Domingo, Setembro 20, 2009
Manuel Alegre: se estivesse estado calado, hoje só ele saberia do "caso"
Manuel Alegre foi sempre assim: muita parra e pouca uva!
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Esta histórica figura do PS tem o seu lugar na História, sem dúvida, como resistente ao fascismo; e um lugar na Literatura, como poeta. Porém, as duas facetas, reunidas numa só, deram-lhe uma enganosa auréola de romantismo político nada condizente com os valores da Esquerda, que apregoa.
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Manuel Alegre, que peca muito por vaidade, não vale mais do que os outros resistentes à ditadura – uma boa parte deles, ainda hoje, com privações e situações de pobreza – e em relação a muitos escritores deste país, também em situação similar; a circunstância – a oportunidade do seu tempo na História – fê-lo beneficiário das regalias que todos os políticos parlamentares – da Esquerda à Direita – recebem e acumulam pela vida fora.
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Manuel Alegre, a seguir ao 25 de Abril, na qualidade de então Secretário de Estado, foi o directo responsável pelo encerramento do jornal “Século”; nas vésperas dos Congressos do PS lança a chantagem política alegando discordância em relação aos líderes, mas as divergências acabam sempre num abraço em público; há anos, devido aos problemas ambientais no distrito de Coimbra, falou, falou e discordou, ameaçou demitir-se do partido… mas acabou por esquecer o assunto; em 2006, na sua candidatura à Presidência da República arregimentou atrás de si simpatizantes socialistas, comunistas, do BE, antigos membros da LUAR e da extrema-esquerda mais radical, monárquicos, marialvas, gente conservadora e de direita… só porque não fora o candidato oficial escolhido pelo PS; descobriu-se entretanto que recebe uma choruda aposentação, por “meia dúzia de dias” de trabalho na RDP; logo a seguir, criou o MIC – Movimento Intervenção e Cidadania, agora em “águas de bacalhau”; o ano passado, ameaçou fundar um novo partido, mas agora junta-se ao líder, José Sócrates.
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A missão de Manuel Alegre no PS, ao longo destes 35 anos, é mostrar falaciosamente aos portugueses a diferença dentro do partido – diferença que não existe nem é possível nesta lógica actual de intervenção –, para legitimar as políticas liberais dos dirigentes. Caso contrário, já tinha sido expulso.
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A diferença de posições no seio das direcções dos “partidos estruturantes” do regime tem sido combatida em todas as formações políticas; o “centralismo democrático” não ocorre apenas no PCP, que sempre combateu o que designa por “fraccionismo” quando dois ou mais militantes se reúnem mas não em nome do líder. Veja-se, por exemplo, Manuel Serra (PS), em 1975; Carmelinda Pereira (PS), em 1977; Carlos Macedo (PSD), em 1988; e os críticos do PCP, na década de 90.
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Manuel Alegre faz lembrar um cônjuge que se dizia traído e entrou em pânico: bateu no seu par, destruiu os móveis da casa, abandonou a residência, chorou, chorou, queixou-se aos filhos, denunciou a alegada traição a toda a família, aos vizinhos, aos amigos, a toda a gente… mas, pouco dias após, voltou para casa, para o aconchego do seu par. Como um cordeiro! Se esse cônjuge estivesse estado calado, hoje só ele saberia do denunciado caso.
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