A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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segunda-feira, novembro 22, 2010

Todos os anos cem milhões ficam pobres por se tratarem

Relatório anual da Organização Mundial de Saúde

22.11.2010 - 21:00 Por João Manuel Rocha
Cem milhões de pessoas são todos os anos atiradas para a pobreza devido aos encargos com a saúde. O problema é mais comum em países vulneráveis, mas atinge também economias desenvolvidas, refere o relatório anual da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Ninguém deve ser forçado à ruína para se tratar”, indignou-se Margaret Chan, directora da OMS  
“Ninguém deve ser forçado à ruína para se tratar”, indignou-se Margaret Chan, directora da OMS (Tobias Schwarz/Reuters)
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O caso mais flagrante de países desenvolvidos onde a “facturação dos cuidados de saúde” recai essencialmente sobre os utentes é o dos Estados Unidos. Um estudo da Universidade de Harvard referido pela OMS, e citado pela AFP, indica que as doenças e gastos com a saúde foram em 2007 responsáveis por 62 por cento das situações de ruína de famílias norte-americanas, contra 50 por cento em 2001.

Portugal é referido pela OMS como um dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) em que parte da população enfrenta dificuldades financeiras para suportar os custos de saúde. “Ninguém deve ser forçado à ruína para se tratar”, indignou-se Margaret Chan, directora-geral da organização.

O Relatório sobre a Saúde do Mundo 2010, apresentado em Berlim, no início de uma conferência ministerial sobre financiamento do sector, aponta três caminhos para melhorar os cuidados: reforço do financimento público, através de soluções inovadoras; obtenção de fundos de modo mais equitativo e melhoria da eficiência dos serviços de saúde.

O documento é divulgado quando o mundo está longe da cobertura universal a que os 192 membros da organização das Nações Unidas para a saúde se comprometeram em 2005. Surge também numa altura em que a crise aumentou as dificuldades orçamentais e muitos países enfrentam uma subida dos encargos devido ao envelhecimento populacional.

40 por cento de desperdício

A OMS calcula que 20 a 40 por cento do dinheiro investido em saúde seja desperdiçado, o que a leva a recomendar medidas que permitam uma maior eficiência, através do uso de medicamentos genéricos sempre que possível e da melhoria de funcionamento das redes hospitalares. A organização refere que metade a dois terços do financiamento público é absorvido pelos hospitais e calcula em quase 300 mil milhões de dólares o desperdício provocado pela sua falta de eficiência.

“Num momento em que o dinheiro escasseia, o conselho é o seguinte: antes de procurarem onde cortar gastos com assistência médica, há que procurar opções que melhorem a sua eficiência”, refere Margaret Chan.

Se essas recomendações podem servir a alguns países, noutros o problema é mesmo o fraco financiamento. A OMS calcula em 44 dólares per capita o financiamento para garantir serviços mínimos de qualidade nos países com menores recursos e se muitos já conseguem afectar o equivalente a esse valor, 31 países gastam menos de 35 dólares anuais por pessoa e, nesses casos, a ajuda internacional é importante.

Uma estimativa da organização indica que se os 49 países mais pobres do mundo destinassem 15 por cento dos orçamentos à saúde, isso representaria 15 mil milhões de dólares suplementares por ano, o que quase duplicaria os meios de que dispõem. A meta de 15 por cento foi um compromisso assumido pelos chefes de Estado africanos em 2000 e que a Libéria, Ruanda e Tanzânia já alcançaram.

O aumento de verbas poderia ser conseguido com uma maior eficiência do sistema fiscal, como fez a Indonésia – que desse modo aumentou as receitas em dez por cento – ou por novas formas de obtenção de fundos, caso de taxas sobre vendas ou transacções financeiras. Esta última via foi seguida no Gana, que paga parcialmente o seu seguro nacional de saúde com 2,5 por cento do que arrecada em IVA. A Índia é referida como exemplo de um país que poderia obter 370 milhões de dólares anuais com o agravamento de 0,005 por cento da taxa sobre transacções em divisas.

Outro dos caminhos apontados é o aumento de impostos sobre o tabaco.

Para evitar que o pagamento dos cuidados de saúde recaia excessivamente sobre quem adoece e conseguir uma distribuição “mais equitativa” dos meios para assegurar a saúde, a OMS refere como opção o sistema de “contribuições obrigatórias”, através de seguros de saúde ou de impostos. A solução, de que países como o Japão são um expoente, ganhou na última década terreno em muitos estados, do Chile à Turquia ou ao Brasil.
 
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sexta-feira, janeiro 22, 2010

Wolfgang Wodarg: pandemia de gripe suína foi uma ficção lucrativa


Geral

Vermelho - 17 de Janeiro de 2010 - 21h33

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Com o objetivo de promover suas drogas patenteadas e as vacinas contra a gripe, companhias farmacêuticas influenciaram cientistas e agencias oficiais responsáveis pelos padrões públicos de saúde para alarmar governos em todo o mundo e fazer com que eles desperdiçassem recursos com estratégias ineficientes e expusessem desnecessariamente milhões de pessoas saudáveis ao risco de efeitos colaterais de vacinas insuficientemente testadas.

Por Wolfgang Wodarg*, em seu blog
Traduzido pelo blog Vi o Mundo

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A campanha da “gripe aviária” (2005/06) combinada com a campanha da “gripe suína” parece ter causado um grande dano não somente aos pacientes vacinados mas aos orçamentos de saúde e à credibilidade de importantes agencias internacionais de saúde.
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O Conselho da Europa e seus países-membros devem pedir investigações imediatas e cobrar consequências a nível nacional e internacional.
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A definição de uma pandemia alarmante não deve ficar sob a influência de vendedores de drogas.
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Quando em abril de 2009 algumas centenas de casos normais de gripe na Cidade do México foram anunciadas como sendo a ameaça de uma nova pandemia, havia poucas provas científicas para fazê-lo. Ainda assim um processo grande, imediato e mundial de definição de agenda começou e foi espalhado pela mídia alarmista e formalmente legitimado pela Organização Mundial de Saúde, a agência que é monitor epidemiológico e força-tarefa.
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Além disso, programas de vacinação contra a gripe já estavam estabelecidos como rotina anual na maioria dos países expostos. Eles regularmente levam em conta todas as variedades de vírus da gripe e juntam fragmentos de antígenos em uma vacina polivalente.
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Mas, depois dos casos do México, a OMS, em cooperação com alguns grandes laboratórios farmacêuticos e seus cientistas, redefiniu o que é pandemia para tornar mais fácil adotar o alerta. Esse novo padrão forçou políticos na maioria dos países a reagir imediatamente e assinar compromissos de compra para vacinas adicionais contra a “gripe suína” e a gastar bilhões de dólares para se adequar ao cenário alarmante que a indústria, a mídia e a OMS estavam espalhando.
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Desde o início, em abril de 2009, estava claro que um novo vírus combinado de gripe estava a caminho -- como muitas variações do vírus da gripe surgem todos os anos. Dos primeiros casos do México também estava evidente que esse novo subtipo estava causando menor dano aos humanos infectados do que os vírus de anos anteriores. Ainda assim a campanha da “gripe suína” estava ameaçando as pessoas cada vez mais, enchendo programas de TV, jornais, debates sobre saúde, ambulâncias e hospitais.
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Nunca antes a busca por traços de um vírus foi feita de forma tão ampla e intensa. Além disso, muitos casos de morte coincidiram com exames de laboratório positivos para H1N1, o que foi usado para atribuir as mortes da “gripe suína” a esse vírus e para aumentar o pânico.
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Adicionalmente, está provado que pelo menos um terço da população de mais de 60 anos já tinha testado positivo para o vírus por ter tido contato com ele na segunda metade do século 20. Em contraste com esse “processo de definir a agenda” há de ser dito que a “pandemia” de 2009 pode ter ajudado a saúde, se comparado com o sofrimento causado pelas ondas de gripe de anos anteriores.
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A temporada de gripe da Austrália, que já acabou com o fim do inverno local, oferece provas de que a infeção pela “gripe suína” traz alguma proteção contra outros tipos mais perigosos de vírus. Ainda assim, observamos que a falsa pandemia de “gripe suína” ainda é usada para fazer o marketing de vacinas.
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As vítimas dentre as milhões de pessoas desnecessariamente vacinadas precisam ser protegidas pelos países — e esclarecimento científico independente e transparência deveriam ser providenciados pelos tribunais nacionais e, se necessário, europeus.
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* Wolfgang Wodarg é integrante alemão do Parlamento europeu
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Nota do Viomundo: Segundo o autor, a moção dele já tem assinaturas suficientes para que se faça uma investigação

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quinta-feira, janeiro 21, 2010

Ivan Lessa: Porcaria dessa gripe suína


Geral

Vermelho - 13 de Janeiro de 2010 - 20h31

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Em seu artigo na página da BBC, o jornalista Ivan Lessa fala sobre o “escândalo da falsa pandemia, um dos maiores de século”, anunciado por Wolfgang Wodarg, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. Leia a íntegra do artigo a seguir.

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Eu estava quieto no meu lugar vendo televisão. Um resfriado pintando. No auge da frioreira que se abateu por este hemisfério norte que escolhi para passar a vida. Sete da noite. Hora do Channel 4 News, para mim o menos desequilibrado dos telejornais. Não mentirei. Gosto mais até – e que ninguém nos ouça – do que o jornal da noite da BBC. Verdade que o horário me libera para ver todas as séries americanas sobre mortes e detetives horrendos. Mas o que é a verdade se não uma variação pouca imaginativa da danada da realidade em que vivemos?
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Filosofado isso, dentro dos melhores parâmetros de Paulo Coelho, voltarei a continuar na bica de um flu (de influenza, soa melhor) diante do Jon Snow, pois esse é o nome do apresentador que, nos Estados Unidos e no Brasil, em homenagem à Marinha, resolveram batizar de “âncora”. Seu sobrenome, para aqueles que não viram o desenho animado do Walt Disney, quer dizer “neve”. Muito adequado, penso nestes dias em que por ele e ela estou cercado, quase ilhado. E com olhos marejando e nariz pingando.
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Daí vai que, entre uma reportagem sobre o primeiro-ministro da Irlanda do Norte, sua senhora e um garotão amicíssimo da primeira-dama, e outra sobre prostituição de menores no México, tudo em segmentos de pelo menos 10 minutos, tal como deve ser, o meu querido Jon Snow, de pé, que aqui é a última fashion, ou moda, de apresentar telenoticiários, mencionou a gripe suína. E o bestalhão aqui que já havia se esquecido dela, como se fora um OVNI, o Triângulo das Bermudas ou a Marly Tavares.
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A humanidade é ingrata. Ou pelo menos eu sou. Acompanhei mediaticamente o desenvolvimento daquela que, descobri, era uma variante do vírus H1N1 e que passara veloz de emergência a pandemia. Pelo que a mídia me informava, no mundo inteiro gente que não acabava mais morria em casa, entre parentes aflitos e protegidos por máscara, e pelas ruas, tossindo sangue encostada no poste.
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Devido a minha idade e minha hipocondria, ambas adiantadas, fui logo vacinado na clínica aqui no bairro onde estou registrado e, quando lhes dá na telha, cuidam de mim. Meu médico, que não me cobra um tostão, avisou antes de aplicar a vacinaçãozinha com nome de sobremesa italiana, algo assim feito tiramisu: “Olha, vai doer e você vai sofrer um sem número de efeitos colaterais.” Não doeu, não colaterei nada. Fiquei só urubuservando, da janela de casa, macabro que sou, os suíno-gripados sucumbindo pelas esquinas de meu quarteirão. Coisa alguma. Fez tudo forfait.
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Resignado, voltei a minhas mazelas há nove anos habituais: enfisema, arritmia, o escambau.
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Na segunda-feira, dia 11, quase de passagem, meu amigo Jon Snow (gozado como a gente pega intimidade com essa gente da televisão) falou que a danada da vacina vinha passando por uma pandemia de pedidos cancelados.
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A Alemanha mandou os laboratórios pararem com a remessa. Três dias depois da França dar o blam! (é tiro) de partida. A ministra da Saúde francesa, Roselyne Bachelot, comunicara oficialmente ter dado uma brecada em 50 milhões de doses, o que é, e peço perdão pelo infame jogo de palavras, o que é dose.
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Outros países estavam entrando na fila. Inclusive este aqui onde ouvi o noticioso. Fui catar mais informações na net. Blicas. Consegui apenas um dado que me parece importante. Wolfgang Wodarg, presidente da influente Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, convocou membros da Organização Mundial de Saúde para discutir, ou prestar contas, daquilo que chamou de “escândalo da falsa pandemia, um dos maiores de século”.
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Não dou o nome do laboratório, ou laboratórios, que faturaram horrores ameaçando o resto do mundo com a pandemia. Ao que parece, com apenas o lucro em vista. Não dou o nome porque sei que eles vão na casa da gente e dão uma vacina que é, essa sim, tiro e queda. Depois viro filme com Julia Roberts fazendo meu papel na tela. O que me parece tão sem graça quanto a – dizem – “falsa” gripe suína.
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Atchim! E agora lavem bem as mãos.
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Fonte: BBC Brasil

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  • Genial crítica!!!

    14/01/2010 13h46 E pensar que logo que surgiu no Brasil a suposta Gripe, o PIG fazia campanha "indiscreta" para o governo comprar Imediatamente doses de vacina! Nossa sorte é que temos o SUS, que embora todos os problemas, estamos avançados na gerencia em saúde pública!
    Mauricio Scherer
    Porto Alegre - RS
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  • Mentira

    14/01/2010 12h11 Quando começou essa paranóia do PIG querendo porque querendo que essa gripezinha virasse um inferno , logo vi que o buraco era mais em baixo. Eu e minha familia meus amigos nunca tomamos nenhuma precaução nem nos apavoramos , sabiamos que era mais uma crise inventada , agora vem a verdade essa gripe não era tudo isso.
    henrique de oliveira
    São Carlos - SP
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  • ivan lessa: porcaria dessa gripe suina

    13/01/2010 23h47
    gostei... mas não lavei a mão nenhuma vez...
    denise
    udia - MG
    ,
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quarta-feira, janeiro 13, 2010

Gripe H1N1 - O MEDO, NEGÓCIOS, O RAIO QUE OS PARTA...


13/01/10


O MEDO, NEGÓCIOS, O RAIO QUE OS PARTA...

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A Organização Mundial de Saúde anunciou que irá pedir a peritos independentes uma auditoria à sua gestão da gripe H1N1, depois de se intensificarem críticas de que terá cedido aos interesses das farmacêuticas, empolando os riscos da doença.
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Em causa estão as críticas endossadas a esta organização das Nações Unidas, que declarou a passagem ao grau de pandemia no início do Verão passado, devido à progressão do vírus H1N1.
A queixa do Conselho da Europa sugeria que devia ser averiguado se as empresas farmacêuticas terão sido influenciadas por dirigentes das autoridades de saúde no sentido de gastarem dinheiro em reservas de vacinas desnecessárias. Recorde-se que em Julho e Agosto o Mundo assistiu a uma corrida à reserva de vacinas ainda não desenhadas e para as quais tiveram de ser desenvolvidas linhas industriais de fabrico.
Criaram o medo, instalaram o pânico. Os jornais, as televisões ajudaram à festa, médicos e farmacêuticos colaboraram, a ignorância dos povos – o medo? – fez o resto. O mar a bater na rocha e a sabermos qual é o resultado…
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Um mundo de sacanas, como diria o Jorge de Sena se por aqui ainda andasse…
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O resultado são negócios chorudos de laboratórios, farmacêuticas, tutti quanti.
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Pânico criado infundadamente. ou o escândalo do século como já lhe chama
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Enão os podermos exterminar!...
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Lá tem que ir pedir ajuda ao Alexandre O’ Neill, ao seu poema pouco original do medo.:
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“O Medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
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Vai ter olhos onde ninguém os veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos
.O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles
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Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados
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Ah o medo vai ter tudo
tudo
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(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
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O Medo vai ter tudo
que se tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos
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Sim
a ratos”
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Publicado por Gin-tonic em 14:39
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Quadro de Munch
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sábado, novembro 28, 2009

A Verdade por Detrás da Gripe Suína (H1N1) ?


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Ícone de canal

jpagaspar
25 de Outubro de 2009
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Depoimento da Dra. Rauni Kilde
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Médica finlandesa defende teoria

"Não é a gripe suína que é perigosa, são as vacinas"

por DN 23 Outubro 2009


Entre as muitas teorias que têm surgido sobre o novo vírus da gripe A (H1N1), a de Rauni Kilde, ex-directora clínica da província finlandesa da Lapónia, é inédita: defende que a OMS mente nas estatísticas que apresenta e que as “elites” estão concertadas para reduzir a população mundial a dois terços.
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Numa entrevista que circula na Internet há algumas semanas, a médica Rauni Kilde (informações biográficas abaixo), questionada sobre a gripe A, declara que a informação que existe sobre o novo vírus H1N1 é “autêntico lixo”. Kilde é peremptória: “Não é a gripe suína que é perigosa, são as vacinas”.
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Numa entrevista de quase sete minutos, Kilde começa por dizer que a humanidade desconhece os efeitos dos alimentos transgénicos ou da utilização dos telemóveis na saúde, e que tudo se resume a uma estratégia concertada das “elites” para reduzir a população mundial a pelo menos dois terços ou “até em cinco mil milhões” de pessoas.
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"Eliminar a próxima geração" 
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Segundo Rauni Kilde, “por detrás de tudo está a diminuição da população mundial” e o objectivo é “colocar milhões nos bolsos de quem difunde [as vacinas]”.
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A médica fala em Donald Rumsfeld, que foi director da Gilead Sciences, Inc., a empresa detentora da patente do medicamento Tamiflu, e que tem sido apontado como detentor de acções da empresa.
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Kilde acredita que as recomendações para vacinar primeiro grávidas e crianças têm como propósito “eliminar a próxima geração”.
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A médica refere-se ainda à epidemia de uma variante da gripe suína que surgiu na década de 70, nos Estados Unidos da América, que envolveu uma grande campanha de vacinação. Kilde refere que os EUA "deixaram a vacinação após três semanas porque havia muita gente a morrer e com danos neurológicos" e que "se asseguraram de que as pessoas não são compensadas pelos danos sofridos".


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"Campanha de medo" 
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"Os Governos estão a lançar uma propaganda de medo nos 'mass media'. Todos os media dizem que vai ser terrível. É propaganda e as pessoas assustam-se", defende Rauni Kilde, sustentando ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estará a obrigar as pessoas a serem vacinadas "à força" e que a organização só terá activado o alerta de uma pandemia de nível seis para esse efeito. "Vê-se em qualquer país do mundo: as pessoas não estão doentes", declarou.
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Rauni Kilde acredita ainda que a OMS divulga números "falsos" e que quem sai beneficiado desta "estratégia" são as grandes farmacêuticas.
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Plano e recomendações do Ministério da Saúde Português 
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Sem olhar às teorias divulgadas, a OMS continua preocupada em avaliar a evolução do vírus e, em Portugal, a primeira fase de vacinação contra a gripe A começa segunda-feira com 54 mil doses disponíveis. As doses serão administradas a um número restrito de pessoas dentro do grupo A de vacinação contra a gripe, o primeiro de três identificados pelas autoridades.
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Nesta primeira fase de vacinação são considerados prioritários os profissionais de saúde, grávidas nos segundo e terceiro trimestres de gestação com patologia associada e titulares de órgãos de soberania e profissionais que desempenhem funções consideradas essenciais para o funcionamento do país.
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As vacinas, explicou a ministra da Saúde Ana Jorge, vão chegar a Portugal quinzenalmente e estas primeiras 54 mil doses serão distribuídas pelas cinco regiões de saúde, sendo esperado que até chegar um novo lote de vacinas estas estejam já todas ministradas.
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O Ministério da Saúde e a Direcção-Geral da Saúde definiram que estes grupos-alvo de vacinação correspondem a 30 por cento da população.
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Segundo a ministra, as estimativas apontam para vacinação de 360 mil pessoas no grupo A, um milhão no B e os restantes no C, até perfazer três milhões. A vacinação de todo o grupo A há deverá demorar mais de um mês.
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Portugal adquiriu seis milhões de doses de vacina contra a gripe A (H1N1) para a vacinação de três milhões de pessoas.
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Cada pessoa deverá levar duas doses da vacina, sendo a segunda administrada com um intervalo mínimo de três semanas.
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Em relação aos órgãos de soberania, Ana Jorge não especificou quem é considerado imprescindível, mas já no que respeita aos profissionais de saúde a ministra referiu que podem ser, por exemplo, os profissionais dos cuidados intensivos, os que desenvolvem uma técnica única que mais ninguém faz, assim como os que garantem o funcionamento da Linha Saúde 24.
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Quem é Rauni Kilde?
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Nascida em 1939, na Finlândia, Rauni-Leena Luukanen-Kilde formou-se em medicina. Figura controversa, foi directora clínica da região finlandesa da Lapónia e retirou-se em 1986, depois de um acidente de automóvel em que diz ter sido raptada por extraterrestres. Desde então, tem escrito vários livros e artigos sobre OVNIS, como “Os meus cem encontros com extraterrestres” e vive na Noruega.
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A UFO-Norway (associação norueguesa para estudo dos OVNIS) fez um comunicado, disponível na Internet, em que se demarca totalmente da visão de Kilde sobre os Objectos Voadores Não Identificados e a acusa de assumir uma postura de “desinformação” face ao fenómeno.
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Uma das suas teorias mais polémicas é a de que a circulação sanguínea nos extraterrestres ocorre de forma horizontal; Kilde também defende que os Estados Unidos têm um programa de implantação de microchips em recém-nascidos para controlo cognitivo das mentes dos cidadãos.
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quinta-feira, outubro 15, 2009

Diarreia mata quase 1,5 milhão de crianças a cada ano, diz Unicef

14/10/09 - 12h58 - Atualizado em 14/10/09 - 13h29


Infeccções propagadas por água suja causaram 18% das mortes.
Doença é a segunda causa de óbitos, atrás da pneumonia.

Da France Presse

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Quase 1,5 milhão de crianças de menos de cinco anos morrem a cada ano de diarreia, segunda causa de mortalidade infantil depois da pneumonia, segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado nesta quarta-feira (14).

Segundo Olivier Fontaine, da OMS, os dados, referentes a 2007, mostram tendência de queda. Em 2004, data dos últimos dados recolhidos sobre a questão, o número de mortes causadas pela diarreia entre as crianças chegou a quase 2 milhões de vítimas.

Nos países em desenvolvimento, só 39% das crianças com diarreia recebem os cuidados necessários
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"O que é preocupante é ver que nossas atividades de informação não têm efeito, porque a contribuição relativa da diarreia para a mortalidade total não mudou nos últimos anos", continuou Fontaine. A mortalidade total de crianças menores de cinco anos passou de 10,4 milhões em 2004 para 8,9 milhões em 2007, segundo ele.

No total, as infeccções diarreicas propagadas pelas águas sujas estão na origem de quase 18% das mortes de crianças no mundo, destacou. Além disso, apesar dos esforços realizados pelas organizações humanitárias, a diarreia é a segunda causa de mortes entre os mais jovens.


"Portando, existem tratamentos eficazes e pouco custosos, mas nos países em desenvolvimento, somente 39% das crianças com diarreia recebem os cuidados necessários", lamentou a diretora da Unicef, Ann Veneman, citada em um comunicado.


A OMS calculou em quase 50 milhões o número de crianças salvas graças ao tratamento à base de soro fisiológico e zinco desde sua adoção há 25 anos.

Leia mais notícias de Saúde

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(http://g1.globo.com)

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domingo, agosto 02, 2009

OMS: Amamentação pode salvar 1,3 milhão de crianças por ano

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Ensinar novas mães a amamentarem poderia salvar 1,3 milhão de crianças por ano, mas muitas mulheres não recebem ajuda e desistem, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (31).

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Menos de 40 por cento das mães do mundo permitem que seus filhos só se alimentem com leite materno nos seis primeiros meses de vida, conforme recomenda a OMS. Muitas abandonam o aleitamento porque não sabem como fazer o bebê agarrar o seio, ou sentem dor e desconforto.

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"Quando se trata de fazer na prática, elas não têm apoio", disse a especialista da OMS Constanza Vallenas a jornalistas em Genebra, onde fica a sede da agência da ONU.

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O problema, segundo ela, ocorre em países ricos e pobres, e precisa ser combatido a partir de hospitais, clínicas e centros comunitários.

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A OMS recomenda que os bebês comecem a mamar no peito uma hora depois de nascerem, e que consumam apenas o leite materno durante seis meses — o que exclui água, sucos ou alimentos sólidos.

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A amamentação dá à criança nutrientes vitais, além de reforçar seu sistema imunológico, prevenindo contra doenças como diarreia e pneumonia. O leite em pó não fornece a mesma imunidade, e a água das torneiras em muitos lugares do mundo vem contaminada.

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Vallenas disse que, se o índice de aleitamento materno nos seis primeiros meses de vida chegasse a 90 por cento, seria possível evitar cerca de 13 por cento das 10 milhões de mortes anuais de crianças menores de cinco anos.

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Em nota divulgada a propósito da Semana Mundial da Amamentação, de 1o a 7 de agosto, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse ser importante dar apoio para que mães em zonas de desastres continuem ou recomecem o aleitamento.

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"Durante emergências, doações não-solicitadas ou descontroladas de substitutos do leite materno podem prejudicar a amamentação e devem ser evitadas", disse Chan, argumentando que a interrupção do aleitamento pode agravar os riscos para crianças já vulneráveis. "O foco deve ser na proteção ativa e no apoio à amamentação."

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UOL
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in Vermelho -
31 DE JULHO DE 2009 - 18h21
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domingo, julho 26, 2009

A nova Influenza



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por Eduardo Bomfim*

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No momento em que escrevo este artigo o número de óbitos provocados pela nova gripe A (H1N1) é de 24 pessoas, o que deverá aumentar em escala progressiva devido ao seu caráter epidêmico, muito embora o seu grau de virulência seja inferior ao previsto, dizem as autoridades sanitárias mundiais e brasileiras.
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Mas algumas questões consideradas sérias já foram levantadas desde as epidemias de Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS) e gripe Aviária lá mais ou menos por 2003.

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Uma dessas observações diz respeito ao risco de disseminação de pandemias provocada pelos métodos industriais da criação ultraconfinada de aves e suínos, em todo o mundo, ocasionando graves problemas sanitários e, afirmam os cientistas, condições propícias à proliferação de agentes infecciosos.

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Outra causa das epidemias que rapidamente se espalham pelo planeta é que o mundo ficou pequeno devido ao extraordinário encurtamento das distâncias através dos atuais meios de transportes.

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No entanto, essa não é a explicação ideal e ela pode muito bem servir como cortina de fumaça para encobrir as causas fundamentais desse problema cada vez mais sério e com intervalos entre uma e outra manifestação mundial cada vez mais curtos.

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Além das referidas técnicas internacionais de criação intensamente confinada de aves e suínos, com preocupações sanitárias e epidemiológicas em iguais proporções, o historiador e cientista norte-americano Mike Davis da Universidade da Califórnia alerta para outras razões também muito sérias.

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Ele afirma, baseado em pesquisas, que a maioria da humanidade não tem acesso às vacinas e aos fármacos antigripais e que os remédios de salvação para pandemias deveriam ser um direito humano global, mas a Organização Mundial de Saúde não obteve consenso nenhum sobre esse aspecto entre os países do primeiro mundo.

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Não há consenso e não se impediu o monopólio, a sede irrefreável por lucros fabulosos, auferidos pela grande maioria das poderosas indústrias farmacêuticas multinacionais que detêm as patentes dos principais antibióticos e antigripais.

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E finalmente declara que se a Terra transformou-se em uma aldeia global o mesmo pode-se dizer sobre a atual tragédia mundial dos sistemas de saúde pública, inclusive no Brasil.

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*Eduardo Bomfim, Advogado



* Opiniões aqui expressas não refletem, necessariamente, a opinião do site.

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in Vermelho -
25 DE JULHO DE 2009 - 20h09
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Gripe suína e o surto de desinformação




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O jornal Folha de S. Paulo estampou em manchete no último domingo (19) que a chamada gripe A, apelidada de gripe suína, “deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses” e no texto da matéria vai ainda mais longe: diz que poderá infectar até “67 milhões de brasileiros ao longo das próximas cinco a oito semanas”. O jornal usou projeções estatísticas feitas para outras doenças e em outras circunstâncias para se chegar a estes números absurdos. Segundo o médico Eduardo Carmo Hage, diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, que serviu de fonte para a reportagem, o jornalista foi alertado sobre esse erro e, mesmo assim, o jornal publicou a falsa informação. Esta conduta criminosa deveria render uma multa pesada para o jornal e a demissão sumária do jornalista e editores que incentivam este tipo de manipulação.

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Segundo o Ministério da Saúde, em 2007 (não há dados consolidados sobre 2008), morreram no Brasil mais de 42 mil pessoas vítimas de doenças respiratórias como pneumonia e gripe comum. Até ontem, em todo o mundo, o número de pessoas que morreram em decorrência da gripe A não chegava a mil. Segundo a União Européia, 843 mortes em todo o mundo e cerca de 167 mil casos já registrados em laboratórios. Ou seja, não há motivo nenhum para se acreditar que a nova gripe se transforme numa pandemia letal como foi no passado a gripe espanhola.

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Por que então a mídia insiste no tom alarmista? Fazer uso político de um problema de saúde pública pode ser uma das explicações.

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Afinal, já vimos este filme antes, no início de 2008, quando a mídia anti-Lula percebeu que poderia usar o aumento dos casos de febre amarela como argumento para torpedear o governo. Naquela ocasião, o pânico disseminado pela irresponsabilidade da imprensa levou milhares de pessoas a se vacinarem sem necessidade. Algumas pessoas morreram vítimas dos efeitos colaterais da vacina.

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Agora, percebe-se por parte de alguns jornais e jornalistas a mesma disposição de fazer uso político de um problema de saúde pública, levando desinformação à população que acaba lotando os hospitais e postos de saúde, prejudicando ainda mais o atendimento médico que já é precário na rede pública.

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Epidemia e pandemia são assuntos da esfera da OMS (Organização Mundial de Saúde) e das autoridades sanitárias de cada país. Os veículos de comunicação devem servir como instrumento de esclarecimento e informação à população. A preocupação da imprensa deveria ser a de ouvir especialistas, fazer comparações estatísticas corretas com outras doenças, repetir quais são os cuidados que se deve ter, cobrar do governo em todas as esferas –federal, estaduais e municipais-- quando há problemas no atendimento das clínicas e hospitais.

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No Brasil, o Ministério da Saúde possui uma política consolidada de prevenção a possíveis epidemias de diferentes tipos influenzas pelo Brasil. O Ministério utiliza a comunicação como principal aliado para esclarecer a população e evitar que o vírus da gripe se torne uma epidemia no Brasil. O trabalho das autoridades sanitárias está sendo feito de forma responsável e ágil. Não pode ser prejudicado pela irresponsabilidade e pelas picuinhas políticas de setores da mídia que se alimentam de escândalos e alarmismos.

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in Vermelho - 23 DE JULHO DE 2009 - 12h20

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quinta-feira, junho 11, 2009

De porcos e homens ou um opinião sobrea gripe «suína» e alguns factos



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Flavio Andrade Goulart:

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Nos últimos dias, tornou-se possível o acesso de um mapa global do programa google maps, mostrando a distribuição dos casos de H1N1 em todo o mundo. A imagem disponível salta aos olhos: o fenômeno está localizado nitidamente acima da linha do Equador, mais precisamente nos Estados Unidos, no Canadá e na União Européia. Conclusão? Não estaria aí uma das causas, talvez a principal delas, para a desproporcionalidade da reação das OMS e das próprias nações ricas diante do fenômeno?

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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... Esta é a primeira estrofe de um primoroso soneto da Lírica de Camões, no qual o poeta lamenta a passagem do tempo e as inúmeras mudanças que esta provoca na alma, nos sentimentos, na natureza, na vida enfim. O último verso, digno de Heráclito de Éfeso, o criador da Dialética, ressalta a mudança até na maneira do mudar das coisas (outra mudança faz de mór espanto, que não se muda já como soia...). A criação do poeta não deixa de ser bastante adequada, também, para despertar algumas reflexões sobre o must da temporada: a chamada gripe suína. Com efeito, mudaram-se os tempos e estas mudanças tiveram imensas repercussões nas formas de lidar com os problemas de saúde pública, seja do ponto de vista das técnicas, das relações políticas, das maneiras de divulgar e fazer repercutir o fenômeno, das diversas vontades implicadas com o mesmo.

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Gripe suína, influenza A, H1N1 ou qualquer outro nome que se queira dar. Esta é mais uma história de um mundo que muda a cada dia – não necessariamente para melhor, diga-se de passagem – e sobre o qual nós carecemos de instrumentos de compreensão, menos ainda de mudança das coisas a nosso favor.

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No princípio eram os porcos... Mais precisamente na aldeia mexicana de La Glória, onde, a 10 quilômetros colina acima, as Granjas Carroll, que atendem também pela alcunha de Smithfield Foods, criam uma vasta porcada. Essa agroindústria tem sede na Virgínia e na Carolina do Norte, no vizinho país, de onde foram expulsas, aliás, por fazer muita porcaria no meio ambiente. No interior do México não é diferente: há anos acumulam-se denúncias de contaminação do lençol freático, do surgimento de febres intestinais na população da região, entre outros problemas. Pela regras do Nafta, entretanto, do qual o México é um parceiro obsequioso, permitiu-se a realocação da Carroll, desde 1994, em La Glória, distrito de Peiote, à distância conveniente da fronteira com os EUA. Seria trágico, se não fosse real e se não fosse considerado pelo governo mexicano um ganho econômico para a nação.

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Pois bem, no coração de La Glória, uma povoação paupérrima entre tantas outras no México, o primeiro a adoecer foi um menino de quatro anos, que conseguiu sobreviver, todavia. Seu organismo pode ter servido de base de lançamento para uma combinação genética que daria up-grade ao vírus. Mas outros acham que, na verdade, tudo isso surgiu de um erro de manipulação, em laboratório, em outro país, distante dali, tanto em termos geográficos como econômicos e culturais. Mas aí, os pobres mexicanos e também os porquinhos Carroll -- nada a ver com histórias infantis -- já haviam levado a culpa.

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Isso se deu em março último, mas de lá para cá tantas coisas aconteceram e continuam a acontecer que nós, os mortais comuns (99,99% da humanidade), andamos completamente desnorteados.

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Em primeiro lugar é uma doença que se chama suína, mas não vem dos porcos; é mexicana, mas que talvez não tenha se iniciado ou se concentrado no país de Frida Kahlo; parece a gripe comum, mas tem comportamento próprio -- e estranho. Seus números figuram surreais, por variarem ao sabor da coloração das fontes, das pressões do interesses e sabe-se lá do quê mais.

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Os produtores de carne suína, entre eles os do Brasil, fizeram sua parte para aumentar a confusão, ao exigir a mudança do nome da doença; o México, tradicional destino turístico e que tem nos porcos uma forte indústria, chiou com razão; laboratórios farmacêuticos internacionais, até ontem ameaçados pela outra crise, a do capitalismo, ofereceram pressurosamente suas balas mágicas, farmacológicas e imunológicas contra a influenza A, fazendo, até mesmo, quem sabe, certa “torcida” para que o estado de pandemia fosse declarado, de vez, pela Organização Mundial de Saúde – OMS.

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A Organização Mundial de Saúde, por sua vez, custou a ver que a ficha lhe escapara. E tome divulgação de informações pouco confiáveis. No meio do caminho aceitou uma das mudanças de nome da doença para atender aos interesses do porco-negócio. Para muitos a grande entidade mundial da saúde ainda está meio perdida, eis que faz e incentiva uma despropositada badalação em relação a uma doença que nem atinge ou mata mais pessoas do que a tradicional gripe, tão vulgar no cotidiano das pessoas. Enquanto isso, doenças de verdade, como a malária, a tuberculose, a dengue, a leishmaniose ceifam vidas em todo o mundo, em proporções incomparavelmente maiores do que a tal influenza A. Para não falar nos acidentes, nas demais violências, nas doenças derivadas do hábito de fumar, do câncer e até mesmo da fome -- a velha, velhíssima fome! E não consta que a OMS faça tal escarcéu diante delas.

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A paranóia triunfa e conhece tempos de glória

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A paranóia, esta sim, triunfa e conhece tempos de glória, enquanto La Glória original já ficou esquecida. A China, imaginando certamente que o México e o resto do mundo já fazem parte da Grande China (um dia talvez o façam de fato, mas que Beijing tenha calma e aguarde...), decreta quarentena, detêm cidadãos mexicanos, fecha hotéis, trata com antivirais todos os passageiros de determinados vôos internacionais e mais faria se não fora, para tanta paranóia, tão curta a gripe... Ou seja, as autoridades chinesas tentaram tratar o mundo exterior como fazem com seu próprio povo. Aliás, a portentosa China da economia, em matéria de direitos humanos e realizações de saúde pública, bem poucas lições pode oferecer aos outros países, mesmo bem mais pobres e de menor PIB do que ela...

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Nos últimos dias, tornou-se possível o acesso, pela internet, de um mapa global construído dentro da tecnologia do programa google maps, mostrando a distribuição dos casos de H1N1 em todo o mundo, permitindo observar também seu detalhamento em termos de uma linha de tempo. A imagem disponível, rica em cores e detalhes, salta aos olhos: o fenômeno está localizado nitidamente acima da linha do Equador, mais precisamente nos Estados Unidos, no Canadá e na União Européia. Conclusão? Não estaria aí uma das causas, talvez a principal delas, para a desproporcionalidade da reação das OMS e das próprias nações ricas diante do fenômeno?

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Imagino, também, que a humilhação que os mexicanos sentiram deve estar sendo finalmente revertida. Se a doença começou entre eles (o que é controverso), o certo é que ela hoje está muito mais bem controlada no México do que nos Estados Unidos, país que, como se sabe, tem um sistema de saúde calcado no liberalismo e no Mercado, com reduzida capacidade de intervenção diante de problemas de interesse coletivo, como as epidemias em geral. Afinal, ali imperam a livre empresa e o livre arbítrio, além do the pursuit of happiness, para o bem e para o mal.

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O papel da imprensa também oferece grandes oportunidades para reflexões. Ela aparentemente fez o que devia (e que muitas vezes ficaria opaco, se deixado apenas a cargo das autoridades). Mas foi uma cobertura pautada pelas duas grandes vacas sagradas da comunicação contemporânea: a espetacularização e o mercado. Da primeira, já há quem advirta que esta gripe é mais midiática do que propriamente virótica -- e não é difícil acreditar nisso – mesmo quem não crê em bruxarias desconfia que las hay... Do mercado, que hoje é tratado pela mídia como uma entidade dotada de inteligência, reações e até sentimentos, nem se fala. Ler um grande jornal ou ouvir TV nesses tempos de cólera, digo de gripe, nos dá às vezes a sensação que se trata de matéria produzida diretamente pelas assessorias de comunicação da Glaxo ou da Roche, quando não dos gabinetes da União Européia.

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Uma coisa é certa: o fim da gripe poderá acontecer quando aparecer algum fato novo de importância mundial, quem sabe alguma derrubada de Dow Jones em Nova Iorque ou em Shangai. Ou seja, vai terminar quando deixar de ser notícia, ou vai continuar, mesmo não sendo mais notícia -- isso pouco importará. Na gripe como na guerra a primeira vítima não estava onde parecia estar; a primeira a tombar foi, como sempre, a Verdade. Conclusão: é preciso discutir, sim, o papel da mídia em casos como este, longe da certeza paranóica que costuma cercar a expressão liberdade de expressão. Essa liberdade não pode ser antagônica à necessidade de divulgar ao público não a verdade mais conveniente, mas as várias verdades que cada lado envolvido na história possui. Nunca a tradicional brincadeira dos economistas de que um espirro nas bolsas do primeiro mundo provoca uma pneumonia nos países mais pobres esteve tão perto de se transformar em verdade, embora com sinal trocado.

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O Deus Mercado e a crise do Capitalismo

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Falar no Deus Mercado nos remete a outra crise recente, a do Capitalismo, ente tão condenado como triunfante. Na gripe e na crise do capital há mais coisas em comum do que as enganosas aparências parecem demonstrar. Contradição e confronto de interesses mais do que necessidades ou demandas legítimas é uma delas. O papel da mídia em busca do espetáculo permanente é outra. E ainda: a celebração sem crítica do culto às novas divindades contemporâneas; a eclosão (e também a interrupção) de notícias não necessariamente provenientes de evidências da realidade; o isolamento e a alienação do cidadão comum das informações, para não falar das decisões.

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É a globalização, diriam os mais afoitos. Mas isso não seria tudo. A globalização microbiana do mundo começou, de fato, no século XVI -- nenhuma novidade na epidemia atual, portanto. No mais, as finanças, a informação simultânea, as migrações de pessoas, o crime organizado, os conhecimentos científicos, a tecnologia, os sistemas de poder, a produção e o trabalho humano, tudo isso hoje é globalizado, como lembra o pensador italiano Giovanni Berlinguer. Na prática, a globalização da economia equivale à acumulação de capital e de poder em mãos restritas e ao predomínio do jogo financeiro sobre qualquer outro interesse. Mas como lembra o mesmo Berlinguer, ela é irrefreável, sobretudo por corresponder a muitas exigências dos seres humanos.

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A verdadeira questão parece ser bem outra: de qual a globalização se fala, para que fins, em que rumo? Os dois acontecimentos planetários recentes aqui tratados não parecem augurar respostas que conduzam a expectativas otimistas para a humanidade.

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Que mundo é esse, afinal, que parece andar de ré? Que ele não nos serve, nem na economia e muito menos na saúde pública, parece não haver mais dúvidas. Os escombros estão por toda parte, mas no interior deles os germes da exploração e da irracionalidade conseguem, milagrosamente, se multiplicar. É um mundo caduco, mas nele ainda não conseguimos esgueirar o surgimento de algo verdadeiramente novo. Tempos difíceis, meus irmãos...

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Em momentos assim, os inconformados habitantes de tal mundo ao revés querem ser agentes de mudanças sobre o mesmo. Hannah Arendt falou sobre isso como o exercício da vida ativa, ou seja, do que estamos fazendo, de fato, para mudar o que nega e destrói as condições de existência do ser humano. Entre trabalho, labor e ação, somente mediante a ação (vida ativa) humana é que as coisas de fato acontecem, pois este é o único componente da tríade que se realiza diretamente entre os homens, sem outras mediações. Seu atributo maior é o do exercício da liberdade e da instauração de novas formas de pensar, de fazer política, de participar da vida comunitária, de se rebelar contra as opressões novas e antigas.

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Resumindo e encerrando: mudaram-se os tempos e as vontades; mudou-se até a maneira de mudar. Nós, cidadãos, não podemos ficar na situação colocada pelo antigo adágio chinês, que fala de alguém que ao lhe ser mostrada a lua só enxerga o dedo que aponta o satélite. Essa história de gripe suína (quem sabe também da crise que tem ceifado o emprego de milhões de pessoas) tem cara se ser apenas o dedo – a lua está mais adiante...

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Flávio Goulart, professor aposentado da UnB, é consultor em saúde.
Artigo publicado originalmente na seção Convidado do Blog do Dirceu

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in Vermelho - 25 DE MAIO DE 2009 - 19h36
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Número de países atingidos pela gripe suína sobe para 73


A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta segunda-feira (8) que subiu de 69 para 73 o número de países atingidos pela influenza A (H1N1) – gripe suína. O boletim indica que 25.288 casos foram confirmados e que 139 pessoas morreram vítimas da doença em todo o mundo.

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Os Estados Unidos registram quase a metade dos casos, 11.054, além de 27 mortes. O México, com 5.717 infectados, é o país com o maior número de mortes provocadas pela doença: 106.

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O Canadá registra 2.115 casos e três óbitos. No Chile, o total de ocorrências chega a 411 e houve uma morte. Na República Dominicana, há 44 casos e uma pessoas morreu. A Costa Rica permanece com 68 casos e um óbito.

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No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou ontem (7) mais uma ocorrência de gripe suína, no Rio de Janeiro. Ao todo, 36 pessoas foram infectadas em todo o país. Há ainda 45 casos considerados suspeitos.

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Agência Brasil
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in Vermelho - 8 DE JUNHO DE 2009 - 14h41 - *************************************************************************************************************************************************************


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Gripe suína: OMS prepara mundo para declaração de pandemia

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu nesta quarta-feira que a declaração de uma pandemia da gripe suína, ou Influenza A H1N1, é iminente e só não o fez ainda porque está preparando o mundo para que entenda corretamente essa ação.


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''Queremos que se entendam muito bem a mensagem de que, se declaramos a fase seis de pandemia, significa que o vírus se propaga e que há contágios estabelecidos em países de regiões distintas, mas não que a enfermidade tenha ficado mais grave ou que haja um aumento na taxa de mortalidade'', esclareceu o diretor geral da organização, Keiji Fukuda, em entrevista coletiva.

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Com esta política, disse, trata-se de ''evitar efeitos adversos'', entre os quais citou o fechamento de fronteiras ou bloqueios ao comércio.

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Segundo os últimos dados mostrados nesta quarta-feira, um total de 26.563 casos foram registrados na OMS, por parte de 73 países. 140 pessoas contaminadas pelo vírus.

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Granma
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in Vermelho - 10 DE JUNHO DE 2009 - 15h45
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sexta-feira, maio 01, 2009

Gripe do Agronegócio: 'suspeito número um é o sistema de produção'

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Alejandro Nadal é economista. Professor investigador do Centro de Estudios Econômicos e do “El Colegio de México”, colabora regularmente con o jornal mexicano de esquerda La Jornada. Muitos de seus artígos foram reproduzidos em sites como www.rebelion.org ou www.sinpermiso.info. Nadal é, além disso, membro do conselho editorial de Investigação Econômica, una excelente revista de ciências sociais dirigida pelo economista mexicano Ignacio Perrotini.



O economista Nadal

Leia a seguir a entrevista realizado por Salvador López Arnal, para o Rebelión, com o economista Alejandro Nadal.


De que estamos tratando quando se fala de gripe suína?


A chamada febre ou influenza suína é provocada por uma variação de um vírus que é endêmico em porcos. A influenza suína é rara em humanos, mas o vírus pode sofrer mutações e afetar humanos. É isso o que aconteceu neste caso.


Como pode ter havido a mutação do vírus, ao que parece, muito rapidamente e afetar a espécie humana?


O suspeito número um é o sistema de produção industrial de porcos, onde o confinamento permite o intercâmbio maciço de vírus, o que facilita o surgimento de novas cepas e variantes, algumas das quais podem ser um tipo patógeno de influenza, que pode afetar os seres humanos. As pocilgas são bem conhecidas por serem uma das melhores fontes de geração de variantes desses vírus.


Até agora, salvo o caso de um bebê que morreu no Texas, EUA, em 28 de abril, todos as mortes aconteceram no México e entre pessoas jovens. Por que?


É uma pergunta ainda sem resposta. Ainda não se tem conhecimento do motivo. Uma hipótese é que o vírus, em suas primeiras etapas, pode ser mais mortífero e, à medida que avança o processo de sua transmissão, diminui a virulência ou força destruidora. Entretanto, no caso do vírus A (H1N1), que acomete o México, a virulência não diminuiu (o vírus não teve mutação para gêneros menos malignos). Os médicos e laboratórios, todavia, não t~em respostas.


Qual é a situação em seu país, neste momento?


Fala-se de mais de dois mil casos de infecção com um quadro clínico similar ao do vírus A (H1N1). Cerca de 150 pessoas morreram, o que situa o nível de mortalidade em níveis comparativos a epidemias muito graves, embora não seja prudente ainda fazer comparações com estes níveis estatísticos.


Neste momento a Cidade do México, um aglomerado urbano de uns 20 milhões de habitantes, ela se encontra paralizada. As escolas, desde primárias até as universitárias, estão fechadas até o dia 6 de maio. Os restaurantes também estão fechados, até o mesmo dia. Muitas empresas diminuiram o ritmo de atividade. Em escala nacional, o sistema educacional está paralizado também até 6 de maio. As autoridades fazem esforços para conter o contágio e nos próximos dias saberemos se estas medidas obtiveram êxito. O certo é que, no momento, existem sérias dúvidas sobre a validade das ações governamentais.


O impacto econômica desta epidemia é forte. A grande divisão de serviços é muito importante na composição do PIB. Serviços de turismo e hotelaria são muito importantes e fortes geradores de emprego. O impacto da epidemia atinge em cheio, em primeiro lugar, estes setores. Além disso, o setor de turismo sentirá também o impacto, provavelmente durante muitos meses, como costuma acontecer nestes casos. O déficit crônico da balança comercial vai recrudescer. Além disso, é muito provável que as exportações de carne de porco e de frango sofram por causa desta epidemia, embora ainda não existam evidências de que a doença se transmita diretamente pelo consumo de carne de porco. Finalmente, a arrecadação de impostos se verá abalada de modo significativo, sobretudo o Imposto de Valor Agregado, que é, como sabemos, um imposto relativo a consumo. Enfim, tudo isso vem contribuir para a piora da situação, já comprometida pela crise do capitalismo, cujas previsões davam uma queda de 4,5% do PIB mexicano para o ano de 2009. Pessoalmente, dado o peso do setor de serviços, acredito que devemos ao menos somar outro ponto percentual de perda a essa estimativa, isto é, o PIB mexicano cairá ao redor de 5,5% este ano. É uma estimativa grosseira, pois resta verificar se esta situação será demasiado prolongada.


O que está acontecendo significa que a pecuária intensiva, industrializada, é um caldo de cultivo para agentes infecciosos? Não estamos tratando os animais, seres vivos, como se fossem seres inanimados, sem dor nem sofrimento?


A produção industrial em grande escala de gado em estábulos, de porcos e aves em ''granjas'' gicantescas, que são verdadeiras fábricas de carne, é uma das aberrações da produção capitalista nestes últimos cinquenta anos. Sim, efetivamente, é um caldo de cultivo de agentes patológicos. Facilita sua rápida evolução e promove o surgimento de novas cepas de grande virulência. É bem sabido pelos epidemiologistas o fato de que os vírus que causam a morte de seu hospedeiro mantêm um equilíbrio entre virulência e velocidade de transmissão. No caso dos criadouros industriais de porcos e aves, a recolocação cada vez mais rápido dos animais gera pressões (evolutivas) que desembocam no surgimento de cepas mais daninhas e de altas velocidades de transmissão. O fato é bem conhecido na literatura especializada. Mas as autoridades, tanto nacionais como internacionais (incluíndo aí a OMS, no que compete a FAO), sempre toleraram ou solaparam estas condições de produção de alimentos de carne.


Uma médica, cientista e pesquisadora do mexicano Hospital da Raça, que prefere permanecer no anonimato, apontou que os primeiros casos de pessoas afetadas foram detectados em princípios de março, mas que não foi feito nenhum tipo de alerta nem foi feito nenhum estudo a respeito. Aconteceram várias mortes por pneumonia, afirmou a médica, que não foram devidamente estudadas. ''Ao privilegiar a medicina privada, não se deu atenção nem fundos em investigação, infraestrutura e fornecimento de medicamentos à medicina pública, e o que estamos vivendo hoje são as consequências disso'', disse a médica.


O México não tinha elementos para levar a cabo uma análise para detectar a doença? É acertada essa análise em sua opinião?


É correta. E eu diria que a crítica da médica é até pequena. Nos últimos vinte anos o investimento em educação ficou estagnado, à medida que os governos privilegiaram o pagamento de rendimentos financeiros, ao invés de investir nos setores prioritários de desenvolvimento (Saúde, alimentação, moradia, educação, ciência e tecnologia). Um dos melhores exemplos disso é o de quatro anos atrás, quando o governo de Fox queria desmantelar o principal centro de pesquisas florestais, pecuárias e agrícolas do México. Nosso país conta com 11 mil quilômetros de litoral e o setor pesqueiro é muito importante, mas são muito poucos os centros de pesquisa sobre pesca e não existe um sistema em escala nacional de monitoração para o manejo racional do pescado. Voltando ao caso da Influenza, é exraordinário que neste país o governo pretenda abrir de modo rápido e ilegal o campo aos transgênicos, mas não se conta sequer com laboratórios para determinar com certeza quando alguém está contaminado com o vírus A (H1N1).


Luis de Sebastián, um economista de destaque da cidade espanhola de Barcelona, observou em um artigo recente publicado na revista Cinco Días que ''os mexicanos pobres sofrem uma epidemia gripal de nova ordem, sobre uma crise econômica e uma pobreza endêmica... O mundo não pode sobreviver à base de pequenas ilhas de ricos em meio a um mar de pobres''. Por que fala de mexicanos pobres? Não podem ser afetados também os mexicanos mais ou menos ricos?


Todos podem ser afetados.


Como deveriam agir as autoridades sanitárias em seu país? que deve fazer a população?


As autoridades sanitárias devem proporcionar a informação fidedigna do que está acontecendo. Devem realizar as pesquisas que qualquer epidemiologista conduziria e revelaria. No momento, não sabemos entretanto se as autoridades estudaram os pacientes infectados por este vírus para definir a forma de contágio, etc. As autoridades mexicanas sempre têm um comportamente defensivo: o responsável pelos Direitos Humanos nega casos de tortura. O do Meio Ambiente rechaça que haja contaminação, o da Saúde assinala que tudo está sob controle. É um quadro típico do burocratismo mexicano.


Que papel deveria ter a OMS diante da situação?


A OMS deveria deixar de dar sustentação aos grande interesses da indústria farmacêutica e da indústria agro-alimentar. Existe aí muita coisa a fazer para prevenir desastres futuros que farão essas epidemias e pandemias parecerem brincadeira de criança. Não se pode esquecer o papel da OMS e da FAO na manutenção da globalização neoliberal, um modelo econômico falido, cujas falhas em matéria de saúde pública e meio ambiente são notórias.


Podemos tirar alguma lição do que está acontecendo?


Há duas lições muito importantes. Primeiro, as fábricas de carnes (os gigantescos ''feedlots'' de bovinos nos Estados Unidos, as granjas de porcos e aves) são recintos em que a lógica da rentabilidade do capital se mistura com a dinâmica evolutica da natureza. O resultado é uma mistura explosiva. A rentabilidade requer grandes escalas de produção, crescimento rápido dos animais (induzido artificialmente por meio de hormônios) e forte rotação do capital. A dinâmica evolutiva não perdoa e aproveita essas características nos processos produtivos de carne em escala industrial. Desse caldeirão vão surgir sempre novos vírus patógenos. A OMS e os epidemiologistas do mundo sabem disso.


A segunda tem a ver com o tema da biossegurança, esta epidemia é uma mostra clara de que os sistemas de biossegurança no México, e muito provavelmente em muitos países, não estão preparados, nem de longe, para enfrentar contingências. Ainda assim, o governo mexicano insiste em seu afã de liberar cultivos transgênicos em escala comercial. Chama a atenção, em especial, o caso do milho. Esse cultivo tem seu centro de origem no México e uma lei federal (que vela pelos interesses das grandes corporações transnacionais) inclusive estabelece a obrigatoriedade de um regime de proteção especial para o milho. Entretanto, violando essa lei e a opinião inclusive do Instituto Nacional de Ecologia, o governo mexicano se presta à liberação comercial do milho no campo mexicano. Não há condições de biossegurança no México, esta é a lição mais clara da epidemia atual.


Rebelión (em espanhol): www.rebelion.org
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in Vermelho - 30 DE ABRIL DE 2009 - 20h39
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Pandemia iminente: alerta da gripe suína muda para fase 5


O Comitê de Emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou nesta quarta-feira (29) o alerta da gripe suína para o nível 5 o que, segundo o informe da instituição, significa que uma pandemia é iminente. O último estágio do alerta, o 6, indica que a pandemia já existe. A aparição de casos de pessoas contaminadas que não estiveram no México - onde surgiu o primeiro caso de contaminação pelo vírus - foi determinante para elevar o alerta, pois isto prova que a transmissão entre pessoas já está acontecendo em pelo menos dois países.



''Está claro que o vírus está se espalhando, não há sinais de que esse processo está ficando mais lento'', disse nesta quarta-feira Keiji Fukuda, diretor-assistente da OMS para saúde, segurança e meio ambiente em Genebra, Suíça, logo após a reunião de emergência da entidade.


Também foi confirmada hoje a primeira morte causada pela gripe suína fora do México. Um bebê mexicano de 23 meses morreu no Texas, onde visitava parentes. O governo dos Estados Unidos afirmou que o número de infectados no país subiu de 65 para 91 em dez estados.


Até o momento, dez países já confirmaram casos da gripe suína. Além de Estados Unidos e México, a doença também foi registrada na Alemanha, Áustria, Canadá, Costa Rica, Espanha, Reino Unido, Nova Zelândia e Israel. Trinta e seis casos suspeitos estão em avaliação no Brasil, de acordo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.


O que fazer?


A decisão de ativar o nível cinco de alerta significa que as ações dos governos devem passar da preparação à resposta em nível global, para tentar reduzir o impacto na sociedade. Após iniciado o comitê de emergência de cada país, o principal é ter bem abastecida a rede de distribuição de remédios ou tratamentos disponíveis.


Além disso, os países devem avaliar de forma completa se precisam de ajuda externa, e solicitá-la se for necessário, para ajudar não só a própria população, mas evitar que a pandemia se estenda aos países vizinhos.


Os países que ainda não estiverem afetados pela pandemia precisam também ativar um comitê de crise que esteja preparado para distribuir as vacinas e aplicar as medidas necessárias para contê-la. Mas a OMS, especificamente, não recomenda o fechamento das fronteiras para as pessoas e mercadorias, as desinfecções generalizadas, o uso de máscaras para as pessoas que estiverem saudáveis, a restrição de viagens no interior do país, a não ser que a zona de infecção esteja muito delimitada.


Conforme explica Francisco Aoki, médico infectologista do Hospital das Clínicas da Unicamp, o fechamento de fronteiras é atualmente desnecessário. ''A iniciativa da Argentina, de fechar as fronteiras, foi um exagero, que só serve para criar pânico. Deve-se tomar as medidas acertadas, como as do governo brasileiro, de bloquear potenciais casos, trabalhando com a população civil e o sistema de saúde público para evitar casos e bloquear a transmissão por parte de pessoas doentes''.


De acordo com Aoki, somente o número de casos revelará se o país tem capacidade de lidar com a doença. Todavia, acredita que a experiência com o surto de gripe aviária em 2005 contará a favor do Brasil. ''Em 2005 foi criado um plano para articular o sistema de saúde e agora esse plano está sendo rearticulado com as devidas modificações. O sistema teve que ser readaptado porque a transmissão agora se dá entre humanos, e isso facilita o contágio'', afirma.


Perigo da auto-medicação


O Tamiflu, medicação apontada pela OMS como eficaz contra os sintomas da gripe suína, teve seu estoque mundial bastante reduzido com o início do surto. A diretora geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margareth Chan, disse hoje que o órgão mantém quase 3,5 milhões de doses de Tamiflu doados pela fabricante Roche Holding. A OMS também está negociando com a companhia um aumento na capacidade de produção do medicamento para combater a gripe suína.


Para o infectologista da Unicamp, é recomendável que o remédio não seja usado pela população sem indicação médica. ''A utilização precoce — ou de pessoas sem a gripe suína ou de pessoas com a gripe há 24 horas — reduz o efeito do tratamento, e pode causar depressão da medula óssea em casos de superdosagem (diminuição da produção de células sangüíneas que pode causar anemias graves, entre outros problemas)''.



in Vermelho- 30 DE ABRIL DE 2009 - 17h06
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sábado, setembro 06, 2008

OMS apela a melhor repartição da riqueza


















Injustiça social mata milhões

Uma criança nascida nos arredores de Glasgow, na Escócia, tem uma esperança de vida 28 anos inferior à de uma outra nascida a apenas 13 quilómetros de distância. Uma rapariga do Lesoto viverá menos 42 anos do que outra coetânea no Japão.


Estas discrepâncias que se observam quer entre países quer no interior das fronteiras de cada um devem-se não a quaisquer factores de ordem biológica, mas tão somente a condicionantes sociais, afirma um estudo, divulgado dia 28, na cidade suíça de Genebra, por uma comissão de especialistas constituída no seio da Organização Mundial de Saúde.
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Ao longo de três anos, uma equipa formada por universitários, antigos chefes de Estado e ministros da Saúde procuraram aprofundar as «determinantes sociais da saúde» e concluíram que «a associação de princípios, políticas e de medidas económicas pouco judiciosas é responsável em larga medida pelo facto de que uma maioria da humanidade não beneficia do nível de saúde que é biologicamente possível».
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O relatório, intitulado «Suprir o fosso numa geração: instaurar a equidade na saúde agindo sobre as determinantes sociais da saúde», afirma que «a injustiça social mata em grande escala».

Saúde é luxo de ricos

As profundas desigualdades no domínio sanitário são, há muito, medidas entre os diferentes países, sendo geralmente explicadas pelas assimetrias no desenvolvimento económico e social entre o Norte industrializado e o Sul subdesenvolvido. Muitos explicarão desta forma o facto de a taxa de mortalidade durante a gravidez ou o parto atingir no Afeganistão uma em cada oito mulheres, enquanto na Suécia esse risco existir para apenas uma em 17 400 mulheres.
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Contudo, a novidade do presente estudo é também apurou diferenças abissais dentro dos países considerados avançados nesta área, pondo em evidência a responsabilidade das políticas públicas e o seu injusto carácter de classe.
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Assim, na Austrália, a esperança de vida dos homens aborígenes é 17 anos inferior à restante população masculina de origem ocidental. A mortalidade maternal é três a quatro vezes superior nas camadas pobres do que nas classes abastadas da Indonésia. E a mortalidade dos adultos é 2,5 vezes maior nos bairros pobres do que nas zonas residenciais ricas do Reino Unido.
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Na Bolívia, um recém-nascido de uma mãe analfabeta tem dez por cento de hipóteses de perecer, taxa que se reduz para apenas 0,4 por cento dos recém-nascidos cujas mães frequentaram pelo menos a escola secundária.
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Notando que nos sistemas de saúde «não se regista uma tendência natural para a equidade», os responsáveis da OMS concluem que são necessárias políticas activas para «eliminar as desigualdades em matéria de saúde».
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Os investigadores constataram igualmente que existe uma relação clara entre os níveis de saúde e a condição económica das pessoas. Isto verifica-se até nos países industrializados mais ricos, onde «o aumento da riqueza nacional, por si só, não chega para melhorar a saúde. Se não houver uma repartição equitativa dos benefícios, o crescimento económico pode até exacerbar as desigualdades».
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Um dos casos flagrantes foi assinalado nos Estados Unidos onde poderiam ter sido evitados 886 202 falecimentos entre 1991 e 2000, bastando que a taxa de mortalidade dos americanos de origem africana fosse semelhante à da população branca.
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Por outro lado, o fosso entre países ricos e países pobres não tem parado de se aprofundar nas últimas décadas. Em 1980, os países mais ricos agrupando dez por cento da população mundial dispunham de um rendimento nacional bruto 60 vezes superior aos países mais pobres com percentagem idêntica da população do globo.
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Passados 25 anos de globalização capitalista, os autores do relatório constatam que esta diferença mais do que duplicou para 122 vezes, com a agravante de que, nos últimos 15 anos, um quinto da população mais pobre de numerosos países do «terceiro mundo» viu reduzir a sua parte no consumo nacional.

Políticas determinantes

Provando que a saúde das populações depende mais das políticas conduzidas do que da riqueza relativa de cada país, a OMS sublinha que certos estados com rendimentos fracos conseguem apresentar níveis sanitários satisfatórios.
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Este é o caso de países como Cuba, Costa Rica, China, o estado de Kerala na Índia, governado por uma coligação liderada pelo Partido Comunista da Índia (marxista), ou ainda o Sri Lanka.
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No mundo ocidental, a Organização destaca pela positiva o exemplo dos países nórdicos, onde foram promovidas políticas que visam assegurar a igualdade de acesso aos serviços públicos, o pleno emprego, a paridade entre sexos e reduzidos níveis de exclusão social.

Viver melhor dá saúde

Entre as recomendações que a comissão da OMS definiu para elevar os níveis de saúde da população mundial, destaca-se a necessidade de «melhorar as condições de vida quotidiana, nas quais os indivíduos nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem».
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Neste sentido, a organização apela ao combate «às desigualdades na repartição do poder, do dinheiro e dos recursos, ou seja, os factores estruturais dos quais dependem as condições de vida quotidiana ao nível mundial, nacional e local».
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Destacando o importante papel dos sistemas de saúde, o relatório sublinha que actualmente mais de 100 milhões de pessoas são vítimas de pauperização devido a encargos de saúde que foram obrigadas a suportar directamente.
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Neste quadro, os investigadores manifestam-se a favor de sistemas de saúde assentes nos princípios da equidade, na prevenção e na promoção da saúde com cobertura universal desde os cuidados primários.
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Como demonstração de que as políticas públicas podem produzir alterações radicais em matéria de saúde, os autores do relatório referem, entre outros, o exemplo de Portugal, onde, após o 25 de Abril, na sequência da criação do Serviço Nacional de Saúde, se registou um diminuição drástica da mortalidade infantil, equiparando-se aos níveis do Japão, Suécia e Islândia. Igualmente pela positiva, o relatório destaca o caso de Cuba que atingiu no ano 2000 uma cobertura de 99 por cento da população pelos serviços de desenvolvimento da infância.
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Contudo, como o documento também assinala, «as tendências de melhoria na área da saúde não são automáticas. Na verdade, se não nos preocuparmos com o problema, os níveis de saúde podem recuar rapidamente».
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Tais recuos tiveram especial gravidade nos estados da antiga União Soviética e nos países do Leste europeu após a derrota do socialismo. Mas o aviso da OMS é igualmente válido para as políticas liquidatárias do Governo PS, de cortes orçamentais e privatizações na Saúde, que tantos protestos têm gerado no nosso país.



















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Avante
Nº 1814
04.Setembro.2008
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