A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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segunda-feira, junho 29, 2009

Conflito Israelo-Árabe - história

Conflito Israelo-palestino

Agosto 7, 2008 by joanamargarida
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A partir de 1897, depois de fundado o movimento sionista (movimento político que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado Judaico), alguns judeus começaram a migrar para a região da Palestina. De 1918 até 1939 o protetorado ficou para os britânicos, após o fim do Império Otomano na região, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial mais judeus voltam a Palestina.

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Em 1947, a ONU propõe a divisão das terras Palestinas entre judeus e árabes baseando-se nas populações até então estabelecidas na região. Assim, os judeus receberam 55% da região, sendo que destes percentual 60% era constituída pelo deserto do Neguev. A população nativa árabe, por não aceitar a criação de um Estado não árabe na região rejeitaram a partilha.

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Em 1948, os britânicos saem da região e os judeus proclamam o Estado de Israel. É a partir daqui que o conflito se amplia. Egipto, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque atacam a região do Estado de Israel para conquistar algum espaço. O Egipto consegue a região da Faixa de Gaza e a Jordânia consegue as regiões da Cisjordânia e Jerusalém oriental e os árabes palestinos acabam sem território.

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Em 1964, os Palestinos criam a OLP.

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Em 1967, o Egipto bloqueia o canal de Suez aos navios israelenses e inicia manobras militares na península do Sinai próximo à fronteira israelense ao mesmo tempo que a Jordânia e Síria mobilizavam seu exércitos na fronteira com Israel. Prevendo um ataque eminente destas nações, Israel inicia a Guerra dos Seis Dias na qual Israel conquista as regiões da Faixa de Gaza, Monte Sinai, Colinas de Golã, Cisjordânia e Jerusalém oriental.

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Em 1973, começa a Guerra do Yom Kippur e, entre 1977 a 1979, Israel e Egipto fazem um acordo de paz e a região de Sinai é devolvida para o Egipto.

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Em 1982, Israel invade o Líbano numa tentativa de neutralizar os ataques realizados pela OLP a partir deste país. Em 1987, explode a Intifada. Em 1988, o Conselho Palestino renuncia a Intifada e aceita o Plano de Partilha da ONU.

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Em 1993, com o Acordo de Paz de Oslo foi criada a Autoridade Palestina com o comando de Yasser Arafat, mas os termos do acordo jamais foram cumpridos pelos palestinos.

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A partir de 2000, iniciou-se o segundo levante da Intifada. Em 2001, Ariel Sharon é eleito primeiro-ministro do Estado de Israel, onde ocupa territórios Palestinos e dá o início da construção da cerca da Cisjordânia, para dificultar os atentados dos terroristas homens-bombas palestinos. Em 2004, Yasser Arafat morre e deixa o cargo da Autoridade Palestina para o eleito Mahmud Abbas e Israel destrói assentamentos judaicos na Faixa de Gaza e Cisjordânia, mas o terrorismo palestino continua.

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Em 2006, o Hamas, partido político e movimento terrorista palestino e que não reconhece a possibilidade da existência de Israel, obtém maioria dos votos nas eleições para o parlamento palestino, inviabilizando as possibilidades de paz.

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ECLOSAO DO CONFLITO

A Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, por meio de sua Assembleia-Geral no ano de 1947, a criação de um estado judeu e outro árabe ao final do mandato do protectorado britânico (1948) na Palestina. De acordo com este plano, a cidade de Jerusalém seria um território administrado internacionalmente pela própria ONU.

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No entanto, os países árabes não aceitavam a existência de Israel, pretendendo invadir logo após a saída das tropas britânicas.

Além disso, no início do conflito em 1948, aproximadamente 711.000 palestinos deslocaram-se da região, ou fugindo do eminente conflito (68% destes estimulados pelos próprios governos dos países árabes para que os seus exércitos pudessem arrasar mais facilmente ao novo Estado que surgia) ou expulsos por lutarem contra o novo Estado, criando uma grande onda de refugiados que se abrigaram nos países vizinhos, Faixa de Gaza e Cisjordânia. Com o passar do tempo seu número cresceu, e a dúvida é se estes refugiados palestinos algum dia poderão retornar a seus antigos lares, complicando as conversações entre as partes envolvidas.

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Com a não absorção dos árabes palestinos pelos países árabes e a não criação do Estado Palestino, os árabes palestinos se auto-constituíram povo e passaram a exigir o seu retorno a suas antigas casas, apesar de a grande maioria já não ter nascido nas regiões reivindicadas.

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Outro grande entrave para as negociações de paz é a reivindicação de soberania com relação à cidade de Jerusalém. Devido ao seu valor histórico e religioso, Israel reivindica toda a cidade para si, o que não é reconhecido pela comunidade internacional. A parte Oriental de Jerusalém, território palestino ocupado por Israel desde 1967, é reivindicada pelos palestinos para ali estabelecer sua capital.

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Houve inúmeros períodos de acirramento do conflito, com hostilidades militares de ambos os lados, e vários acordos de paz que acabaram fracassando.

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Havia grandes chances do estado Palestino surgir de fato, pois as bases políticas e institucionais da Autoridade Nacional Palestina (ANP) são reconhecidas pela comunidade internacional, inclusive estando presente nas Nações Unidas como membro observador. Entretanto, com a eleição de Ariel Sharon, o Estado israelense passou a negar qualquer negociação com os palestinos sem antes a cessação dos frequentes ataques terroristas aos civis israelenses. Mais tarde, a eleição do Hamas para o governo da palestina em 2006, um grupo terrorista que não aceita que Israel exista, inviabiliza qualquer possibilidade de paz entre os dois povos.

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RETIRADA DE OSRAEL DA FAIXA DE GAZA

De acordo com o governo do Primeiro-Ministro Ariel Sharon, a consolidação do cessar-fogo entre as partes beligerantes possibilita a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, concretizando a transferência de soberania e conseqüente materialização da territorialidade, dois fatores fundamentais para a existência de um Estado soberano palestino.

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A transferência, com a saída dos exército e colonos judaicos da Faixa de Gaza em agosto de 2005. Por conta disto, a ANP treinou um efectivo de 5.000 policiais para a manutenção da ordem da região após a retirada israelense. Entretanto, apesar de ter conquistado soberania sobre Gaza, os palestinos entraram num conflito interno que ocasionou a tomada de poder pelo Hamas da faixa de Gaza e o recrudescimento dos ataques com mísseis caseiros contra Israel a partir desta região, paralisando novamente as conversações de paz.

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Palestina

Agosto 7, 2008 by joanamargarida

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Palestina é a denominação dada pelo Império Britânico a uma região do Oriente Médio situada entre a costa oriental do Mediterrâneo e as margens do Rio Jordão. O seu estatuto político é disputado acesamente.

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A área correspondente à Palestina até 1948 encontra-se hoje dividida em três partes: uma parte integra o Estado de Israel; duas outras (a Faixa de Gaza e a Cisjordânia), de maioria árabo-palestina, deveriam integrar um estado palestiniano-árabe a ser criado – de acordo com a lei internacional, bem como as determinações das Nações Unidas e da anterior potência colonial da zona, o Reino Unido. Todavia, em 1967, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia foram ocupadas militarmente por Israel, após a Guerra dos Seis Dias.

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Há alguns anos, porções dispersas dessas duas áreas passaram a ser administradas pela Autoridade Palestiniana, mas, devido aos inúmeros ataques terroristas que sofre, Israel mantém o controlo das fronteiras e está actualmente a construir um muro de separação que, na prática, anexa porções significativas da Cisjordânia ocidental ao seu território.

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A população palestina dispersa pelos países árabes ou em campos de refugiados, situados nos territórios ocupados por Israel, é estimada em 4.000.000 de pessoas.

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Israel

Agosto 7, 2008 by joanamargarida

O Estado de Israel é um país no Oriente Médio, na extremidade sudeste do Mar Mediterrâneo. É uma república democrática parlamentar fundada em 14 de Maio de 1948. É o único estado judeu em todo o mundo. Faz fronteira com o Líbano no norte, Síria e Jordânia ao leste e Egipto no sudoeste.

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A capital do país e sede do governo é Jerusalém, que é também a residência do Presidente da nação. A Lei Básica estabelece que “Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel” apesar de a Autoridade Palestina ver Jerusalém Oriental como futura capital da Palestina e as Nações Unidas e a maioria dos países não aceitarem a Lei Básica, argumentando que o status final deve esperar futuras negociações entre Israel e a Autoridade Palestina. A maioria dos países mantêm a sua embaixada em Tel Aviv.

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Israel é o único país no Oriente Médio cujo regime político é considerado uma verdadeira democracia, e seus cidadãos desfrutam de uma extensa gama de direitos políticos e direitos civis. Israel, ainda, é considerado o mais avançado na região em termos de liberdade de imprensa, regulamentações empresariais, competição econômica, liberdade econômica e desenvolvimento humano médio.

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O conflito entre Israel e a Palestina continua a ser uma fonte de tensão dentro e fora de Israel. Em particular, isto causou tensões com os vizinhos árabes de Israel, com alguns dos quais Israel também entrou em conflito. Grupos como a Anistia Internacional e Human Rights Watch têm sido críticos das políticas de Israel, enquanto outras organizações como a Freedom House, o governo dos Estados Unidos e alguns países da Europa geralmente apoiando Israel.

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Segundo as escrituras bíblicas, Israel é a terra prometida por Deus aos hebreus e é o berço da religião e da cultura judaica desde o século XVII a.C..

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segunda-feira, junho 08, 2009

Israel - Racistas pela Democeacia

“Racistas pela Democracia"
08-Jun-2009

Uri AvneryQue sorte termos a extrema-direita velando constantemente sobre a nossa democracia.

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Esta semana, o Knesset [Parlamento israelita] votou por uma larga maioria (47 a 34) uma lei que ameaça de prisão quem se atrever a negar que Israel é um Estado Judeu e Democrático.

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O projecto de lei, proposto a nível individual pelo membro do Knesset, Zevulun Orlev, do partido "Lar Judaico", navegou através da sua audiência preliminar e promete um ano de prisão para quem publicar "um apelo que negue a existência do Estado de Israel como um Estado Judeu e Democrático", se o conteúdo do apelo puder causar" acções de ódio, desprezo ou deslealdade contra o Estado ou as instituições do governo ou dos tribunais ".

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Qualquer um pode prever os próximos passos. Não é espectável que um milhão e meio de cidadãos árabes reconheçam Israel como um Estado Judeu e Democrático. Querem que ele seja "um estado de todos os seus cidadãos" - judeus, árabes e outros. Afirmam também com razão que Israel discrimina-os, e que, portanto, não é verdadeiramente democrático. Além disso, também há judeus que não querem que Israel seja definido como um Estado judeu no qual os não-judeus tenham um estatuto, na melhor das hipóteses, de intrusos tolerados.

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As consequências são inevitáveis. As prisões não serão capazes de conter todos os condenados por esse crime. Haverá necessidade de campos de concentração por todo o país para albergar todos os que desmintam a democracia israelita.

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A polícia não será capaz de lidar com tantos criminosos. Será necessário criar uma nova unidade. Que poderá ser designada por chamado de "Special Security" ["Segurança Especial"], ou, abreviadamente, SS.

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Esperemos que estas medidas sejam suficientes para preservar nossa democracia. Se não, medidas mais rigorosas terão de ser tomadas, como a revogação da cidadania dos negacionistas da democracia, deportando-os do país, juntamente com os judeus esquerdistas e todos os outros inimigos da democracia judaica.

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Após a leitura preliminar do projecto de lei, agora segue para o Comité Jurídico do Knesset, que irá prepará-lo para o primeiro, e logo depois para a segunda e terceira leituras. Dentro de algumas semanas ou meses, será a lei do país.

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Já agora, o projecto de lei não indica explicitamente os árabes - mesmo sendo esta a sua clara intenção, e todos os que nela votaram favoravelmente assim o entendam.

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Também proíbe judeus de defenderem uma mudança na definição do estado, ou a criação de um Estado bi-nacional em toda a Palestina histórica ou de espalhar quaisquer outras ideias não-conformistas como estas. Qualquer um pode imaginar o que aconteceria se nos E.U.A. um senador propusesse uma lei para prender alguém que sugerisse uma emenda à Constituição dos Estados Unidos da América.

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O projecto de lei não destoa de todo o nosso novo cenário político.

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Este governo já aprovou uma lei que encarcera por três anos quem chore a Nakba palestina - o desenraizamento, em 1948, de mais de metade do povo palestiniano, das suas casas e terras.

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Os responsáveis esperam que os cidadãos árabes estejam felizes com esse acontecimento. É verdade que aos palestinos foram causados uns certos dissabores, mas foi apenas um subproduto da fundação do nosso Estado. O Dia da Independência do Estado Judeu e Democrático deve encher-nos a todos de alegria. Quem não expressar esta alegria deve ser metido na prisão, e três anos podem não ser suficientes.

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Este projecto de lei foi confirmado pela Comissão Ministerial para os Assuntos Jurídicos, antes de ser submetidos ao Knesset. Como o governo de direita lidera uma maioria no Knesset, será aprovado quase que automaticamente. (Entretanto, um ligeiro atraso foi causado por um ministro, que recorreu da decisão, pelo que a Comissão Ministerial terá de confirmá-lo novamente.)

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Os responsáveis por esta lei tem esperança, talvez, que os árabes no dia da Nakba dançarão nas ruas, e içarão bandeiras israelitas sobre as ruínas de cerca de 600 aldeias árabes que foram varridas do mapa, oferecendo os seus agradecimentos a Allah nas mesquitas pela miraculosa boa sorte que lhes foi concedida.

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Isto leva-me de volta aos anos 60, quando a revista semanal que eu editei, Haolam Hazeh, publicou uma edição em árabe. Um dos seus colaboradores foi um rapaz chamado Rashed Hussein da vila de Musmus. Já na sua juventude ele era um talentoso poeta com um futuro promissor.

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Contou-me que, alguns anos antes, o governador militar de sua área o havia convocado para comparecer no seu escritório. Ao tempo, todos os árabes de Israel estavam sujeitos a um governo militar que controlava as suas vidas em todos os assuntos grandes ou pequenos. Sem uma autorização, um cidadão árabe não podia deixar a sua aldeia ou cidade, mesmo por algumas horas, nem arranjar um emprego como professor, nem adquirir um tractor ou escavar um poço.

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O governador recebeu Rashed cordialmente, ofereceu-lhe café e pródiga paga em elogios à sua poesia. Então, chegou ao assunto: dentro de um mês, celebrar-se-ia o Dia da Independência, e o governador iria dar uma grande recepção para os "notáveis" árabes; e pedia que Rashed escrevesse um poema especial para a ocasião.

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Rashed era um jovem orgulhoso, nacionalista até ao âmago, e não falho de coragem. Então explicou ao governador que o Dia da Independência não era um dia feliz para ele, uma vez que seus parentes tinham sido expulsos das suas casas e a maioria das terras da aldeia de Musmus também tinham sido expropriadas.

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Quando Rashed chegou de volta à sua aldeia, algumas horas mais tarde, não percebeu que os seus vizinhos o estavam a olhar de uma maneira peculiar. Quando entrou em sua casa, ficou chocado. Todos os membros da sua família estavam sentadas no chão, as mulheres lamentando-se em alta grita, as crianças amontoadas medrosamente num canto. O seu primeiro pensamento foi de que alguém tinha morrido.

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"O que nos fizestes!" Uma das mulheres chorava, "O que nós te fizemos?".

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"Destruístes a família", gritou outro, "Acabaste connosco!".

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Verificou-se que o governador tinha chamado a família e lhes tinha dito que Rashed tinha recusado a cumprir o seu dever para com o Estado. A ameaça era clara: a partir de agora, a família alargada, uma das maiores na aldeia, estaria na lista negra do governo militar. As consequências eram claras para todos.

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Rashed não pode lutar contra as lamentações da sua família. Desistiu e escreveu o poema, tal como solicitado. Mas alguma coisa dentro dele ficou quebrada. Alguns anos depois, emigrou para os E.U.A., arranjou um emprego no escritório da OLP e morreu tragicamente: queimado vivo na sua cama depois de adormecer, aparentemente, enquanto fumava um cigarro.

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Esses dias já se foram para sempre. Participámos em muitas manifestações tormentosas contra o governo militar até que foi finalmente abolido em 1966. Como um recém-eleito membro do Parlamento, tive o privilégio de votar para a sua abolição.

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A temerosa e subserviente minoria árabe então de cerca de 200 mil almas, recuperou a sua auto-estima. Uma segunda e terceira gerações cresceram, e o seu oprimido orgulho nacional fez levantar as suas cabeças novamente, e hoje são uma grande e auto-confiante comunidade de 1,5 milhão. Mas a atitude da Direita judaica não mudou para melhor. Pelo contrário.

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Na padaria do Knesset (a palavra hebraica para padaria é Mafia) alguns novos pastéis estão a ser cozinhados. Um deles é um projecto que prevê que qualquer pessoa que requerer a cidadania israelita deve declarar sua lealdade ao "Estado judeu, sionista e democrático", e também comprometer-se a servir no exército ou na sua alternativa civil. O proponente é um membro do partido "Israel é o nosso lar", e acontece que também é o presidente do Comité Legislativo do Knesset.

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Uma declaração de lealdade para com o Estado e as suas leis - num quadro destinado a salvaguardar o bem-estar e os direitos dos seus cidadãos - é razoável. Mas fidelidade ao estado "sionista"? Sionismo é uma ideologia, e num estado democrático a ideologia pode mudar ao longo do tempo. Seria o mesmo que declarar lealdade a um E.U.A. "capitalista", a uma "Itália direitista", a uma "Espanha esquerdista", uma "Polónia católica" ou a uma Rússia "nacionalista".

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Este não será um problema para as dezenas de milhares de judeus ortodoxos em Israel, que rejeitam o sionismo, uma vez que os judeus não serão abrangidos por esta lei. Eles obtêm cidadania automaticamente no momento em que chegam a Israel.

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Outro projecto de lei, esperando a sua vez perante a proposta do Comité Ministerial, pretende alterar a declaração que todos os novos membros do Knesset tem de fazer antes de assumir funções. Em vez de lealdade "para com o Estado de Israel e as suas leis", como agora, ele ou ela será obrigado a declarar a sua fidelidade "ao Estado judeu, sionista e democrático de Israel, aos seus símbolos e aos seus valores". Isto exclui automaticamente quase todos os eleitos árabes, uma vez que declarar fidelidade ao estado "sionista" significaria que nenhum árabe jamais votaria neles novamente.

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Será também um problema para os membros do Knesset ortodoxos, que não podem declarar fidelidade ao sionismo. Segundo a doutrina ortodoxa, os sionistas são pecadores depravados e a bandeira sionista é impura. Deus exilou os judeus deste país por causa da sua iniquidade, e só Deus pode permitir o seu regresso. O sionismo, por antecipar o trabalho do Messias, cometeu um pecado imperdoável, e muitos rabinos ortodoxos optaram por permanecer na Europa e serem assassinados pelos nazistas, em vez de cometerem o pecado sionista de ir para a Palestina.

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A fábrica de leis racistas com um nítido odor fascista está actualmente a trabalhar em pleno vapor. Que são construídas pela nova coligação.

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No seu centro está o partido Likud, uma boa parte dele racista puro (as minhas desculpas pelo oximoro 1). Para a sua direita, está o ultra-racista partido Shas, à direita do qual está o ultra-ultra-racista partido de Lieberman "Israel é o nosso Lar", o ultra-ultra-ultra-racista partido "Lar Judaico", e à sua direita o ainda racista partido da "União Nacional", que inclui Kahanistas 2 e fica com um pé na coligação e o outro sobre a lua.

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Todos estes partidos estão a tentar superar-se uns aos outros. Quando um propõe um projecto de lei louco, o próximo é obrigado a propor um ainda mais louco, e assim por diante.

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Tudo isto é possível porque Israel não tem Constituição. A competência do Supremo Tribunal de Justiça para anular as leis que contradigam as "leis básicas" não está ancorado a nada, e os partidos direitistas estão tentando aboli-la. Não foi por acaso que Avigdor Lieberman exigiu - e obteve - os ministérios da Justiça e Polícia.

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Agora mesmo, quando os governos de Israel e dos E.U.A. estão claramente em rota de colisão sobre os colonatos, esta febre racista pode infectar todas as partes da coligação.

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Se alguém dormir com um cão, não deve ficar surpreso ao acordar com pulgas (possam os cães entre os meus leitores me perdoar). Aqueles que elegeram um tal governo e, mais ainda, aqueles que a ele aderiram, não deveriam ficar surpreendidos com as suas leis, que ostensivamente salvaguardam a democracia judaica.

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O nome mais apropriado para estes santos guerreiros santos seria "Racistas pela Democracia".

Uri Avnery

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Tradução do Fórum Palestina

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1 Oximoro: Figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.

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2 Kahanistas: Seguidores das doutrinas do Rabi Meir David Kahane, (1de Agosto de 1932-5 de Novembro de 1990), um rabi ortodoxo israelo- americano, conhecido pelas suas ideias nacionalistas, baseadas no conceito do "Grande Israel". Foi fundador do partido nacionalista Kach, e por ele eleito para o Knesset. Em 1986 o Kach foi declarado como um partido racista pelo Governo de Israel e assim Kahane banido do Knesset. Acrescente-se que depois do massacre da Caverna dos Patriarcas, em 1994, - um massacre de árabes, incluindo crianças, enquanto rezavam, por Baruch Goldstein, um activista do Kach - o movimento foi declarado fora da lei.

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in Esquerda.net

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