Avaliação contínua
O País dos anjos
O caso Freeport vai ficar para a História como um exemplo do descrédito em que caiu a Justiça em Portugal. 
- 0h30
Querem  fazer-nos crer que nada se passou e tudo se resume, afinal, a crimes de  tentativa de extorsão e fraude fiscal por parte de dois dos  intervenientes no processo. A sensação é a de que ficou quase tudo por  apurar e que à volta do primeiro--ministro se ergueu uma teia protectora  que o impermeabiliza a tudo. 
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Por que razão o  cidadão José Sócrates não foi ouvido pelo MP e as suas contas objecto de  perícias financeiras, como proposto pela PJ de Setúbal? Que  circunstâncias ponderosas impediram os magistrados de confrontar  Sócrates com as 27 perguntas que constam do documento final como sendo  importante fazer-lhe? Ninguém percebe. Defendem-se os magistrados com um  despacho do vice-procurador (por sinal, um que até já deveria ter  terminado funções por limite de idade mas que se mantém mercê de um  decreto-lei repleto de oportunidade) a impor o dia 25 de Julho como  data-limite para a conclusão do processo. 
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Não é  aceitável nem admissível tanto atraso, demora, inoperância e inabilidade  para seguir o rasto do dinheiro. Tudo é estranho neste dossier e soa a  gigantesca protecção a um político, mesmo que, porventura, assim não  seja. A verdade é que, se alguém queria pôr fim às suspeitas sobre  Sócrates, acabou, tacanhamente, por deixá-lo ficar para sempre  acompanhado por elas, como se fossem lapas.
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Quando  não há transparência é o que acontece. Ainda bem que o procurador João  Palma, do Sindicato, voltou, desassombradamente, a lembrar que sempre  manifestou reservas sobre a gestão e coordenação do DCIAP e não se  coibiu de classificar o actual momento como "o de maior crise de sempre"  para o Ministério Público. Lá se vai a tese dos que querem vender-nos a  ideia de Portugal como o P aís dos anjos... 
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NADA POR ACASO
Como  não acredito muito em coincidências, registo, com um sorriso, o sentido  de oportunidade da ERC, ao divulgar a sua análise sobre o que se passou  com a morte do ‘Jornal Nacional de Sexta’, da TVI. Claro que o Governo  nada teve a ver com o assunto nem pressionou para tal. Que aleivosia!
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Foram  só mesmo os administradores da empresa que decidiram acabar com o  noticiário, à revelia do director de Informação. Vá lá, reconhece a  servil, obediente e sempre às ordens ERC, tal atitude deveu-se "ao peso e  impacto das reacções públicas de crítica" de dirigentes do PS,  nomeadamente do primeiro-ministro, com o objectivo de "normalizar as  relações com o Governo". Ao menos, um facto se conseguiu apurar: o  imaculado dirigente da PRISA e insigne defensor da liberdade do  jornalismo Juan Luis Cebrián foi apanhado em flagrante nas actas do  Conselho de Administração da Media Capital a exigir que a postura  editorial da TVI fosse resolvida, fixando mesmo um prazo para tal. Tudo  claro como água, mesmo que não fique preto-no-branco na resolução da  Entidade Reguladora...
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SOLTAS
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A BEM DO PAÍS
São  aos milhares as escolas que este Governo já fechou ou se propõe ainda  encerrar. É a ‘batalha da Educação’ ao seu melhor nível, forçando a  desertificação de zonas do País, e emoldurada pelo sorriso plástico da  ministra. De tanto centralizar e inchar, o ministério ainda acaba por  explodir. A bem do País.
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NÃO CHEGÁMOS À COREIA
Se  a Federação não quer continuar com Carlos Queiroz, rescinda o contrato e  indemnize-o. É assim que age gente de bem. Não é sério nem digno  denegrir a imagem do seleccionador que, por vontade própria, contratou.  Soa a estratégia para não pagar... ou pagar menos. Ainda não chegámos à  Coreia...
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ANTÓNIO FEIO
Desapareceu  um grande actor e excelente encenador. Tive oportunidade de trabalhar  com ele em algumas ocasiões, ainda que poucas. Falar do seu talento,  criatividade e capacidade de luta é ser redundante e pouco original.  Fica apenas a nota de que é daqueles de quem todos teremos saudades.
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NOTAS (Escala de 0 a 20)
15 - DOMINGOS PACIÊNCIA
Brilhante  o resultado do Braga frente ao Celtic. Passo de gigante no esforço de  qualificação para a Champions. Trabalho, mérito, ambição e persistência  são as armas para o sucesso.
14 - DAVID CAMERON
Corajoso  o seu posicionamento desalinhado em relação a Was-hington, ao sugerir  que o Paquistão "promove a exportação do terrorismo". A previsível  tempestade diplomática não o inibiu. 
8 - AZEREDO LOPES
A  ERC já não desilude apenas porque há muito deixou de merecer  credibilidade. A decisão sobre o Jornal Nacional de Sexta é um mimo de  malabarismo, hipocrisia, servilismo e inutilidade. 
6 - PINTO MONTEIRO
Não  há volta a dar. Começa a ter lugar cativo na coluna dos negativos. O  caso Freeport reforça a inoperância, a confusão, a desconfiança e a  crise que se instalaram no Ministério Público.
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