A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
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quarta-feira, junho 09, 2010

Com o PCP, lutar contra as injustiças - Festa Comício em Alpiarça

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Parque do Carril, Alpiarça, Festa Comício

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Festa Comício em Alpiarça - Jerónimo de Sousa
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No comício realizado em Alpiarça, Jerónimo de Sousa saudou a resistência do povo desta terra, na luta por melhores condições de vida, que tal como hoje, os trabalhadores e o povo travam na luta contra as gravosas medidas de austeridade aprovadas por PS e PSD.
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O Secretário-Geral do PCP lembrou ainda o resistente antifascista, Alfredo Lima, assassinado pela GNR a 4 de Junho de 1950, quando,com outros trabalhadores agrícolas de Alpiarça - homens e mulheres - concentrados na Praça de Jorna,lutava contra os salários de miséria, exigindo o seu aumento.
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Amigos e Camaradas
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As nossas mais calorosas saudações ao combativo povo de Alpiarça, símbolo da resistência ao fascismo e da luta pela liberdade e pela democracia e pela afirmação da uma política de justiça, desenvolvimento e progresso no Portugal de Abril. 
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Desta terra, que se tornou conhecida como a das fortalezas invencíveis da luta popular no Portugal da ditadura fascista. 
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Terra de homens e mulheres de grande coragem e que escreveram com a sua luta, com a luta dos operários agrícolas, muitas das mais expressivas páginas da história do nosso povo e do movimento operário pelo pão, pela liberdade, pela democracia, contra a exploração, pela dignificação do trabalho e dos trabalhadores que atravessou todo o século que findou até aos nossos dias. 
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Realizamos esta nossa Festa/Convívio num momento em que se assinalam sessenta anos do assassinato de Alfredo Lima, um operário agrícola filho desta terra, fuzilado pela GNR naquele dia 4 de Junho de 1950, quando com outros trabalhadores agrícolas de Alpiarça – homens e mulheres – concentrados na Praça de Jorna, protestavam contra os salários de miséria e exigiam melhores condições. 
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Alfredo Lima que o povo converteu como um símbolo da luta dos trabalhadores e do povo Alpiarça contra o fascismo, era um jovem na flor da vida, militante comunista, que assumia como muitos outros, esse combate consciente e determinado que vinha de longe contra a vida de miséria que o sistema de exploração e o fascismo impunham aos homens, às mulheres e ao jovens da sua condição. 
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Nesse dia 4 de Junho, a brutal violência fascista que fez tombar para sempre Alfredo Lima, para juntar o seu nome à extensa lista de comunistas e antifascistas assassinados pelo regime fascista, estendeu-se a outros trabalhadores, uns ficaram feridos, outros foram presos. 
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Esta era a lei de um odioso regime que só conhecia a linguagem da repressão, da tortura, da prisão e do assassinato, mas que nunca conseguiu intimidar, nem vergar o povo trabalhador de Alpiarça.
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O 4 de Junho que agora lembramos para evocar a figura de Alfredo Lima, não foi um acontecimento isolado, ele foi um de entre os muitos combates travados ao longo dos anos pelos trabalhadores agrícolas e pelo povo de Alpiarça, por melhores salários, contra o desemprego, pela redução do horário de trabalho, contra a repressão, pela libertação dos presos e nas mais variadas batalhas políticas contra a ditadura.
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Um percurso que se projectou com a Revolução de Abril na luta pela concretização de uma ampla democracia política, económica, social e cultural e que hoje permanece como um objectivo da luta não só do nosso Partido, como de amplas massas da classe operária, dos trabalhadores e do nosso povo. 
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Camaradas
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Tal como no passado, os trabalhadores e as massas populares travam hoje uma grande batalha pela defesa das suas condições de vida e de trabalho e são forçados a lutar para garantir e melhorar suas condições de vida.
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Fizeram-no no passado Sábado, na maior manifestação das últimas décadas, para responder à ofensiva do governo do PS que em aliança com o PSD têm em curso um programa de severas e injustas medidas de austeridade que atingem todos os domínios das vidas dos portugueses, particularmente dos que vivem do seu trabalho. 
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Em milhões de portugueses cresce um sentimento indignação e protesto face à imposição do pagamento de uma crise que não é sua, nem para ela contribuíram e que devia ter como destinatário o grande capital económico e financeiro que a criou e de que tem sido o principal beneficiário. 
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Foi isso que vimos na impressionante manifestação nacional, realizada em Lisboa e promovida pela CGTP, envolvendo mais de 300.000 pessoas. É isso que sentimos nos contactos do dia a dia com os portugueses. 
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Indignação e protesto justificados pelo rumo que o país leva, pela gravidade e injustiça das medidas de austeridade e pelas orientações e opções do PEC do PS/PSD de renuncia ao desenvolvimento de país. 
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Grande manifestação de 29 de Maio que os grandes interesses e os seus arautos pretendem desvalorizar, mas que foi uma admirável demonstração da força dos trabalhadores e de confiança na luta que é preciso continuar a travar contra a estratégia do grande capital e dos partidos que o servem e do seu PEC da estagnação, do declínio nacional e de desastre social.
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Uma grande Jornada que vai impulsionar e tornar mais forte a luta futura contra as injustiças e as desigualdades, pela mudança e pela ruptura com a política de direita! 
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Uma luta que contará sempre na primeira linha deste combate com intervenção e acção dos comunistas e do seu Partido.
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Camaradas
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São hoje muito evidentes os resultados no país e na vida dos portugueses de anos consecutivos de governos com uma política de direita que o governo do PS continuou e agravou em muitos dos seus aspectos. 
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O elevadíssimo desemprego, o aumento avassalador da precariedade do trabalho, a desvalorização crescente dos rendimentos do trabalho, a destruição de direitos sociais, a privatização de serviços públicos essenciais ao bem-estar das populações, o encerramento de empresas com a contínua liquidação de postos de trabalho e dos sectores produtivos nacionais, da nossa agricultura, da nossa industria que está a conduzir ao endividamento crescente do país. 
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Uma política desastrosa que agrava os problemas nacionais e que torna cada vez mais difícil a vida dos portugueses.
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As dificuldades que a política de direita impôs ao país estão bem presentes em todo o distrito de Santarém com o desemprego a atingir 21.000 trabalhadores e a crescer o número de empresas encerradas e em dificuldade, como é o caso da Platex, da Manuel Freitas Lopes ou da Fiação e Tecidos de Torres Novas. O mesmo se passa na agricultura. 
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Problemas que tenderão a agravar-se se for para a frente o Programa de Estabilidade e Crescimento e as suas medidas de ataque aos salários, às reformas, às prestações sociais, de redução do investimento e de privatização dos serviços e de empresas essenciais ao país. 
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Medidas que no seu conjunto se traduzem numa substancial redução do valor dos salários e reformas, quer pela via do imposto adicional no IRS, do aumento do IVA em todos os produtos, incluindo sobre os bens de primeira necessidade, do congelamento da dedução específica em sede de IRS e de nova limitação nas deduções à colecta com despesas de saúde e educação, mas também pela via do aumento dos preços.
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Medidas que atingem de forma escandalosa as principais prestações sociais, nomeadamente o subsídio de desemprego e os apoios aos trabalhadores desempregados.
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Uma situação inaceitável num momento em que o desemprego atinge cerca 10,8%, uma taxa de desemprego que o país não conhecia há dezenas de anos. 
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Mais grave. Depois de anunciar estes cortes decide agora também retirar um conjunto de medidas sociais do chamado plano anti-crise, destinadas aos desempregados mais desfavorecidos e no preciso momento em que decide também manter as medidas extraordinárias de apoio ao sector bancário, que envolvem perto de 10 mil milhões de euros. 
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É esta a verdadeira natureza de classe de uma política. Corta em quem mais precisa e abre a bolsa aqueles que só no primeiro trimestre deste ano tiveram um lucro de 5,5 milhões de euros por dia.
É esta a equidade na distribuição dos sacrifícios de que fala o governo!
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José Sócrates anda por aí a dizer que as medidas que acordou com o PSD estão pensadas para repartir de forma equilibrada os sacrifícios pelos portugueses. Já chega de tanto engano!
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São os trabalhadores, os reformados e a larga maioria da população que PS e PSD pensam que devem pagar a crise. . 
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São os rendimento do trabalho, os salários, as reformas, os bens de primeira necessidade, o subsidio de desemprego que PS e PSD penalizam e não os que nadam em opulência. É dos impostos sobre o trabalho e do IVA suportado pela população e não aos rendimentos do capital que PS e PSD decidiram dirigir o assalto.
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Medidas que atingem também de forma particular os trabalhadores da administração pública com o congelamento dos salários, a imposição do aumento da idade de reforma, de continua destruição do emprego público, agora também congelado. Medidas que se traduzirão numa mais acentuada degradação e encarecimento dos serviços públicos.
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Medidas que anunciam novos corte no investimento, penalizando ainda mais o desenvolvimento nacional, agravando ainda mais o desemprego e a recessão económica. 
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Não são apenas os trabalhadores que serão penalizados é a situação do país que se tornará mais dramática com os anunciados cortes no investimento público e com o programa de privatizações, penalizando ainda mais o desenvolvimento do país e das regiões e dos próprios municípios, agravando ainda mais o desemprego e as dificuldades da economia portuguesa e local e acentuando o caminho do declínio do país e da sua dependência.
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Estamos numa região com condições excepcionais para a produção agrícola, mas o que vemos é contínuo desprezo da agricultura e o número de pessoas a ela ligadas a diminuir em todo o distrito.
Cada vez mais é assim porque não existem garantias de preços compensadores para actividade agrícola, enquanto os factores de produção aumentam todos os anos. 
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Vemos que crescem os terrenos ao abandono ou subaproveitados, porque o rendimento dos agricultores cai anualmente e o seu esforço não é compensado.
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E se a responsabilidade da situação a que chegámos é, em larga medida, dos constrangimentos que a Política Agrícola Comum colocou à agricultura Portuguesa e da posição de submissão acrítica por parte dos sucessivos Governos, do PS e do PSD, com a ajuda do CDS, estamos agora em tempo de fazer a discussão da PAC pós 2013.
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Ora está visto que este modelo e estas políticas falharam. 
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Falharam porque leva ao abandono de milhares de pequenos e médios agricultores. 
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Falharam porque se insiste num modelo em que se recebe ajudas sem ter de se produzir, apenas com base no histórico da produção, em que meia dúzia auferem autênticas fortunas todos os anos, em que por exemplo 30% dos direitos atribuídos aos agricultores que recebem menos de 250 € por ano (os pequenos agricultores), já desapareceram. 
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No debate que agora se inicia sobre a PAC pós 2013, nós colocaremos como questão de fundo a redistribuição das ajudas entre países, produções e agricultores. 
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Se não se mexer nisso, então nem valerá a pena fazer nenhuma discussão.
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Há que dizer que o PCP tem alternativas a estas políticas, defendemos uma politica agrícola que respeite e considere estratégica a agricultura familiar e os pequenos e médios agricultores, que respeite a soberania alimentar dos povos, que não distribua fortunas anualmente a quem nem sequer produz um quilograma de alimentos, uma política que respeite os agricultores e que não sirva apenas para engordar mais os senhores do agro negócio das grandes multinacionais da transformação e distribuição de alimentos.
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Camaradas
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Vamos com sete meses deste II Governo do PS e aquilo que alguns inicialmente encararam como um alívio, a substituição do antigo Ministro Jaime Silva, por outro que se dizia mais dialogante e que se fartou de fazer promessas e promessas, traduziu-se afinal em muita parra e pouca uva!
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No concreto o que é já foi feito em nome e em benefício dos pequenos e médios agricultores? 
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Veja-se o exemplo o tão badalado PRODER. Por mais propaganda que o Governo faça, o dinheiro não está a chegar aos agricultores especialmente aos pequenos e médios. 
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Em 2009 em termos de volumes financeiros contratados, meia dúzia de projectos PIR – Projectos de Interesse Relevante – representavam mais de 40 % do apoio previsto ao investimento. 
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As EDIA's (Alqueva) não tiveram problemas em aprovar os seus projectos, quem teve problemas e continua a ter é a pequena e média agricultura. 
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Em ano de reavaliação do PRODER, o Governo precisa de cumprir o que já por várias vezes prometeu e apoiar os pequenos e médios agricultores. 
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É que palavras leva-as o vento!
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Numa altura que se fala tanto em défices, tem de se olhar para a nossa agricultura, para estes bons campos do Ribatejo, para a nossa Lezíria, para o Vale do Sorraia, e ver e apostar nas suas enormes potencialidades, como uma forma equilibrada de combater esses défices atacando as importações e produzindo para alimentar o nosso povo.
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Camaradas:
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Ainda há meia dúzia de meses o PS prometia políticas de desenvolvimento viradas para a promoção do crescimento económico, para urgente criação de emprego, para a necessidade de dar urgente resposta aos problemas sociais resultantes da crise e para melhorar as condições de vida dos portugueses, mas o que vemos é o seu governo, juntamente com o PSD a fazer exactamente o contrário do anunciado. 
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Com os votos arrecadados o que vemos é o regresso em força das mesmas políticas que conduziram à crise e tomarem medidas que vão no sentido de agravar ainda mais a vida dos trabalhadores e do povo em geral. 
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Cada dia que passa há o anúncio de uma nova medida que se acrescenta às outras anunciadas, sem sabermos aonde isto vai parar! 
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São medidas atrás de medidas contra as populações.
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Há dias foram as medidas apresentadas pelo Ministério da Saúde com os cortes cegos na despesa dos hospitais públicos, antes tinham sido os cortes nas comparticipações nos medicamentos e que atingem até os reformados mais carenciados. 
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Por todo o país faltam hospitais e centros de saúde, faltam médicos, enfermeiros, técnicos administrativos, auxiliares; faltam meios de diagnóstico e de tratamento, especialidades e serviços de atendimento de urgência. 
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E para toda a população sobra a espera para obter uma consulta, um tratamento ou uma cirurgia, sobram gastos com exames e com medicamentos. O governo em vez de investir corta!
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Neste distrito de Santarém a situação, toda a gente sabe, é muito grave. 
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E se não está pior é porque as populações têm agido e os responsáveis têm sido obrigados a remediar algumas situações escandalosas, como aconteceu com as lutas e as acções da população de Alvega, Lamarosa, Biscainho, Benfica, Benavente, Chamusca e também aqui em Alpiarça, em que os problemas da falta de médicos só se resolveram porque a acção e a iniciativa popular os obrigou a por os pés ao caminho. 
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Nos medicamentos é outro escândalo. Passaram a cortar duas vezes na comparticipação dos medicamentos. 
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Até aqui os reformados com reformas inferiores ao salário mínimo nacional beneficiavam de uma comparticipação a 100% nos medicamentos genéricos, agora a comparticipação fica limitada aos 5 mais baratos.
Assim, se a farmácia não tiver o medicamento ou o médico decidir outro medicamento ou mesmo receitar outra marca de genérico, os reformados terão de pagar a diferença. 
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Mas não cortam só por esta via, cortam também na comparticipação pela via da diminuição em 30% do preço de referência dos medicamentos, fazendo com que as populações paguem uma parte maior dos custos. 
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A semana passada foi a decisão do encerramento de mais 900 escolas do 1º. Ciclo do ensino básico a partir do próximo ano lectivo. 
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O pretexto para encerrar escolas com menos de vinte alunos, dizem é para melhorar a qualidade do ensino e aumentar o sucesso. 
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Trata-se de tese completamente falsa esta de que o sucesso está nas grandes concentrações de alunos ou de que a escola com menos de vinte alunos leva obrigatoriamente ao insucesso. 
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O que se pretende também aqui é reduzir o défice à custa do investimento na educação, com o encerramento das escolas e a integração de milhares de alunos em “megos” agrupamentos, prejudicando o percurso escolar dos alunos e atirando para o desemprego milhares de trabalhadores da educação. 
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Não estamos a falar em abstracto. S. Pedro do Sul no distrito de Viseu está na eminência de ficar nesta situação, quando a Ministra da Educação decide considerar concentrar num enorme agrupamento 4 000 alunos desde o pré-escolar até às novas oportunidades. 
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Não é nas crianças e na qualidade do ensino que estão a pensar, mas na diminuição a todo o custo das responsabilidades do Estado das suas funções sociais.
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Com esta medida, tal como aconteceu com o encerramento de 2 300 escolas desde 2005 até hoje, muitas aldeias e freguesias deste país vão acelerar o processo de desertificação e milhares de crianças vão ser afastadas do seu ambiente natural e de uma relação estreita e saudável com os familiares mais directos.
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Muitas destas crianças vão ter que passar duas e mais horas diárias em transportes escolares. 
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Camaradas
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A política de abdicação dos interesses nacionais concretizada por PS, PSD e CDS compromete o futuro do país. 
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Passo a passo, estes partidos, em cega obediência aos interesses do grande capital nacional e internacional, violando a Constituição da República, cedem importantes parcelas da nossa soberania e independência.
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No plano económico, quando já hoje mais de 50% do capital social dos principais grupos económicos nacionais está nas mãos do capital estrangeiro, o governo avança com um novo processo de privatizações, abrindo a porta para que nos Correios, nos Seguros, no Transporte Aéreo e Ferroviário, na Energia, isto é, visando que os centros estratégicos da nossa economia passem a ser dominadas e exploradas pelos grandes consórcios internacionais.
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Vendem o país aos bocados e amarram-no a uma cada vez maior dependência económica das grandes potências. 
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Veja-se a nossa dívida externa, pública e privada, que não pára de crescer. 
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Olhe-se com rigor para a balança alimentar do país, para a balança energética, para a balança tecnológica, e não se esconda o retrato de um país cada vez mais dependente. 
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No plano político, os sucessivos Governos envergonham o país, tamanha é a obediência com que aceitam as imposições da União Europeia e das grandes potências. 
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Se o défice não pode ultrapassar os 3% do PIB, o Governo PS e o PSD dizem logo que sim, mesmo que ponham em causa os compromissos com o país e com o povo que os elegeu!
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Se da União Europeia impõe condições ao nosso país para que não se pesque, não se cultive, não se produza, eles decidem e mandam publicar, sujeitando o país à dependência crónica.
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Se da Comissão Europeia determinam que os sectores estratégicos da economia são para ser todos liberalizados e privatizados, eles dizem que sim senhor e entregam de mão beijada o nosso património.
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Se a Alemanha quiser determinar qual o orçamento de cada Estado membro, eles dizem por que não, sem mínima dignidade e sem o menor brio patriótico.
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Se os EUA exigem mais tropas para as guerras criminosas do Iraque e o Afeganistão, eles dizem contem connosco e são os primeiros a perfilar na parada!.
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Isto é, se não for o nosso Povo, tal como fez sempre que a independência e a soberania nacional esteve em perigo a dizer Basta, por vontade das classes dominantes qualquer dia Portugal, em vez de um país, é um quintal das traseiras da União Europeia.
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Estamos perante um problema que não é conjuntural e tem uma fortíssima dimensão de classe. 
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Um problema que adquiriu nos últimos tempos uma incontornável centralidade no terreno da luta política e ideológica e para a qual são convocados todos os democratas e patriotas.
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De um lado temos PS, PSD e CDS, expressão política dos interesses dos grupos económicos, dos mercados, dos gestores e especuladores que estão a roubar o país, os salários, os recursos nacionais, do outro está a classe operária e todos os trabalhadores, os intelectuais, os agricultores, os pequenos empresários, homens e mulheres que contando com o apoio e a determinação do PCP, não abdicam de um Portugal de justiça social, de progresso, um país soberano e independente, de um Portugal com futuro.
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Camaradas
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É perante esta evolução que nós dizemos que o país precisa de outro rumo e uma outra política e que é urgente travar o passo a esta política que afunda o país e degrada e destrói a vida dos portugueses. 
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Que é necessário assegurar a ruptura com a política de desastre nacional e afirmar uma política, patriótica e de esquerda que inverta o caminho para o abismo e relance o país na senda do progresso e da melhoria das condições de vida do povo.
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O nosso país não está condenado à inevitabilidade da rendição perante o capital financeiro e as grandes potências europeias. 
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A saída para os problemas nacionais é inseparável de uma forte afirmação da nossa soberania, que pressupõe uma política que defenda a economia nacional e uma forte aposta no nosso aparelho produtivo, na valorização dos salários e das pensões, enquanto factor favorável à justiça social e à dinamização do mercado interno e ao mesmo tempo valorize e aprofunde os direitos dos trabalhadores.
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Uma política de defesa e promoção da produção nacional, valorizando os nossos recursos, investindo na industrialização do país, na agricultura e nas pescas, orientada para a criação de emprego e o combate ao desemprego e o apoio às pequenas e médias empresas.
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Uma política que reforce o investimento público, visando garantir a construção dos equipamentos necessários às populações, o desenvolvimento da economia e o reforço dos serviços públicos, na saúde, na educação, na segurança social e reforce o apoio aos desempregados.
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Uma política de defesa dos interesses nacionais e de ruptura com o rumo neoliberal e federalista da União Europeia. 
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Uma política patriótica e de esquerda e um governo capaz de a concretizar!
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Por isso dizemos aos portugueses não se resignem, não acreditem em fatalismos, engrossem a corrente de luta que dê uma forte resposta à ofensiva que aí está! 
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A luta de massas é a única saída que pode travar a ofensiva!
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Só a luta da classe operária, dos trabalhadores, dos jovens, das populações pode assegurar e determinar a concretização de uma ruptura com a política de direita e uma mudança na vida nacional.
Nós não desarmaremos e muito menos renunciaremos. Porque este é o caminho que é necessário percorrer, porque é a única solução para dar volta à situação a que o país chegou!
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Germano Vidigal e Alfredo Lima
Dois comunistas que o fascismo assassinou


Germano Vidigal e Alfredo Lima foram dois dos militantes comunistas assassinados pela sinistra PIDE ao longo dos 48 anos de fascismo. O primeiro morreu na tortura em 1945, o segundo foi varado a tiro, cinco anos depois.

Há nomes que podem dizer pouco à grande maioria das pessoas, incluindo a muitos comunistas, mas que nem por isso deixam de ter um lugar cativo na galeria dos heróis da resistência ao fascismo. Germano Vidigal e Alfredo Lima, assassinados pela PIDE na flor da vida, são dois dos muitos mártires que a longa resistência em Portugal criou.
Mas que ninguém se surpreenda por deles nunca ter ouvido falar: tornar conhecido o seu nome, o seu percurso, a sua firmeza e as circunstâncias das suas mortes significaria reconhecer que em Portugal houve fascismo e que este prendeu, torturou e matou muitos daqueles que se lhe opunham. E isto é algo que não está claramente nos planos da história oficial, mais interessada no branqueamento da ditadura e da sua natureza e no apagamento do papel ímpar daqueles que mais tenaz e duramente lhe resistiram – os comunistas e o seu Partido. Também por isto, é fundamental lembrar os seus nomes, devolvendo-os ao povo, em defesa do qual tombaram.
Estes dois assassinatos, separados por cinco anos, têm em comum o facto de estarem ligados à luta do proletariado agrícola por melhores condições de vida. Uma luta que teve na acção reivindicativa dos operários agrícolas nas praças de jorna um palco privilegiado e que abriu a porta à conquista da jornada de oito horas em 1962 e à própria Reforma Agrária, na sequência da Revolução de Abril.

O Partido incita à luta

O assassinato de Germano Vidigal, em 28 de Maio de 1945, está ligado à luta dos operários agrícolas de Montemor-o-Novo, e em geral em todo o Alentejo, por jornas mais elevadas. No início desse ano, em localidades como Albernôa, Machede, Montemor, São Manços, Ermidas e Alvalade, os assalariados rurais tinham-se já erguido na reclamação de melhores salários e do fornecimento de géneros.
Aproximando-se a época das ceifas, entre Maio e Agosto, o PCP difundiu um apelo aos trabalhadores do Alentejo para que lutassem contra a «ofensiva de fome» do regime fascista, animando-os com os exemplos dos operários de Lisboa e do Ribatejo que haviam conquistado melhores condições do patronato. Ao apelo do Partido, os operários concentraram-se nas Casas do Povo e promoveram marchas de fome. Em Montemor, Portel e Lavre estalaram greves.
No dia 20 de Maio, dois mil assalariados rurais concentraram-se junto ao Grémio da Lavoura, em Montemor, levando as suas reivindicações. Entre eles estava Germano Vidigal, dirigente local do PCP. O fascismo reagiu, enviando de Évora uma força especial da GNR, que carregou com brutalidade sobre os trabalhadores, que resistiram como e enquanto puderam. Mil e quinhentos operários foram presos e concentrados na praça de touros, sob ameaças, agressões e ofensas.
A Germano Vidigal esperava-o outro destino: enviado para o posto local da GNR foi entregue a dois conhecidos torturadores da PIDE, os agentes Barros e Carrilho, que tentaram, em vão, obter dele alguma informação. Mas Germano Vidigal, dirigente local do PCP, não falou!

Ficou a dignidade e o exemplo

Na brochura clandestina A Resistência em Portugal, descreve-se com pormenor a tortura de que foi vítima, da qual não sairia com vida. No texto conta-se que face à recusa de Germano Vidigal, os pides «cortaram-lhe as costas a cavalo-marinho, provocaram-lhe profundas feridas na cabeça e no rosto, aplicaram-lhe socos no estômago e no fígado, torceram-lhe os testículos, espezinharam-no, projectaram-no contra a parede da sala». A recusa em falar, o militante comunista Germano Vidigal manteve-a até ao fim. Morreu mas não denunciou! Foi-se a vida mas ficou a dignidade!
Nascido em Évora em 1913, Germano Vidigal foi para Montemor com apenas 12 anos tentar ganhar a vida. Como muitos outros da sua geração, conheceu o trabalho duro e a sobrevivência difícil. Mas também consolidou uma firme consciência de classe e sólidas convicções revolucionárias. Membro do Sindicato da Construção Civil, integrou a primeira Comissão Local de Montemor-o-Novo do PCP.
Nesses anos, o PCP combatia as ilusões «democráticas» lançadas pela ditadura de Salazar, em virtude da derrota dos seus aliados ideológicos na Segunda Guerra Mundial, e afirmava a sua linha de mobilização popular e unidade nacional antifascista. Desta orientação, que a vida provou ser justa, nasceram as comissões de praça e de rancho, partiu-se à conquista das Casas do Povo – era o Alentejo, «esse leão até há pouco adormecido» de que falava o Avante! da segunda quinzena de Junho de 1945, que se erguia!

Símbolo da luta por uma vida melhor

Alfredo Lima era ainda um jovem de pouco mais de 20 anos quando as balas da GNR o deitaram por terra, sem vida. Estava-se a 4 de Junho de 1950 e os operários agrícolas de Alpiarça concentravam-se na Praça de Jorna protestando contra os salários de miséria e exigindo melhores condições. Na altura, para um duro trabalho de sol a sol, os homens auferiam 20 escudos e as mulheres 10. Os trabalhadores, unidos e firmes, exigiam 30 para os homens e 15 para as mulheres e não estavam dispostos a ir trabalhar por menos.
Naquela noite, para além da habitual Praça de Jorna, estava reunida uma outra, a praça feminina, o que há três anos não sucedia. Perante a firmeza e unidade das mulheres, os capatazes, que tinham ordens expressas para não ceder, vêem-se em dificuldades e aceitam os 13,5 escudos. Mas as operárias não desarmam e exigem a totalidade das suas reivindicações.
Vendo-se acossados, os capatazes chamam a GNR. Os homens, apercebendo-se que algo se passava na praça das mulheres, vão em seu auxílio. A GNR dispara sobre esta impressionante manifestação de unidade e força. Para além do assassinato do jovem Alfredo Lima, são feridos os trabalhadores Angelino Arraiolos, Manuel Piscalho e Raúl Farroupa Casaca. Muitos foram presos.
Para tentar esconder mais este crime e impedir que o povo de Alpiarça fizesse do seu funeral uma grande manifestação antifascista, as autoridades enterraram-no em Santarém. Só 24 anos depois, em Junho de 1974, derrubado o fascismo, os restos mortais do jovem comunista Alfredo Lima puderam regressar à sua terra. A trasladação para Alpiarça foi uma impressionante manifestação popular de repúdio pelo fascismo e de apego aos ideais libertadores do 25 de Abril. O jovem mártir tornou-se um símbolo da Alpiarça combatente, proletária e antifascista.

Fortaleza de luta popular

A luta por aumentos de jornas de 4 de Junho de 1950 em Alpiarça, que contou com uma forte presença feminina e juvenil, não foi um caso isolado naquela vila ribatejana. Em vários números do Avante! clandestino, surgem referências a protestos e lutas aí travados: em 1935; em Outubro de 1944, contra o racionamento e a falta de azeite; e em 7, 8 e 9 de Maio de 1945, vitoriando a derrota da Alemanha nazi e exigindo democracia, eleições e a libertação dos presos políticos. Como tal, não parou com a luta de 4 de Junho e as referências àquela localidade vão, no Avante! clandestino, até Março de 1974.
Isto levou a que, em Dezembro desse ano de 1974, Álvaro Cunhal realçasse, num comício aí realizado que, «na historia da luta do português contra a ditadura fascista, Alpiarça é um nome que brilha pelas lutas dos operários agrícolas, pelas grandes manifestações de protesto contra a ditadura, pela vitalidade das actividades democráticas, pela influência e papel determinante do Partido da classe operária – o Partido Comunista Português. O nome de Alpiarça tornou-se conhecido como o de uma das fortalezas da luta popular, erguidas, invencíveis e confiantes, no Portugal abafado, oprimido e espezinhado pela odiada ditadura fascista».
Alfredo Lima não foi o único militante comunista a sucumbir à violência fascista nesse ano de 1950. No dia 2 de Janeiro, Militão Ribeiro, membro do Secretariado do Partido, morreu na Penitenciária de Lisboa, vítima de um regime prisional brutal; a 23 desse mesmo mês, o funcionário clandestino José Moreira foi torturado até à morte na sede da PIDE; a 22 de Maio deu-se o assassinato do operário comunista de Gaia Venceslau Ferreira Ramos e, a 26 de Junho, vítima de torturas, Carlos Pato.
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.Nº 1906
09.Junho.2010 - Avante
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quinta-feira, junho 03, 2010

PCP - "Temos que lutar o tempo que for preciso"

Mundo

Vermelho - 2 de Junho de 2010 - 18h48
 

"Temos que lutar o tempo que for preciso"

Num momento em que Portugal atravessa uma situação como não há memória – marcada por uma ofensiva sem precedentes do grande capital, por intermédio do PS e do PSD, contra os direitos e as condições de vida dos trabalhadores e do povo e, ao mesmo tempo, por uma intensa luta que cresce e se generaliza –, Jerónimo de Sousa falou ao Avante! que a manifestação de sábado, que considerou um marco na história do movimento operário e sindical, terá necessariamente de ter continuidade.

E reafirmou a determinação dos comunistas em persistir no combate pela ruptura e pela mudança, demore o tempo que demorar.

Avante! – Comecemos pelas «medidas de austeridade»... Uns consideram-nas «inevitáveis» e falam de «sacrifícios repartidos», ao passo que o PCP refere-se a «roubo nos salários» e ao favorecimento dos grandes grupos económicos. Queres explicar melhor esta diferença?

As chamadas «inevitabilidades» e a chamada «repartição dos sacrifícios» são um embuste. Elas visam conduzir os trabalhadores à resignação e à abdicação da luta e branquear as responsabilidades da política de direita, bem como do capital financeiro, na crise.
Quanto aos sacrifícios «repartidos», exige-se que se denuncie, por um lado, a injustiça e, por outro, a mentira. Injustiça porque desde logo esta ideia da «sentença de Salomão» veio apagar que quem vive do seu salário é chamado a pagar uma crise para que não contribuiu em nada. Mentira porque a parte de leão vai ser paga pelos trabalhadores, pelos reformados e pelas populações.

Demonstrativo disto é a captura de parte dos salários por via do IRS, acompanhada do congelamentos na dedução específica e na dedução à colecta com despesas de saúde e educação; no aumento do IVA, com todas as consequências que isto tem no aumento do custo de vida. Tudo isto somado com o que o Governo quer – ou diz querer – cobrar ao capital, demonstra a dimensão do embuste.

E ainda está por contabilizar o aumento do preço dos transportes, dos medicamentos, da água, o aumento dos spreads nos empréstimos... Há que denunciar e desmascarar esta propaganda que afirma que é inevitável e que todos vamos ter que fazer sacrifícios.

O PS já disse que aceita tributar as mais-valias e que vai aumentar também o IRC...

No concreto, veremos no dia 2 (hoje), pois será debatido na Assembleia da República. O que sabemos desde já é que, em relação à taxação da banca – que deveria pagar tanto, em termos percentuais, como qualquer outra empresa – e das operações bolsistas, isso fica claramente de fora. Esta é uma opção de fundo.

Está indiciada alguma taxação sobre os capitalistas, mas sobre o capital financeiro e os grandes grupos económicos não há uma vontade política de responsabilizar quem foi o responsável principal por esta crise.

O Governo justifica as medidas apresentadas com o ataque especulativo de que o País está a ser alvo, com a necessidade de acalmar os mercados e com as agências de notação ou rating. Para a maioria das pessoas, estas palavras significam pouco ou mesmo nada. De que se fala quando se usam estas expressões?

São expressões criadas pelo léxico ideológico do capitalismo precisamente para que os povos não definam com precisão quem foi o responsável da crise e quem está a ganhar com ela. Os mercados são os megabancos, nomeadamente os alemães, os suíços e os norte-americanos, que ganharam à «tripa-forra» com o jogo da bolsa e da especulação e que, quando foram apanhados, exigiram dos estados transferências colossais, aumentando assim os défices e dívidas desses países. Posteriormente, com os estados mais vulneráveis, esse mesmo capital, com a capa de mercado, soltou os cães, usando as tais agências de notação, para criar as condições que conduziram ao autêntico roubo por via do aumento dos juros da dívida. São formas cientificamente consideradas para, por via dos adjectivos, esconder os responsáveis e as suas responsabilidades.

Fala-se da necessidade de o Estado poupar, mas para o BCP, BPN e BPP o dinheiro não faltou...

Hás-de reparar que nunca mais ninguém falou disso. Há que lembrar que só para o BPN foram transferidos cerca de 4 mil milhões de euros, que é uma verba superior à que resultará de todos estes sacrifícios que estão a fazer pagar aos trabalhadores e às populações. Mas nunca mais ninguém falou destes casos que, como é sabido, são a causa funda que levou a que um défice de cerca de 2,9 por cento tenha disparado para 9 por cento.

No comício da Voz do Operário, falaste de uma «teia de chantagens» em que se pretende enredar o País, em torno do fim do euro ou da ruptura do sistema financeiro, urdida pelas «forças de concertação estratégica do capital». Que forças são estas? Como se tece esta teia?

Trata-se de um processo que passou pela financeirização das economias; pela criação da União Económica e Monetária; pela aplicação das políticas neoliberais, impondo de forma draconiana nomeadamente o Pacto de Estabilidade e Crescimento e as políticas comunitárias para a agricultura e pescas, que levaram à destruição dos aparelhos produtivos, designadamente o nosso; foram as negociações da OMC, com consequências dramáticas para os nosso têxteis... Foi uma teia, conscientemente urdida, que criou, nesta situação concreta, espartilhos, e uma chantagem que foi livremente aceite e apoiada por cada governo dos países da UE, de direita ou de formação social-democrata. Ao directório do grande capital juntou-se o directório das grandes potências da União Europeia.

Quero sublinhar este elemento político relevante: o de termos em muitos países uma social-democracia rendida aos interesses do grande capital financeiro, dos grandes grupos económicos, como é o caso dos governos PS de José Sócrates.

Ainda na Voz do Operário afirmaste que hoje a situação revela a actualidade da luta de classes e que a «linha que separa os lados é cada vez mais nítida». Isto significa que há mais campo para afirmar o socialismo?

Hoje não há dúvida de que a concentração e a centralização da riqueza à escala planetária em grandes grupos económicos e financeiros – que arredam do progresso e de uma repartição mais justa dessa riqueza produzida pelos trabalhadores e todas as camadas e classes antimonopolistas e que levam ao comprometimento das soberanias de povos e de países – deram mais visibilidade àquilo que sempre existiu: a luta de classes. A sua actualidade é hoje uma evidência, como evidente começa a ser para milhões de trabalhadores que o capitalismo não é nem será o sistema final da humanidade. Há um caminho a percorrer ao nível da evolução da consciência das massas e, consequentemente, na luta pela alternativa ao capitalismo, que é o socialismo.

A um Partido Comunista como o nosso compete, na sua luta concreta, nesta situação concreta, ter sempre presente o nosso projecto e ideal como linha de horizonte. Acumulando forças, desenvolvendo e potenciando as condições objectivas e subjectivas, entendendo a construção do socialismo não como um acto súbito mas como um processo, com etapas, afirmando o socialismo como alternativa ao capitalismo. Do nosso ponto de vista, hoje a situação no mundo demonstra que não há uma verdadeira alternativa ao capitalismo que não seja o socialismo.

Já em Outubro de 2008, o Comité Central, analisando a crise que então despontava, afirmava que a não serem invertidas as políticas que estiveram na origem da crise, os seus efeitos acentuar-se-iam e prolongar-se-iam no tempo e a expressão e dimensão da crise na esfera produtiva afectaria sobretudo os trabalhadores e camadas mais desfavorecidas. Estamos perante uma crise prolongada?

O que é novo nesta situação não é a ofensiva – esta dura há mais de 30 anos no nosso país concreto – mas a sua intensidade e profundidade. Trata-se de uma crise em que o capitalismo revela contradições e os seus próprios limites históricos, mas da qual pretende sair com a receita clássica de atirar as suas consequências para os ombros dos trabalhadores aumentando a exploração, procurando aproveitar a actual correlação de forças para desferir golpes demolidores em tudo o que foi conquista social e resultou da luta de gerações inteiras de trabalhadores. 
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A luta de resistência contra todas e cada uma destas medidas do Governo do PS, em coligação com o PSD, é sem dúvida de grande importância e para agora! Mas vai ser uma luta tendente a ser prolongada exigindo do nosso Partido todo o empenhamento, militância, determinação e confiança nos trabalhadores e no povo português. Vai ser um combate de grande fôlego...

A manifestação de 29 de Maio

Um marco na história
do movimento operário

Que avaliação faz o Partido da grande manifestação de sábado? Esteve à altura da intensidade da ofensiva?

Foi uma magnífica luta que ficará como um marco na história do movimento operário e sindical português pela sua dimensão, pela sua combatividade, pela exigência de ruptura e de mudança, pela afirmação dos direitos de quem trabalha. E já alcançou uma vitória: a vitória contra o medo e contra a chantagem que antecedeu esta manifestação convocada pela CGTP-IN. Mas sendo um marco, e sendo necessário recuar no tempo para encontrar algo semelhante (e eu não encontro outra comparação que não seja o primeiro 1.º de Maio, em 1974), esta luta não foi um ponto de chegada.

Depois do 29 de Maio, muita gente já pergunta: e agora, que fazer?

Tendo em conta a determinação do Governo em prosseguir a ofensiva, esta luta exige continuidade sob as diversas formas que os trabalhadores têm para lutar. Cremos nós que foi um ponto alto mas vai ter seguimento e desenvolvimento.

Da parte do nosso Partido, que se empenhou no esclarecimento e na mobilização dos trabalhadores, dos comunistas, dos democratas para esta participação, também se afirma a necessidade da continuação da luta e da iniciativa do Partido. Nós consideramos que o mês de Junho, com todas as suas especificidades, com a proximidade de férias, é um tempo durante o qual é preciso continuar a desenvolver essa luta, nomeadamente concretizando as «500 acções contra o PEC» e convocando os trabalhadores e as populações – designadamente de Lisboa, Évora e Porto – a darem expressão de rua a esse protesto e a essa luta.

A semana passada ficou marcada, no plano institucional, pela moção de censura apresentada pelo PCP. Foi importante tomar esta iniciativa, mesmo tendo sido chumbada por PS, PSD e CDS-PP?

A moção de censura não fez vencimento institucional, mas não calou a censura e muito menos a luta. Foi uma iniciativa de grande oportunidade, na medida em que demos expressão institucional à censura popular que hoje se sente contra a política de desastre social e nacional realizada pelo Governo do PS com a assinatura e o apoio do PSD. Nós verificámos que Sócrates com muita dificuldade nos acusou de irresponsabilidade por pormos em causa o Governo. A censura tinha essencialmente uma dimensão política, mas também rejeitamos a ideia de que o Governo de Sócrates seja «ou eu ou o caos». Antes cair o Governo do que cair o País, não esquecendo que o povo em democracia tem sempre oportunidade de encontrar outra solução governativa.

Sem investimento
não há desenvolvimento


Uma das críticas feitas pelo PCP às medidas previstas na segunda versão do PEC é o adiamento do investimento público, precisamente uma das exigências da direita...

Em primeiro lugar, convém sublinhar que lendo cada uma das medidas apresentadas não encontramos uma única ideia estratégica que vise o crescimento e o desenvolvimento do País. O que vai significar que, a manter-se este rumo, a atirar dinheiro para o sorvedouro insaciável do sector financeiro, não se resolve os problemas estruturantes que temos. O Governo tomou uma opção, a de sacralizar de novo a questão do défice das contas públicas.

Mas para o nosso Partido, o défice das contas públicas, sendo um problema, não é o problema. O problema maior é a dívida externa global, pública e privada, que resultou e cresceu na razão directa da destruição do nosso aparelho produtivo, da produção nacional e do emprego. Ora sem investimento público não há crescimento nem desenvolvimento económico.

Nós vemos o capital sempre a investir em sectores protegidos, designadamente em empresas que já existem e são rentáveis, e em áreas como a saúde. Mas não arrisca um cêntimo em termos de investimento privado no nosso aparelho produtivo e na nossa produção nacional. O Estado deveria assumir essa responsabilidade.

O que se diz é que o País «não tem dinheiro»...

Não há dinheiro, dizem. Mas então como é que houve milhares de milhões para acudir ao BPN, ao BCP ao BPP? Não há dinheiro, dizem, mas a banca, a EDP, a GALP, a PT continuam a apresentar lucros fabulosos... Isto coloca sempre a mesma questão: qual a lei económica que determina que o défice das contas públicas tem que ser 3 por cento? Porque não 4 ou 5?... Nós precisamos de investimento público, de criar riqueza, de aumentar a produção...

É evidente que a resposta é dada pelos centros de decisão da União Europeia, que determinaram de forma draconiana que até 2013 o défice das contas públicas tem que estar abaixo dos 3 por cento, mesmo que isso determine mais recessão, mais atraso, mais destruição do emprego e do aparelho produtivo.

Ou seja, o PCP vê o investimento como uma alavanca para o desenvolvimento...

Sim, uma alavanca fundamental. Vê-se sempre o combate ao défice do lado dos cortes – nos salários, nos direitos, na despesa. Nunca se vê o outro lado, pela via da criação de mais riqueza, de produzirmos mais e melhor, dinamizando o nosso mercado interno e também, obviamente, fomentando as exportações. Mas esta visão não cabe nestas medidas que o Governo tenta levar por diante.

No caso da Alta Velocidade Ferroviária, tínhamos a Sorefame e a Siderurgia Nacional, que podiam ser de grande importância neste projecto. Actualmente, já nada disto existe...

É um exemplo gritante. Nós consideramos a Alta Velocidade um investimento válido, desde que tenha em conta a modernização e reforço da nossa linha ferroviária tradicional, que tenha um carácter público e que incorpore produção nacional – são as condições que nós colocamos. E entendemos que não deve ser utilizada apenas para o transporte de passageiros, pois a questão do transporte de mercadorias parece-nos também uma questão essencial para o desenvolvimento económico.

O Governo age um pouco a trouxe mouche, com esta definição de trajecto a terminar no Poceirão. Não tem racionalidade, não tem uma lógica. Com as condições que colocamos, este é um projecto que pode contribuir para o nosso crescimento económico.

Também em torno das privatizações se agita a ideia da necessidade que o Estado tem de obter receita. Mas, se há a receita que vem, também há a que deixa de vir, por via dos lucros e dos impostos...

Eu creio que é importante afirmar que o rol de privatizações que o Governo tem em carteira corresponde a um crime previamente anunciado. Só em duas empresas – a GALP e a EDP – o Estado, com a participação que detém, arrecadou em cinco anos 163 milhões e 592 milhões, respectivamente. Com a privatização, no futuro próximo, o Estado ficará sem esta receita mas, simultaneamente, perde capacidade de intervenção nestas empresas estratégicas. Isto não é perder os anéis, é perder os dedos. E mesmo do ponto de vista orçamental, isto tem consequências: quando o Estado não tiver mais nada para vender, só lhe resta ir aos salários e aos impostos.

Para além do escândalo que é o facto de o Governo pretender privatizar empresas que constituem monopólios, como os CTT. Com todas as consequências que isto tem, por exemplo em termos do aprofundamento de assimetrias que já não são sociais mas territoriais ou regionais. Não se está a ver uma multinacional que tome conta dos Correios a estar preocupada com a distribuição postal numa aldeia de Castelo Branco ou de Viseu...

O combate contra as privatizações também é um combate na defesa dos interesses do País. Já para não falar o golpe que isto constitui na nossa Constituição económica, que define claramente a existência de uma economia mista com um sector público forte e dinâmico ao serviço da economia nacional.

O que sobrará desse sector público, caso se confirmem estas privatizações?

Aparentemente não vão à parte financeira da Caixa Geral de Depósitos, mas até querem privatizar a área seguradora, que representa uma grande carteira da CGD. Pouco escapa a esta fúria, sem qualquer racionalidade económica, visando tapar buracos. Mas, simultaneamente, alguém vai ganhar com isto: os grandes accionistas, os grupos económicos nacionais e estrangeiros.

O que se pretende privatizar são as partes rentáveis das empresas, como se vê na CP, com a intenção de privatizar as linhas suburbanas e a CP Carga, deixando-se de parte as linhas regionais, por exemplo...

É fácil verificar isso, a intenção de vender aquilo que dá lucro, aquilo que na linguagem popular se poderia considerar o «bife do lombo». Daquilo que dá prejuízo, o Estado encarrega-se. A ANA ou a REN, por exemplo, são também empresas altamente rentáveis e apetecíveis.

Na reunião de Abril do Comité Central foram aprovadas as linhas essenciais da nova política que o País precisa. Entre elas, constam o reforço do sector público e a adopção de um programa de industrialização do País...

Era fundamental que o País fosse municiado de alavancas económicas fundamentais, pela via da nacionalização ou aquisição de empresas e sectores estratégicos, no quadro de respeito pela economia mista que a Constituição comporta. Não estamos aqui a propor uma medida revolucionária, mas uma medida em conformidade com a Constituição da República e com o interesse nacional. A nacionalização da banca comercial ou dos sectores energéticos, procurando assim que de uma perspectiva de crescimento e desenvolvimento económico o Estado tivesse o papel que a Constituição lhe reclama. Não é uma invenção do PCP.

Consideramos que para sair da crise e para a existência de uma outra política económica isto é um elemento fundamental. Isso e a industrialização do País. Nós não temos dúvidas: os primeiros países a sair da crise são aqueles que estão com uma base industrial forte.

Como a Alemanha...

Sim, e não é por acaso que o próprio Sarkozy recentemente afirmava que a França precisa de fábricas. E Portugal precisava de facto de um plano de industrialização, pensando não só no mercado interno mas também na potencialidade de exportação...

Mas há pouco disseste que o grande capital aposta em sectores protegidos, sem concorrência... Teria de ser o Estado a assumir o papel central?

Evidentemente... Mas também apoiando os pequenos e médios empresários. Infelizmente, são aqueles que arriscam, nem sempre bem, é verdade, mas arriscam. E temos grandes exemplos de resistência de micro, pequenos e médios empresários que hoje, com grandes dificuldades, fazem tudo para manter as suas empresas. Com uma visão de desenvolvimento e de apoio do Estado e com as tais nacionalizações de que falámos – que deveriam servir também para apoiar estas micro, pequenas e médias empresas (e estou a citar a Constituição) – seria possível apoiar aqueles que persistem em manter as suas empresas, em criar e defender empregos.

Com a banca e as empresas de energia e transportes a assumirem um papel destacado...

O grande problema das micro, pequenas e médias empresas não é o peso dos salários. Não é esse o elemento preponderante. As suas dificuldades residem fundamentalmente nos custos dos factores de produção. Estamos a falar dos combustíveis, da energia, dos transportes e das comunicações. Estes são os elementos que fundamentalmente lhes dificultam a vida, para além das dificuldades de acesso ao crédito, com spreads elevadíssimos cobrados às pequenas empresas. Com a introdução das portagens nas SCUT do Norte do País, o Governo procura dar mais uma machadada na capacidade competitiva das pequenas empresas nacionais.

Nós temos uma visão diferente e uma alternativa que quase nos leva a dizer: cumpra-se e efective-se a Constituição da República! Estamos a falar não só de uma perspectiva de desenvolvimento económico mas também da criação de emprego. Nós temos em Portugal um problema, e que o próprio PEC acaba por reconhecer, que o desemprego se vai manter na casa dos 10 por cento nos próximos tempos.

O que era importante que todos os portugueses percebessem é que estes sacrifícios não são para ficar pior agora para ficar melhor mais à frente. Não! É ficar pior agora para ficar pior mais à frente. A economia tem leis, que determinam a sua evolução, e se não há investimento, se não há produção, se não há criação de emprego, o País vai andar para trás.

Empréstimo à Grécia é para os bancos

«A nossa solidariedade é
para com os que lutam»

A Grécia tem sido uma presença assídua nos noticiários e nas páginas dos jornais devido à situação que esse país enfrenta e à possibilidade de uma comparação com a situação portuguesa. Que avaliação faz o PCP da chamada crise grega?

A Grécia, os trabalhadores e o povo grego, foram o alvo prioritário escolhido pelo capital financeiro. A raiz dos problemas é idêntica embora existam diferenças entre a situação dos dois países. Por exemplo, a banca alemã, pelo nível da dívida da Grécia (resultante, designadamente das encomendas de seis submarinos e de armamento para as forças armadas), era a primeira interessada na aplicação das violentas medidas em curso. O que não quer dizer que aqui no nosso país os alemães também não sejam parte interessada, mas naquele caso concreto a decisão alemã pesou significativamente. Quer recuperar aquilo que foi investido de forma especulativa e agora, sentindo o perigo de não ter esse investimento de volta, exige estas medidas.

Entretanto, o grupo parlamentar do Partido votou contra o empréstimo à Grécia ao mesmo tempo que manifestou a sua solidariedade com os trabalhadores desse país... Não haverá muita gente a ver isto como uma contradição?

Esse empréstimo não é para ajudar os trabalhadores e o povo grego, mas para transferir para os banqueiros. A nossa solidariedade não é para com o grande capital. A nossa solidariedade é para com aqueles que hoje, na Grécia, lutam contra o roubo nos seus salários e dos seus direitos. É para com o esforço do Partido Comunista da Grécia, que mobiliza para a luta, na defesa dos interesses e direitos do povo grego. Nesse sentido, não percebemos as posições de alguns que aqui estiveram contra a transferências de dinheiros públicos para a banca mas que depois são a favor de pôr o Estado português a transferir verbas para a banca alemã, suíça, francesa, norte-americana...

Esta é uma contradição e nós fomos coerentes: toda a ajuda e solidariedade aos trabalhadores e aos povos! Mas a nossa solidariedade não se estende aos responsáveis pela crise e àqueles que estão a ganhar com a crise.

É crucial ter um Partido
preparado para tudo


Em muitas intervenções e em vários documentos do Partido, salienta-se a importância de existir um Partido Comunista firme, combativo e influente e a necessidade do seu reforço. Que importância tem isto, no momento que vivemos?

Nós temos um conceito integrado disto, e pensamos que o reforço da intervenção e da iniciativa do Partido é inseparável do reforço da sua organização. Sendo o PCP o único Partido que sem hesitações protagoniza o esclarecimento e mobilização dos trabalhadores e das populações para fazer frente a esta ofensiva imensa, é crucial ter um Partido preparado para todas as circunstâncias – com mais intervenção, mais organização e mais iniciativa.

Na reunião de Novembro de 2009, o Comité Central apontou medidas concretas de reforço do Partido, com especial concretização este ano. Estamos em Junho... Já se avançou? Em que áreas?

A análise que resulta do balanço feito pela Comissão de Organização permite afirmar que estamos a dar passos adiante na realização de assembleias, nomeadamente de organizações de base; no recrutamento; na responsabilização de quadros e na criação de organização do Partido nas empresas e locais de trabalho.

No entanto, estamos longe de estar satisfeitos ou descansados. Persistem dificuldades e atrasos, designadamente na compreensão política sobre a situação financeira ou sobre a importância da imprensa do Partido. Mas verificamos que a orientação determinada pelo Comité Central está a ser levada adiante de forma sólida e segura, podendo-se dizer, sobre as assembleias, que há muito que não se realizavam tantas, e sobre o recrutamento, que está ao nível dos melhores anos da última década.

No XVIII Congresso, o PCP definiu as condições fundamentais para a concretização de uma alternativa política de esquerda, resumidamente: o reforço do PCP; o desenvolvimento da luta de massas; e a alteração, no plano institucional, da correlação de forças, em favor do PCP. Tendo em conta o desenvolvimento da situação neste ano e meio desde o congresso, estamos mais perto dessa alternativa?

Há uma questão primeira que é a política alternativa. Nós afirmamos a necessidade de uma política alternativa e de uma alternativa política. As eleições legislativas passadas tiveram o facto relevante da derrota da maioria absoluta do PS, mas o PS não só persistiu como aprofundou a política de direita. Aliás, logo na noite das eleições Sócrates foi claro: iria manter o rumo da sua política. Fez uma encenação, ao convidar todos os partidos a contribuírem com propostas com vista à «governabilidade», mas não passou de uma encenação, já que tudo partiu da sua afirmação de que iria manter o rumo. Então, seria nos partidos de direita que encontraria, particularmente nos momentos cruciais e estratégicos para o capital, essas alianças, entendimentos e acordos.

Do nosso ponto de vista, a alternativa política é possível com a ruptura e com a mudança da política de direita e das forças políticas e sociais capazes de assumir a política ao serviço do povo e do País.

Mais do que definir no tempo – se está mais perto ou se está mais longe – nós temos que lutar o tempo que for preciso para a concretizar. Nesse sentido, a luta pela alternativa, por uma política patriótica e de esquerda, parece-nos ser, no momento, crucial. E essa luta não é separável do desenvolvimento da luta de massas; do envolvimento, em primeiro lugar, da classe operária e dos trabalhadores, mas também de outras camadas duramente atingidas por esta política de direita. Há que trazer à luta muitos portugueses, muitos democratas e patriotas preocupados com o seu país, e criar as condições para que também no plano político, e resultante desse desenvolvimento, se encontrem alternativas capazes de realizar uma política diferente, capazes de protagonizar esta ruptura e esta mudança...

Mas teria de ser com um «arranjo» totalmente diferente daquele que hoje existe...

Neste quadro é difícil. O PS sabe que mesmo que tivesse oferecido lugares no Governo, nunca contaria com o PCP como cúmplice de uma política que é contrária aos interesses dos trabalhadores, do povo e do País. A questão não se prende na composição do governo mas na política que esse governo pretenda concretizar.

As contradições estão-se a acentuar. Nós vemos hoje quem está a ser prejudicado: os trabalhadores, em primeiro lugar. Mas e os pequenos e médios comerciantes e industriais, os pequenos agricultores, os pescadores? Estão também a ser vítimas da política de direita. E quando ganharem consciência que não têm que alinhar com a grande burguesia mas sim com aqueles que estão dispostos a uma política diferente, obviamente que se criarão as condições para essa alternativa. Mas, como disse, é um processo. E vamos lutando, com esta disposição combativa, acreditando que é possível uma vida melhor para Portugal e para os portugueses.

Fonte: Avante, órgão oficial do PCP
. O Vermelho manteve a ortografia portuguesa
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