Quando SSS (Sua Santidade Sócrates) apareceu terça-feira na sua residência oficial a congratular-se com o fim da investigação ao caso Freeport, afirmou – e cito – que assim se demonstrava não haver "razão para acusar quem quer que fosse de financiamento ilegal a partidos, corrupção ou tráfico de influência".
- 0h30 - 2010 07 30 Correio da Manhã
Depois  virou as costas e foi-se embora, porque não há nada como uma boa  proclamação de inocência sem direito a perguntas – actividade que o  primeiro-ministro muito aprecia, seja em declarações à imprensa, seja em  entrevistas à RTP.
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Infelizmente, SSS mais uma vez  confunde – outra das suas actividades favoritas – o não haver "razão  para" com o não haver "provas de". Isto já para não falar da diferença  entre responsabilidade política e responsabilidade criminal, uma  subtileza demasiado subtil para a sua cabecinha. O caso Freeport fede,  fedeu e continuará a feder por todos os lados, e lá por a polícia e o  Ministério Público não terem sido capazes de descobrir os responsáveis  pelo mau cheiro, não significa que ele não exista. Aparentemente há  provas de que Manuel Pedro e Charles Smith pediram muito dinheiro ao  Freeport e que o Freeport lhes entregou esse dinheiro – e o elo  quebra-se aí. Mas tenho cá para mim que os dois senhores não hão-de ter  agarrado nas notas para fazer barquinhos e lançar ao Tejo. Desconfio de  que as entregaram a alguém – até porque o Freeport acabou  miraculosamente aprovado nas vésperas de o PS sair do governo.
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Ora,  a esta pergunta José Sócrates nunca respondeu: porque é que o  empreendimento foi aprovado nas vésperas de o PS sair do governo? O  nosso SSS fez declarações, deu um par de entrevistas, mas esta  singelíssima questão continua envolta no mais profundo mistério. E –  aposto – assim continuará, até porque a linha que separa a verdade da  mentira há muito se eclipsou da sua confusa memória.
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- Comentário feito por:Pedro Rosinha
- 17h01
- Comentário feito por:helena r.
- 12h56
- Comentário feito por:Eunice
- 12h10
- Comentário feito por:Francisco Luiz
- 11h50
Nota 20 para este Texto e mais 20 pela originalidade. Se alguém for acusado, seja do que for, não basta que o próprio e os amigos da justiça dizerem que é inocente. Sem retórica.
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- Comentário feito por:joão américo oliveira ramos
- 18h00
Se a Polícia investigou e o Ministério Público não encontrou provas para indiciar os acusados, não há como continuar a novela. É necessário que se respeite os poderes constituídos.