OS MUÇULMANOS NA PENÍNSULA IBÉRICA
Em 711 Dc, chegou à Península Ibérica outro povo que a conquistou. Os cristãos vencidos só muito lentamente recuperaram o território. Na terra e nas gentes ficaram os vestígios da sua permanência.
No século VII, apareceu uma nova religião na Península da Arábia – o islamismo. Os Árabes converteram-se a essa nova religião pregada por Maomé. Ele pedia aos crentes – os muçulmanos – que espalhassem a sua mensagem a todos os outros povos. Para pregar a sua religião e para aproveitarem as riquezas de novas terras, os muçulmanos conquistaram muitos territórios. Em 711, comandados por Tarik, os Muçulmanos atravessaram o estreito de Gibraltar e invadiram a Península Ibérica.
O avanço dos mouros, nome por que também eram conhecidos entre nós, foi rápido. Mas no Norte da Península Ibérica tornou-se mais difícil vencer os cristãos que se refugiaram nas montanhas das Astúrias. Também se tornou difícil defender e manter os territórios conquistados, pois os cristãos organizaram-se para o contra-ataque. A reconquista de terras aos muçulmanos foi feita com avanços e recuos e demorou quase oito séculos no Sul da Península Ibérica.
CONVIVÊNCIA ENTRE MUÇULMANOS E CRISTÃOS
Cristãos e Muçulmanos não estavam sempre em guerra. Houve períodos de paz em que mouros e cristãos conviveram e se respeitaram.
Contribuiu para essa convivência a tolerância religiosa e o respeito pelos costumes e tradições praticados tanto pelos Cristãos como pelos Muçulmanos.
Os Muçulmanos estiveram cerca de 800 anos na Península Ibérica e por isso influenciaram muito a população local. Muitos dos habitantes da Península Ibérica chegaram mesmo a converter-se à religião islâmica, a falar o idioma (língua) árabe e a aceitar totalmente os seus costumes.
A influência muçulmana foi muito forte nas terras a sul do Tejo, por essa zona ter sido reconquistada mais tarde. Aí se formaram grandes e populosas cidades muçulmanas como Córdova, Granada, Lisboa, Mértola ou Silves. Os seus habitantes viviam em ruas tortas e estreitas, com escadinhas, casas muito juntas e quase sem aberturas para o exterior. Em Portugal, toda a zona do Algarve e Baixo Alentejo ainda hoje revela fortes marcas da influência muçulmana
As casas tinham terraços, pátios interiores e eram caiadas de branco. No Algarve podemos ver ainda hoje casas com características herdadas dos mouros: terraços (chamados açoteias) onde a chuva pouco intensa é conduzida para depósitos ou cisternas, paredes caiadas de branco que reflecte o sol e torna as casas mais frescas. As portas e janelas não são largas, pelo mesmo motivo. São casas adaptadas ao clima.
Os Muçulmanos desenvolveram algumas indústrias artesanais: armas e outros trabalhos de metal (em Toledo); carros e arreios ( em Córdova); tapetes (em Arraiolos)
Sendo um povo vindo do deserto, onde havia falta de água, os Árabes dominavam as técnicas de captar, elevar e distribuir a água e os povos da Península Ibérica aprenderam com eles essas técnicas. Assim, passaram a dispor mais facilmente de água para o consumo doméstico, para mover moinhos, regar terrenos de cultivo e jardins.
ENGENHOS E CONSTRUÇÕES LIGADOS À ÁGUA
A agricultura também beneficiou muito com a presença dos Muçulmanos. Com as novas técnicas de regadio puderam cultivar legumes e plantar árvores de fruto. Além de darem a conhecer processos de rega até aí desconhecidos – a nora, a picota, açude – também generalizaram o uso de moinhos de vento.
Cultivaram novas plantas que ainda hoje vemos nos nossos campos: laranjeira, limoeiro, amendoeira, figueira, alfarrobeira, meloeiro e provavelmente arroz. Também desenvolveram o cultivo da oliveira.
Ficaram célebres os grandes pomares que plantaram no Algarve, os figos e uvas de Évora e as enormes maçãs de Sintra.
Os muçulmanos trouxeram para a Península novos conhecimentos de Medicina, Navegação, Astronomia e Matemática, muito evoluídos para a época.
Das viagens ao Oriente trouxeram muitas notícias, que se tornaram úteis quando os Portugueses no século XV, partiram para a descoberta de novas terras.
Os Árabes também divulgaram a bússola e instrumentos de orientação pelos astros, como o astrolábio utilizados nos Descobrimentos Portugueses. Até a caravela, o barco usado nas viagens de descoberta, tem influências do carib árabe.
Além da Astronomia também desenvolveram a Geografia, traçando mapas e fazendo relatos das terras por onde viajavam.
Também os algarismos que hoje utilizamos e que substituíram a numeração romana, foram trazidos para a Península Ibérica pelos Muçulmanos.
Deram a conhecer o fabrico do papel e da pólvora.
Há também na língua portuguesa cerca de 600 palavras que são de origem árabe. Algumas delas são fáceis de identificar porque começam por al. O nome de muitas terras portuguesas é também de origem árabe, como por exemplo: Silves, Loulé, Tavira, Évora, etc.
As palavras de origem árabe começam geralmente com o artigo definido al (por exemplo, almofada, de al + mohada), sendo, às vezes, o l assimilado pela consoante seguinte (azeitona, al + ceitun). Além destes substantivos, o árabe deixou também alguns adjetivos (mesquinho, baldio) e uma preposição (até).
Algarve azeite arroz algarismo limão açude azeitona
alfinete almofada almoxarife javali arsenal alcachofra tapete
alface alfaiate laranja açucar almirante abóbora alicerce
alicate azulejo alfândega acepipe refém aldeia Ferreira
oxalá almocreve algodão alferes arrabalde alcântara açucena
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Acção civilizadora
Os árabes exerceram uma notável acção civilizadora na Península. Com a influência dos Muçulmanos no ocidente da Península dá-se uma melhoria cultural. A contribuição foi notável com a introdução de novas técnicas e novas culturas: divulgam-se sistemas de irrigação - azenhas e noras, introduzem-se plantas - limoeiro, laranjeira, alfarrobeira, amendoeira e provavelmente o arroz.
No domínio da ciência são valiosos os conhecimentos transmitidos: matemática, astronomia, e naútica para além de enriquecerem a língua peninsular com novos vocábulos.
A longa permanência dos Muçulmanos na Península (por mais de quinhentos anos), e, apesar de todos os vestígios deixados na Península e a tolerância que eles usavam para com os vencidos, nunca se fundiram com as populações autóctones, facilitaram a assimilação da sua cultura e dos seus costumes, mas foram sempre considerados como invasores.
http://terrasdesantiago.planetaclix.pt/intrhistsantiagosumula03.htm
1 comentário:
Acção civilizadora: como é que um grupo de pastores guerreiros do Atlas iria civilizar a Peninsula Ibérica herdeira da cultura clássica? Não civilizaram porque não deixaram cá: língua, cultura, folclore, religião, construções de impacto (excepto castelos, por isso foi uma ocupação eminentemente militar), não deixaram nomes nem apelidos, não deixaram estradas nem pontes, nem deixaram vestígios arqueológicos. Portanto, como acção civilizadora foi um embuste. Trata-se de uma sobrevalorização do Islão sabemos todos de onde vem (Revolução Francesa).
Relativamente à paz e a andarem todos aos beijos na boca, tire isso da cabeça. Os Cristãos nunca admitiram a invasão islâmica, ainda por cima feita à traição. Nunca os cristãos deram descanso ao sul Islâmico e vice-versa, as razias foram constantes ao longo do tempo. Além disso qualquer pessoal que entenda um mínimo de assuntos militares sabe que jamais haveria paz e respeito durante uma guerra religiosa, a pior das guerras. E ainda bem que assim foi.
Só para terminar, relativamente à "lenga-lenga" das noras e dos engenhos com que é vulgar encher páginas e páginas dos manuais escolares dos nossos filhos. Há noras e engenhos onde nunca houve mouros nem árabes e se alguém foi mestre da hidráulica e inventou e difundiu no Mediterrâneo as técnicas que ainda hoje aqui usamos foram os Romanos, não os pastores berberas do Atlas que eram excelentes no manejo da espada, a guerrear, a cortar cabeças e a cobrar a jizya.
Imagino que não interesse publicar o meu comentário mas devia. Pelo menos mostrava uma opinião diferente e inatacável.
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