A Internacional

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terça-feira, dezembro 21, 2010

Socorro Gomes: Políticas imperialistas prejudicam jovens do mundo

Movimentos

Vermelho - 19 de Dezembro de 2010 - 18h43

Os jovens do mundo são vítimas das políticas imperialistas dos Estados Unidos e das potências europeias, declarou neste domingo (19) a presidente do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, condenando severamente o sistema que ameaça a paz mundial e a sobrevivência da humanidade.

Festival da Juventude na Africa do Sul Jovens de todo o mundo se reúnem na África do Sul
Socorro participa em Pretória, África do Sul, do 17º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, promovido pela Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), à frente da delegação do CMP.

“Há fome, desemprego, saque dos recursos naturais e intervenções bélicas em muitos países”, disse a dirigente brasileira. O evento, que terminará na próxima terça-feira (21) reúne desde 13 de dezembro 15 mil delegados de mais de 140 países, sob o lema “Por um Mundo de Paz, Solidariedade e Transformações Sociais, Derrotemos o Imperialismo”.

Entrevistada pela agência Prensa Latina e outros órgãos da imprensa cubana, Socorro Gomes ressaltou que o imperialismo representa uma ameaçao a todas as pessoas, sem distinção de idade, sexo ou raça.

“Basta dizer", agregou, "que os Estados Unidos têm mais de 800 bases militares no mundo, suas forças da marinha de guerra navegam em todos os mares e oceanos e são amplos e numerosos também seus meios aéreos de agressão.”

A dirigente do CMP denunciou que o imperialismo norte-americano domina o terreno, as águas e o espaço aéreo. Ela enfatizou os crimes cometidos pelos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão e o apoio da Casa Branca a Israel contra o povo palestino.

Diante de tal situação, a dirigente brasileira do movimento pela paz disse que a juventude tem plena razão de se indignar e constata com satisfação que a juventude está consciente. Por isso, diz, “este encontro universal é muito importante para ampliar os espaços de luta pela paz mundial”.

A presidente CMP defendeu ainda a destruição das máquinas de guerra do imperialismo e pregou a extinção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), braço armado do imperialismo estadunidense e das potências imperialistas europeias.

Socorro Gomes destacou que é necessário lutar por um outro sistema, de paz, justiça e soberania, pois sem elas não é possível assegurar a felicidade da humanidade.

Acompanhe os principais trechos da intervenção de Socorro Gomes, presidente do CMP,  no Tribunal Anti-imperialista do 17º Festival Mundial da Juventuide e dos estudantes da FMJD

Libelo acusatório

Em todo o mundo erguem-se vozes de protesto contra a política belicista do imperialismo norte-americano e eleva-se o clamor pela paz e a soberania dos povos. A primeira década do século 21 foi marcada por brutais agressões aos povos.

Por outro lado, cresceu a luta anti-imperialista. Tribunais como este foram realizados em Portugal, França, Turquia, Venezuela, Brasil, Espanha,Bélgica, Dinamarca, Itália, Japão, Reino Unido, Índia, Estados Unidos, Coreia do Sul, Suecia, Tunísia e Alemanha,entre ouros países. Em todos, os imperialistas estadunidenses foram condenados moralmente por crimes de guerra, por violações dos direitos humanos, por atentados à liberdade, à democracia, à soberania nacional, aos direitos dos povos, à segurança internacional.

Desde a África do Sul, nos marcos do 17º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes também acusamos e condenamos esse imperialismo por crimes contra a humanidade.

Em nome dos que constituem o amplo movimento pela paz organizados no âmbito do Conselho Mundial da Paz, acusamos o imperialismo norte-americano e propomos a sua condenação:

Primeiro - Por ter sido o primeiro e único país a explodir a bomba atômica contra populações indefesas, em agosto de 1945. Do ato bárbaro resultou a morte, em Hiroxima, de 140 mil pessoas, e, em Nagasaqui, de 80 mil. O número de mortos cresce consideravelmente quando se contabilizam as mortes e mutilações congênitas posteriores, devidas à exposição à radiação. Até a atualidade, nenhum episódio ocorreu que fosse comparável a tanto terror.

Segundo – Pela guerra de agressão e genocídio no Vietnã, entre as décadas de 1960 e 1970. Os EUA despejaram sobre o Vietnã milhões de toneladas de napalm e chegaram a manter na região 550 mil soldados. Na guerra, aproximadamente três a quatro milhões de vietnamitas, laosianos e cambojanos morreram.. Ao longo de dez anos, entre 1961 e 1971, o exército dos EUA despejou cerca de 80 milhões de litros de herbicidas sobre as selvas e plantações do Vietnã. Entre eles, o mais utilizado devido à sua terrível eficácia foi o conhecido como "agente laranja". Ao todo, 24 mil quilômetros quadrados foram borrifados com o veneno, o que deixou uma cicatriz que ainda pode ser vista nos corpos de muitos vietnamitas, três gerações depois. Milhares de crianças nasceram com problemas de pais que não foram expostos ao herbicida durante a guerra, mas que podem ter consumido alimentos contaminados.

Terceiro - Pelas inúmeras intervenções militares, golpes de Estado, massacre de populações, magnicídios praticados ao redor do mundo ao longo de todo o século 20, sobretudo na América Latina, desde a ocupação de Cuba e Porto Rico, em 1898, até os nossos dias.

Quarto – Pela destruição da Iugoslávia e o massacre de suas populações, sobretudo nas guerras da Bósnia e do Kossovo, na década de 1990. Esta acusação e a condenação por este crime se estende às potências europeias que se acumpliciaram com os Estados Unidos e agrediram o país do sudeste europeu com as tropas da Otan. Em 1995 a Otan bombardeou os arredores de Saraievo e em 1999 atacou a Sérvia, na guerra do Kossovo.

Durante 78 dias a Otan realizou bombardeios sobre o solo sérvio, assassinando mais de 3 mil e 500 civis e ferindo mais de 10 mil. Usou armas de altíssima letalidade como as bombas de fragmentação e projéteis com urânio empobrecido, cujos efeitos, mais de dez anos depois, ainda se fazem sentir e se farão sentir por muito tempo.Tais crimes não podem ficar impunes!

Quinto – Acusamos o imperialismo norte-americano pelo crime de genocídio contra o Afeganistão e o Iraque, este último em duas guerras e, no intervalo entre uma e outra o bloqueio.

Em 17 de janeiro de 1991 começou a intervenção militar no Iraque por uma coalizão de países mobilizada pelos Estados Unidos. A guerra propriamente dita durou 42 dias, terminando em 28 de fevereiro, com o estabelecimento do cessar-fogo. Mas, a guerra de 1991 contra o Iraque nunca terminou. Os Estados Unidos acordaram um cessar-fogo em 28 de fevereiro de 1991, acordo que não significou o advento da paz. A guerra foi transformada num longo bloqueio, com bombardeios intermitentes durante 11 anos. As forças militares dos Estados Unidos impuseram o mais duro bloqueio econômico contra um país na história humana. O sítio ao Iraque acarretou a morte de milhões de civis inocentes – principalmente crianças e idosos. Foi a partir da primeira guerra contra o Iraque que o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, pai, proclamou a fundação da chamada nova ordem mundial.

Em 20 de março de 2003, através de bombardeios fulminantes e da invasão de 180 mil soldados, os Estados Unidos iniciaram a segunda guerra contra o Iraque. Ao longo desses quase oito anos o país árabe foi ocupado e devastado.

Dois anos antes, no dia 7 de outubro de 2001, sob o pretexto de caçar o suposto mandante dos atentados contra as torres gêmeas em Nova Iorque, os Estados Unidos iniciaram a guerra de ocupação no Afeganistão, que se estende até hoje. Quase uma década!

A invasão e a ocupação do Iraque e do Afeganistão foram e são ilegais. As razões invocadas pelo governo dos EUA são comprovadamente falsas. Um grande número de provas leva à conclusão de que o principal motivo para a guerra foi obter controle e domínio sobre o Oriente Médio e a Ásia Central e suas vastas reservas de petróleo e gás, como parte do esforço organizado dos EUA para exercer o domínio do mundo.

Os Estados Unidos e seus aliados devem ser condenados por terem planejado, preparado e executado o crime supremo de uma guerra de agressão, violando a Carta das Nações Unidas.

São culpados também pelo uso de bombas de fragmentação, bombas incendiárias, urânio empobrecido e armas químicas.

As tropas de ocupação praticaram torturas contra prisioneiros nos cárceres de Abu Ghraib, Mossul, Camp Bucca e Baçorá.

São culpados também por terem permitido o saque de museus e sítios arqueológicos, contribuindo para a destruição de importante patrimônio cultural da humanidade.

Os Estados Unidos e seus aliados cometeram nas guerras do Iraque e do Afeganistão crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Violaram o direito internacional, destacadamente os seguintes documentos:


- Convenção de Haia IV, respeitante às Leis e Costumes de Guerra em Terra (1907)
- Protocolo para a Proibição do uso em Guerra de Gás Asfixiante, Venenoso ou outros, e de Métodos Bacteriológicos (1925)
- Tratado Geral ('Pacto de Paris') para a Renúncia à Guerra como Instrumento de Política Nacional (1928)
- Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
- Convenções de Genebra (I-IV) sobre Direito Internacional Humanitário (1949)
- Princípios de Nuremberg reconhecidos na Carta do Tribunal e no Julgamento de Nuremberg (1950)
- Convenção Europeia sobre Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais (1950)
- Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (1948)
- Convenção sobre Direitos Políticos das Mulheres (1953)
- Código de Conduta para as Forças Armadas dos EUA (1963)
- Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial (1965)
- Convênio Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966)
- Convênio Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966)
- Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969)
- Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Armazenamento de Armas Biológicas e Tóxicas (1972)
- Declaração Universal dos Direitos dos Povos (1976)
- Princípios de Cooperação na Detecção, Prisão, Extradição e Punição de Culpados de Crimes de Guerra ou Crimes contra a Humanidade (1973)
- Protocolo Adicional (I-II) às Convenções de Genebra de 1949 (1977)
- Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979)
- Carta Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos (1981)
- Convenção contra a Tortura e outro Tratamento ou Punição Cruel, Desumano ou Degradante (1984)
- Convenção Internacional contra o Recrutamento, Uso, Financiamento e Treino de Mercenários (1989)
- Convenção sobre os Direitos da Criança (1989)
- Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenamento e Uso de Armas Químicas (1992)
- Declaração para a Proteção de Vítimas de Guerra (1993)
- Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (1998)

Sexto – Acusamos, inculpamos e condenamos o imperialismo norte-americano pelo criminoso bloqueio a Cuba, ao longo de cinco décadas, que provoca prejuízos econômicos ao país,que é obrigado a enfrentar com enormes sacrifícios a tarefa de assegurar o bem-estar de seu povo. Igualmente o condenamos por manter encarcerados há mais de 10 anos os cinco patriotas que abnegadamente lutaram contra o terrorismo e se empenharam na defesa do seu país contra os grupos subversivos que atuam no território dos Estados Unidos.

Sétimo - Condenamos o imperialismo estadunidense também por ser partícipe direto do genocídio do povo palestino e violação dos direitos dos demais povos árabes, pelo invariável apoio econômico e militar que brinda aos sionistas israelenses. Os Estados Unidos e Israel são cúmplices nos massacres que foram perpetrados contra o povo palestino durante mais de seis décadas.

Igualmente, o imperialismo norte-americano merece ser condenado por tumultuar a vida internacional e comprometer a segurança dos povos e nações, ao fazer ameaças de agressão contra a Coréia do Norte e o Irã.

Oitavo – O imperialismo e os seus aliados são culpados de ameaçar a paz mundial por erguer e alimentar uma colossal máquina de guerra, com a Otan, as armas nucleares, as frotas marítimas de guerra, as mais de 800 bases militares e os colossais gastos voltados para a devastação.


Nono- Condenamos o imperialismo estadunidense por seu afã de saquear as riquezas dos povos e nações e sua ambição de dominar o mundo. A prova disso é que o fazem, apesar dos falsos pretextos que alegam, com base em teorias e doutrinas elaboradas no Pentágono, no Departamento de Estado e na Casa Branca.O ponto de partida fundamental dessas doutrinas é o conceito da primazia dos interesses do imperialismo norte-americano. Não se trata dos interesses do povo estadunidense, mas dos interesses dos monopólios capitalistas que se desdobram em interesses políticos e militares, além dos econômicos. Orientadas para o saque das riquezas dos povos e para a conquista do domínio do mundo, essas doutrinas têm como fulcro assegurar a primazia militar do imperialismo norte-americano, através da construção de um superpoder bélico, que inclui a garantia de sua superioridade no terreno convencional e no nuclear.

 
Com informações da agência Prensa Latina e do Cebrapaz, direto de Pretória, África do Sul
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