Economia
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou nesta quinta (12) um relatório preocupante acerca do avanço do desemprego entre os jovens no mundo. A taxa de desocupados na faixa etária compreendida entre 15 a 24 aos subiu 7% desde o início da crise global, em dezembro de 2007, atingindo 21% nos países com dados disponíveis.
O número de desempregados foi estimado em 81 milhões de pessoas no final de 2009 (o mais alto da história), enquanto a população de jovens economicamente ativos soma 620 milhões, segundo a organização no documento intitulado Crise de trabalho para jovens. A juventude responde por 22% do aumento do desemprego. O estudo traz uma revelação surpreendente: 25% dos jovens empregados vivem abaixo da linha da pobreza.
"Um em cada três jovens entre 15 e 24 anos procura trabalho sem sucesso, abandonou a busca totalmente ou está empregado mas vive com menos de US$ 2 por dia", disse José María Salazar, diretor da divisão de Emprego da OIT, durante a apresentação do relatório.
Os indicadores devem ser interpretados como uma denúncia contundente da barbárie social do capitalismo, que a crise apenas acirra e realça. A falta de perspectiva para os jovens não constitui propriamente uma novidade. É o resultado lógico do desenvolvimento do capitalismo, assim como a tendência ao retrocesso social e ao aumento do desemprego.
Geração perdida
A taxa de desemprego em longo prazo entre jovens já começou a crescer em quase todos os países, principalmente na Espanha e nos Estados Unidos. O motivo é a contínua piora do mercado de trabalho.
O impacto desse cenário, de acordo com a agência, pode ser longo e devastador. Aqueles sem educação geral, vocacional e sem experiência são os mais vulneráveis. Outro problema é que muitos jovens empregados são super qualificados para as vagas. A Organização Internacional do Trabalho cita a sensação de desânimo e precariedade entre essas pessoas.
"Os jovens já não sabem onde ou como procurar emprego", constatou Steven Kapsos, economista da Unidade de Tendências de Emprego da OIT em Genebra, onde foi apresentado o relatório sobre Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2010, com o lançamento do Ano Internacional da Juventude das Nações Unidas.
Entre os jovens, são as mulheres que encontram mais dificuldades na hora de procurar emprego; em 2009, a taxa de desemprego entre elas foi de 13,2%, enquanto entre os homens foi de 12,9%, fenômeno que reflete a persistência de uma odiosa discriminação nas empresas capitalistas.
O cenário desanimador faz com que já se fale em "geração perdida", nome dado a um "grupo de jovens desanimado que, após uma longa e frustrada busca de emprego, se exclui do mundo do trabalho", explicou Sara Elder, economista da OIT.
Mais vulneráveis
O avanço do desemprego e os riscos sociais ligados a inatividade prolongada, como o recrutamento de jovens pelo narcotráfico, são consequências da crise mundial do capitalismo, que tem forte impacto nas economias desenvolvidas e em algumas emergentes.
Segundo o estudo, a juventude é mais vulnerável ao desemprego e à pobreza nas economias em desenvolvimento, onde vivem 90% dos jovens afetados. Por isso, a crise se traduz em menor quantidade de horas trabalhadas e na redução de salários para os poucos que podem manter um emprego formal.
A OIT registra aumento de 13,2%, para 1,023 bilhão de pessoas, da população juvenil entre 1995 e 2005, período no qual a disponibilidade de empregos para os jovens subiu apenas 3,8%, para 548 milhões vagas.
Por esse motivo, as chances que os jovens têm hoje de estarem desempregados são três vezes maiores que as dos adultos, já que o desemprego desses últimos era de 4,6% em 2005, contra a taxa de 13,5% referente aos menores de 25 anos.
Dessa forma, 44% de todos os desempregados no mundo têm menos de 25 anos, embora estes representem apenas 25% da população mundial, segundo a OIT.
Problema maior para os pobres
O Oriente Médio e o norte da África registram a taxa de desemprego juvenil mais elevada, de 25,7%. Logo atrás aparecem a Europa Central, o Leste Europeu e Comunidade dos Estados Independentes (CEI), com um taxa de 19,9%.
Na África Subsaariana, a taxa é de 18,1%; na América Latina e no Caribe, de 16,6%; no Sudeste Asiático e no Pacífico, de 15,8%; na Ásia Meridional, de 10%; e no Leste da Ásia, de 7,8%.
A região formada pelas economias industrializadas e pela União Européia (UE) é a única onde uma queda considerável do desemprego juvenil na última decáda foi registrada, de 17,5% para 13,1%, informou a OIT.
No entanto, a queda "se deve mais à falta de interesse dos jovens por entrar no mundo do trabalho antes dos 25 anos que à aplicação de estratégias bem-sucedidas para reduzir o desemprego juvenil", explicou Salazar.
Já a brecha entre homens e mulheres jovens em sua participação no mundo trabalhista é maior nos países em desenvolvimento, devido às "tradições culturais, à falta de oportunidades para que as mulheres possam trabalhar e realizar as tarefas domésticas e à tendência de elas serem demitidas antes dos homens".
300 milhões abaixo do nível de pobreza
"No entanto, o desemprego não é o principal problema de âmbito trabalhista que os jovens do mundo enfrentam, já que cerca de 300 milhões de trabalhadores de entre 15 e 24 anos vivem abaixo do nível de pobreza", afirmou.
Esse número representa cerca de 56,3% dos jovens empregados no mundo todo (25% de toda a população juvenil), os quais, além disso, costumam enfrentar "longas jornadas, contratos temporários ou informais, salários baixos, poucos benefícios sociais, quando estes existem, capacitação mínima e falta de voz no trabalho", acrescenta o relatório.
Outro aspecto que preocupa os responsáveis da OIT é que cada vez mais jovens não estudam nem trabalham, situação de 34% dos jovens da Europa Central e do Leste Europeu, de 27% dos da África Subsaariana, de 21% dos da América Latina e de 13% dos das economias industrializadas e EUA.
"Os jovens dos países em desenvolvimento se empregam em atividades pouco ou nada remuneradas e se tornam cada vez mais vulneráveis", destacou Elder. Em consequência, 152 milhões de jovens - quase 28% de todos os jovens trabalhadores no mundo - trabalharam em 2008, mas permaneceram na pobreza extrema, ganhando menos de US$ 1,25 por dia.
A União Europeia (UE) registrou um aumento de 4,6% no desemprego de jovens em 2009, a maior alta da história, ainda mais acentuada em países como Espanha e Reino Unido, onde a crise afetou de forma especial aos jovens. "Os jovens são o motor do desenvolvimento econômico. Não aproveitar este potencial é um desperdício econômico que pode prejudicar a estabilidade social", concluiu Kapsos.
Da redação, Umberto Martins, com agências
."Um em cada três jovens entre 15 e 24 anos procura trabalho sem sucesso, abandonou a busca totalmente ou está empregado mas vive com menos de US$ 2 por dia", disse José María Salazar, diretor da divisão de Emprego da OIT, durante a apresentação do relatório.
Os indicadores devem ser interpretados como uma denúncia contundente da barbárie social do capitalismo, que a crise apenas acirra e realça. A falta de perspectiva para os jovens não constitui propriamente uma novidade. É o resultado lógico do desenvolvimento do capitalismo, assim como a tendência ao retrocesso social e ao aumento do desemprego.
Geração perdida
A taxa de desemprego em longo prazo entre jovens já começou a crescer em quase todos os países, principalmente na Espanha e nos Estados Unidos. O motivo é a contínua piora do mercado de trabalho.
O impacto desse cenário, de acordo com a agência, pode ser longo e devastador. Aqueles sem educação geral, vocacional e sem experiência são os mais vulneráveis. Outro problema é que muitos jovens empregados são super qualificados para as vagas. A Organização Internacional do Trabalho cita a sensação de desânimo e precariedade entre essas pessoas.
"Os jovens já não sabem onde ou como procurar emprego", constatou Steven Kapsos, economista da Unidade de Tendências de Emprego da OIT em Genebra, onde foi apresentado o relatório sobre Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2010, com o lançamento do Ano Internacional da Juventude das Nações Unidas.
Entre os jovens, são as mulheres que encontram mais dificuldades na hora de procurar emprego; em 2009, a taxa de desemprego entre elas foi de 13,2%, enquanto entre os homens foi de 12,9%, fenômeno que reflete a persistência de uma odiosa discriminação nas empresas capitalistas.
O cenário desanimador faz com que já se fale em "geração perdida", nome dado a um "grupo de jovens desanimado que, após uma longa e frustrada busca de emprego, se exclui do mundo do trabalho", explicou Sara Elder, economista da OIT.
Mais vulneráveis
O avanço do desemprego e os riscos sociais ligados a inatividade prolongada, como o recrutamento de jovens pelo narcotráfico, são consequências da crise mundial do capitalismo, que tem forte impacto nas economias desenvolvidas e em algumas emergentes.
Segundo o estudo, a juventude é mais vulnerável ao desemprego e à pobreza nas economias em desenvolvimento, onde vivem 90% dos jovens afetados. Por isso, a crise se traduz em menor quantidade de horas trabalhadas e na redução de salários para os poucos que podem manter um emprego formal.
A OIT registra aumento de 13,2%, para 1,023 bilhão de pessoas, da população juvenil entre 1995 e 2005, período no qual a disponibilidade de empregos para os jovens subiu apenas 3,8%, para 548 milhões vagas.
Por esse motivo, as chances que os jovens têm hoje de estarem desempregados são três vezes maiores que as dos adultos, já que o desemprego desses últimos era de 4,6% em 2005, contra a taxa de 13,5% referente aos menores de 25 anos.
Dessa forma, 44% de todos os desempregados no mundo têm menos de 25 anos, embora estes representem apenas 25% da população mundial, segundo a OIT.
Problema maior para os pobres
O Oriente Médio e o norte da África registram a taxa de desemprego juvenil mais elevada, de 25,7%. Logo atrás aparecem a Europa Central, o Leste Europeu e Comunidade dos Estados Independentes (CEI), com um taxa de 19,9%.
Na África Subsaariana, a taxa é de 18,1%; na América Latina e no Caribe, de 16,6%; no Sudeste Asiático e no Pacífico, de 15,8%; na Ásia Meridional, de 10%; e no Leste da Ásia, de 7,8%.
A região formada pelas economias industrializadas e pela União Européia (UE) é a única onde uma queda considerável do desemprego juvenil na última decáda foi registrada, de 17,5% para 13,1%, informou a OIT.
No entanto, a queda "se deve mais à falta de interesse dos jovens por entrar no mundo do trabalho antes dos 25 anos que à aplicação de estratégias bem-sucedidas para reduzir o desemprego juvenil", explicou Salazar.
Já a brecha entre homens e mulheres jovens em sua participação no mundo trabalhista é maior nos países em desenvolvimento, devido às "tradições culturais, à falta de oportunidades para que as mulheres possam trabalhar e realizar as tarefas domésticas e à tendência de elas serem demitidas antes dos homens".
300 milhões abaixo do nível de pobreza
"No entanto, o desemprego não é o principal problema de âmbito trabalhista que os jovens do mundo enfrentam, já que cerca de 300 milhões de trabalhadores de entre 15 e 24 anos vivem abaixo do nível de pobreza", afirmou.
Esse número representa cerca de 56,3% dos jovens empregados no mundo todo (25% de toda a população juvenil), os quais, além disso, costumam enfrentar "longas jornadas, contratos temporários ou informais, salários baixos, poucos benefícios sociais, quando estes existem, capacitação mínima e falta de voz no trabalho", acrescenta o relatório.
Outro aspecto que preocupa os responsáveis da OIT é que cada vez mais jovens não estudam nem trabalham, situação de 34% dos jovens da Europa Central e do Leste Europeu, de 27% dos da África Subsaariana, de 21% dos da América Latina e de 13% dos das economias industrializadas e EUA.
"Os jovens dos países em desenvolvimento se empregam em atividades pouco ou nada remuneradas e se tornam cada vez mais vulneráveis", destacou Elder. Em consequência, 152 milhões de jovens - quase 28% de todos os jovens trabalhadores no mundo - trabalharam em 2008, mas permaneceram na pobreza extrema, ganhando menos de US$ 1,25 por dia.
A União Europeia (UE) registrou um aumento de 4,6% no desemprego de jovens em 2009, a maior alta da história, ainda mais acentuada em países como Espanha e Reino Unido, onde a crise afetou de forma especial aos jovens. "Os jovens são o motor do desenvolvimento econômico. Não aproveitar este potencial é um desperdício econômico que pode prejudicar a estabilidade social", concluiu Kapsos.
Da redação, Umberto Martins, com agências
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COLAPSO DA CRIAÇÃO DE VALOR
13/08/2010 11h38A análise que Marx faz no O Capital responde a questão do desemprego de forma impressionante: não tem solução capitalista. E isto por uma observação que deveria ser óbvia, se não fosse as ilusões fetichistas decorrentes do processo de produção. É que o avanço tecnológico produz inarredavelmente mais capital invertido em meios de produção, como a maquinaria (trabalho morto) do que capital invertido em força de trabalho (trabalho vivo). O próprio socialismo não poderá subverter essa equação, mas ajustar o processo produtivo em direção ao comunismo,mediante uma transição com o Estado no seu núcleo, pois a causa do desemprego é, no fundo, o colapso da criação de valor de troca. Modestamente, penso que essa transição deve ter em mira a clareza de que o avanço tecnológico impede a sobrevida de qualquer produção mercantil. É possível, portanto, vislumbrar que a própria transição ao comunismo, no futuro, será cada vez mais acelerada, pois o trabalho criador de valor está condenadoadir claudio camposuberlândia - MG -
A Morte do Neocapitalismo
13/08/2010 11h22 Sempre digo que não é preciso um ser estar morto fisicamente para considerá-lo como tal. Por vezes a morte é em vida. O Sistema Capitalista já morreu, esqueceram de enterrar e já surgiu o Neocapitalismo que ratifica, pelo seu surgimento e existência da falência do primeiro. Fazendo uma analogia, é como se alguém que não entende de relógios resolvesse desmontar um e montá-lo novamente. O que está ocorrendo é o prenuncio de fatos piores devido ao esgotamento das possibilidades de cooperação e colaboração entre a humanidade. Desta forma, só nos resta sonhar com um "novo mundo" e com uma "nova humanidade".
Robson Vasconcellos de OliveiraColatina - ES -
Acelerar ou retardar o ingresso do jovem no mundo do trabalho???
12/08/2010 22h17 Esta matéria nos trás dados alarmantes, e que neste momento das eleições devem ser refletidos com maior atenção ainda. Pois podemos criar propostas a candidatos realmente coprometidos com o futuro de nosso país e de toda população. E porque não??? Começarmos a discutir a criação de programas que incentivem a qualificação e o ensino dos jovens, para que possam adentrar mais tarde no mercado de terabalho. Mas com condições de adentrar ao mundo do trabalho com chances de disputar de igual pra igual com quem chega nas universidades e ocupam os melhores cargos e os mais rentaveis, por terem tido chance de s qualificar mais e melhor. Gerar empregos é muito importante, mas despertar o jovem para o mundo do conhecimento, das artes, dos esportes é fundamental. Dispertar o senso critico nas escolas e nas universidades e não apenas propiciar um exécito de reserva para que o capitalismo e suas engrenagens triturem o nosso futuro. Nossa juventude! Viva a vida!! Viva nossa juventude!!
Marcisio Mendes de MouraOsasco - SP Acelerar ou retardar o ingresso do jovem no mundo do trabalho???
12/08/2010 22h16Esta matéria nos trás dados alarmantes, e que neste momento das eleições devem ser refletidos com maior atenção ainda. Pois podemos criar propostas a candidatos realmente coprometidos com o futuro de nosso país e de toda população. E porque não??? Começarmos a discutir a criação de programas que incentivem a qualificação e o ensino dos jovens, para que possam adentrar mais tarde no mercado de terabalho. Mas com condições de adentrar ao mundo do trabalho com chances de disputar de igual pra igual com quem chega nas universidades e ocupam os melhores cargos e os mais rentaveis, por terem tido chance de s qualificar mais e melhor. Gerar empregos é muito importante, mas despertar o jovem para o mundo do conhecimento, das artes, dos esportes é fundamental. Dispertar o senso critico nas escolas e nas universidades e não apenas propiciar um exécito de reserva para que o capitalismo e suas engrenagens triturem o nosso futuro. Nossa juventude! Viva a vida!! Viva nossa juventude!!Marcisio Mendes de MouraOsasco - SP..
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