N.º 1988
5.Janeiro.2012
Os «reféns» (I)
«Os reféns» era o título da prosa no Público de Correia de Campos, ex-ministro da Saúde do PS. Atirava-se à greve dos maquinistas da CP, de quem procurava demonstrar «um típico abuso de posição dominante».
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Explica que os maquinistas, «conhecendo o valor estratégico e a natureza escassa da sua profissão no mercado de trabalho, que impede a substituilidade, estão objectivamente a forçar a mão da empresa».
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Pelos vistos, para o Campos, apenas os trabalhadores passíveis de «substituidade» é que podem fazer greve. Obviamente que «substituindo» os trabalhadores em greve, a greve fracassa.
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Este discurso de original anti-sindicalismo podia ser inteiramente aplicado às greves dos pilotos de aviação, mas Correia de Campos não toca nesses, a sua vergasta vai para os maquinistas da CP. Deve ser por estarem mais perto «da ferrugem» e dos operários –
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Acontece que, do mais humilde camionista (que são aos milhões, por esse mundo) aos sofisticados aviadores, a luta sindical assenta invariavelmente no mesmo pressuposto: assumir, o mais possível, a tal «posição dominante» para forçar o patrão (seja ele público ou privado) a ouvir e a negociar as suas reivindicações. E para essa «posição dominante» (que é o estado normal do patronato, que temsempre na mão a «posição dominante») os trabalhadores em luta devem usar todos os meios de que disponham. É isto que a democracia consagra.
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Campos sabe isto – o coração é que lhe «bate» no lado direito..
Os «reféns» (II)
Mas Correia de Campos faz mais – argumenta a favor do patronato. Diz ele que «não é difícil concluir que a empresa não poderá ter outra posição. Se cedesse, abdicaria de um dos mais preciosos poderes funcionais, o poder disciplinar, estaria doravante na mão dos sindicatos».
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O que Correia de Campos não diz é que as largas dezenas de maquinistas (e não «alguns maquinistas», como escreve) a quem os camaradas em greve exigem que lhes sejam levantados os processos disciplinares, foram assim castigados pela administração da empresa a pretexto do «não cumprimento dos serviços mínimos» sem qualquer motivo de facto (os ditos serviços mínimos estipulados foram cumpridos escrupulosamente), de uma maneira absolutamente ilegal e concretizando um abuso de poder (aqui, sim, em evidente «abuso de posição dominante») que, a deixar-se passar em branco, deixaria os trabalhadores e os seus sindicatos totalmente à mercê do patronato.
Os «reféns» (III)
O que Campos diz é isto mesmo... mas na posição do patronato, de quem afirma que «se cedesse», «estaria doravante na mão dos sindicatos».
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Como se vê, este homem, de um partido que se diz «socialista», pensa como já agiu, como ministro da Saúde: com uma visão de direita, demagógica e burlona, ao serviço dos interesses do grande capital.
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Explica que os maquinistas, «conhecendo o valor estratégico e a natureza escassa da sua profissão no mercado de trabalho, que impede a substituilidade, estão objectivamente a forçar a mão da empresa».
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Pelos vistos, para o Campos, apenas os trabalhadores passíveis de «substituidade» é que podem fazer greve. Obviamente que «substituindo» os trabalhadores em greve, a greve fracassa.
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Este discurso de original anti-sindicalismo podia ser inteiramente aplicado às greves dos pilotos de aviação, mas Correia de Campos não toca nesses, a sua vergasta vai para os maquinistas da CP. Deve ser por estarem mais perto «da ferrugem» e dos operários –
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Acontece que, do mais humilde camionista (que são aos milhões, por esse mundo) aos sofisticados aviadores, a luta sindical assenta invariavelmente no mesmo pressuposto: assumir, o mais possível, a tal «posição dominante» para forçar o patrão (seja ele público ou privado) a ouvir e a negociar as suas reivindicações. E para essa «posição dominante» (que é o estado normal do patronato, que temsempre na mão a «posição dominante») os trabalhadores em luta devem usar todos os meios de que disponham. É isto que a democracia consagra.
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Campos sabe isto – o coração é que lhe «bate» no lado direito..
Os «reféns» (II)
Mas Correia de Campos faz mais – argumenta a favor do patronato. Diz ele que «não é difícil concluir que a empresa não poderá ter outra posição. Se cedesse, abdicaria de um dos mais preciosos poderes funcionais, o poder disciplinar, estaria doravante na mão dos sindicatos».
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O que Correia de Campos não diz é que as largas dezenas de maquinistas (e não «alguns maquinistas», como escreve) a quem os camaradas em greve exigem que lhes sejam levantados os processos disciplinares, foram assim castigados pela administração da empresa a pretexto do «não cumprimento dos serviços mínimos» sem qualquer motivo de facto (os ditos serviços mínimos estipulados foram cumpridos escrupulosamente), de uma maneira absolutamente ilegal e concretizando um abuso de poder (aqui, sim, em evidente «abuso de posição dominante») que, a deixar-se passar em branco, deixaria os trabalhadores e os seus sindicatos totalmente à mercê do patronato.
Os «reféns» (III)
O que Campos diz é isto mesmo... mas na posição do patronato, de quem afirma que «se cedesse», «estaria doravante na mão dos sindicatos».
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Como se vê, este homem, de um partido que se diz «socialista», pensa como já agiu, como ministro da Saúde: com uma visão de direita, demagógica e burlona, ao serviço dos interesses do grande capital.
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