A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht
Mostrar mensagens com a etiqueta Operação Condor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Operação Condor. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, abril 14, 2010

Como Kissinger virou cúmplice de assassinatos na Operação Condor

Mundo

Vermelho - 10 de Abril de 2010 - 22h29

Documentos divulgados neste sábado (10) pela ONG The National Security Archive (NSA) revelam que o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger ignorou os esforços de Washington para evitar crimes políticos no Cone Sul. Em 1976, Kissinger chegou a cancelar as ordens para que diplomatas americanos dos Estados Unidos no Chile, na Argentina e no Uruguai se pronunciassem contra os assassinatos internacionais de opositores aos regimes militares desses países.

Cinco dias mais tarde, um atentado com um carro-bomba em Washington matou o ex-chanceler chileno e posterior opositor Orlando Letelier, na Avenida Massachusetts, em Washington. Segundo a NSA, tratou-se do ato mais "infame" dos aliados na Operação Condor — aliança político-militar formada nos anos 1970 pelos serviços de inteligência militares de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia. O objetivo da operação era localizar e assassinar os opositores aos regimes militares desses países.

Num telegrama enviado em 16 de setembro de 1976 de Lusaka, capital da Zâmbia, Kissinger “instruiu que não fossem empreendidas ações adicionais sobre esse assunto”. As instruções destinadas ao então secretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Harry Shlaudeman, puseram fim a uma ordem dada pelo próprio Kissinger três semanas antes.

A ordem inicial era que altos funcionários do Departamento de Estado americano transmitissem aos chefes de Estado de Chile, Argentina e Uruguai sua "profunda preocupação" com os "planos de assassinato de elementos subversivos, políticos e figuras de destaque dentro de alguns países do Cone Sul e no exterior". Essa mensagem nunca chegou a ser entregue.

"O telegrama do dia 16 é a peça que faltava do quebra-cabeça histórico sobre o papel de Kissinger na ação e a falta de ação do governo americano após ter conhecimento sobre os planos de assassinato" da Operação Condor, afirmou em comunicado Peter Kornbluh, analista da ONG e autor do livro The Pinochet File: A Declassified Dossier on Atrocity and Accountability.

Kornbluch assinala que os novos documentos permitem finalmente saber o que ocorreu. "O Departamento de Estado iniciou um esforço oportuno para frustrar a campanha de assassinatos no Cone Sul — e Kissinger, sem dar explicações, a abortou". Em sua opinião, a decisão de Kissinger de cancelar a advertência às nações da Operação Condor impediu que se enviasse uma mensagem diplomática de protesto que poderia ter dissuadido um ato de terrorismo na capital americana.

Da Redação, com agências
.
.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Lincoln Gordon e a origem dos "desaparecidos"

Lincoln Gordon e a origem dos "desaparecidos"

A elite americana


por William Blum [*]
.
Cartoon de Latuff. Lincoln Gordon morreu há poucas semanas com a idade de 96 anos. Licenciara-se summa cum laude em Harvard aos 19 anos, doutorara-se em Oxford como bolsista Rhodes, publicara o seu primeiro livro aos 22 anos, com dúzias mais a seguir sobre governo, economia e política externa na Europa e América Latina. Entrou [como professor] na Faculdade de Harvard aos 23 anos. O dr. Gordon foi executivo no Gabinete de Produção de Guerra durante a II Guerra Mundial, administrador de topo dos programas do Plano Marshall na Europa do pós guerra, embaixador no Brasil, teve outras altas posições no Departamento de Estado e na Casa Branca, foi investigador no Centro Internacional Woodrow Wilson para Académicos, economista na Brookings Institution, presidente da Johns Hopkins University. O presidente Lyndon B. Johnson louvou o serviço diplomático de Gordon como "uma rara combinação de experiência, idealismo e julgamento prático".
.
Está a ver o quadro? O rapaz maravilha, intelectual brilhante, líder notável de homens, patriota americano destacado.
.
Abraham Lincoln Gordon foi também o homem de Washington no Brasil, e muito activo, como director do golpe militar de 1964 que derrubou o governo moderadamente de esquerda de João Goulart e condenou o povo brasileiro a mais de 20 anos de uma ditadura terrivelmente brutal.
.
Os que fazem campanha pelos direitos humanos sustentam há muito que o regime militar do Brasil originou a ideia dos "desaparecidos" e exportou métodos de tortura através da América Latina. Em 2007, o governo brasileiro publicou um livro de 500 páginas, "O direito à memória e à verdade", no qual esboça a tortura sistemática, violação e desaparecimento de aproximadamente 500 activistas de esquerda e inclui fotos de cadáveres e vítimas de tortura. Actualmente, o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva está a propor uma comissão para investigar alegações de tortura pelos militares durante a ditadura de 1964-1985. (Quando será que os Estados Unidos criam uma comissão para investigar a sua própria tortura?)
.
Num telegrama para Washington após o golpe, Gordon declarava — numa observação que dificilmente superaria as de John Foster Dulles — que sem aquele golpe poderia ter havido uma "perda total para o ocidente de todas as repúblicas sul americanas". (O golpe foi realmente o princípio de uma série de golpes anti-comunistas fascistóides que aprisionou a metade sul da América do Sul em décadas de um longo pesadelo, culminando na "Operação Condor", no qual várias ditaduras, ajudadas pela CIA, cooperaram na captura e morte de esquerdistas.)
.
Gordon posteriormente testemunhou numa audiência perante Congresso e, negando completamente qualquer conexão com o golpe no Brasil [1] , declarou que este fora "a mais decisiva vitória isolada da liberdade nos meados do século XX".
.
Ouçam uma conversação telefónica entre o presidente Johnson e o secretário assistente de Estado para Assuntos Inter-Americanos, Thomas Mann, em 3 de Abril de 1964, dois dias após o golpe: 

.

MANN: Espero que esteja tão feliz como eu acerca do Brasil.

LBJ: Estou.

MANN: Penso que é a coisa mais importante acontecida no hemisfério nos últimos três anos.

LBJ: Espero que eles nos dêem algum crédito ao invés do inferno.

(Michael Beschloss, Taking Charge: The Johnson White House Tapes, 1963-1964 (New York, 1997), p.306. Todas as outras fontes desta secção sobre Gordon podem ser encontradas em: Washington Post, 22/Dezembro/2009, obituário; The Guardian (Londres), 31/Agosto/2007; William Blum, "Killing Hope", chapter 27.)
.
Assim, da próxima vez que se encontrar com um rapaz maravilha de Harvard, tente manter a sua adulação não importa que posto o homem tenha, mesmo — oh, apenas escolhendo uma posição aleatoriamente — a presidência dos Estados Unidos. Mantenha os olhos centrados não sobre estes "liberais" ... "melhores e mais brilhantes" que vêm e vão, mas sobre a política externa dos EUA que permanece a mesma década após década. Há dúzias de Brasis e de Lincoln Gordons no passado dos EUA. No seu presente. No seu futuro. Eles são o equivalente diplomático dos sujeitos que dirigiam a Enron, a AIG e a Goldman Sachs.
.
Naturalmente, nem todos os nossos responsáveis pela política externa são como este. Alguns são piores.
.
E recorde as palavras do espião condenado Alger Hiss: A prisão é "um bom correctivo para três anos de Harvard". 

,

[1] O que é uma mentira diplomática descarada.   O golpe de 1964 no Brasil foi preparado, coordenado e apoiado pela Embaixada dos EUA no Rio de Janeiro sob o comando do embaixador Lincoln Gordon.   A preparação psicológica e política para o golpe foi feita por entidades criadas pela CIA, como o IPES e o IBAD.   A coordenação foi feita pelo general da CIA Vernon Walters em conjunto com o general Castelo Branco (o primeiro presidente pós golpe).   Quanto ao apoio militar, o sr. Lincoln Gordon até mandou vir uma esquadra da U.S.Navy pronta para intervir caso houvesse resistência significativa aos golpistas.   Preparado durante mais de dois anos, o golpe consumou-se 18 dias depois de o presidente João Goulart anunciar algumas pequenas restrições à remessa de lucros das transnacionais que operavam no Brasil e de uma tímida lei da Reforma Agrária que previa a expropriação de terras (com indemnização aos proprietários) numa faixa de terra ao longo das rodovias federais.(NR)
.
[*] Autor de numerosas obras, como La CIA Una Historia Negra/ Killing Hope: Intervenciones de La CIA desde la segunda guerra mundial/ U.S. Military and CIA Interventions Since World War II e Les Guerres scélérates . BBlum6@aol.com

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/blum01072010.html


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

.

08/Jan/10

sábado, janeiro 05, 2008

General assume «Operação Condor»


***

Numa entrevista ao diário O Estado de São Paulo, o general Agnaldo Augusto admitiu a participação de forças brasileiras na «Operação Condor», que assassinou milhares de militantes comunistas e outros democratas opositores às ditaduras latino-americanas.
.
O ex-membro dos serviços de informação do Estado e operacional da secreta no Paraguai, disse ao jornal que os seus homens recebiam informações sobre indivíduos em trânsito no Brasil, procediam à sua captura e entregavam-nos para serem executados fora do país. «Isso não é crime, pois não?», perguntou Agnaldo.
.
in Avante 2008.01.03
.
ver também