19 DE MARÇO DE 2009 - 14h46
Greve geral paralisa França em defesa de emprego e renda
Trabalhadores dos setores público e privado fazem segunda greve geral em menos de dois meses, em defesa do emprego e do poder de compra da população. Pesquisas indicam apoio massivo da população ao movimento grevista. A novidade é a forte adesão do setor privado, tradicionalmente avesso às greves nacionais convocadas pelos sindicatos. A crise e o desemprego afetaram mais 90 mil franceses só em janeiro - o dobro do mês anterior.
A segunda greve geral em menos de dois meses paralisa a França nesta quinta-feira (19). Os sindicatos reivindicam mais apoio ao emprego e ao poder de compra da população e as pesquisas indicam o apoio massivo do país aos grevistas. As mais de 200 manifestações previstas juntaram milhões de trabalhadores nas ruas, mas o governo avisou que não aumentará o pacote de ajudas às vítimas da crise e do desemprego.
No início do dia, as complicações já afetavam o sistema de transportes, obrigando o aeroporto de Orly a anular um terço dos vôos e os ferroviários a anunciarem uma adesão semelhante à da última greve. Os atrasos e complicações nos transportes estenderam-se às principais cidades.
Os trabalhadores da Caterpillar de Grenoble ocuparam a fábrica em protesto contra o anúncio da demissão de 733 trabalhadores e os mil trabalhadores da fábrica Continental em Clairoix, ameaçada de fechamento e que se tornou num dos símbolos da crise, desfilaram em protesto logo pela manhã.
A grande mudança em relação a anteriores protestos é o clima de apoio ao movimento que atravessa a sociedade. Numa sondagem publicada pelo jornal Liberation, 62% dos entrevistados (e 42% dos eleitores de Sarkozy) dizem-se ''solidários'' com a greve. Quando a pergunta é se os motivos justificam a greve, o apoio sobe para 78% (53% dos apoiadores do partido do governo).
A crise e o desemprego que afetou mais 90 mil franceses só em janeiro — o dobro do mês anterior — fizeram soar as campainhas de alarme na sociedade francesa.
Depois da greve geral de 29 de janeiro, que juntou mais de um milhão nas manifestações de protesto, o governo Sarkozy apresentou um pacote de ajuda de 2,6 bilhões de euros, entre benefícios fiscais e medidas de apoio ao emprego. Mas na véspera do novo protesto, o governo de direita fez questão de dizer que não irá ampliar a ajuda às vítimas da crise. Mas o pacote é insuficiente para estabilizar a economia e o emprego, pelo que os sindicatos insistem em que não devem ser os trabalhadores a pagar a crise.
Nas últimas semanas, a notícia da demissão de 555 trabalhadores da petrolífera Total, pouco depois da empresa ter apresentado lucros de 13,9 bilhões de euros, incendiou ainda mais os ânimos dos franceses e fez aumentar o apoio aos grevistas.
O protesto social não é exclusivo dos trabalhadores e mesmo entre estes, a novidade é a forte adesão do setor privado, tradicionalmente avesso às greves nacionais convocadas pelos sindicatos. Desta vez, os trabalhadores do setor automobilístico e de outras grandes empresas privadas vão engrossar ainda mais as manifestações.
Também as faculdades francesas estão protestando há meses contra a reforma do ensino superior, com metade das universidades do país em greve nos últimos dias.
Os líderes da oposição de esquerda participam da manifestação de Paris, com o PS representado pelo presidente da Câmara, Bertrand Delanoe. Também Olivier Besancenot, do Novo Partido Anticapitalista, desfila junto dos carteiros de Hauts-de-Seine antes de se juntar ao cortejo do partido.
A secretária-geral do PCF, Marie-George Buffet, e o líder do Partido de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, estarão juntos na manifestação, tal como nas próximas eleições europeias. A lista Europe-Ecologie, que junta Daniel Cohn-Bendit a José Bové, também integra o protesto desta quinta-feira.
Fonte: Esquerda.net
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in Vermelho 2009.03.19
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