01/02/11
Um nojo é a expressão certa
O dr. Lacão falando certamente (*)
em nome do engenheiro eleitoral
Vem no Público online que o ministro Jorge Lacão, falando certamente com o acordo de Sócrates, sustentou hoje que « a redução do número de deputados de 230 para 180 não deve ser mais adiada e que o exemplo de austeridade deve partir do Estado».
Face a isto, só venho aqui lembrar de passagem que, quando o número de deputados passou de 250 para 230, o PCP foi o partido que teve uma redução percentual de deputados muito superior aos outros e com o método de Hondt (que é uma forma de redução da proporcionalidade e não a sua garantia) ainda inscrito na Constituição, não há reduções de deputados sem essa desigual repartição de efeitos.
E poderia também lembrar que outro efeito dessa redução é reduzir o número de deputados desses partidos a um valor muito abaixo daquele número que permite assegurar com um mínimo de dignidade e eficácia as principais responsabilidades parlamentares, ficando no fundo a actividade parlamentar totalmente dominada pelo PS e pelo PSD.
E também poderia sobretudo dizer que estas declarações de Lacão e projectos do governo são um óbvio sinal de um indisfarçável desespero de um governo que aposta na carta do «populismo» e da «cultura» antiparlamentar e antipoliticos na esperança de que muitos cidadãos se esqueçam do mal que está fazendo às suas vidas e ao país.
Quanto ao mais, não tenho tempo para isso mas espero que em alguma redacção alguém se lembre durante quantos anos e anos e com quantas centenas de declarações o PS (e o próprio Jorge Lacão) rejeitaram indignadamente a proposta do PSD de reduzir o número de deputados para 180.
Entretanto, há de facto em Portugal um problema com o número de deputados mas é outro: é que há partidos com deputados a mais para o pouco que fazem e há partidos com deputados a menos para o muito que fazem. Mas esse é um problema que só os eleitores podem resolver.
(*) A imprensa desta manhã salienta que estas declarações de Jorge Lacão foram feitas «a título pessoal» e dá conta de reacções de hostilidade da bancada parlamentar do PS. Apesar disso não vejo nenhum motivo para ir, um pouco à sorrelfa alterar o título do «post» e o seu teor. Na verdade, Lacão na entrevista não esclareceu esse aspecto e não seria suposto que um ministro, ainda por cima dos Assuntos Parlamentares, viesse emitir opiniões pessoais sobre uma matéria deste melindre e gravidade. E, além do mais, na política também há uma coisa chamada «atirar o barro à parede».
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