Ali até o último minuto, percebe-se o quanto a situação é estimada de maneira errônea. A imbecilidade dessa oferta a Ben Ali foi tamanha que dava para quase ter pena de Sarkozy.

Por muito tempo acreditou-se que os povos árabes não estavam preparados para uma democracia. E que só podiam escolher entre ditadura e Estado religioso. Qual é sua opinião sobre isso?

Já ouvi esse argumento com frequência e tive também meus medos, porque faço parte de uma minoria cristã. Mas, depois de um tempo, passei a não acreditar mais nisso. É sempre possível haver retrocessos, mas eles também podem existir em uma democracia. A população foi mantida quieta, anos a fio, sob mão de ferro. Os islâmicos e a Irmandade Muçulmana eram o único grupo protegido pela Arábia Saudita: com recursos financeiros, propaganda, treinamentos.

E o Ocidente via isso com prazer. Enquanto eles podiam ser instrumentalizados como anticomunistas, eram até cortejados. Mais tarde, as forças conservadoras autocráticas pareciam ser a única alternativa. Mas tudo aquilo que estava fermentando entre a população, isso a mídia não entendeu, nem a árabe, nem a europeia.

Rafik Schami (65) é um conceituado escritor sírio, radicado na Alemanha desde 1971. Entre suas obras mais conhecidas estão O obscuro lado do amor, de 2004, e O segredo do calígrafo, lançado em 2008.

Entrevista: Nader Alsarras (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque
.

terça-feira, janeiro 04, 2011

Autoridades questionam segurança alimentar após "escândalo da dioxina"

Alemanha | 04.01.2011

A descoberta da substância química altamente tóxica dioxina em ovos e carne de aves na Alemanha desencadeou uma extensa investigação e provocou uma reavaliação das normas de segurança alimentar.


Promotores no estado da Renânia do Norte-Vestfália lançaram uma investigação a fim de comprovar se produtores de ração para frangos usaram de fato ingredientes contaminados com a substância tóxica dioxina. O secretário estadual de Defesa do Consumidor, Johannes Remmel, exigiu nesta terça-feira (4/1) que os responsáveis pela contaminação sejam punidos.
.
"Isso é um escândalo, cujas consequências políticas terão que ser discutidas. Temos que falar sobre a cadeia (produtiva) e avaliar se o controle é suficiente", disse Remmel à emissora alemã ARD.
.
Remmel disse ainda que mais produtores poderão ainda ser interditados ao longo das investigações. "Não acho que haja um risco muito sério, mas a dioxina simplesmente não faz parte dos alimentos. Existe uma razão para termos limites máximos permitidos. A dioxina é perigosa para a saúde e pode causar câncer", disse ele.
.
A Secretaria de Agricultura da Baixa Saxônia, no entanto, qualificou as normas atuais como suficientes para a proteção dos consumidores.
.
"Pelas informações que temos, não há sério risco para os consumidores ao ingerir ovos", disse Helmut Schafft, diretor de alimentação animal do Instituto Federal de Avaliação de Risco. A Sociedade Alemã de Nutrição (DGE) alertou também contra reações de pânico, mas disse que, por medidas de segurança, as crianças não devem ingerir ovos diariamente.
.
Mais de mil granjas em toda a Alemanha foram proibidas de vender ovos e carne de aves, e mais de 8 mil frangos foram sacrificados depois que a substância cancerígena foi encontrada na ração animal.
.
Autoridades nos estados de Brandemburgo e Saxônia-Anhalt disseram que, de um total de 527 toneladas de ração animal, pelo menos 55 toneladas de ração suspeita foram utilizadas para alimentar frangos. E mais de 100 mil ovos contaminados já foram destinados ao mercado.
Conexões fora do país

Acredita-se que as propriedades rurais afetadas tenham comprado ração animal contaminada com dioxina do fabricante de ração animal Harles & Jentzsch, no estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha. A empresa teria, por sua vez, comprado produtos de um parceiro comercial na Holanda. O ministério público investiga a responsabilidade da empresa.
.
Empresa diz ter acreditado que resíduos de biodiesel fossem adequados para ração animal 

.
.
O diretor da empresa Harles & Jentzsch, Siegfried Sievert, disse nesta terça-feira que há anos mistura-se resíduos da produção de biodiesel à ração animal. "Acreditamos equivocadamente que os resíduos de ácidos graxos da produção de óleo de palma, soja e canola (utilizados na produção de biocombustíveis e fornecidos pela companhia holandesa) seriam adequados para a alimentação animal", declarou.
.
A empresa alemã Petrotec, que fornece os ácidos graxos para a empresa alimentícia holandesa, disse que seus produtos são adequados apenas para lubrificantes industriais e não para a alimentação animal.
.
No entanto, a fonte exata da contaminação por dioxina ainda não foi identificada. O porta-voz da Secretaria Estadual da Agricultura da Baixa Saxônia, Gert Hahne, disse que pode levar semanas até que todos os produtos das granjas afetadas possam ser testados para detectar a presença de dioxina.
.
A previsão que deixou a Associação Alemã de Agricultores indignada. Seus representantes alertam que a medida pode levar os agricultores à falência e exigem que os culpados paguem pelos danos.
.,
FF/dpa/ap/afp
Revisão: Soraia Vilela
 

segunda-feira, agosto 16, 2010

Paquistão afirma que enchentes afetaram 20 milhões de pessoas

Mundo | 14.08.2010 DW World

 

País pede recursos à comunidade internacional para socorrer as vítimas. Doações estão abaixo dos 459 milhões de dólares que a ONU afirma serem necessários. Na Alemanha, doadores se mostram relutantes.

 

As enchentes que atingem o Paquistão já afetaram mais de 20 milhões de pessoas, segundo número divulgado neste sábado (14/08) pelo primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani durante um discurso na televisão. A população total do país é de 184 milhões de pessoas.
.
Pelos cálculos das Nações Unidas o total de pessoas afetadas é de 14 milhões, das quais 6 milhões necessitam com urgência de ajuda. Faltam água potável, alimentos e proteção adequada contra o vento e a chuva, afirmou a ONU neste sábado. A tragédia pode piorar ainda mais, pois meteorologistas preveem que a chuva vai continuar na região afetada.
.
A catástrofe natural já causou a morte de 1.384 pessoas e deixou 1.630 feridos, afirmou Gilani durante o discurso alusivo à independência do Paquistão, comemorada neste sábado. Outros cálculos falam em mais de 1.600 mortos.
~.
Gilani disse que 730 mil casas foram destruídas ou sofreram avarias. As inundações causaram prejuízos de bilhões de dólares, destruindo plantações e alimentos e atingindo duramente as infraestruturas de comunicação, transporte e energia da região afetada, completou o primeiro-ministro.
.
A cidade de Mehmud Kot, praticamente submersa devido às chuvas 
Bildunterschrift: A cidade de Mehmud Kot, praticamente submersa devido às chuvas
.
Ajuda internacional
.
Três semanas após o início das chuvas, Gilani apelou com insistência à comunidade internacional para que ajude o Paquistão e "estenda uma mão de auxílio para combater essa catástrofe". 
.
Também as Nações Unidas alertaram que o número de vítimas pode aumentar, caso a ajuda não chegue logo. A organização calcula que sejam necessários 459 milhões de dólares para atender a todas as vítimas das enchentes no Paquistão.
.
Desse total, apenas um quinto foi disponibilizado pelos países-membros. Até o momento, o país que mais doou foi o Reino Unido, com 40 milhões de dólares. Os Estados Unidos prometeram 60 milhões, mas liberaram apenas cerca de 25 milhões.
.
Nesta quarta-feira, a Alemanha elevou sua ajuda de 5 milhões para 10 milhões de euros. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou aos países-membros para liberarem mais recursos o mais rápido possível. Ele deve visitar a região afetada neste fim de semana.
.
Doadores relutantes
.
Autoridades paquistanesas e organizações humanitárias criticaram ao longo desta semana a ajuda internacional ao Paquistão, classificada por eles como insuficiente ou hesitante. O diretor da Oxfam Alemanha, Paul Bendix, disse na quarta-feira que a comunidade internacional reagiu à tragédia de forma comedida.
.
Isso vale também para os doadores alemães, conhecidos pela generosidade. O motivo para a relutância seria a imagem negativa do Paquistão. "A maioria associa o país com guerra e terrorismo", disse a porta-voz da organização humanitária Care, Sandra Bulling. Birte Steigert, porta-voz da Aktion Deutschland Hilft, disse que o país é muito associado aos talibãs.
.
Neste final de semana, uma reportagem do jornal britânico Daily Telegraph piorou ainda mais a imagem do Paquistão diante dos doadores. Citando como fonte "altos representantes", o jornal afirma que cerca de 367 milhões de euros de ajuda internacional foram desviados há cinco anos, quando o país foi atingido por um terremoto.
.
O líder oposicionista paquistanês Nawaz Sharif disse ao jornal temer que essa notícia diminua a disposição dos doadores internacionais. Para ele, muitas pessoas não querem doar recursos para ajudar o Paquistão por temer que os donativos não sejam gastos de maneira honesta.
.
Na Alemanha, as organizações humanitárias Diakonie, ligada à Igreja Evangélica, e Charitas, da Igreja Católica, afirmaram que, após um início tímido, as doações aumentaram nesta semana.
.
Autor: AS/rtr/dpa/afp/epd
Revisão: Marcio Damasceno
 

Mais artigos sobre o tema

 
Divulgue este artigo

sábado, agosto 14, 2010

Grupos extremistas tiram vantagem ideológica de enchentes no Paquistão

Mundo | 11.08.2010 DW World

 

Talibã e outros preenchem lacunas humanitárias deixadas por Islamabad e comunidade internacional. Em meio a milhares de mortos, subnutridos e desabrigados, paquistaneses são presa fácil para ideologia radical islâmica.

 

Após as devastadoras enchentes no Paquistão, o grupo fundamentalista islâmico Talibã procura se beneficiar da situação catastrófica. Apresentando-se entre os primeiros grupos de ajuda nos locais do sinistro, os radicais procuram melhorar a própria reputação e ampliar sua influência no país.
.
Assim, eles exigiram do governo paquistanês que renuncie aos 55 milhões de dólares de apoio financeiro dos Estados Unidos, oferecendo, em contrapartida, verbas totalizando 20 milhões de dólares. Como a impressão que reina entre a população é de que o governo em Islamabad nada faz pelos flagelados, trata-se de uma ótima oportunidade para os talibãs de dizer "mas nós, sim".
.
Vulnerabilidade emocional
.
A funcionária de uma organização humanitária, que preferiu permanecer anônima, confirmou à Deutsche Welle que diferentes grupos ou partidos religiosos estão sempre na linha de frente, quando se trata de medidas de auxílio, embora ela não tenha certeza de que se trate de talibãs.
.
Dentre os diferentes grupos terroristas que mantêm organizações beneficentes, encontra-se o famigerado Lashkar-e-Taiba (Exército dos Bons). Responsável pela série de atentados de 2008, em Mumbai, ele procura se aproveitar da atual lacuna de abastecimento. Segundo o jornal New York Times, os bens de ajuda são acompanhados da mensagem: "não confiem no governo e nos seus aliados ocidentais".
.
A funcionária humanitária analisa: "As pessoas pranteiam os entes queridos, estão subnutridas, perderam suas casas: tudo isso cria uma situação emotiva bem fácil de se explorar. Muitas vezes é difícil distinguir se os grupos estão se aproveitando delas para seus fins políticos, se é ajuda real, ou uma mistura de ambos."
Guerrilheiros talibãs no Paquistão 
Bildunterschrift: Guerrilheiros talibãs no Paquistão
Ajuda e ideologia

E não precisa ser sempre o Talibã. Ela recorda que após o arrasador terremoto de 2005 no Paquistão, grupos religiosos extremistas também foram rápidos em prover auxílio humanitário e mensagens políticas, num mesmo pacote. "Eles foram muito ativos. Dá para dizer que tudo o que aconteceu nas primeiras 24, 48 horas, foi assumido por grupos locais, o governo precisou de muito tempo para chegar. Isso lhes deu um espaço grande."
.
Nada positivo para o governo paquistanês é o fato de – justamente agora, durante as inundações – o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, ter feito longa visita à França e à Inglaterra. Pois também agora os radicais procuram mais uma vez ganhar os corações e mentes dos cidadãos que o Estado parece ter perdido.
.
O enviado especial da Organização das Nações Unidas para o Paquistão, Jean-Maurice Ripert, acentua o quanto o país já sofre normalmente pelas atividades dos militantes. "É um fato que eles se aproveitam de cada oportunidade para proclamar suas metas. Isso nada tem a ver com os esforços da comunidade internacional. Precisamos trabalhar, precisamos ajudar a população, para demonstrar: nós nos preocupamos com a gente do Paquistão."
.
Contra o tempo e contra os terroristas
.
De fato, a corrida das forças humanitárias contra a devastação parece, pelo menos em parte, ser também uma corrida contra os extremistas. Até o momento, as nações ocidentais haviam oferecido 150 milhões de dólares para as vítimas da inundação. Porém nesta quarta-feira (11/08), a ONU lançou um apelo à comunidade internacional para que sejam angariados 459 milhões de dólares em ajuda imediata.
.
O governo alemão já anunciou que elevará sua contribuição para cerca de 13 milhões de dólares (10 milhões de euros). A maior ação humanitária da história das Nações Unidas visa atender às vítimas paquistanesas durante os próximos três meses.
.
"Temos muito a fazer", afirmou em Nova York o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários e Ajuda de Emergência, John Holmes. Segundo ele, nas regiões atingidas, 14 milhões de pessoas precisam de cuidados médicos, 6 milhões necessitam de água e alimentos, e há o perigo de que epidemias se alastrem.
.
Holmes calcula que, até o momento, mais de 1.600 pessoas tenham perdido a vida. Entretanto o representante permanente do Paquistão na ONU, Abdullah Hussain Haroon, observou não ser possível estimar o número real de mortos, já que quase 5 mil aldeias foram totalmente aniquiladas pelas águas. O alcance da catástrofe ultrapassa qualquer poder de imaginação, afirmou Haroon.
.
Autor: Kai Küstner / Augusto Valente
Revisão: Carlos Albuquerque
 

Mais artigos sobre o tema

 
Divulgue este artigo 
.
.

Pobreza e subdesenvolvimento favorecem avanço do terrorismo na África

Mundo | 12.08.2010 DW World

 

O terrorismo islâmico no continente africano não se limita à Somália e ao Magreb. Também populações do Níger, como os nômades tuaregues, sofrem com a permanente falta de segurança.

 

Raptos na região do Sahel vitimam geralmente cidadãos ocidentais – ao menos é o que as manchetes da mídia europeia dão a entender. O último caso ocorreu no final de julho, quando foi encontrado o cadáver do francês Michel Germaneau, de 78 anos.
.
Mas também os moradores da região são vítimas do terrorismo, que afeta os seus meios de subsistência. Muitos deles dependem há séculos do comércio e, desde há algumas décadas, também do turismo.
.
Os tuaregues, por exempo, são um orgulhoso povo do deserto. Com seus grandes e brilhantes lenços azuis e brancos na cabeça, eles são um símbolo para o turismo no Saara, região onde moram.
.
Ou ao menos eram, até alguns anos atrás – nesse meio tempo o turismo no Saara praticamente desapareceu. A falta de segurança, os sequestros, os assassinatos de visitantes ocidentais geraram manchetes e alertas contra viagens à região.
.
Turistas ficam longe
.
O terrorismo teve consequências devastadoras para o seu povo, afirma o tuaregue Mano Aghali. Ele descreve como o terrorismo roubou o sustento das pessoas na região de Agadez, no norte do Níger:
.
"Muitos de nós viviam do turismo: os vendedores e principalmente os guias turísticos. A assim chamada rebelião de 2007 e as suas consequências foram um verdadeiro choque para essas pessoas, pois há poucas opções para elas fazerem outras coisas. A maioria nem mesmo participou da rebelião, nunca lutou. E hoje não têm ocupação."
.
O que Aghali chama de "segunda rebelião" começou em 2007: ataques violentos a policiais e militares e combates entre rebeldes e soldados elevaram a insegurança no norte do Níger.
.
Tráfico de drogas e armas
Povo tuaregue é símbolo do turismo no Saara e sofre com as consequências do terrorismo 
Bildunterschrift: Povo tuaregue é símbolo do turismo no Saara e sofre com as consequências do terrorismo
.
Mas essa revolta, descrita pelo governo como uma rebelião dos tuaregues, foi diferente da anterior, na qual os tuaregues haviam lutado por melhorias na região e por maior participação política. A nova onda de violência iniciada em 2007 não tinha nada a ver com causas políticas dos tuaregues, como Aghali aponta.
.
"A verdadeira força motriz do conflito não eram os tuaregues, mas pessoas que queriam lucrar com o tráfico de drogas e de armas na região. Elas usaram as causas dos tuaregues como escudo protetor das suas ações, escondendo-se atrás da afirmação: 'Deixem-nos lutar pelas causas dos tuaregues! Deixem-nos lutar pelas causas da região de Agadez!'"
.
Como deputado, Aghali se empenha exatamente por essas causas. Como fundador da ONG Hedtamat, ele quer aumentar as chances de educação e formação profissional e trazer desenvolvimento para os tuaregues do Níger, sua terra natal. 
.
Aghali luta há anos por uma melhor representação do seu povo no Parlamento, em partidos políticos e em instituições. E isso – melhores condições para o seu povo – não estava em questão em 2007, explica.
.
Para ele, desde o início o conflito foi uma grande derrota para o seu povo e para todo o país, pois destruiu os meios de subsistência numa região já marcada pela pobreza extrema e contribuiu para a disseminação do terrorismo. "Toda a região é uma área de insegurança. Os antigos rebeldes continuam por lá, toda região está cheia de minas. E novos atores estão se espalhando."
.
Terroristas em diversas regiões africanas
.
Mas que "novos atores" são esses? Em todo o continente africano há hoje uma série de grupos extremistas islâmicos ativos. E muitos deles cometeram atos terroristas nas últimas semanas.
.
Já há cinco anos que o grupo autointitulado Boko Haram (algo como "Educação é Pecado") aterroriza regiões do norte da Nigéria. Entre o estado de Bauchi e a região de Agadez encontram-se cerca de mil quilômetros de terra de ninguém. E em toda a área do Sahel, do sul da Argélia até o Níger, pequenos grupos da Al-Qaeda de Magreb espalham insegurança desde 2006.
.
No leste do continente, o estado fracassado da Somália é o ponto de partida de terroristas islâmicos para as regiões vizinhas: recentemente houve atos terroristas sangrentos em Uganda.
.
Entre os grupos terroristas ativos no Níger há muitos integrantes que não falam os idiomas locais: eles devem vir da Ásia ou de outras regiões da África, diz Aghali. Mas a eles se unem militantes locais, que são mais uma vez instrumentalizados.
.
"As pessoas na minha região correm o risco de serem manipuladas pela segunda vez. A primeira foi em 2007, com a onda de violência chamada de rebelião dos tuaregues. 'Venham, venham!', diziam na época, 'nós lutamos pelas causas dos tuaregues!". Na verdade tratava-se apenas de tráfico de drogas e de armas. E hoje dizem às mesmas pessoas, na mesma região, no mesmo país: "Vamos lutar em nome do Islã!"
.
Espaço para a proliferação do terrorismo
.
A África é um espaço ideal para o terrorismo internacional. Na Somália, assim como no Afeganistão, no Paquistão e no Iêmen, a Al Qaeda usa o vácuo criado pela fraqueza do Estado. Outras áreas do continente estão totalmente fora de controle, desconectadas dos centros políticos, sem polícia ou forças armadas.
.
É assim que a África se torna uma área de refúgio e proteção para o terrorismo internacional. É sintomático que os atos terroristas proliferem onde a pobreza e o subdesenvolvimento predominam, como no norte da Nigéria. Lá é fácil conquistar seguidores. E as poucas chances de desenvolvimento nessas regiões correm o risco de desaparecer, como consequência do terrorismo.
.
Ajuda ao desenvolvimento em risco
.
No Níger, a cooperação oficial para o desenvolvimento está suspensa desde o recente golpe militar. E também o trabalho desenvolvido pela Hedtamat estará ameaçado caso não haja apoio externo. Isso elevaria ainda mais a pobreza e o perigo do extremismo.
.
Os tuaregues recebem ajuda dos escritórios da organização humanitária Care na Alemanha e em Luxemburgo, que há muitos anos trabalham em conjunto com a Hedtamat. O apoio necessita ser mantido neste momento, afirma coordenadora de projetos Christine Harth, da Care. Ela conhece bem a região e trabalha com os tuaregues da Hedtamat.
.
"Nós gostaríamos que fosse garantido mais espaço para as ONGs nos países em que a ajuda ao desenvolvimento oficial é cancelada. Gostaríamos de continuar nosso trabalho com parceiros como a Hedtamat, também para poder transmitir às pessoas a certeza de que elas não serão abandonadas."
.
Autora: Ute Schaeffer (jd)
Revisão: Alexandre Schossler
 
 
Divulgue este artigo 

domingo, agosto 01, 2010

Berlim pede maior apoio internacional contra bombas de fragmentação

Mundo | 01.08.2010

 

Neste domingo entra em vigor uma convenção da ONU contra bombas de fragmentação, assinada por mais de 100 países. Deles, quase 40 já ratificaram o documento. Brasil, China e EUA estão entre os que não assinaram o acordo.

 

Entrou em vigor neste domingo (1/8) uma convenção internacional proibindo bombas de fragmentação. Além da Alemanha, 36 Estados já ratificaram o documento. Outros 70 assinaram a convenção. Grandes produtores de bombas, como Brasil, EUA, China, Rússia e Índia, não assinaram o documento. 
.
"Este é um marco no sentido de uma proibição mundial destas armas desumanas e um sinal inequívoco de que o progresso em matéria de desarmamento é possível", disse neste domingo em Berlim o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.
.
Este sucesso serve, segundo o político alemão, de incentivo para que "em outras áreas também sejam feitos esforços consistentes para o progresso do desarmamento". Westerwelle apelou aos países que até agora não assinaram o documento para que "venham a aderir o mais rápido possível à proibição de bombas de fragmentação".
.
Papa pede que todos os Estados assinem acordo
.
O papa Bento 16 lembrou as vítimas que já sofreram e continuam a sofrer “graves danos físicos e morais” devido às bombas de fragmentação. O pontífice apelou, de sua residência de verão, em Castelgandolfo, para que todos os Estados assinem a convenção. 
.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, se disse satisfeito com a rápida ratificação da convenção. Desde a elaboração do documento, pouco mais de dois anos se passaram, o que, segundo ele, mostrou o "poder da cooperação entre governos, sociedade civil e Nações Unidas para mudar atitudes e políticas em relação a uma ameaça para a humanidade".
.
Muitas bombas explodem anos após fim do conflito
.
Bombas de fragmentação são consideradas particularmente traiçoeiras. Frequentemente, não explodem na hora e permanecem escondidas durante anos, até que uma criança ou um trabalhador do campo pise sobre ela. Assim, a guerra continua, mesmo depois de seu fim formal, e muitas vezes por décadas.
Artefatos são, em maioria, lançados por caças 
Pela convenção, os países se comprometem a proibir o uso, desenvolvimento, produção, armazenamento e transporte das bombas de fragmentação. Esses armamentos são, na maioria das vezes, lançados de aviões. Após o impacto no chão, as bombas se abrem, liberando centenas de pequenos projéteis, que se espalham sobre uma área do tamanho de vários campos de futebol. 
.
Segundo ONG, 98% das vítimas são civis
.
Essas munições já foram usadas em mais de 20 países. Um lugar particularmente afetado foi o Laos. No país, foram lançadas mais de 400 mil bombas de fragmentação durante a Guerra do Vietnã.
.
Segundo estimativas da organização Handicap International, 98% dos atingidos por bombas de fragmentação são civis. Através da Convenção das Nações Unidas sobre Bombas de Fragmentação, os países se comprometem também a ajudar as vítimas, fornecendo assistência médica e psicológica. 
.
A convenção obriga os Estados, além disso, a destruírem seus estoques de bombas de fragmentação dentro dos próximos oito anos. Espanha e Áustria já cumpriram essa cláusula. A Alemanha quer destruir completamente seus estoques até 2015.
.
Autor: MD/dpa/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer
 

domingo, janeiro 31, 2010

DW World - News 2010.01.31


Newsletter | 31.01.2010, 21:00 UTC
Destaques | Deutsche Welle
DW-WORLD.DE: Sua janela para a Europa


Todos os temas


>
>
>
>
>
>
^^^

^^^

^^^

^^^