Que violências, atrocidades, ditaduras, invasões, guerras, bombas (duas delas atómicas), torturas, genocídios, discriminações, roubos ou escravidões foram cometidos, lançados, executados ou institucionalizados em nome da fé ou do livre-arbítrio?
O paradoxo começa logo no Génesis da Bíblia: Adão e Eva, no paraíso, são livres mas estão proibidos, por Deus, de comer uma simples maçã... Que liberdade tão limitada, que divindade tão picuinhas!...
O inferno que herdámos desde a criação deu-nos, em nome dos deuses ou da liberdade, o império da casta dos cidadãos de Roma para impor, sem restrições, ao resto do mundo, a escravidão e a pata esmagadora da sua pax;
deu-nos inúmeras guerras para os povos escolherem, independentes mas cegos de fanatismo, um "único", "verdadeiro", "indiscutível" e "omnipotente" Deus;
deu-nos as descobertas, o colonialismo, o massacre e o esclavagismo de milhões e milhões de negros e de índios para certos brancos, sem peias, enriquecerem com o comércio, as minas e a ordem imposta pela expansão da fé;
deu-nos revoluções de gente faminta, afogada em banhos de sangue abençoado, aos domingos na missa, para absolver a liberdade do industrial triturar operários, lentamente, numa máquina de expelir fuligem em compasso quaternário;
deu-nos duas guerras mundiais e 85 milhões de pessoas que, em nome de Deus, se suicidaram na defesa da liberdade de 50 Estados que os enviaram patrioticamente para a frente de combate;
deu-nos a liberdade sem fronteiras da troca instantânea de mercadorias e bens que, graças a Deus, oferece a 62 pessoas metade de toda a riqueza do mundo e a uma em cada nove menos do que o suficiente para comer.
A minha visão simplória e ignorante da história é lastro mais do que suficiente para ter medo das multidões enfurecidas que gritam em nome da liberdade e de Deus: quase sempre o que pretendem é oprimir alguém e manipulam a seu favor o amor genuíno, puro, que cada um de nós sente pela dignidade da independência individual ou pela esperança eterna da religião em que acredita.
Vejo nesta freguesia a que chamamos Portugal alguns cidadãos reclamarem um subsídio do Estado para os pais serem livres de mandar os filhos para as escolas que eles dirigem. Dizem até que o corte desse subsídio é um ataque à Igreja, que patrocina várias dessas escolas...
Penso neste assunto. Não me metem medo, fazem-me rir! Então estes liberais de pacotilha, afinal, querem nacionalizar e coletivizar a liberdade e a fé privadas?!...
http://www.dn.pt/sociedade/interior/universidade-vende-palacio-classificado-para-sede---dos-ismaelitas-5166081.html
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