Um pouco de rigor, s.f.f.
Repetindo uma trafulhice interpretativa de todo o tamanho cometida por Marcelo Rebelo de Sousa na TVI no domingo, o Público de hoje arranca assim uma página inteira dedicada à questão «o PCP e a moção de censura» (sublinhado meu): «Jerónimo de Sousa deu o passo que faltava para colocar na agenda política o cenário do derrube do governo de José Sócrates, admitindo pela primeira vez o apoio do PCP a uma moção de censura aprovada pela direita». Ora, para já não falar que, ontem à noite na SIC Notícias, Bernardino Soares foi de uma clareza cristalina a colocar as coisas nos seus devidos termos, a verdade é que o próprio Público faz hoje diversas citações da entrevista de Jerónimo de Sousa e nenhuma autoriza as linhas iniciais que as jornalistas do «Público» escreveram. E quem tiver dúvidas pode ouvir aqui na integra a entrevista em questão.
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E face a comentários do PS e do BE às declarações de Jerónimo de Sousa, em estilos diferentes mas convergindo substantivamente na ideia de que o PCP se estaria a candidatar a «muleta da direita», talvez seja bom que se entenda, primeiro que, em política, há matérias, em que é perfeitamente justificado e necessário que um político se fique pelo que disse e sublinhe que mais não disse, não tendo obrigação de comentar cenários alheios que lhe coloquem; e segundo que, no caso de um partido como o PCP, o instrumento parlamentar moção de censura não é separável dos seus fundamentos políticos e da mudança de políticas por que se luta.
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Dito isto, não posso deixar de achar verdadeiramente espantoso que o líder parlamentar do Bloco de Esquerda declare hoje ao Público que «derrubar este governo para introduzir a revisão constitucional do PSD não é aceitável». Julgava eu que a aprovação de uma revisão constitucional exigia 2/3 de votos, que não há qualquer revisão constitucional se o PS a não quiser e que, portanto, está nas mãos do PS afastar os pesadelos e medos que, pelos vistos, sobressaltam as noites de José Manuel Pureza.
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