A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quinta-feira, junho 23, 2011

Otelo: inimigo do PCP, amigo do PS e já votou no Bloco

Otelo: inimigo do PCP, amigo do PS e já votou no Bloco.


Em entrevista ao jornal I, Otelo Saraiva de Carvalho manifesta por diversas vezes o seu antagonismo em relação ao PCP e apreço pelo PS, partido que o terá convidado  em várias eleições para cabeça-de-lista. Otelo reafirma também que o PCP foi culpado pela sua prisão no âmbito do processo FP-25. O candidato presidencial, em 76 e 80, habitualmente anula o voto, mas já votou uma vez no Bloco de Esquerda. Divulgamos excerto da entrevista, conduzida por Luís Claro e publicada ontem no I.
Ficou surpreendido com o resultado das primeiras eleições a seguir ao 25 de Abril que deram a vitória ao PS?
As eleições foram uma aposta nossa. No prazo de um ano o objectivo era realizar eleições e até fiquei feliz, porque vi que o PCP, que se arvorava em dono da verdade e líder das massas, ficou em terceiro lugar.
Mário Soares diz que numa viagem a Lusaka em que os dois falaram pela primeira vez o Otelo se identificou como um socialista tipo Olof Palme...
Não me lembro disso, mas é possível que tenha reproduzido essa frase, que eu tinha ouvido do Vasco Gonçalves.
Do Vasco Gonçalves?
O Vasco Gonçalves tinha-me dito que seria bom, dentro de dois anos, ter uma democracia do tipo sueco. […]
Quais foram os líderes políticos que conheceu melhor?
O Sá Carneiro, conheci-o muito pouco. O Freitas do Amaral, nunca tinha falado com ele até há três anos, no lançamento de um livro, em que ele veio ter comigo e eu gostei de o conhecer, mas com quem eu tive mais contactos foi com o PS.
E com Cunhal?
Tivemos um contencioso sério por causa das presidenciais de 76. Durante o PREC ele promoveu um jantar em casa do Silva Graça, que foi comer para a cozinha com a mulher e com as filhas e deixou-nos a sós.
Cunhal não estava a gostar do rumo dos acontecimentos e convocou-o para o levar para o lado do PCP?
Tivemos um bate-papo violento. Ele começou a fazer críticas ao MFA e a dizer que o MFA devia fazer isto e aquilo. E eu disse-lhe: “Ó doutor, eu não lhe vou dizer o que é que deve fazer no Partido Comunista. Eu considero que o PC tem tido acções muito más, por vezes, que são prejudiciais à revolução e se quiser eu faço aqui uma lista do que é que o seu partido tem feito, mas não lhe admito que me dê orientações, porque o MFA não tem nada a ver consigo, nem com nenhum partido, e se eu precisar de orientações peço ao Melo Antunes.
Nunca teve boas relações com Álvaro Cunhal?
Não. Foi o meu principal inimigo.
Já com Mário Soares foi diferente.
Uma relação cordial. O Mário Soares e o Almeida Santos convidaram-me várias vezes para ser cabeça-de-lista do PS nas eleições para a Assembleia da República. E uma vez num jantar no Hotel Altis havia uma mesa com a malta toda da Internacional Socialista. O Soares, o Willy Brandt, o Shimon Peres… e a certa altura fui chamado para a mesa. O Soares levanta-se e logo a seguir levanta-se aquela malta toda da Internacional Socialista e eu pensei ‘eh pá o que é isto’? Apresenta-me o Willy Brandt, que era o presidente da Internacional Socialista, e diz lhe: “O Otelo, o nosso herói, que nós já temos tentado trazer para o partido, mas ele não gosta de nós”. E eu disse-lhe: “Os melhores amigos que eu tenho são no campo político do PS, mas eu não gosto de partidos”. […]
Continua a culpar o PCP por ter sido preso preventivamente durante cinco anos na sequência do caso FP-25?
Hoje não tenho dúvida nenhuma. Foi o secretariado do PCP que. quando em 84 anunciei que ia ser cabeça de lista da FUP [Força de Unidade Popular] por Lisboa ao parlamento, resolveu meter-me na prisão para impedir outro desastre eleitoral, como em 1976. E tenho dito isto sem que exista da parte da direcção do PCP alguma palavra em contrário. […]
Continua a votar em branco?
Normalmente voto a contragosto, mas vou lá fazer essa parte. Ou voto nulo ou, se é para as eleições parlamentares, voto nulo ou Bloco de Esquerda. Também não acredito muito no BE, mas para não anular o voto já votei uma vez no Bloco.

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