A Internacional

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sexta-feira, março 06, 2009

Il Manifesto: Europa, a União que não existe



4 DE MARÇO DE 2009 - 19h53

O discurso de Ferenc Gyurcsány neste domingo (1º), em Bruxelas, pode não passar à história como um novo discurso de Fulton,* porque a personalidade do primeiro ministro húngaro é muito menos influente nos assuntos mundiais do que a de Winston Churchill. No entanto, o cerne do discurso, descrevendo uma "nova cortina de ferro" que tende a dividir a Europa em duas, reflete muito seriamente a realidade.


Por Astrit Dakli, no diário italiano Il Manifesto**



A reunificação do continente, ligeira e mal feita, está se mostrando o que é: uma atrevida operação política de fôlego curto, que se disfarçou de "generosa" operação económica. Hoje, vinte anos depois da queda do Muro de Berlim, os disfarces econômicos estão em farrapos, mostrando impiedosamente o completo fracasso da política subjacentes. Nestes vinte anos, de fato, não houve unificação europeia alguma.


Não se podia ter começado pior


Em 1989, os líderes dos países da Europa Ocidental, com a Alemanha à frente, pensavam que seria um processo fácil, rápido, automático: adeus aos putrefatos regimes do "socialismo reall". Os países da "nova" Europa, invadidos por mercadorias e capitais dos "irmãos" do Ocidente, mais ricos e espertos, seguiriam imediatamente o caminho do bem-estar e da democracia.


Não ficou por quê. Menos claros ainda eram os passos que os países da "velha" Europa teria de facilitar este processo.


Na verdade, não se podia ter começado pior: alimentou-se com criminosa ligeireza divisões e guerras étnicas na ex-Jugoslávia e continuou-se a agir mal nos anos seguintes, ignorando gravíssimos problemas sociais causados pela transição para o mercado na maior parte dos os países envolvidos, dando por boa a falsa democracia ali instaurada.


Sinal verde para o "puro mercado"


A atenção à compatibilidade econômico-financeira imposta aos novos países era tão rígida quanto cega para os problemas que criava. Sem mencionar a sistemática falta de garantias sociais, existentes no Ocidente.


Mais ainda: o sinal verde para o "puro mercado" nos novos países, com o PIB subindo como uma flecha, em vez de mostrar as desigualdades, foi (também por pressão e sugestão de Washington), foi visto como um modelo a imitar.


Como então estranhar que a "nova" Europa tenha acabado acentuando, em vez de atenuar, as divergências políticas com a "velha"? Era óbvio que classes dirigentes fracas, despreparadas, e desejosas de tutela ideológica considerariam mais fácil e útil converter-se em cabeça-de-ponte dos EUA que encontrar uma unidade política com os irmãos europeus, mesquinhos e atentos apenas às cifras.


De União ela não tem mais nada


Resumo da situação: vai pelos ares o "modelo" financeiro americano e, com ele, dentro da crise global, as economias que mais tinham se adequado a tal modelo: as da Europa centro-oriental. Estas pedem solidariedade e assistência aos "big brothers" ocidentais, que só lhes respondem com negativas: "Cada um por si".


Falta unidade política, coisa que ninguém buscou. Falta uma unidade social, que foi sacrificada em nome do mercado. Podemos continuar a chamá-la de União Européia, mas tornou-se claro que de União ela não tem mais nada, se é que teve algum dia.


* Em 5 de março de 1946, Winston Churchill pronunciou um discurso no Westminster College de Fulton, Missouri, que é tido como o marco zero da Guerra Fria e cuja frase mais célebre é: "Desde Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro tombou sobre o continente".


** Fonte: http://www.rebelion.org; intertítulos do Vermelho

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